Farmacêutica com deficiência visual apresentou trabalho no Congresso Farmacêutico de SP

Dra. Gracye Miguel França é autora de um projeto que promove a inclusão nas farmácias Dra. Gracye Miguel França é autora de um projeto que promove a inclusão nas farmácias

São Paulo, 13 de dezembro de 2019.

Desde 1961, no dia 13 de dezembro é comemorado o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual. Criada por decreto pelo então presidente da República, Jânio Quadros, a data tem como objetivo conscientizar a sociedade para questões importantes como preconceito e discriminação, além de reduzir o desconhecimento sobre pessoas com deficiência visual.

Única farmacêutica com deficiência visual que chegou ao conhecimento do CRF-SP, Dra. Grayce Miguel França é um exemplo de superação e força de vontade quando se trata de ir ao encontro da realização profissional. Membro da Comissão Assessora de Farmácia Clínica do CRF-SP, orgulha-se de ter concluído dois cursos, um na área de Gestão em Medicamentos e outro em Farmácia Clínica e Prescrição.

“Eu como farmacêutica e pessoa com deficiência visual tenho muita gratidão por todos os obstáculos vencidos até hoje. Estou em alguns projetos e, por ser formada em Farmácia e deficiente visual, compreendo melhor as necessidades especiais das 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual no Brasil, segundo dados do IBGE, em tomar seus medicamentos de forma segura e com autonomia. Esse projeto foi apresentado no XX Congresso Farmacêutico de São Paulo em 2019, quero contribuir para tornar a farmácia inclusiva e com autonomia para essas pessoas, que infelizmente são esquecidas em suas necessidades especiais, vejo isso com uma missão, ajudar as pessoas é um grande propósito em minha vida. Tenho a minha página do Facebook “Levanta e Ande” e Instagram @levantaeande, onde mostro as minhas superações e assim posso motivar as pessoas com deficiência visual. E nesse Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual só peço as pessoas que reflitam melhor sobre suas ações e possam pensar mais no amor ao próximo, e assim contribuir para uma sociedade mais inclusiva e feliz para todos”, ressalta Dra. Gracye.

Dra. Grayce ressalta ainda que o mercado de trabalho não oferece vagas para pessoas com deficiência com formação acadêmica. “Temos que fazer melhorias, projetos e ações para o reconhecimento profissional, igualitário e acessível. E assim mostrar que as pessoas com deficiência têm capacidade e vontade de crescer e alcançar conquistas profissionais sem preconceito com mais humanização”.

Saiba mais sobre a história de vida da Dra. Grayce

A minha história de luta pela vida e de superação se inicia desde a barriga da minha mãe, que teve gravidez gemelar, com complicações, que acarretou no falecimento da outra bebê no quarto mês de gestação. No sexto mês foi feita a cesária, eu com 1kg, fiquei durante meses no hospital entre idas e vindas, tive pneumonias constantes, parada cardíaca no meu primeiro mês de vida, fiz cirurgia cardíaca com 10 meses e apenas 3 kg.

Após alta hospitalar, mais tarde, na idade do jardim de infância, minha mãe optou por me colocar em escola normal, apesar de ciente da minha deficiência visual congênita, coriorretinite e nistagmo. Mesmo com aproximadamente 5% de visão em ambos os olhos, tive uma infância feliz, caindo, brincando e se levantando, aprendendo a superar os desafios da vida a cada dia.
Eu escolhi Farmácia porque amo a área da saúde, principalmente por tudo que eu e minha família passamos em hospitais, foi assim que nasceu o sonho de me tornar uma farmacêutica.

Pensando no amor ao próximo, conclui o curso de Farmácia e Bioquímica em 2011, superando os desafios que a faculdade foi me colocando. Eu solicitava ajuda aos professores para provas e apostilas ampliadas, e durante as aulas eu anotava tudo para estudar. Assim fui aperfeiçoamento estratégias para estudos, contei também com ajuda de colegas para algumas anotações no quadro, fiz cursos em Gestão em Medicamentos e Farmácia Clínica e Prescrição, onde me sai muito bem superando todos os desafios.

Assim, cheguei à conclusão que estava no caminho certo, pois tenho muito a contribuir com a sociedade com o meu aprendizado e não pretendo parar por aí. Tenho projetos sobre inclusão na área farmacêutica para pacientes com deficiência visual, quero atuar como farmacêutica clínica para cuidar dos pacientes e também pretendo ser palestrante para inspirar outros jovens a superar os desafios e conquistar os seus objetivos e sonhos, assim como eu consegui conquistar os meus.

Selo de acessibilidade digital

Preocupado com a inclusão, o CRF-SP foi o primeiro conselho de classe a receber, em seu portal, o Selo de Acessibilidade Digital emitido pela Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA), órgão vinculado à Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, responsável pelas políticas de acessibilidade da Prefeitura de São Paulo, que certifica páginas web que cumprem com os critérios de acessibilidade estabelecidos nacional e internacionalmente para deficientes visuais e auditivos. O CRF-SP é o primeiro conselho profissional do país a receber o Selo de Acessibilidade Digital.

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Thais Noronha (com informações de Monica Neri)

Departamento de Comunicação CRF-SP

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