ESTABELECIMENTOS REGISTRADOS

PROFISSIONAIS INSCRITOS ATIVOS

CLIPPING - 05/08/2015

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

Médico mais prédio novo é igual a saúde?

05/08/2015 - Folha de S.Paulo

Colunista: PEDRO EDUARDO MENEGASSO


Assistimos, pela TV, nossos governantes inaugurarem periodicamente novos hospitais, unidades de pronto-atendimento e ambulatórios. O programa federal Mais Médicos atingiu cidades dificilmente alcançadas antes. Porém, eu me pergunto: o que estamos entregando à população é saúde?

A resposta a essa pergunta está em iniciativas simples como a proposta no projeto de lei nº 4.135/12, da senadora e farmacêutica Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que foi aprovado pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados dia 1º de julho. Resta, agora, a apreciação da Comissão de Constituição e Justiça para o PL ser enviado à sanção presidencial.

O projeto propõe a obrigatoriedade do farmacêutico no Sistema Único de Saúde, uma luta antiga da categoria. Hoje, o número de farmacêuticos que atuam no setor público é insuficiente para atendimento da demanda e prestação de todos os serviços que cabem a esse profissional.

É claro que o farmacêutico não é a única solução para aperfeiçoar o SUS. Porém o PL está entre as poucas iniciativas governamentais que não se restringem a mais médicos e mais edifícios.

No SUS, o farmacêutico tem conhecimento para fazer uma gestão melhor dos medicamentos, poupando dinheiro público. Ele tem também como garantir a integridade desses produtos com o armazenamento adequado.

Ele deve também acompanhar o tratamento dos pacientes, com orientações importantes que são prestadas no momento da dispensação do medicamento. A isso, nós, da área, damos o nome de assistência farmacêutica.

Neste momento, o leitor estará se perguntando se um presidente de Conselho Regional de Farmácia (CRF), como eu, não estaria apenas defendendo o seu quinhão, a sua fatia de mercado de trabalho, ao brigar por isso.

O governo do Estado de São Paulo, por exemplo, entende a questão como corporativismo, e, por isso, mantém liminar na Justiça para garantir que não seja obrigado a contratar farmacêuticos.

Respondo que o questionamento é pertinente, sim. Uma entidade como o CRF-SP trabalha para garantir o exercício profissional da sua categoria, mas, em primeiro lugar, defende a saúde por meio do trabalho ético do farmacêutico, punindo, inclusive, os próprios inscritos que infringem a lei.

O CRF-SP defende a promoção da assistência farmacêutica e o uso racional de medicamentos.

Sugiro que o leitor passeie pelos dispensários dos postos de saúde e hospitais públicos. Armazenamento precário, geladeiras quebradas, desperdício, assistentes administrativos e outros servidores despreparados para lidar com esses produtos e pacientes confusos na fila de atendimento, indo embora cheios de caixas nas mãos e muitas dúvidas na cabeça.

Que aderência ao tratamento terá um paciente assim? Que eficácia terá esse tratamento?

Saúde não é apenas garantir um diagnóstico, muito menos distribuir medicamentos gratuitos em programas cheios de estratégias de marketing político.

Jogar diagnóstico e caixas de remédios nas mãos da população, assim, como se tivesse feito "a sua parte", abrindo mão da orientação e acompanhamento do tratamento, da educação sobre hábitos saudáveis, é desperdiçar recursos e negar aos brasileiros o que há de mais importante numa saúde pública de êxito: a promoção da qualidade de vida.




Precisamos falar sobre pílula

04/08/2015 - Revista Cláudia


As definições atuais dos papéis masculino e feminino têm sua origem relacionada a um comprimido miúdo que 100 milhões de mulheres tomam diariamente. A pílula anticoncepcional foi personagem-chave da revolução sexual, o mais importante fenômeno sociocultural ocidental do século 20. nas palavras da psicanalista Regina Navarro Lins, em O Livro do Amor (Best-Seller). Nos últimos tempos, porém, notícias sobre problemas de saúde associados a ela têm se multiplicado. São casos como o de Fallan Kurek, britânica de 21 anos que, em maio passado, após um mês tomando o anticoncepcional, teve embolia pulmonar e morreu. A mocinha virou vilã?

De fato, o contraceptivo oral aumenta de duas a seis vezes o risco de tromboembolismo venoso, sobretudo em quem tem predisposição genética ou hábitos inadequados. Por ano, a cada 10 mil mulheres, perto de uma dúzia tem problemas ligados ao uso desse anticoncepcional - segundo uma ampla revisão de estudos realizada em 2013 pela Agência Européia de Medicamentos. Apesar de não serem freqüentes, os problemas, quando ocorrem, podem ser graves ou fatais. Poucas mulheres estão cientes. Muitas vezes, os próprios ginecologistas deixam de fazer perguntas ou pedir exames necessários e prescrevem o comprimido a pacientes para as quais outro método seria mais indicado. E sobre essa falta de informação que precisamos falar.

Os contraceptivos orais combinados contêm, além da progesterona, estrógeno, hormônio que pode aumentar os fatores de coagulação ao mesmo tempo que reduz seus inibidores naturais, levando a um estado de coagulação excessiva. Embora apresentem baixa dosagem de estrógeno, as pílulas de nova geração, surpreendentemente, são mais associadas a riscos do que as antigas. No caso delas, é o tipo de progesterona usado que modula as alterações provocadas pelo outro hormônio.

Há probabilidade de a trombose ocorrer sem causa genética ou adquirida. Ainda assim, já está claro que mulheres que fumam, não fazem exercício, estão acima do peso, sofrem de hipertensão, diabetes ou enxaqueca com aura (quando a dor vem acompanhada de alterações visuais) estão mais expostas. Quem tem histórico familiar da doença também. "São relevantes os casos em parentes de primeiro grau e antes dos 50 anos", afirma o hemato-logista Erich de Paula, membro do Comitê de Trombose da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular. Ocorrência de embolia pulmonar, acidente vascular cerebral (AVC), infarto e outras doenças cardiovasculares na família, especialmente entre os jovens e saudáveis são sinais de que pode haver um problema de coagulação hereditário. Atenção: aquele tio sessentão sedentário que sempre fumou e exagerou no churrasco e teve um infarto não conta.

A existência do histórico familiar de trombose basta para o ginecologista indicar um método contraceptivo não hormonal ou, ao menos, sem estrógeno. As pílulas compostas exclusivamente de progesterona apresentam risco muito menor de complicações com a circulação. Não são prescritas rotineiramente porque costumam causar escapes de sangue ao longo do ciclo e não oferecem benefícios como redução da TPM e da oleosidade da pele.

Além disso, demandam maior cautela: segundo Marta Finotti, ginecologista e presidente da comissão de anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a pílula só de progesterona é um pouco menos segura para evitar a gravidez e requer uso mais rigoroso em termos de horário. O índice de falha é de 3% no uso perfeito e de 14% no típico (com alguns esquecimentos), enquanto o da pílula combinada é de 0,3% e 9%, respectivamente.

As complicações decorrentes da pílula costumam aparecer já no primeiro ano de uso - e especialmente nos meses iniciais, explica Erich de Paula. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Copenhague, na Dinamarca, e publicada no Bristish Medicai Journal, em 2009, se baseou nas informações de 10,4 milhões de mulheres. Esse estudo apontou que o risco de tromboembolismo é quatro vezes maior no primeiro ano de uso do anticoncepcional.

"É raro, mas aconteceu comigo"

Estagiária de CLAUDIA, a estudante de jornalismo Isabella Marinelli, 20 anos, começou a tomar pílula em novembro de 2014. Em março deste ano, sentiu uma dor de cabeça intensa, que não cedia com nenhum analgésico que tinha em casa. No quarto dia, com o sofrimento beirando o insuportável, foi ao pronto-socorro e, de lá, direto para a UTI, com um diagnóstico de trombose venosa cerebral. Os exames realizados não indicaram nenhuma alteração em fatores que poderiam ter provocado o problema, levando os médicos a apontar a pílula como a causa. A universitária passou 18 dias no hospital. Ainda hoje, cinco meses depois, toma um anticoagulante diário e faz exames semanais para verificar se a dosagem do medicamento é suficiente para prevenir novos coágulos. "Ouvi dos especialistas que pulei uma fogueira e sai ilesa", diz Isabella. "Agora, eu me sentiria desrespeitada se um médico dissesse para mim: 'É raro, fica tranquila'. É raro, mas aconteceu comigo."




Cientistas desvendam efeito da desnutrição infantil no organismo

05/08/2015 - O Globo


Responsável por um quinto das mortes de crianças abaixo de 5 anos no mundo, a desnutrição poderia estar mais perto de virar um problema do passado, segundo cientistas. Uma equipe da Universidade da Colúmbia Britânica ( UCB), no Canadá, recriou num camundongo o desequilíbrio de bactérias encontrado no intestino delgado de uma criança desnutrida. A partir disso, os pesquisadores pretendem descobrir como o problema impacta no desenvolvimento infantil, e que tratamentos podem ser aplicados para corrigi-lo. O estudo foi publicado ontem na revista científica “Nature Communications”.

A desnutrição não se define apenas pela falta de comida que leva as pessoas a uma dieta com escassos nutrientes — também está estreitamente relacionada com fatores ambientais. Os tratamentos e vacinas criados nos países desenvolvidos e testados em pessoas saudáveis muitas vezes não funcionam em populações desnutridas. Estas respondem de forma diferente.

— Todo mundo sempre

Crianças esperam comida num orfanato situado no sul da Índia pensou que era necessário simplesmente alimentar as pessoas desnutridas para que elas ficassem bem, mas isso não funciona assim — diz Brett Finlay, professor de Microbiologia e Bioquímica da UBC e um dos autores da pesquisa. — O modelo de bactérias intestinais que criamos nos permite entender melhor o que está acontecendo dentro do corpo humano e pensar em maneiras de corrigir o problema.

AMBIENTE CONTAMINADO

A desnutrição pode ser difícil de tratar justamente porque afeta as bactérias boas que vivem no intestino. As pessoas que sofrem desse mal muitas vezes mostram sinais de enteropatia ambiental, uma doença inflamatória do intestino delgado provavelmente causada pela ingestão, nos primeiros anos de vida, de bactérias fecais patogênicas vindas de um ambiente contaminado. Isso muda o equilíbrio das bactérias saudáveis do intestino e leva à má absorção de nutrientes.

— Com a simulação no camundongo, fomos capazes de ver como uma dieta desnutrida tem um impacto forte e mensurável sobre os micróbios no intestino delgado. Este novo modelo nos dá a oportunidade de examinar o impacto da desnutrição na microbiologia intestinal e avaliar o papel das infecções — diz Eric Brown, estudante de doutorado da UCB que participou do estudo.

Infecções bacterianas patogênicas como a salmonela são grandes problemas nos países em desenvolvimento, porque são muito mais prejudiciais para as pessoas que sofrem de desnutrição, levando a diarreia crônica e inflamação.




Empresa farmacêutica investirá 25 mil euros em startups do setor de saúde

04/08/2015 - Folha de S.Paulo / Site


Se sua empresa possui um projeto inovador na área de saúde, ciências da vida, materiais de performance ou tecnologia da informação, a Merck oferece oportunidade de investimento e aceleração no Centro de Inovação da empresa, na Alemanha.

As inscrições para receber o aporte de 25 mil euros (aproximadamente R$ 95 mil) vão até 14 de agosto. Em setembro, as três selecionadas irão para a cidade de Darmstadt, sudeste alemão, para aconselhamento estratégico e operacional.

O ciclo de treinamentos de capacitação terá duração de três meses. No fim do período, as empresas farão parte de uma rede de startups da Merck. As inscrições são feitas no site do Accelarator, o programa de incentivo a empreendedores.




Estudo que relaciona mutações a câncer infantil leva prêmio

05/08/2015 - Folha de S.Paulo


Um estudo liderado por pesquisadores do A.C.Camargo Cancer Center identificou mutações ligadas ao desenvolvimento do tumor de Wilms, o câncer renal mais frequente em crianças.

O trabalho, que abre caminho para novos métodos de diagnóstico da doença, venceu a categoria Pesquisa em Oncologia do Prêmio Octavio Frias de Oliveira. A cerimônia de entrega será nesta quarta-feira (5), às 19h.

A premiação é iniciativa do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), em parceria com o Grupo Folha. A láurea leva o nome do publisher da Folha, morto em 2007.

Na categoria Inovação Tecnológica, venceu um estudo que levou ao desenvolvimento de um novo biomarcador para diagnóstico e prognóstico de um subtipo de tumor de mama (triplo-negativo).

O reitor da USP, Marco Antonio Zago, será o premiado na categoria Personalidade em Destaque. Ex-presidente do CNPq, Zago já foi pesquisador e professor na área da hematologia, participando de importantes projetos no país.

Para cada categoria, a premiação é de R$ 16 mil. Integram a comissão julgadora do projeto representantes da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e das academias de medicina e de ciências.

Nesta sexta edição, o prêmio teve recorde de trabalhos inscritos, 60 no total –contra 15 no ano passado.

"A gente começa a ver o aparecimento de trabalhos em que se tem tecnologia de medicamento sendo gerada no país. Para nós, isso é importantíssimo. O Brasil ainda engatinha nessa área", diz o oncologista Paulo Hoff, diretor do Icesp.

Segundo ele, as indústrias farmacêuticas nacionais ainda têm foco na fabricação de produtos já conhecidos, e não de novas moléculas.

"Temos que mudar isso, gerar mais tecnologia nacional. Mas, para isso, é preciso primeiro gerar conhecimento para depois gerar produtos", afirma Hoff.

PESQUISAS

A pesquisa vencedora identificou uma mutação frequente em um gene (Drosha), que ainda não tinha sido associado ao tumor de Wilms, câncer que afeta uma em cada 10 mil crianças –a maioria na faixa etária de 2 a 4 anos.

Também apontou o provável impacto de ação da mutação na produção de moléculas de microRNA (que regulam a expressão de genes – um processo fundamental para a formação correta dos órgãos durante a gestação).

Os pesquisadores desenvolvem uma estratégia para achar mutações específicas do tumor em DNA colhido da urina de pacientes. A meta é obter um diagnóstico mais precoce e mais preciso.

"Hoje, o diagnóstico só é possível quando já há uma massa tumoral palpável. A expectativa é conseguirmos meios para identificar o tumor em uma etapa mais inicial. Assim, a intensidade do tratamento poderá ser reduzida", diz Dirce Maria Carraro, coordenadora do estudo.

O trabalho, segundo ela, também abre perspectivas futuras de desenvolvimento de medicamentos mais eficazes e com menos efeitos colaterais que os atuais.

INOVAÇÃO

A pesquisa premiada no quesito Inovação Tecnológica construiu, por engenharia genética, um fragmento de anticorpo (Fabc4) capaz de diagnosticar o câncer de mama.

"O mais interessante é que o anticorpo que desenvolvemos também apresenta valor prognóstico entre as pacientes triplo negativas, um subtipo molecular de tumor que é extremamente heterogêneo", explica a coordenadora da pesquisa, a bióloga Thaise Gonçalves de Araújo, professora da Universidade Federal de Uberlândia.

Esse tipo de tumor representa 15% dos casos de câncer de mama. Mulheres sensíveis ao FabC4 apresentaram sobrevida maior em relação as que não reagiram ao anticorpo. Isso, segundo ela, poderá auxiliar na busca por novos métodos de tratamento.

Agora, os pesquisadores estão detalhando as formas de ação do anticorpo, que parece ser capaz de induzir a apoptose –mecanismo de morte programada das células– e frear a multiplicação das células tumorais.

"O anticorpo abre novos caminhos tanto na pesquisa básica como aplicada. Poderá nos auxiliar na compreensão dos mecanismos de sinalização celulares envolvidos na gênese e progressão desses tumores.




Reitor da USP também está entre premiados

05/08/2015 - Folha de S.Paulo


Na década de 1970, quando atuava na área da hematologia, Marco Antonio Zago, 68, viu morrer muitas crianças de leucemia linfoide aguda, um dos cânceres mais comuns na infância. "A mortalidade era 100%. Muito trágico", conta o reitor da USP.

Hoje, essa doença tem taxa de cura superior a 85%. Apesar da nítida evolução no tratamento oncológico, Zago afirma que há muitas dificuldades que atravancam a pesquisa do câncer no país. A maior delas seria a falta de coordenação dos estudos.

"São muitas pessoas querendo fazer voo solo, cada um querendo o seu protagonismo. Isso está mais atenuado em outros países, onde há uma maior coordenação dos estudos", diz o reitor, laureado na categoria Personalidade em Destaque do Prêmio Octavio Frias de Oliveira.

No tratamento no câncer no país, o médico vê avanços. "Temos em São Paulo hospitais que não deixam nada a desejar em comparação com os melhores do exterior. Mas, para se tratar na maioria, é preciso ter muito recurso. Temos muito a progredir."

Em quase cinco décadas, Zago atuou como médico, professor e pesquisador, além de ter integrado importantes grupos de pesquisa em câncer e em terapia celular.

Em 2007, trocou a bancada para assumir a presidência do CNPq (Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Três anos depois, passou a pró-reitor de pesquisa da USP e, em 2014, foi nomeado reitor.

"O impacto do trabalho do Zago na área da hematologia é enorme até hoje. Tanto como professor, investigador e gestor. É uma premiação por tudo o que fez pelo estímulo da ciência no país", diz Paulo Hoff, diretor do Icesp.

ENTRAVES

Segundo Zago, entraves como a legislação que limita em R$ 8.000 as compras sem licitação atravancam não só a pesquisa como também o dia a dia das universidades.

"É um valor que foi fixado há 20 anos e nunca mais ninguém corrigiu. Se o Senado e a Câmara só atualizassem esse valor, já trariam um benefício enorme a toda ciência e tecnologia no país", afirma.

Na questão do tratamento do câncer, além das dificuldades de acesso no SUS, o reitor vê com preocupação a atual formação médica.

"Temos faculdades de medicina excelentes, mas há muitas que deixam a desejar."

Para ele, seria necessário o país instituir um exame nos moldes do aplicado pela OAB para frear o ingresso de médicos ruins no mercado. "Daqui a pouco, vamos começar a ter que pedir o currículo dos nossos médicos, saber onde ele se formou, onde fez residência."

PRÊMIO OCTAVIO FRIAS DE OLIVEIRA

  • ONDE Icesp (avenida Dr. Arnaldo, 251, 6º andar, São Paulo)
  • QUANDO Nesta quarta-feira, 5 de agosto, às 19h



Shire faz oferta de US$ 30,6 bi para crescer na biotecnologia

05/08/2015 - Valor Econômico


A farmacêutica irlandesa Shire PLC revelou ontem que fez uma oferta hostil de US$ 30,6 bilhões para adquirir a fabricante de medicamentos para doenças raras Baxalta Inc., no mais recente exemplo de que os executivos da empresa estão se recusando a aceitar um "não" como resposta.

O diretor-presidente da Shire, Flemming Ornskov, disse que insistiu para que a Baxalta aceitassse negociar, mas o conselho de administração da rival resistiu às abordagens confidenciais.

A Baxalta rejeitou a oferta, alegando que ela subavaliava a companhia. Ela vende remédios para doenças hemorrágicas raras e deficiências imunológicas e tem apenas cinco semanas como uma empresa de capital aberto, depois de ter se desmembrado em julho da Baxter International Inc., que permanece sendo sua maior acionista.

"Uma fusão [...] seria seriamente perturbadora nesse estágio inicial da existência da Baxalta como empresa de capital aberto e representa um risco significativo e real para a criação de valor para os nossos acionistas", disse em um comunicado de imprensa Wayne T. Hockmeyer, presidente do conselho da Baxalta.

A oferta da Shire eleva para US$ 383 bilhões o valor do total das ofertas hostis de aquisição realizadas até agora neste ano, de acordo com a Dealogic, o que poderia levar a atividade a superar o recorde de US$ 818 bilhões registrado em 2007.

Mas esse volume pode cair se os ofertantes fracassarem nos esforços para conquistar seus alvos de compra, como a Baxalta, a empresa de dutos Williams Cos., a fabricante de pesticidas Syngenta AG e outras empresas. Mas o aumento mostra que diretorespresidentes corajosos como Ornskov têm menos receio dos riscos inerentes a grandes disputas de aquisições hostis travadas publicamente.

A própria Shire foi alvo de uma tentativa de aquisição hostil por parte da americana AbbVie Inc. no valor de US$ 54 bilhões. Ela acabou aceitando a oferta, mas o negócio não foi concluído devido a um endurecimento das regras fiscais dos Estados Unidos, que tornou a operação menos lucrativa para a AbbVie.

A Shire saiu arranhada do episódio, mas disposta a aproveitar oportunidades, com US$ 1,6 bilhão extra no caixa, depois de a AbbVie ter sido forçada a pagar uma multa pelo rompimento do negócio. Desde então, a Shire tem fechado aquisições como forma de acelerar sua transformação em uma empresa de biotecnologia com foco em doenças que atingem poucas pessoas. Esses medicamentos podem ser aprovados rapidamente pelos reguladores e têm preços altos.

A compra da Baxalta pode ser sua maior aquisição até hoje. A empresa combinada seria a 19a maior farmacêutica por vendas, ultrapassando a Celgene Corp., a Biogen Inc. e outras, segundo análise da EvaluatePharma.

A Shire informou que as duas empresas juntas teriam vendas de US$ 20 bilhões em 2020, "com a potência financeira e operacional propiciando ainda mais inovação e crescimento no [segmento] de doenças raras". A Shire afirmou anteriormente que tem a meta de dobrar suas vendas para US$ 10 bilhões até 2020. A Shire informou que o negócio com a Baxalta pode gerar crescimento de dois dígitos nas vendas e impulsionaria lucros a partir do segundo ano após o fechamento da transação.

Embora ambas operem no mesmo segmento de doenças raras, elas se especializaram em áreas distintas. A Shire afirma que a Baxalta adicionaria remédios biotecnológicos relativos a hemofilia, imunologia e câncer ao seu portfólio. Segundo Ornskov, as duas empresas estão bem alinhadas e suas estratégias são praticamente "cópias uma da outra".

O diretor-presidente da Baxalta, Ludwig N. Hantson, discorda. "Não acreditamos que a combinação geraria sinergias operacionais ou de receita significativas", disse em uma carta à Shire.

A Shire está oferecendo a acionistas da Baxalta 0,1687 ADRs da Shire para cada ação da Baxalta, o que dá um valor de US$ 45,23 por ação da Baxalta e um prêmio de 36% com base no fechamento de segunda-feira. As ações da Baxalta subiram 12% ontem, para US$ 37,10, enquanto os ADRs da Shire caíram 5,4%, para US$ 253,60. As ações da Baxter subiram 2%, para US$ 40,31.

O negócio, porém, está longe de estar garantido. A Baxalta tem mecanismos de proteção que limitam qualquer oferta hostil a uma fatia de 9,9%. Além disso, os membros de seu conselho têm mandatos de três anos que se sobrepõem, o que significa que levaria dois anos para a Shire conseguir o controle por meio de assentos no conselho.

Outra questão é se a Baxter, que continua como a maior acionista da Baxalta, com uma fatia de 19,5%, teria interesse em vendê-la e a qual preço.

A empresa combinada geraria economia de impostos. A Shire tem sede na Irlanda, que tem um imposto em torno de 15%. A farmacêutica estima um imposto entre 16% e 17% para a empresa unida, em comparação com a atual alíquota de 23% da Baxalta.

Empresas estrangeiras têm abocanhado companhias americanas rapidamente, especialmente no setor farmacêutico. Ao aplicar suas alíquotas de impostos aos lucros das empresas nos EUA, onde o imposto federal é de 35%, elas podem obter uma economia maior em relação às normalmente obtidas por meio de fusões, possibilitando que compradores de fora dos EUA paguem um preço mais elevado e ampliem suas próprias taxas de retorno.

Em uma teleconferência, Ornskov minimizou a economia fiscal, dizendo que ela era "apenas uma parte, não a razão principal" da lógica do negócio.

A Shire informou que o acordo proposto deixaria os acionistas da Baxalta com cerca de 37% da empresa combinada. A Shire também informou que pretende recomprar até 13% das ações da nova empresa em um período de dois anos depois do fechamento do negócio.




A revolução das células-tronco

01/08/2015 - Estado de Minas


Uma das grandes descobertas da medicina são as células-tronco, capazes de se multiplicar e se diferenciar, dentro de uma linhagem específica ou em várias linhagens, dependendo do seu tipo. Elas são encontradas em embriões, sangue, medula óssea, cordão umbilical, gordura e outros tecidos. Assim, as células-tronco (CTs) têm a função de recuperar tecidos feridos e repor outras células quando essas morrem. Dessa forma, as CTs nos mantêm saudáveis e nos previnem de envelhecer precocemente. “Elas são uma espécie de reserva no organismo, fazendo seu papel quando exigidas”, explica o médico e cirurgião-dentista Sérgio Duval de Barros Vieira.

Para Geraldo Carvalhaes, anestesiologista e diretor da Clínica da Dor, um dos avanços mais importantes das pesquisas sobre células-tronco é o uso do plasma rico em plaquetas. Durante os estudos, verificou-se que as CTs se originam das células mesenquimais da medula óssea, e que essas dão origem também às plaquetas, que não têm todas as propriedades regenerativas da célula-tronco, mas muitas delas. “Passamos, assim, a usar o plasma rico em plaquetas para regenerar uma série de lesões tendinosas, musculares e ligamentares, principalmente na área esportiva, o que tem proporcionado um grande avanço na medicina regenerativa e do esporte. Quanto à medicina genômica, ainda estamos engatinhando”, diz Carvalhaes.

Estudos indicam que as células-tronco poderão ser usadas no tratamento de doenças autoimunes, como artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, nefrite lúpica e o diabete melitus. Mesmo com vários indícios positivos em várias pesquisas de células-tronco e suas aplicações para tratar doenças, quase todas ainda estão em estágio inicial. É preciso adotar métodos rigorosos de pesquisa e testes para garantir segurança e eficácia a longo prazo. Historicamente, Sérgio Vieira relembra que as pesquisas na medicina regenerativa tiveram início há mais de cinco décadas nos Estados Unidos, Europa e Ásia, sem que tivesse sido ainda identificada a célula-tronco. É um avanço recente. “Em 1998, foram identificadas células-tronco embrionárias em humanos. A partir disso, iniciaram-se as investigações para seu uso em terapias. A realização desses estudos foi extremamente árdua devido a questões religiosas e éticas, que vêm apresentando mudanças. Sabe-se, hoje, que o maior número de células-tronco se encontra na gordura, tecido abundante, descartável, que pouquíssimas pessoas desejam.

“Em 2010, publicamos nos EUA e na Inglaterra um método, de fácil execução, de tratamento da gordura e retirada de suas células-tronco. Esse trabalho foi premiado no Congresso Internacional de Cirurgia Plástica em Genebra em 2012”, explica Vieira, representante no Brasil da Plataforma Tecnológica de Separação da Porção Estromovascular da Gordura, técnica desenvolvida para executar esse procedimento. A biomédica especialista em medicina regenerativa Wirla Pontes ressalta que o uso de células para terapias e procedimentos é uma realidade no mundo inteiro. “A ação dessas células tem sido estudada e aplicada em várias especialidades e os resultados são surpreendentes. A descoberta das células-tronco e seus benefícios mostrou para o mundo científico os mecanismos de reparação, regeneração que elas sempre estiveram ali cumprindo essa função. Entender como funciona e usar esta capacidade nata das CTs trouxe uma grande revolução na ciência.”




Novo teste pode antecipar diagnóstico de câncer do pâncreas

04/08/2015 - O Globo


Conhecido por tirar rapidamente a vida de personalidades como o fundador da Apple Steve Jobs e o ator americano Patrick Swayze, o câncer do pâncreas preocupa especialistas por ser uma das formas mais letais de tumor maligno. Na tentativa de frear a taxa de mortalidade da doença, cientistas desenvolveram um teste de urina que pode antecipar seu diagnóstico. Em estudo publicado ontem na revista científica “Clinical Cancer Research”, a equipe identifica três proteínas que se apresentam em níveis mais elevados nas pessoas com a enfermidade.

Atualmente, a maioria dos casos de câncer no pâncreas só é identificada em estágio avançado. Apenas 3% dos pacientes sobrevivem além de cinco anos após o diagnóstico. Mais de 80% das pessoas com a doença são diagnosticadas quando o tumor já se espalhou, o que torna ineficaz a cirurgia. Segundo a pesquisa, se o paciente for diagnosticado no estágio 2, a taxa de sobrevivência é de 20%; e na fase 1, a taxa de sobrevivência para pacientes com tumores muito pequenos pode aumentar para até 60%.

— Os sintomas em geral decorrem da invasão da doença. É um tumor bastante resistente às terapias habituais de quimioterapia e radioterapia — explica o coordenador científico do Grupo Oncologia D’Or, Daniel Herchenhorn.

NOVIDADE COM BAIXO CUSTO

A pesquisa, que envolveu cientistas britânicos e espanhóis, analisou cerca de 500 amostras de urina. Pouco menos de 200 pacientes estavam com com câncer pancreático, 92 tinham pancreatite crônica e 87 voluntários estavam saudáveis. O restante das amostras de pacientes apresentava condições benignas ou cancerosas no fígado e na vesícula biliar.

Das 1.500 proteínas encontradas nas amostras de urina, observou-se que três — LYVE1, REG1A e TFF1 — estavam em níveis muito mais elevados nos pacientes com câncer pancreático, proporcionando uma “assinatura” com cerca de 90% de exatidão que poderia identificar a forma mais comum da doença. Já os pacientes com pancreatite crônica mostraram níveis mais baixos das três proteínas.

Enquanto atualmente o diagnóstico é feito por imagem radiológica, por um marcador no sangue que pode estar presente ou não e por uma biópsia, a novidade traria uma abordagem de mais baixo custo e não invasiva.

“É um fluido inerte e muito menos complexo do que o sangue e pode ser testado várias vezes. Este é um painel de biomarcador com boa especificidade e sensibilidade e estamos esperançosos de que um teste simples pode ser desenvolvido e estar em uso clínico nos próximos anos”, afirma Tatjana Crnogorac-Jurcevic, líder do estudo.

No Brasil, esse tumor é responsável por 4% das mortes por câncer, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer ( Inca). Para o diretor técnico do grupo Clínicas Oncológicas Integradas ( COI), Mauro Zukin, a abordagem de maneira personalizada da presença de proteínas é relevante, e a novidade, “sem dúvida, a de maior sucesso” dentre as tentativas já divulgadas. — O próximo passo é tentar reproduzir em larga escala, ou seja, validar em uma população não selecionada e em número maior — diz o oncologista. Sobre a aplicação do exame no Brasil, Zukin acredita que a medicina pública vem se pautando por um distanciamento da medicina privada na incorporação de novas tecnologias. — Vejo com dificuldade a incorporação dessas novas técnicas — afirma.




Interfarma critica novo corte no orçamento do Ministério da Saúde

04/08/2015 - Valor Econômico


Com o mais recente corte anunciado no orçamento do Ministério da Saúde, os recursos previstos para 2015 voltaram aos níveis de 2012, segundo estudo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). Até agora, o abatimento no orçamento do ministério totaliza R$ 13,4 bilhões, ou 12% do total previsto para o ano.

Agora em R$ 95 bilhões, a nova dotação para 2015 fica abaixo do verificado nos dois últimos anos, de acordo com o presidente-executivo da entidade, Antônio Britto. "Evidentemente, isso vai gerar uma situação que não permite as ampliações necessárias de programas e serviços e levará a cortes [nos programas existentes]." Conforme a associação, a medida mais recente, que resultou em redução de R$ 1,7 bilhão, "agrava o subfinanciamento da pasta, reconhecido em muitas ocasiões pelo próprio ministro da Saúde, Arthur Chioro". "Praticamente todas as críticas de hoje ao SUS [Sistema Único de Saúde] estão relacionadas ao fato dele não cumprir o pressuposto constitucional de oferecer cobertura total de saúde a todos. E essa dificuldade está relacionada justamente ao financiamento abaixo das reais necessidades da população", afirmou Britto. Para o executivo da Interfarma, que reúne 55 laboratórios, essa situação deveria levar o governo a repensar o modelo do sistema de saúde e seu financiamento. "A conta cada vez mais não fecha. Há um descolamento perigoso entre o que o governo se compromete a fazer e o que pode ser feito." A redução dos recursos tende a impulsionar a chamada "judicialização" da saúde, que gera conta anual de R$ 800 milhões à União.




Doação derramada

05/08/2015 - O Globo


Banco nacional de coleta sofre com estagnação das doações e falta de informações. Não decolou. É assim que o coordenador do Programa Ibero Americano de Banco de Leite Humano da Fiocruz, João Aprígio de Almeida, se refere à doação de leite materno no Brasil. Com 216 unidades, a rede nacional, que foi premiada pela Organização Mundial de Saúde em 2001 e teve seu modelo exportado para 21 países, dá sinais de estagnação. De 2009 a 2014, o volume anual de leite doado subiu apenas 9,3%, de 168.508 litros para 185.864 litros. Esse alimento é destinado a bebês recémnascidos, grande parte prematura e internada em unidades de saúde. Hoje, a quantidade de leite só atende a 60% da demanda das UTIs neonatais do país.

Além disso, de todo o leite doado, cerca de 30% são perdidos, principalmente pela forma como são feitos o armazenamento e a coleta. Muitas mães utilizam potes com tampas de alumínio, que inviabilizam seu uso posterior, e também é comum o leite ser entregue contaminado por sujeira ou com algum problema decorrente do congelamento. Para João Aprígio de Almeida, falta comunicação.

— Não tenho um canal de interlocução com a população. E preciso dele. Porque a mulher é solidária. Não acho que não queira doar. Ela não sabe qual o processo. Além disso, há profissionais da saúde, entre eles os pediatras, que são pouco engajados. Poderiam ajudar com esclarecimentos e encaminhamentos — diz o coordenador do programa. — O número de bebês beneficiados está crescendo, e o de leite doado mantém a tendência desde 2009. Ou seja, o programa não decolou de forma efetiva.

Com o tema “Seja doadora de leite materno e faça a diferença na vida de muitas crianças”, o Ministério da Saúde lançou em maio campanha focada justamente na doação. Informou que foram feitos 1,2 milhão de folders e 20 mil cartazes distribuídos aos bancos de leite do país. Além desta iniciativa, que vai durar um ano, a pasta realiza diversas ações relacionadas à amamentação.

BEBÊS BENEFICIADOS SÃO 180 MIL

Até sexta-feira, é comemorada a Semana Mundial de Aleitamento Materno. Campanhas no Brasil e em diferentes países incentivam as novas mães a alimentarem seus filhos recém-nascidos com o leite materno, que protege a criança de infecções e diminui o risco de doenças como hipertensão e obesidade. E como toda lactante é uma potencial doadora, as mães que não podem amamentar seus novos filhos veem nesta ocasião uma chance de aumentar o volume de doações. O número de recémnascidos beneficiados chegou a 180 mil em 2014 (em 2010 eram 158 mil).

Mas, além da falta de divulgação, é preciso superar problemas de infraestrutura. Almeida cita o exemplo do Instituto Fernandes Figueira, no Rio. De 1999 a 2010, o banco tinha apoio do Corpo de Bombeiros para a coleta residencial. Quando a parceria acabou, o volume de leite doado caiu 41,5% (menos 1.200 litros). Hoje, a unidade conta com dois motoqueiros para a função (cada unidade tem autonomia para fazer a coleta segundo sua realidade financeira).

O pediatra Carlos Eduardo Corrêa, que trabalhou em banco de leite há dez anos, conta que mães já reclamaram do serviço em seu consultório em São Paulo:

— Já ouvi muitas queixas sobre visitas para coleta que foram marcadas, mas ninguém apareceu. Desde a minha época era assim. Quando tinha carro para buscar, não tinha motorista ou gasolina. Segundo Corrêa, algumas mães temem se tornar “escravas da doação”.

— Quanto mais se tira o leite, mais se estimula a produção. Muitas acreditam que, assim, se tornarão dependentes da doação, já que terão leite em excesso e precisarão ordenhá-lo. É importante esclarecer que isso é um mito. E que há várias formas de brecar a hiperprodução — explica o pediatra, que torce pela mudança de postura. — Se há uma fase da vida da mulher em que ela se torna mais generosa e solidária, é quando ela é mãe.

Almeida conta que Brasília é um caso de sucesso. Suas 15 unidades do banco conseguem atender todos os bebês prematuros e de baixo peso de hospitais e maternidades públicos e privados. E ainda dá conta de outras demandas de recém-nascidos.

— É possível dar até banho de leite nos bebês, porque lá não falta — brinca ele, explicando que, de uma forma geral, há períodos de baixa como férias escolares e festas de fim de ano. — Quando começa a rarear, principalmente fora de Brasília, nós nos restringimos aos casos mais graves.

Mas a pediatra Miriam Santos, coordenadora dos bancos no Distrito Federal, diz que não consegue atender todos que batem à porta.

— Há bebês saudáveis cujas mães morreram no parto, por exemplo. Eles voltarão para casa e não terão acesso ao leite dos bancos. Gostaria de atender a casos assim de forma efetiva — diz ela, para quem Brasília vive situação confortável principalmente porque soma “informação boca a boca” ao apoio dos Bombeiros.

Ailma Ribeiro, moradora de Brasília de 35 anos, é mãe de Davi e doadora desde que ele nasceu, há dois anos. Ela diz que pretende manter a rotina por mais meio ano, destoando da maioria das mães. A média de participação é de quatro meses. — Tinha de tomar banho a toda hora, tamanha a quantidade de leite que vazava — conta Ailma, que tinha dores locais e de cabeça. — Melhor doar do que jogar fora. Nos primeiros quatro meses, doava dois potes por semana. Vou continuar enquanto estiver amamentando. Ailma, que mora em Brasília, tira o leite duas vezes por dia. Mas às vezes “perde” a coleta da manhã:

— A mulher tem mil tarefas e o filho para cuidar. Mas sei que ajudo outras mães, que ficam frustradas por não conseguirem dar de mamar logo que o bebê chega.




Mais Médicos 'estreitou' relações entre Brasil e Cuba, diz Dilma

04/08/2015 - Folha de S.Paulo / Site


A presidente Dilma Rousseff aproveitou evento que celebrou dois anos do lançamento do Mais Médicos, uma das principais bandeiras de sua gestão, para fazer uma deferência aos cubanos que participam do programa.

Segundo Dilma, os profissionais "foram responsáveis" por estreitar as relações entre Brasil e Cuba. "Tenho obrigação de me referir a um país, tenho obrigação de me referir à participação dos médicos cubanos, que deram mostras, junto com o governo cubano, de solidariedade, profissionalismo e atendimento absolutamente humanizado", disse a presidente nesta terça (4).

"Quero agradecê-los e dizer que vocês estreitaram as relações entre o Brasil e Cuba, vocês são responsáveis por uma relação que hoje não está concentrada, mas distribuída por todo o território nacional", completou Dilma sob gritos de "viva, Cuba" entoados pelos médicos estrangeiros que estavam na plateia.

Desde a implantação do programa, em 2013, os médicos cubanos sofrem resistência dos profissionais brasileiros por não terem o diploma revalidado. Dilma afirmou achar "muito esquisito" chamar os profissionais estrangeiros de "intercambistas" e pediu que sejam chamados, em "dilmês" apurado, de "médicos que vêm de fora, de outros países, participar de forma solidária conosco".

No início de seu discurso de pouco mais de vinte minutos, a presidente fez uma espécie de desabafo e disse que recebeu "muitas críticas" enquanto o governo estava elaborando o programa e "conselhos sistemáticos" para desistir de seu lançamento. No entanto, ponderou, todas as cidades, inclusive as capitais, precisavam de médicos, e não só os rincões e periferias do país.

Segundo Dilma, ao longo dos dois últimos anos, o Mais Médicos somou 18.240 profissionais em 4.058 municípios e atende 63 milhões de pessoas. "É importante falar isso depois de dois anos: os 5.570 municípios desse país hoje possuem médicos", afirmou a presidente.

Após o agradecimento especial aos cubanos, Dilma disse que era importante "comemorar o engajamento" dos médicos formados no Brasil, que preencheram todas as vagas abertas neste ano, após a ampliação do programa.

Os ministros Arthur Chioro (Saúde) e Renato Janine (Educação) também saíram em defesa do Mais Médicos, que definiram como um "lançamento ousado" e um "ato de coragem" da presidente.

Para Chioro, o Mais Médicos deixou de ser apenas uma medida de provimento emergencial e se tornou uma política de Estado. "Estamos travando um bom combate e conseguindo bons resultados", completou Janine. "Não é uma ação de emergência ou de socorro apenas. É uma ação de longo prazo."

MAIS ESPECIALIDADES

Durante o evento, o governo anunciou três novas medidas vinculadas aos Mais Médicos, uma das principais bandeiras da gestão da petista. A primeira delas é a criação de novas 3.000 bolsas de residência médica no país. Destas, 75% são para formação de especialistas em medicina de família, que atuam nas unidades básicas de saúde.

As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste devem receber o maior número de bolsas. As instituições interessadas em ampliar as vagas devem se inscrever entre 10 de agosto e 4 de outubro de 2014.

A presidente também assinou um decreto para a criação de um cadastro nacional de especialistas, banco de dados com informações de quantidade de médicos por área de atuação, local de formação e município onde atuam no país. A ideia é usar o cadastro para verificar onde são necessárias novas vagas e quais as áreas com maior deficit de profissionais.

"Se não tivermos a dimensão correta de qual o número de especialistas, não conseguiremos saber qual a capacidade de oferta de serviços especializados. Poderemos a partir de agora pensar e planejar a necessidade de médicos", afirmou Chioro.

O banco também deve ser usado no Mais Especialidades. A presidente aproveitou o evento para dizer, sem detalhar o programa, que vai cumprir sua promessa de campanha de lançar o Mais Especialidades, que chamou de "segundo passo". "Assumi esse compromisso na minha campanha e estamos aqui para dizer que faremos".

Além do cadastro e da oferta de novas bolsas de residência, também foram autorizadas a contração de 880 professores para atuar nas universidades federais que ampliaram as vagas de graduação em medicina, um dos eixos do Mais Médicos para tentar fixar profissionais no interior do país. A previsão é que sejam abertas 11,5 mil vagas de graduação até 2017.




Baixa umidade relativa do ar gera preocupação com a saúde em SP

04/08/2015 - Folha de S.Paulo / Site


Além de enfrentar falta de água e ameaça de desabastecimento em várias regiões, o Estado de São Paulo sofre com uma massa de ar seco que derrubou a umidade relativa do ar nesta terça-feira (4).

Na capital paulista, esse índice oscilou entre 25% e 34% durante a tarde de terça. A OMS (Organização Mundial de Saúde) considera níveis entre 20% e 30% como estado de atenção.Em cidades como Lins e Barretos, no interior de São Paulo, a umidade relativa do ar chegou a 19%, nível considerado ainda mais crítico pela OMS. Entre 12% e 20%, a organização considera estado de alerta. Já índices inferiores a 12% são tidos como estado de emergência sanitária.

De acordo com o meteorologista Franco Vilela, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), "para os próximos dias, isso continua, inclusive tem a tendência de piorar um pouco, a partir desta quarta-feira (5) e principalmente da sexta-feira. Na capital, deve ficar um pouco melhor, sem baixar de 30%".

O instituto monitora uma massa de ar seco, classificada como perigosa, que se concentra principalmente em regiões do Mato Grosso do Sul e de São Paulo.

Áreas de outros nove estados, nas regiões Centro-Oeste, Norte, Nordeste e Sudeste estão classificadas como áreas de perigo potencial, por conta da baixa umidade relativa do ar. São eles: Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Bahia e Minas Gerais, além do Distrito Federal.

Já a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), que mede também os níveis de poluentes no ar, classificou três cidades paulistas como mais preocupantes em termos de qualidade atmosférica.

Em Cubatão (estação Vila Parisi), a qualidade do ar foi classificada como "muito ruim". Já a capital paulista (na estação Marginal do Tietê) e a cidade de Santa Gertrudes tiveram avaliação "ruim".

POLUIÇÃO AGRAVA RISCOS

Na cidade de São Paulo, além do tempo seco, a poluição também gera preocupação entre autoridades sanitárias e cidadãos comuns.

O ciclista Pedro Lannes chega a usar uma máscara enquanto pedala pela ciclovia da avenida Paulista. Para ele, o problema piora no fim da tarde."Tem muita poluição. Como o volume de carros é muito grande, principalmente às quatro ou cinco da tarde, fica pior ainda a qualidade do ar. Ainda mais agora nesse tempo que não está chovendo", relata. Ele disse acreditar que o uso da máscara ajuda a filtrar um pouco o ar poluído.

Contudo, o pneumologista Fábio Pereira Muchão avalia que em situação crítica de baixa qualidade do ar, as máscaras são pouco eficazes. "Esse material particulado [tipo de poluente] é muito fino, por isso, é prudente evitar exercícios ao ar livre entre as 10h e as 17h".

O médico do AME (Ambulatório Médico de Especialidades), da Secretaria de Estado da Saúde, recomenda ainda ingerir bastante líquido, lavar o nariz com soro fisiológico e manter uma alimentação leve.

Já para pessoas com doenças respiratórias crônicas, tais como a asma, Muchão indica que um médico seja procurado para revisão de tratamento.




Cinco dicas para reduzir o açúcar que consumimos sem perceber

04/08/2015 - Folha de S.Paulo / Site


Segundo a OMS, o ideal é que o açúcar seja apenas 5% da dieta - e isso inclui aquele presente em alimentos que nem imaginamos

Pense em um quilo de açúcar. Sim, um desses pacotes que compramos no supermercado e com o qual podemos encher o açucareiro várias vezes.

Parece muito, não? Mas é a mesma quantidade que um adulto consome, em média, em duas semanas. E os adolescentes ingerem um pouco mais.

Muitos se surpreenderão de que seja tanto. Sabemos em quais alimentos é óbvio que haja açúcar, como chocolates e biscoitos. Mas também há grandes quantidades "escondidas" em outras comidas que não necessariamente são consideradas doces.

A BBC preparou algumas dicas para que você diminua a quantidade de açúcar que consome no seu dia a dia, para assim ter uma vida mais saudável.

  1. Qual deve ser o limite diário?

    Em março de 2015, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reduziu sua recomendação de consumo diário de açúcar para uma dieta saudável a 5% do total de calorias ingeridas. O limite máximo é de 10%.

    Essa recomendação é um desafio, considerando os hábitos alimentares de hoje em dia. Nos países ocidentais, o açúcar pode representar até 15% da ingestão diária de fontes de energia.

    No entanto, alguns nutricionistas vão além e recomendam o consumo de menos de 3% na dieta.

    Esses limites são para todos os tipos de açúcar contidos nos alimentos, tanto os naturais - os existentes no mel, leite e sucos de fruta, por exemplo - como o açúcar cristal e o refinado, porque o corpo não distingue a diferença entre suas versões naturais e processadas.

    Na prática, todos os tipos de açúcar são transformados em glicose e frutose e acabam processados pelo fígado.

  2. Quanto é isso em colheres de chá?

    Esta é a recomendação da OMS para uma pessoa adulta que consuma aproximadamente 2 mil calorias por dia:

    O limite máximo de 10% corresponde a 50 gramas de açúcar por dia, o que corresponde a mais ou menos 12 colheres de chá.

    Para seguir o limite considerado ideal, de 5%, é preciso cortar os números acima pela metade.

  3. Quanto açúcar há numa lata de refrigerante?

    Só uma lata do tamanho convencional, de 330 ml, contém, em açúcares, o equivalente a nove colheres de chá, ou seja, mais que a quantidade ideal recomendada pela OMS.

    São 36 gramas em uma lata de refrigerante de cola. A versão light, por sua vez, tem zero açúcar.

  4. Quanto de açúcar há 'escondido' em alimentos não considerados doces?

    As bebidas que mais contém açúcar são (da maior quantidade para a menor): milkshakes, refrigerantes, água com sabor de frutas, energéticos e sucos de fruta artificiais. Essas bebidas não nos deixam tão satisfeitos como comidas sólidas que não são doces, mas têm o mesmo número de calorias.

    Um suco de laranja de 150 mil contém 12,9 gramas de açúcar, equivalente a 3 colheres (de chá) de açúcar.

    A recomendação para as crianças é a de consumir água ou leite (sem açúcar) em vez de refrescos e sucos de fruta com adição de açúcar.

    O álcool também é um problema: segundo dados de uma pesquisa feita no Reino Unido entre 2008 e 2012, 10% do total de açúcar consumido pelos adultos vêm de bebidas alcoólicas.

    Em segundo lugar vêm os molhos: molho barbecue, ketchup ou molho agridoce... todos têm açúcar. Algumas colheres de molho podem contar a mesma quantidade de açúcar que um donut.

    Por sua vez, um iogurte de fruta de 125 gramas contém 15,9 gramas de açúcar. A mesma quantidade de iogurte natural tem 11,6 gramas, segundo a Public Health England.

    E alguns produtos "light" ou "diet" também não são necessariamente são seguros, porque, para potencializar o sabor, os fabricantes compensa o baixo teor de gordura acrescentando mais açúcar.

  5. Como calcular o quanto de açúcar há em algum produto?

    Essa pode ser uma tarefa confusa porque, nos rótulos, o açúcar pode aparecer sob diferentes nomes.

    Mas quase todos eles terminam em "ose": glicose, frutose, sacarose, lactose, maltose, xarope de milho, que contém frutose concentrada.

    Entretanto, um bom jeito de calcular o açúcar presente é se concentrar no item "Carboidratos (dos quais açúcares)".

    Em geral, se há mais de 15 gramas de açúcar por 100 gramas, é considerado um produto com alto teor de açúcar.

    Se for 5 gramas por cada 100 gramas, é um produto com baixo teor de açúcar.

    Entidades pressionam governo a não flexibilizar regras dos planos de saúde




05/08/2015 - Folha de S.Paulo

Colunista: Mônica Bergamo


Um batalhão de entidades de defesa do consumidor foi a Brasília nesta semana pressionar o governo a não flexibilizar regras dos planos de saúde familiares e individuais. Há o temor de que o Planalto ceda à pressão das empresas e libere os reajustes do serviço, hoje controlados pela ANS (Agência Nacional de Saúde).

TODAS AS VOZES

O grupo foi recebido anteontem pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro. Entre eles estavam representantes do Procon, do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), do Ministério Público Federal e de defensorias públicas estaduais. E também da Secretaria Nacional do Consumidor, órgão do Ministério da Justiça.

PALAVRA DE MINISTRO Chioro disse ao grupo que não haverá liberação do reajuste dos planos familiares e individuais, que cobrem hoje 19% do mercado. E pediu que as entidades formulassem, em dez dias, uma pauta com propostas para a proteção do consumidor na saúde complementar.

TIME A pressão de operadoras de planos individuais para a liberação dos reajustes está sendo feita diretamente no gabinete da presidente Dilma Rousseff. Apesar da garantia de Chioro de que nada muda, não há consenso no governo. E já houve até reunião de cúpula para tratar do tema, com Chioro, Aloizio Mercadante, da Casa Civil, e Joaquim Levy, da Fazenda -que, como Chioro, é contra a liberação dos preços.

Governo cria 3 mil vagas de residência para programa Mais Médicos 04/08/2015 - Valor Econômico / Site

O governo anunciou hoje a criação de três mil vagas de residência médica, sendo a maioria oferecidas a estudantes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Setenta e cinco por cento das bolsas serão destinadas à formação de especialistas em medicina geral de família e de comunidade. O anúncio foi feito durante cerimônia de comemoração de dois anos do Programa Mais Médicos, no Palácio do Planalto. As bolsas serão financiadas pelos ministérios da Saúde e da Educação.

A meta do governo é criar, até 2018, 11,5 mil novas vagas de graduação em medicina e 12,4 mil vagas de residência para formação de médicos em áreas prioritárias para o Sistema Único de Saúde (SUS). Com o anúncio de hoje, o programa chega a 62% da meta de novas vagas de residência.

Também foi anunciada hoje a contratação de 880 professores para lecionar nas universidades federais que abriram novas vagas nos cursos de medicina ou criaram faculdades na área, após a criação do programa.

Um decreto assinado pela presidenta Dilma Rousseff durante a cerimônia vai regulamentar o Cadastro Nacional de Especialistas, com informações de médicos de todo o país. O objetivo, segundo o Ministério da Saúde, é melhorar o planejamento para distribuição de especialistas pelo país.

Balanço

Criado em 2013 para levar médicos a regiões distantes e periferias, o programa foi alvo de polêmica e resistência dos profissionais de saúde, principalmente pela possibilidade de contratação de médicos estrangeiros. Em dois anos, de acordo com o Ministério da Saúde, 18.240 médicos foram contratados para trabalhar em 4.058 municípios e cerca de 30 distritos indígenas, beneficiando um total de 63 milhões de pessoas.

Na avaliação do ministro da Saúde, Arthur Chioro, o programa reverteu um déficit histórico de atenção à saúde em algumas áreas do país. “Ao longo de 27 anos do SUS, o atendimento estava comprometido pois não tínhamos médicos para o atendimento básico. Hoje temos o direito à atenção básica garantido a todos os brasileiros e brasileiras”, comparou. “É um programa que veio para mudar a qualidade [do atendimento] e o acesso da população brasileira à saúde”, acrescentou.

Pesquisa encomendada pelo ministério ao Grupo de Opinião Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que a nota média dos usuários para o programa é nove. De acordo com o levantamento, a maioria dos pacientes beneficiados pelo programa são mulheres (80%), com filhos e renda de até dois salários-mínimos. Cerca de 40% recebem o Bolsa Família.

Em um relatório de avaliação dos dois anos do Mais Médicos, o Tribunal de Contas da União (TCU) reconheceu avanços, mas apontou falhas na execução do programa. Para o TCU, foram detectadas falhas na distribuição dos médicos e 26% dos municípios carentes ainda não foram atendidos pelo Mais Médicos.

Os profissionais inscritos no programa recebem R$ 10,5 mil por mês, pagos pelo governo federal.




Dilma reforça agenda positiva com Mais Médicos

05/08/2015 - Valor Econômico


Empenhada em estabelecer uma agenda positiva como reação à baixa popularidade, a presidente Dilma Rousseff aproveitou ontem a cerimônia de comemoração dos dois anos do programa Mais Médicos para reafirmar que cumprirá a promessa de campanha de criar o Mais Especialidades e anunciar novas ações na área. O governo ofertará 3 mil novas bolsas de residência médica pagas pelos ministérios da Saúde e Educação, contratará 880 professores para cursos de medicina e instituirá o Cadastro Nacional de Especialistas.

A cerimônia organizada no Palácio do Planalto contou com uma audiência de simpatizantes, que interrompia o discurso da presidente com aplausos e gritos, principalmente quando foram citados os médicos cubanos que integram o programa. "Eles deram demonstrações de solidariedade, profissionalismo e atendimento humanizado", disse a presidente sobre os cubanos, ao que foi respondida com gritos de "viva Cuba". Dilma observou que a língua espanhola não foi um entrave na comunicação com os pacientes. "Eles introduziram um novo tradutor que era o coração", definiu.

Em resposta às críticas de que o programa favorecia profissionais estrangeiros, principalmente os cubanos - que vieram por meio de um convênio internacional com o braço das Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS) - Dilma elogiou o "engajamento dos médicos brasileiros". Segundo ela, essa participação é crescente, porque na seleção deste ano, todas as 4.139 vagas foram preenchidas por brasileiros.

Segundo a presidente, atualmente todos os 5.570 municípios brasileiros possuem médicos. Ela ressaltou que o programa viabilizou o atendimento de 63 milhões de pessoas, que hoje "têm saúde perto de sua casa. Dilma salientou que não faltava médicos apenas nos rincões distantes, mas também nas principais capitais brasileiras.

"Onde faltava médicos? Em São Paulo, Belo Horizonte, no Rio de Janeiro, e posso citar todas as capitais e dizer, faltava médicos a alguns quilômetros do centro das capitais", frisou a presidente, lembrando que agora há profissionais também em aldeias indígenas e comunidades quilombolas.

Ela observou que em 2013 o levantamento que subsidiou o desenvolvimento do programa apontou que havia apenas 1,8 mil médicos por habitante e 700 municípios sem um único profissional. "Estávamos diante de um desafio de um país que tem proporção continental e complexidade elevada. Tínhamos desde problemas de logística, problemas de garantia e manutenção desses médicos nos municípios e problemas de quantidade de médicos brasileiros disponíveis", relembrou.

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, esclareceu que o Cadastro Nacional de Especialistas é um passo necessário para a estruturação do programa Mais Especialidades. "Oftalmologia e ortopedia são fortes candidatos a estrearem o programa e se não tivermos dimensão correta do número de especialistas nessas duas áreas, não conseguiremos saber capacidade de oferta de serviços especializados com integralidade que queremos", justificou. Agora, segundo ele, o Conselho Nacional de Educação terá 90 dias para regulamentar todos os processos necessários para a criação do cadastro.




Quando o corpo contra-ataca.

01/08/2015 - Estado de Minas


O câncer deixou de ser sentença de morte. Com o avanço da medicina, aumenta a sobrevida e mesmo a chance de cura de pacientes com diagnóstico precoce. Atualmente, a grande esperança vem da imunoterapia antitumoral, tratamento baseado na estimulação do sistema imunológico com substâncias denominadas modificadoras da resposta biológica. Segundo André Márcio Murad, professor da Faculdade de Medicina, coordenador do Serviço de Oncologia do Hospital das Clínicas da UFMG, a finalidade é aumentar a resposta do sistema imune às células agressoras, fazendo com que o próprio organismo combata a doença. Os tumores mais frequentemente tratados com imunoterapia são câncer de rim, melanoma (câncer agressivo de pele), alguns tipos de leucemia, linfomas e, mais recentemente, cânceres de próstata e de pulmão.

A imunoterapia de última geração foi uma das protagonistas do American Society of ClinicalOncology (Asco), maior congresso da área, realizado em julho, em Chicago. Segundo Murad, um robusto estudo controlado sobre o tratamento do melanoma avançado mostrou que a combinação dos anticorpos monoclonais nivolumabe e ipilumumabe reduziu o tumor em 58% dos pacientes. Entretanto, a toxicidade também foi mais alta. Em outro estudo, com portadores de câncer de pulmão já refratário à quimioterapia de primeira linha, o nivolumabe dobrou a sobrevida de pacientes em comparação com o uso do quimioterápico docetaxel.

Segundo Murad, teoricamente, qualquer tipo de câncer pode ser tratado com imunoterapia, já que as células cancerígenas, uma vez que sofrem mutações na estrutura de seu DNA, tornam-se imunologicamente diferentes das células normais de corpo, passando a adquirir outra identidade imunológica. “O problema é que as células tumorais, mais inteligentes do que anteriormente imaginávamos, atuam com substâncias próprias para 'desligar' o sistema imunológico do hospedeiro, fazendo com que consigam se multiplicar sem ser reconhecidas como estranhas.”

VACINA As substâncias imunoterápicas para tratar o câncer podem ser agrupadas em quatro grandes grupos: citocinas, imunoterapia celular passiva ou adotiva, vacinas e, mais recentemente, os inibidores de proteínas dos pontos de checagem imunológica. Estes usam o próprio sistema imunológico do paciente para combater as células tumorais, o que permite uma resposta antitumoral mais efetiva. “Esta nova classe de imunoterapia desliga um complexo sistema de mascaramento imunológico que as células tumorais utilizam para não ser reconhecidas como invasoras, permitindo, então, que o sistema imune destrua essas células. O ipilumumabe e o grupo formado pelo nivolumabe e o pembrolizumabe são exemplos de duas classes dessas inovadoras drogas com benefícios já comprovados. “Tanto o ipilumumabe (já disponível no Brasil) quanto o nivolumabe e o pembrolizumabe (ainda não disponíveis por aqui) são ativos no tratamento do melanoma avançado, produzindo taxas de resposta e sobrevida superiores ao tratamento quimioterápico convencional.” Mais recentemente, tanto o nivolumabe quanto o pembrolizumabe se mostraram eficazes no tratamento do câncer de pulmão resistente ao tratamento convencional. Já as vacinas para o tratamento do câncer são a forma mais ativa de imunoterapia porque agem especificamente em um tipo de tumor, estimulando o sistema imune a destruí-lo. “O alvo do tratamento com vacinas anticâncer é a indução de resposta imune antitumoral, o que pode propiciar a regressão tumoral ou das metástases”, diz.

No entanto, diferentemente da resposta da quimioterapia, a qual resulta na rápida morte celular, a resposta clínica das vacinas depende do sistema imune, que pode levar vários meses para ser obtida.

Há alguns estudos utilizando vacinas variadas no tratamento de vários tipos de câncer, mas só a Sipuleucel-T, para tratamento do câncer de próstata avançado já resistente ao tratamento hormonal convencional, está disponível para comercialização (fora do Brasil). “Os resultados do tratamento, bem como os de outras vacinas em fase de teste, são modestos”, ressalta.

PALAVRA DE ESPECIALISTA

• LUIZ FLÁVIO COUTINHO: Oncologista do Oncocentro Minas Gerais

Novo paradigma

“Neste século, os avanços no tratamento do câncer representam um atalho incomparável a todo o século passado. A criação das drogas-alvo, no início dos anos 2000, representou um avanço sem precedentes e o primeiro passo em direção à substituição da quimioterapia como principal arma no tratamento da doença. A terapia dirigida a alvos moleculares específicos, baseada em subtipos diferentes de tumor, identificados em testes moleculares e genéticos, revolucionou o tratamento de tumores. Agora, na virada da década, nos deparamos com uma nova revolução na abordagem do câncer: a imunoterapia. Assim, a terapia para destruir o tumor, fazê-lo diminuir de tamanho e tentar erradicá-lo fica em segundo plano. O objetivo é tratar o paciente e tornar seu próprio sistema imunológico a principal arma contra o tumor. Sem queda de cabelo, sem náuseas, sem vômitos.”




Área mais afetada, saúde deve gastar 58,6% da verba prevista

04/08/2015 - O Estado de S.Paulo


Se tudo correr dentro do previsto, o prefeito Fernando Haddad (PT) terá gasto 58,6% do planejado para as metas de saúde até o fim de seu mandato.

Do início da gestão até o fim de 2015, a Prefeitura terá gasto R$ 430 milhões do R$ 1,6 bilhão k previsto para os quatro anos de mandato. Em 2016, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a execução das sete metas da saúde será de R$ 508,7 milhões, o que fará a administração petista atingir R$ 938,7 milhões, pouco mais da metade do previsto.

Reportagem publicada pelo Estado anteontem revelou que, até junho deste ano, a Prefeitura havia executado R$ 108 milhões do valor destinado para as metas da saúde, ou seja, 6,5% do estimado.

Na ocasião, o secretário municipal da Saúde, José de Filippi Júnior, disse que o índice de execução chegará a 27% até dezembro de 2015 e que o porcentual gasto subiria no próximo ano, quando muitas obras seriam finalizadas.

A previsão na LDO mostra, no entanto, que muitas unidades de saúde prometidas ficarão no papel. Das 43 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) previstas, apenas 13 deverão ser entregues - quatro já estão em funcionamento e outras nove, atualmente em obras, deverão ser abertas em 2016.

No caso dos serviços de especialidades, o índice de cumprimento da meta será mais alto do que o das UBSs, mas não deverá atingir o compromisso inicial. Haddad prometeu entregar 32 unidades da Rede Hora Certa, das quais oito já foram inauguradas e outras sete estão previstas para serem abertas neste semestre: Para fechar a conta e atingir o compromisso, porém, o prefeito precisaria entregar em seu último ano de mandato 17 ambulatórios do modelo, mas apenas nove têm recursos previstos na LDO.

A Rede Hora Certa é a principal aposta de Haddad para reduzir a fila de espera por consultas, exames e cirurgias nos equipamentos municipais. O prefeito já conseguiu diminuir em 24% a fila pelos dois primeiros tipos de procedimentos, mas o número de pessoas que aguardam por uma operação cresceu 10% em sua gestão.

Haddad também não deverá cumprir a meta de entregar 25 Unidades de Pronto-Atendi-mento (UPAs) até 2016. Em pouco mais de dois anos e meio de gestão, ele conseguiu finalizar apenas duas e prevê entregar no próximo ano outras sete, 36% do prometido. Na área de saúde mental, o prefeito pretendia abrir 30 Centros de Atenção Psicossocial (CAPSs) e só deverá entregar 12, contando os dois já abertos e os dez com recursos garantidos pela LDO.

Verbas. A dotação orçamentária de 2016 destina R$ 295 milhões para a construção dos três hospitais prometidos pelo prefeito, mas, conforme mostrado pelo Estado anteontem, dificilmente as três unidades serão entregues dentro do prazo.

Dos três centros médicos previstos, apenas o de Parelheiros, na zona sul, teve as obras iniciadas. O da Brasilândia, na zona norte, teve a licitação finalizada, mas não há operários ainda no local. O da Vila Matilde, na zona leste, não tem previsão de início das obras. Como não conseguirá entregar as unidades, a Prefeitura se prepara para inaugurar o Hospital Santa Marina, na zona sul, comprado da iniciativa privada, que será municipalizado.

Conteúdo acessível em libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro ou Hozana. Conteúdo acessível em libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro ou Hozana.