Uma história que me marcou como farmacêutica foi quando atendi um paciente no balcão que alegava estar sentindo tonturas constantes naquela semana e um pouco de enjoo. Ele queria alguma medicação que "cortasse" esses sintomas. Antes de indicar qualquer coisa, conversei com ele e perguntei se utilizava alguma medicação ou tinha alguma doença crônica. Ele falou que cerca de 60 dias atrás o médico lhe havia solicitado alguns exames, que ele estava na fase pré-diabética e lhe foi receitado metformina. Porém, ele disse que deixou de utilizar a medicação, pois sentia o intestino mais solto e que, além disso, não tinha sintomas aparentes da doença. Para ele, tudo estava bem.
Decidi levá-lo até o consultório farmacêutico que tínhamos e aferir a glicemia. O resultado foi alarmante: sua glicemia estava 280mg/dl. A partir daquele momento decidi que iria acompanhá-lo. Como a prescrição era recente, conversei e expliquei que aquele medicamento causava esse desconforto intestinal, mas que era importante que ele o utilizasse e, se o sintoma atrapalhasse sua rotina, que iriamos entrar em contato com o médico para que este o avaliasse novamente e receitasse nova medicação.
Expliquei a importância de cuidar da diabetes, que se tratava de uma doença silenciosa. Além disso, o ensinei a fazer aferição no aparelho corretamente, assim ele poderia acompanhar os resultados em casa.
Mesmo após as orientações, solicitei que ele me visitasse por mais alguns dias. Notamos que em sete dias os parâmetros já estavam dentro da normalidade e os sintomas de tontura e enjoo, cessado. O paciente passou a fazer acompanhamento comigo duas vezes por semana e em poucos dias já havia aderido à terapia com metformina e apto a fazer os testes em casa. Em menos de três meses ele já não precisava mais da minha "supervisão", mas sempre que nos víamos ele dizia ser grato por ter mudado a sua vida.
Dra. Bruna de Oliveira Santos
São Paulo/SP
