Evento híbrido aborda obesidade e análogos de GLP-1
São Paulo, 18 de setembro de 2025
O CRF-SP promoveu na última quarta-feira, 18, a capacitação híbrida sobre obesidade e análogos de GLP-1, com participantes presenciais e virtuais. O evento ocorreu na sede do CRF-SP e contou com a presença de especialistas que compartilharam conhecimentos sobre o manejo farmacoterapêutico da obesidade, abordando desde a fisiopatologia da condição até a regulamentação e normas para dispensação desses medicamentos.
A abertura do evento contou com o presidente do CRF-SP, Dr. Marcelo Polacow, da vice-presidente, Dra. Luciana Canetto, do Dr. Adriano Falvo, secretário-geral, e do Dr. Marcos Machado, conselheiro federal por São Paulo.
Dra. Luciana Canetto ressaltou a importância da capacitação contínua dos farmacêuticos, destacando que o objetivo do CRF-SP é proporcionar as ferramentas necessárias para que os profissionais possam lidar melhor com os desafios no manejo da obesidade.
"É muito gostoso estar aqui com vocês e trazer um tema tão relevante, capacitar farmacêuticos para melhor manejar os pacientes no nosso dia a dia", comentou a Dra. Luciana.
Dr. Marcelo Polacow abordou a complexidade da obesidade, classificando-a como uma condição multifatorial. "Nada melhor do que discutir de maneira mais ampla esse assunto. Tem muita gente que acha que os análogos de GLP-1 resolveram 100% a questão da obesidade. Isso não é verdade, há vários componentes que precisam ser analisados quando tratamos de obesidade", afirmou Polacow.
Dr. Marcelo Polacow e Dra. Luciana Canetto
A primeira palestra foi ministrada pelo Dr. José Vanilton de Almeida, coordenador do Comitê de Condições Crônicas Não-Transmissíveis do CRF-SP, que abordou a fisiopatologia da obesidade. Ele destacou as implicações biológicas e metabólicas, como a secreção diminuída de insulina, o aumento da lipólise e a resistência à insulina. O coordenador enfatizou que a obesidade é uma condição crônica e complexa, representando um grande desafio para a saúde pública.
"A obesidade é uma condição crônica prevalente, complexa, progressiva e recidivante", afirmou.
Dr. José Vanilton de Almeida
A Dra. Adryella Luz, conselheira e coordenadora do Grupo Técnico de Trabalho de Cuidado Farmacêutico na Infectologia do CRF-SP, falou sobre o cuidado farmacêutico com os análogos de GLP-1. Ela abordou a importância do acompanhamento contínuo, com foco na anamnese farmacêutica, monitoramento de exames laboratoriais e possíveis interações medicamentosas.
"É fundamental realizar uma boa anamnese, monitorar exames e interações medicamentosas, e educar os pacientes sobre adesão e manejo de efeitos adversos", disse a Dra. Adryella.
Dra. Adryella Luz
A Dra. Priscila Dejuste, conselheira e coordenadora do Grupo Técnico de Trabalho de Suplementos Alimentares do CRF-SP, falou sobre a suplementação alimentar para pacientes que utilizam esses medicamentos.
Ela destacou que, apesar da revolução dos análogos de GLP-1, seus efeitos adversos podem comprometer a adesão dos pacientes ao tratamento. Assim, a suplementação alimentar é essencial, com o uso de suplementos proteicos e compostos para conforto digestivo, além de reforço vitamínico, como alguns dos exemplos.
Dra. Priscila Dejuste
"A revolução dos análogos de GLP-1 no tratamento da obesidade também trouxe desafios, pois seus efeitos adversos podem comprometer a adesão dos pacientes", explicou Dra. Priscila.
A Dra. Ketylin Migliato discutiu o uso de fitoterápicos em associação com os análogos de GLP-1. Ela descreveu algumas funções terapêuticas de plantas como Berberis vulgaris (berberina), Gymnema sylvestre e Zingiber officinale, mas alertou para os riscos de hipoglicemia quando combinados com medicamentos que já reduzem a glicose.
"Fitoterápicos como Phaseolus vulgaris e Camellia sinensis podem ser benéficos, mas sempre com monitoramento rigoroso dos níveis de glicose", reforçou Dra. Ketylin.
Dra. Ketylin Migliato
A Dra. Danyelle Marini, diretora-tesoureira e farmacologista, explicou as características dos análogos de GLP-1 e as diferenças entre eles, como a liraglutida e semaglutida, além dos duplos agonistas GLP-1/GIP como a tirzepatida. Ela também falou sobre as interações medicamentosas, as reações adversas e os exames laboratoriais para acompanhamento farmacoterapêutico.
“O GLP-1 é uma INCRETINA, uma substância produzida no intestino que tem muitas ações no organismo. O GLP-1 também é sintetizado no cérebro, órgão que tem muitos receptores para este peptídio”, explicou Dra. Danyelle.
Dra. Danyelle Marini
A Dra. Maria José Martins de Souza, coordenadora do Grupo Técnico de Trabalho de Saúde Pública do CRF-SP, explicou que, conforme Portaria publicada em 16 de setembro no Diário Oficial da União, o SUS decidiu não incorporar a semaglutida para o tratamento de pacientes com obesidade graus II e III, sem diabetes, a partir de 45 anos e com doença cardiovascular estabelecida, que estava sendo analisada.
Ela também explicou como funciona o acesso aos medicamentos e suas principais fases, os Componentes Básico, Estratégico e Especializado da Assistência Farmacêutica e o que é e como atua a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).
“A Conitec atua na incorporação, exclusão e alteração de tecnologias”, disse.
Dra. Maria José Martins de Souza
O evento também contou com uma apresentação do Dr. Adriano Falvo, que abordou o histórico do Sistema Nacional de Gestão de Produtos Controlados (SNGPC), a classificação e a necessidade de prescrição e escrituração para os análogos de GLP-1. Ele explicou, ainda, a impossibilidade de intercambiabilidade entre esses medicamentos devido à sua classificação como biológicos.
"Em relação aos requisitos da RDC 753/2022, que determina o registro para medicamentos genéricos e similares, algumas classes terapêuticas não podem se tornar genéricos ou similares bioequivalentes. A classe biológica é uma dessas", pontuou.
Dr. Adriano Falvo
Ao final, uma mesa de discussão foi montada com os palestrantes e a moderação da Dra. Luciana Canetto.
Monica Neri
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