Morte de paciente alérgica à dipirona acende discussão sobre os riscos dos medicamentos isentos de prescrição

 

A causa da morte teria sido pelo choque anafilatico. A defesa da médica contesta o laudo pericial e sustenta que a jovem sofreu um choque séptico, por conta da inflamação do apêndiceA causa da morte teria sido por choque anafilatico. A defesa da médica contesta o laudo pericial e sustenta que a jovem sofreu um choque séptico, por conta da inflamação do apêndice São Paulo, 14 de junho de 2012.

 

Um recente caso policial amplamente divulgado nos meios de comunicação voltou a chamar atenção sobre o fato de que todo medicamento, mesmo isento de prescrição, representa um risco à saúde. Em 4 de junho, a polícia civil do Mato Grosso do Sul indiciou a médica Caroline Franciscato por homicídio com dolo eventual. Ela é acusada de ter prescrito dipirona à estudante Letícia Gottardi, de 19 anos, que era alérgica ao medicamento e morreu após receber a substância (assista à reportagem no final da matéria).

A vítima foi ao hospital reclamando de dores abdominais no dia 6 de abril e teve um primeiro atendimento no Hospital Darci João Bigaton, em Bonito (MS), ocasião em que foi informado que ela tinha alergia à dipirona e a anotação constava no prontuário da paciente. Letícia recebeu alta naquele mesmo dia, mas passou mal na madrugada do dia 7 de abril. De volta ao hospital, foi atendida pela dra. Caroline, que, mesmo tendo acesso ao prontuário feito no plantão anterior, determinou à equipe de enfermagem aplicação de dipirona. Horas depois, a médica receitou o medicamento pela segunda vez. Letícia morreu por volta das 6h daquele dia.

Segundo a dra. Amouni Mourad, assessora técnica do CRF-SP, “medicamentos como a dipirona podem dar a sensação de inofensividade, por serem isentos de prescrição, mas, como qualquer medicamento, os MIPs têm mecanismos de ação que merecem atenção. Como cada organismo tem suas particularidades, as pessoas reagem de formas distintas à ação desses medicamentos”. Segundo a especialista, as reações alérgicas a medicamentos envolvem a resposta individual entre um composto farmacológico e o sistema imunológico humano, estando relacionadas a alguns fatores determinantes como predisposição genética, sexo, doenças concomitantes e faixa etária.

Diminuindo riscos

Para se evitar erros como este é necessário que o profissional de saúde redobre os cuidados para a análise dos dados do paciente e a assistência farmacêutica é fundamental para a diminuição desses riscos. O farmacêutico tem importante papel por ser o profissional que está sempre atento à farmacologia dos medicamentos e tem condições técnicas para discutir a prescrição com o médico, orientar o paciente e até mesmo identificar uma possível reação gerada pelo medicamento.

Para a dra. Amouni, embora o diagnostico não seja âmbito do farmacêutico, ele está preparado tecnicamente para identificar uma possível reação medicamentosa e proceder os encaminhamentos do paciente aos centros de saúde, hospitais para reversão do quadro. “Um ponto importante nesse caso é o farmacêutico obter o maior numero de informações possível sobre os medicamentos que o paciente está utilizando, saber seu histórico medicamentoso e, principalmente, saber quando começaram as possíveis reações aos medicamentos”.

A assessora técnica aponta ainda que, de acordo com a literatura, os medicamentos que mais causam alergia são analgésicos (ácido acetilsalicílico e o paracetamol), anti-inflamatórios, antibióticos (penicilinas, tetraciclinas, sulfonamidas) e drogas para tratamento da epilepsia (fenitoína).

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Carlos Nascimento

Assessoria de Comunicação CRF-SP


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