Laboratório anuncia recolhimento do medicamento Cordaptive®, indicado para elevar colesterol "bom" e reduzir o “ruim”


Recolhimento será realizado em mais de 40 países, inclusive o BrasilRecolhimento será realizado em mais de 40 países, inclusive o BrasilSão Paulo, 15 de janeiro de 2013.

O laboratório MSD (Merck) anunciou que fará o recolhimento em cerca de 40 países (inclusive o Brasil) do medicamento Cordaptive®, que associa duas substâncias para aumentar o colesterol "bom" (HDL) e reduzir o "ruim" (LDL) e os triglicérides. De acordo com a fabricante, a decisão foi tomada após a análise de dados preliminares de um estudo internacional sobre o medicamento.

A pesquisa, com mais de 25 mil pessoas, mostrou que o Cordaptive® não reduz o risco cardíaco e ainda aumenta a chance de efeitos colaterais não fatais, ainda não detalhados pela empresa.
No Brasil, segundo o laboratório, 1.500 pessoas usam o medicamento. Recomenda-se que elas procurem seus médicos para receberem novas prescrições.

O resultado ruim vem depois da interrupção de dois testes clínicos sobre outros medicamentos que também tentavam reduzir o risco cardíaco aumentando o colesterol "bom", o que levanta dúvidas sobre o futuro dessa estratégia para evitar infartos.

O Cordaptive® é composto por niacina (vitamina B3) e uma substância chamada laropipranto. A niacina ou ácido nicotínico reduz a produção de triglicérides (gorduras) e aumenta a fabricação do colesterol "bom", que ajuda a "limpar" as artérias, recolhendo as gorduras que formam placas nos vasos.

O problema é que essa substância é vasodilatadora e causa vermelhidão intensa e sensação de calor no rosto, como explica o cardiologista Raul Santos, diretor da unidade clínica de lípides do Incor (Instituto do Coração da Hospital das Clínicas de SP).

Para aumentar a tolerância dos pacientes à niacina, foi adicionada ao medicamento a substância laropipranto, que combate esse efeito colateral. É essa combinação que vai sair do mercado. A niacina sozinha continua à venda.

De acordo com Santos, o medicamento é recomendado a pessoas que não conseguem tomar as estatinas, drogas mais usadas no controle do colesterol, por sofrerem com alergias ou dores musculares.
Pacientes que já haviam infartado e tinham colesterol "bom" muito baixo e os que têm triglicérides e colesterol "ruim" muito altos também poderiam usar o medicamento associado às estatinas.

Em 2011, um artigo publicado no "New England Journal of Medicine" questionava se já não era hora de aposentar a niacina. Em sua forma isolada, ela está no mercado há 50 anos, mas, em estudos recentes, a droga tem mostrado resultados fracos.

Segundo o cardiologista, editor da diretriz brasileira para o tratamento do colesterol elevado familiar, apesar do resultado "decepcionante" do Cordaptive®, a niacina sozinha ainda pode beneficiar alguns pacientes. No entanto, sua indicação fica cada vez mais restrita.

"Sabemos que o HDL baixo é um sinal de risco. Mas esse é mais um estudo mostrando que usar um remédio para aumentar o HDL não protege o paciente."

Para Santos, por enquanto, o foco continua na redução do colesterol "ruim".

 

Renata Gonçalez (com informações da Folha S. Paulo)

Assessoria de Comunicação CRF-SP

 

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