ESTABELECIMENTOS REGISTRADOS

PROFISSIONAIS INSCRITOS ATIVOS

CLIPPING - 01/07/2015

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

Doenças genéticas e câncer lideram ações judiciais por medicamentos

30/06/2015 - Lab Network


Os cinco medicamentos mais reivindicados por ações judiciais ao Governo Federal são todos destinados ao tratamento de doenças genéticas e, juntos, representam 81,6% dos gastos com judicialização da saúde em 2014. O câncer aparece em segundo lugar, com 11 medicamentos entre os 25 mais demandados. Juntas, as terapias contra tumores representaram 2,6% do total. Os dados são referentes à modalidade “compras”, que respondem por 83,32% das ações, segundo levantamento realizado pela Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa).

Nos últimos três anos, o valor pago em ações judiciais saltou de R$ 367 milhões em 2012 para R$ 844 milhões em 2014; um aumento de 129%. O acumulado desse período é de R$ 1,76 bilhão. As ações judiciais são motivadas pela falta de acesso a tratamentos no SUS, seja por falta de disponibilidade dos medicamentos ou porque eles não foram incorporados (não fazem parte da lista de tratamentos da rede pública).

Em outro levantamento recente da Interfarma, foi verificado que o Governo Federal recebeu 225 pedidos para incorporação de novos medicamentos ao SUS nos últimos três anos e, até agora, avaliou apenas 171. Desse total, mais da metade foi negada (55%).

“A judicialização é um instrumento de defesa da sociedade diante do país que determina, pela Constituição, que todos tenham acesso, mas acaba não oferecendo esse acesso a tratamentos e medicamentos”, afirma Antônio Britto, presidente-executivo da Interfarma. Ele explica que a população está bem informada e, apoiada por médicos com boa qualificação, vale-se da Constituição para assegurar tratamentos que já estão ao alcance em diversos países.

Doenças genéticas

Os 25 itens mais importantes, em termos de valor, são medicamentos que juntos representaram 97% das compras do Ministério da Saúde para demandas judiciais em 2013 e 2014. Destes itens, onze são medicamentos indicados para o tratamento de doenças genéticas, representando 90,9% dos gastos em dois anos.

O líder da judicialização foi o medicamento à base de eculizumabe, que gerou despesas de R$ 339 milhões ao Ministério da Saúde. Trata-se de um anticorpo monoclonal indicado para tratamento de doença genética, representando 29,7% da judicialização na modalidade de “compras”.

Na sequência, aparecem cinco enzimas, produzidas por meio de tecnologia de DNA recombinante, utilizadas em terapias de reposição enzimática com compras no valor de R$ 622 milhões, representando 54,5% do total.

Gastos do Ministério da Saúde com judicialização na modalidade “compras” dos 25 itens mais importantes, em termos de valor:

Ranking 2014 Medicamento Indicação Total (R$) Total (%)
1 Eculizumabe Doença genética 339.179.981 29,7%
2 Galsulfase Doença genética 249.791.476 21,9%
3 Idursulfase Doença genética 150.054.861 13,1%
4 Alfagalsidase Doença genética 117.107.542 10,3%
5 Betagalsidase Doença genética 74.973.121 6,6%
6 Elosulfase Alfa Doença genética 30.018.513 2,6%
7 Lomitapida Dislipidemia 35.791.987 3,1%
8 Alfalglicosidase Doença genética 34.271.572 3,0%
9 Laronidase Doença genética 25.485.092 2,2%
10 Inibidor de Esterase Doença genética 10.995.394 1,0%
11 Tafamidis Amiloidose 5.261.992 0,5%
12 Abiraterona Acetato Câncer 4.621.471 0,4%
13 Temozolomida Câncer 3.226.258 0,3%
14 Brentuximabe Vedotina Câncer 4.003.768 0,4%
15 Sunitinibe Câncer 4.180.226 0,4%
16 Alfa-1 Antitripsina (AAT) Doença genética 4.055.380 0,4%
17 Carfilzomibe Câncer 1.584.664 0,1%
18 Cetuximabe Câncer 2.449.870 0,2%
19 Lenalidomida Câncer 2.112.650 0,2%
20 Icatibanto Acetato Doença genética 2.013.793 0,2%
21 Sorafenibe Tosilato Câncer 3.284.383 0,3%
22 Bortezomibe Câncer 1.711.666 0,1%
23 Bevacizumabe Câncer 2.093.372 0,2%
24 Canaquinumabe Doença Inflamatória 1.377.998 0,1%
25 Mipomersen Dislipidemia 0 0



Mercado Aberto: Farmacêuticas brasileiras investem nos EUA

01/07/2015 - Folha de S.Paulo


Indústrias farmacêuticas brasileiras projetam investir ao menos US$ 500 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão, na cotação atual) em pesquisa e desenvolvimento de medicamentos nos Estados Unidos.

A estimativa é do grupo FarmaBrasil, que representa laboratórios como Aché, Bionovis, EMS e Eurofarma, com base em seus associados.

O aporte, que será realizado nos próximos dois ou três anos, prevê acordos de joint venture com laboratórios americanos e aquisições de pequenas empresas.

"A ideia é que os medicamentos sejam fabricados no Brasil. Temos um grande comprador, que é o governo federal, além de parcerias de desenvolvimento produtivo", diz Reginaldo Arcuri, presidente-executivo do grupo.

A Brace Pharma, empresa do laboratório EMS com base nos Estados Unidos, será responsável pela maior parcela do aporte, US$ 300 milhões (cerca de R$ 930 milhões, na cotação atual). "O montante será aplicado na continuação de seis projetos no país, bem como em novas oportunidades que avaliamos", afirma Ricardo Marques, diretor da EMS.

A Biolab instalou um escritório em território norte-americano na semana passada para prospectar negócios. Estão reservados US$ 150 milhões para a nova operação.

"Essa ação é resultado de uma política de inovação nacional. Deixamos de apenas ir buscar licenças no exterior para também levar as nossas para fora", diz Dante Alário, sócio-diretor da Biolab.

A Libbs têm quatro projetos em desenvolvimento com centros de pesquisas e universidades americanas. "Projetamos aportar 2,5% do nosso faturamento", diz Marcia Bueno, diretora da Libbs.

Em 2014, a empresa faturou cerca de R$ 1,1 bilhão.

A Cristália, por sua vez, informou que prefere desenvolver tudo no Brasil.




Clientes reclamam de não conseguir comprar remédios fracionados

29/06/2015 - G1 - Bom dia Brasil


Ao todo, 80% dos clientes das farmácias gostariam de conseguir levar para casa apenas o número de comprimidos receitado pelo médico. A venda dos medicamentos fracionados é até autorizada pelo governo, mas, como não é obrigatória, poucas farmácias oferecem. Muitos brasileiros não sabem, mas todas as farmácias podem vender só o número exato de comprimidos que o médico receitou. É o que diz essa resolução da Anvisa de 2006. Assim, o tratamento pode sair bem mais barato para o paciente e não há desperdício, mas não é o que acontece na prática.

Visitamos seis farmácias e nenhuma delas vendia remédios fracionados. “Não temos remédios fracionados. Não vem, o laboratório não está mandando”, diz o farmacêutico Edinaldo da Silva.

A Associação dos Donos de Farmácia diz que a “norma da Anvisa é muito complexa e exigente e que não foi pensada para a realidade do Brasil”.

A Associação da Indústria Farmacêutica diz que isso “ainda depende de um conjunto de instalações, disponibilidade de técnicos e investimentos que nunca foram realizados”. Para a Anvisa, o fracionamento é uma opção dos laboratórios e das farmácias, que pode contribuir para o uso mais racional dos remédios, e não é uma obrigação.

Uma pesquisa recente da Proteste - uma associação de consumidores - mostra que 80% dos entrevistados gostariam de comprar remédios por unidades. “Um barateio do tratamento. Além disso, a gente inibe a automedicação, porque diminui a quantidade de medicamentos armazenados em casa de tratamentos prévios que não foram utilizados, diminuindo assim a chance de efeitos adversos e intoxicação”, afirma a coordenadora médica da Proteste, Ana Cristina Palieraqui.

O que fazer com esse monte de remédio que sobra? “Normalmente você vai perder, porque a validade dele vai acabar e seu dinheiro vai embora”, diz um consumidor.

A Associação de Consumidores defende a aprovação de um projeto de lei que tornaria obrigatória a produção e venda e remédios fracionados por unidades. “Cabe a nós informar cada vez mais médicos, profissionais da área de saúde, farmacêuticos. E também temos que pressionar as indústrias armacêuticas a produzirem esses medicamentos em embalagens fracionadas, isso facilita muito mesmo”, diz a coordenadora da Proteste.




Cuba elimina transmissão de aids e sífilis demãe para filho

01/07/2015 - O Estado de S.Paulo


Cuba se tornou o primeiro país do mundo a eliminar a transmissão de HIV e sífilis de mãe para filho. A conquista foi validada ontem pela Organização Mundial da Saúde(OMS),que ressaltou o papel do sistema de saúde cubano, focado na atenção básica, no processo de eliminação.

“O êxito de Cuba demonstra que o acesso e a cobertura universais de saúde são factíveis e, de fato, a chave desse êxito, até mesmo contra desafios tão complexos como o HIV”, disse a diretora da Organização Panamericana de Saúde(Opas),Carissa Etienne,em coletiva de imprensa realizada em Washington para anunciar o feito.

AOMS considera eliminada a transmissão vertical do HIV quando se registram menos de dois casos para cada cem bebês nascidos de mulheres infectadas.

No caso da sífilis, a taxa deve ser inferior a 0,05 casos a cada 2 mil nascidos vivos. Em Cuba, apenas dois bebês nasceram com HIV e cinco com sífilis congênita em 2013, o que coloca o país dentro dos parâmetros solicitados pela entidade para a dupla validação. “Eliminar a transmissão de um vírus é uma das maiores conquistas possíveis na saúde pública.

É uma grande vitória na nossa luta contra o HIV e contra as infecções sexualmente transmissíveis,e um importante passo para termos uma geração livre da aids”, disse Margaret Chan, diretora-geral da OMS.

Uma missão internacional de especialistas visitou a ilha caribenha em março de 2015 para validar o progresso da eliminação da transmissão vertical das duas doenças. Na ocasião, foram visitados centros de saúde, laboratórios e órgãos governamentais para a coleta de dados.

Os especialistas que participaram da visita reconheceram a importância dos esforços do governo cubano para assegurar à população um pré-natal adequado, testes de sífilis e HIV e tratamento às gestantes, seus parceiros e os bebês.

Outros países. Segundo a OMS, outros seis países e territórios das Américas estão em condições de solicitar a validação de eliminação de HIV e sífilis: Anguilla, Barbados, Canadá, Estados Unidos, Montserrat e Porto Rico.Além disso,oito países da região teriam eliminado a transmissão vertical de HIV e outros 14, a de sífilis.

O ministro da Saúde cubano, Roberto Morales Ojeda, disse que o país está disposto a auxiliar outras nações na busca pela mesma validação. “Estamos totalmente à disposição para ajudar outros países.” O número de crianças nascidas na América Latina e Caribe com HIV caiu quase 80% em uma década. Em todos os países de baixa e média renda, dobrou o número de grávidas com HIV que recebem tratamento para prevenir a transmissão vertical.

Em todo o mundo, sete em cada dez gestantes soropositivas recebem o tratamento.

O desafio, porém, ainda é grande. A OMS estima que cerca de 1,4 milhões de mulheres infectadas pelo vírus da aids ficam grávidas a cada ano no mundo.Se as gestantes não recebem o tratamento antirretroviral durante a gestação, o risco de transmissão do vírus para o bebê é de até 45%. Se são tratadas, a chance de contaminação da criança cai para 1%.

No caso da sífilis, são aproximadamente 1 milhão de grávidas infectadas pela doença por ano em todo o mundo. A doença pode levar à morte do bebê, malformação fetal ou infecções neonatais graves.




Cuba é o primeiro país a eliminar a transmissão do HIV de mãe para filho

30/06/2015 - Folha de S.Paulo / Site


Cuba se tornou nesta terça-feira o primeiro país do mundo a receber a validação da Organização Mundial da Saúde (OMS) por ter eliminado a transmissão do vírus da Aids (HIV) e da sífilis de mãe para filho.

O anúncio foi feito nesta terça-feira pelo ministro da Saúde Pública de Cuba, Roberto Morales Ojeda, em entrevista coletiva na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (OPS/OMS) em Washington.

"O sucesso de Cuba demonstra que o acesso universal e cobertura universal de saúde são viáveis e são de fato a chave para o sucesso, mesmo contra um desafio tão assustador quanto o HIV", disse Carissa F. Etienne, diretora regional das Américas na Organização Pan-Americana da Saúde.

A transmissão dessas doenças de mãe para filho é considerada eliminada quando as taxas de infecção são tão baixas que não são mais consideradas um problema de saúde pública. No caso do HIV, esse número é de 2 a cada 100 bebês nascidos de mãe com HIV, que é considerada a menor taxa possível com os métodos de prevenção disponíveis atualmente. No caso da sífilis, a eliminação é definida em menos de 1 caso por cada 2000 nascidos vivos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a cada ano 1,4 milhões de mulheres infectadas com HIV engravidam. Sem tratamento, a chance de transmissão do vírus para o bebê é de 15 a 45% durante a gravidez, parto ou amamentação.

O risco, no entanto, cai para quase 1% se tanto as mães quanto os bebês são medicados com antirretrovirais durante esses estágios em que a transmissão pode ocorrer.

No caso da sífilis, a opção de tratamento das mães é a administração de antibióticos, como a penicilina.

Ojeda atribuiu este marco ao sistema de saúde estabelecido após o triunfo da revolução cubana há mais de meio século, um sistema que definiu como "gratuito, acessível, regionalizado e integral".

"Estamos na total disposição de ajudar outros países", assegurou o titular da Saúde cubana, para comentar que já recebeu solicitações, por exemplo, de países africanos.

Por sua vez, a diretora da OPS, Carissa Etienne, disse que todos os países da região se comprometeram em 2010 a conquistar o que Cuba alcançou hoje."Imagino que o novo tempo político entre Cuba e Estados Unidos só pode ajudar a alcançar esta conquista, mas Cuba também trabalhou com outros membros da organização para aumentar o acesso à saúde", afirmou Etienne.

Em maio de 2014, foi criado um comitê regional de validação de países sobre a eliminação da transmissão do vírus da Aids (HIV) e da sífilis de mãe para filho.

Um grupo de 14 especialistas independentes de diferentes áreas do continente é encarregado de avaliar quais países podem ser recomendados para a validação global neste tema.

Cuba foi o primeiro país em solicitar esta avaliação, um processo que já foi iniciado por Barbados, Jamaica, Anguila e Ilhas Virgens. Também foi estabelecido um primeiro contato com Guatemala, El Salvador e Chile.




Prótese de silicone sustenta demanda nas clínicas de cirurgias plásticas

01/07/2015 - DCI


O implante de silicone é um dos procedimentos mais procurados na cirurgia plástica, tanto que mesmo no cenário de instabilidade econômica, ele mantém o aquecimento do setor. Em 2013, o Brasil foi o país que mais realizou intervenções cirúrgicas estéticas. "O movimento continua normal em termos de prótese de silicone. Podemos dizer que elas estão segurando o mercado", afirma o diretor da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), Carlos Oscar Uebel.

De acordo com o especialista, apesar de não ser um artigo de primeira necessidade, a demanda do silicone não caiu no primeiro semestre deste ano. "Isso mostra que os preços são acessíveis", explicou. Ainda segundo o executivo, a utilização das próteses nacionais são comuns e isso faz com que a alta da dólar não influencie nos preços.

"Existem três empresas muito grandes no mercado, que oferecem produtos de ponta e alta qualidade. Este ano, algumas até reduziram o custo", como analisou o executivo. A perspectiva para o segundo semestre é que o segmento se mantenha, acredita Uebel. "Mas não podemos ignorar o cenário econômico, que pode trazer consequências negativas para o setor daqui a três meses."

Já o cirurgião plástico Fernando de Almeida Prado está otimista. "No primeiro semestre houve uma manutenção da procura com relação ao ano passado. Mas estamos observamos uma alta iniciada em junho."

O médico acredita que a demanda prevista para julho deve aumentar 20%, ante ao mesmo período de 2014. "Os procedimentos cirúrgicos mais procurados são lipoaspiração e a próteses de silicone", ressalta o executivo. "Não posso negar. A crise tem afetado todos os mercados, mas ainda temos perspectiva de que a procura cresça entre 10% e 20% este ano no País."

Outro fator que tem aquecido o segmento é o da utilização das próteses de silicone em tratamentos médicos. "A cirurgia estética nasceu da reparadora e quando as pessoas perceberem isso o mercado crescerá ainda mais. Um exemplo de utilização é em casos de déficit de desenvolvimento da panturrilha", citou.

Aquecimento

No caso da clínica particular do cirurgião plástico Claudio Valle, localizada em São Paulo, a alta da demanda no primeiro semestre foi de 10% e a expectativa para os próximos seis meses é ainda mais positiva. "Era de se esperar uma queda, pois a cirurgia lida com uma parte estética e não necessidade absoluta. Mas as pessoas se preocupam de maneira significativa com a estética. Em alguns casos é prioridade."

O executivo também afirma que o crescimento deve ocorrer não apenas entre o público feminino, mas também masculino. "As mulheres procuram mais, mas os homens também estão crescendo entre os clientes", explica o executivo. A perspectiva de crescimento da demanda na clínica é de 10%, segundo Valle.

Produto

Outro exemplo de aquecimento do mercado é o da fabricante de próteses de silicone Silimed. "Tivemos alta de 15% de produtos vendidos no Brasil, no primeiro semestre", afirma o CEO da empresa, Gabriel Robert. Segundo ele, a demanda do setor de beleza e saúde tem sido menos impactada pelo cenário do País.

Entre clientes nacionais e internacionais, a Silimed espera crescimento de 30% nas vendas. "No segmento externo, os países com maior demanda são Estados Unidos, Coreia, Austrália, México e Colômbia."

Segundo o executivo, a empresa não conseguiu se beneficiar com a alta do dólar. "Mesmo os produtos importados sofrerem com este fator, aqui temos a inflação e os juros que também estão aumentando", afirma o executivo explicando que não houve migração de clientes pelo preço, mas pela qualidade. "Em 2014, a procura foi tão grande que consumimos parte do estoque. Para repor a reserva e atender a demanda aumentamos 50% da produção", revela.

Além dos famosos implantes para cirurgia plástica, a empresa fabrica próteses para contorno corporal, implante facial, além de uma linha para a urologia e a obesidade. "Estamos investindo em tecnologia e automação para atender o mercado." Conforme balanço da empresa em 2014, o estado que mais procurou implantes de mama e glúteo foi São Paulo, com 25% do mercado interno, seguido por Rio de Janeiro (20%) e Distrito Federal (11%).




'Na era do paciente virtual, médicos deixaram o exame físico de lado'

01/07/2015 - Folha de S.Paulo


Os médicos estão perdendo mais tempo com o paciente virtual, aquele que consta nos registros eletrônicos, do que com os reais, que estão nas camas dos hospitais. É o que pensa o médico Abraham Verghese, 60, professor de teoria e prática de medicina na Universidade Stanford e autor de três livros best-sellers que tratam de humanismo na medicina: "My Own Country" (Meu próprio país, em tradução livre), "The Tennis Partner" (O parceiro de tênis) e "Cutting for Ston" ("O Décimo Primeiro Mandamento", editado no Brasil pela Companhia das Letras).

O médico cunhou o termo "iPatient" para definir esse paciente virtual. "Mas hoje parece que o paciente no leito só existe para justificar o que está no computador."

Nascido na Etiópia e formado em medicina na Índia, Verghese é fã das novas tecnologias --como uma máquina de ultrassom de bolso--, mas defende mais contato físico e atenção ao paciente.

"Nesta era de biomarcadores e outros testes, nós esquecemos o valor do exame físico", disse ele à Folha, durante conferência a jornalistas de saúde, que aconteceu em Santa Clara, na Califórnia.

Diagnóstico

A tecnologia na medicina é uma coisa maravilhosa, dá um detalhamento incrível do corpo humano. Mas hoje parece que o paciente só existe no leito para justificar o que está no computador, que eu chamo de "iPatient".

O que eu quero dizer é que estamos olhando para o corpo quase como incidentalmente. Em muitos casos é por uma boa razão, porque a mamografia pode ver mais claramente do que a mão humana.

No entanto, há coisas que só a mão humana pode fazer, como ver se há dor em um local em particular. Não há máquina no mundo que possa fazer um reflexo do joelho e transmitir a informação de um reflexo do tendão. Nesta era de biomarcadores e outros testes, nós esquecemos o valor do exame físico.

Testes

Estamos todos propensos a permitir que a tecnologia tome o lugar do senso comum. Os testes se tornaram um atalho fácil. Eles são uma maneira eficiente e rápida para obter informações. Eu brinco que se um paciente entrar no hospital com um membro ausente, os médicos não serão capazes de confirmar o diagnóstico sem antes fazer vários exames.

Duvido que os médicos consigam realmente se conectar com os pacientes quando não os examinam. O exame físico, feito com cuidado, é uma maneira maravilhosa de transmitir a sua atenção ao doente.

Mais do que isso. Minha tendência é que achar que se você fizer as coisas bem feitas na cabeceira, você vai pedir exames criteriosamente, com base em bons palpites. Você será mais eficiente para o paciente e para o sistema de saúde, em termos de custos.

Formação médica

O exame físico foi uma parte muito importante do meu treinamento médico. No final do curso de medicina, não importava o quão bom você era na parte cognitiva, você tinha que analisar um caso clínico na frente dos examinadores.

O corpo tem sua própria história, mas, com tanto foco na tecnologia, os futuros médicos podem não saber como lê-la. A chave para ser um bom médico é entender a doença sob a perspectiva do paciente.

Às vezes é difícil. Como pedir a um estudante de medicina com 27 anos que imagine o sofrimento de alguém de 50 anos morrendo de um câncer incurável? Temos que tentar fazer com que ele se envolva com o paciente, enxergue a sua vulnerabilidade. Mas é um longo caminho.

Cura

Como médico na zona rural do Tennessee, na década de 1980, eu cuidava de muitos pacientes com HIV/Aids. Na época, não havia nada para impedir o progresso da doença. Um dia a mãe de um paciente chegou à clínica pedindo que eu fosse ver o filho, à beira da morte. Fui até lá, examinei-o, disse que não o abandonaria. Logo depois, ele morreu. Mas a minha visita teve um profundo efeito sobre ele e a família.

Era isso que os médicos faziam antes dos antibióticos, das salas de cirurgia estéreis e dos dispositivos médicos eletrônicos em abundância. Eles eram capazes de dar conforto, mesmo quando não havia chance de cura. Esse é um poder da relação médico-paciente que os médicos nunca devem esquecer.

A medicina mudou muito, mas o papel fundamental do médico, a necessidade de sua presença, não muda. A cura é louvável, mas não é algo que que conseguirmos sempre. Confortar o paciente é algo que sempre podemos fazer.

Sofrimento

Não tenho certeza que há muita nobreza no sofrimento. Algumas culturas são mais resignadas, entendem que seja parte da condição humana e talvez até o aceitem.

Em outros lugares, como nos EUA, há a expectativa de que a medicina sempre irá curar. As pessoas não querem a dor. Resistir a ela e ter vontade de viver, às vezes, ajuda na cura. Muitas vezes, porém, só resulta em gastos excessivos e muito sofrimento no fim da vida.




Exame médico

01/07/2015 - Folha de S.Paulo


A preocupação em garantir a boa qualidade da formação universitária no país deveria atingir o paroxismo nos cursos de medicina. Equívocos de profissionais desse campo, afinal, podem ocasionar prejuízos irreparáveis.

Passa longe disso, porém, a realidade brasileira. Não há um teste nacional para o ingresso na carreira médica, a exemplo daquele a que são submetidos os que desejam exercer a advocacia.

A implementação desse tipo de prova depende de alteração da legislação federal. O Congresso, todavia, não parece interessado em fazer as modificações necessárias; há mais de dez anos tramita um projeto para instituir teste com esse fim.

Enquanto não prospera nada parecido, propõem-se alternativas. A mais recente partiu do CFM (Conselho Federal de Medicina) e da Abem (Associação Brasileira de Escolas Médicas) e visa a estabelecer parâmetros de referência para os cursos de medicina.

As entidades criaram um sistema de avaliação que certifica faculdades que cumprirem critérios em itens como infraestrutura, capacitação de docentes e projeto pedagógico. O modelo, de adesão voluntária, começa a ser testado em 20 instituições --são 241 no país.

O sucesso da iniciativa, contudo, depende da procura pelo selo de qualidade na hora de escolher uma faculdade. Se essa não for uma questão importante para os alunos, é difícil imaginar que as escolas venham a se desdobrar para obter a certificação.

Nesse sentido, parece mais promissora a proposta do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP). A entidade vem se articulando com hospitais, planos de saúde e cursos para que a nota da prova aplicada anualmente a todos os formandos do Estado conte como critério para a contratação de médicos e seleção de residentes.

É a maneira encontrada pelo conselho para dificultar a vida dos reprovados no exame --55% no último realizado--, que hoje também têm direito ao registro profissional.

Já se manifestaram a favor da iniciativa o hospital Albert Einstein, as operadoras Unimed de SP e as faculdades de medicina da USP e da Unifesp. A medida, de todo modo, tem sua abrangência limitada e depende de adesões para ter efeito.

As propostas são bem-vindas, mas é forçoso reconhecer que não resolvem o problema da qualidade dos médicos, um desafio de monta para um país que ainda nem venceu a batalha da quantidade.




Três meses após o último caso, vírus ebola reaparece na Libéria

30/06/2015 - Folha de S.Paulo / Site


Autoridades de saúde da Libéria anunciaram nesta terça-feira (30) que o vírus ebola reapareceu no país, mais de três meses após o último caso conhecido.

A Libéria fora declarada oficialmente livre da epidemia em 9 de maio.

"Um novo caso de ebola foi registrado na província de Margibi. O paciente morreu, e o teste feito antes de sua morte deu resultado positivo", informou o vice-ministro da Saúde, Tolbert Nyensuah.As autoridades identificaram todas as pessoas que tiveram contato com o paciente que morreu e as colocaram em quarentena. O governo não informou porém quantas pessoas tiveram contato com a vítima.

"Estamos investigando para determinar a origem deste novo caso. Pedimos aos liberianos e a todas as pessoas que vivem na Libéria para que continuar a tomar medidas preventivas", disse o vice-ministro.

O anúncio deste revés ocorreu no momento em que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, acabara de parabenizar a presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf, por eliminar o número de casos no país e por seus esforços para manter o estado de alerta, de acordo com uma declaração divulgada na segunda-feira (29) pela Presidência.

"Parabenizo a Libéria por ter sido declarada livre do ebola. É uma grande recompensa para sua autoridade pessoal para unir o país e pela determinação e resiliência do povo liberiano", escreveu Ban em uma carta, citada no comunicado da Presidência.

A Libéria foi oficialmente declarada livre do vírus em 9 de maio pela Organização Mundial da Saúde (OMS) –42 dias após a morte do último caso conhecido da doença no país.

Este período representa duas vezes a duração máxima de incubação do vírus.

Mas as autoridades sanitárias vinham alertando sistematicamente para um risco de ressurgimento enquanto os vizinhos Serra Leoa e Guiné ainda estivessem enfrentando a epidemia.

A área onde o novo caso foi registrado está localizada a leste da capital Monróvia, muito longe das fronteiras com a Guiné e Serra Leoa.




Em crise, hospitais de SP cortam gastos e limitam atendimento

01/07/2015 - Folha de S.Paulo


Três grandes e estratégicos hospitais que fazem atendimento gratuito à população de São Paulo vivem séria crise financeira e trabalham no limite de suas possibilidades. Na Santa Casa (centro), no Santa Marcelina (zona leste) e no Hospital São Paulo (zona sul), o problema maior é que essas instituições chegaram a seus ápices de endividamento com credores, estão trabalhando com caixas negativos e, como consequência, com dificuldades de contrair novos empréstimos.

Dessa maneira, não há capacidade de investimento em melhorias nem mesmo dinheiro para que o funcionamento normal seja garantido.

O médico José Roberto Ferraro, diretor-geral do Hospital São Paulo, que atende cerca de 5.000 pessoas por dia, defende um "pacto nacional" em busca de recursos financeiros para "salvar a saúde pública do país".

A instituição acumula dívidas de R$ 90 milhões e fecha, todos os meses, com um deficit de cerca de R$ 1,5 milhão. Há atraso no pagamento de fornecedores e faltam insumos em alguns setores.

Liderada pelos médicos residentes, parte dos funcionários da instituição está em greve há quase um mês.

"É urgente buscar uma solução para a saúde por meio de uma mobilização nacional, de um pacto", disse Ferraro à Folha. "Ou cria-se um fundo novo de recursos ou volta a CPMF [cobrança sobre operações financeiras]. Precisamos de uma fonte financeira estável para conseguir resistir", completou.

RENEGOCIAÇÃO

Com a situação mais drástica a ser resolvida, a Santa Casa de São Paulo, maior complexo hospitalar filantrópico da América Latina, também tem com os bancos o seu problema mais nevrálgico.

Novo provedor da instituição, o médico José Luiz Setúbal colocou como meta de seu início de mandato buscar apoio político para conseguir mais prazo e espaço para renegociar a dívida de cerca de R$ 800 milhões do hospital.

Setúbal, acionista do banco Itaú e que assumiu a Santa Casa há menos de um mês, avalia que serão necessários ajustes no potencial de atendimento e no quadro de funcionários para manter abertas as portas da instituição.

Fabrício Santana, administrador do hospital filantrópico Santa Marcelina, referência da zona leste da capital, com 300 mil atendimentos por ano apenas no pronto-socorro, diz que, todos os meses, fecha a conta com cerca de R$ 4 milhões de rombo.

"Não sei até quando iremos suportar e não há nenhuma perspectiva de melhoria dos repasses do SUS. O que recebemos dá conta de cerca de 40% das despesas", afirma. Dos 700 leitos do hospital, 87% são ocupados por pacientes do sistema público. Mas não será possível manter o percentual, diz Santana.

"Não conseguimos mais gerar recursos para manter o hospital com esse volume de pacientes SUS. A solução tem sido ampliar a participação dos planos de saúde. Não queremos parar de atender gratuitamente, mas estamos muito perto desse caminho."

OUTRO LADO

Procurados, Ministério da Saúde e Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo trocaram farpas sobre o caso.

Em nota, o ministério afirmou que os repasses para assistência hospitalar estão regulares. A pasta informou que "o financiamento federal das unidades de saúde vai além da tabela SUS" e que, em 2014, dos R$ 14,8 bilhões repassados às instituições filantrópicas, 40% foram incentivo para além do valor de tabela. Já a secretaria estadual disse que "repassa de forma voluntária recursos extras do tesouro estadual para os hospitais mencionados com o objetivo de combater o subfinanciamento federal".

Segundo a pasta, o Hospital São Paulo recebe R$ 56 milhões anuais do Estado e o Santa Marcelina, R$ 43 milhões. O caso da Santa Casa foi tratado como "falhas graves de gestão". Segundo a secretaria, o governo estadual repassou à entidade R$ 682 milhões desde 2011.

Mercado Aberto: Espaço para crescer 01/07/2015 - Folha de S.Paulo

A rede de atendimento de planos de saúde cresceu mais, em termos proporcionais, que o total de clientes, entre 2009 e 2014, segundo o Iess (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar).

O número de estabelecimentos ambulatoriais por 100 mil contratantes saltou de uma taxa de 166,1 para 222,5 (alta de 34%). O total de beneficiários cresceu 19%. "Esse aumento não significa que não haja gargalo no setor porque a distribuição das unidades não é equânime no país", diz Luiz Carneiro, superintendente do Iess.

A concorrência entre as operadoras de planos impulsionou a expansão, diz ele.

A ANS informou que monitora a ampliação da rede, mas que a abertura de novas unidades, sozinha, não é uma garantia de mais acesso.

Em São Paulo, a Fundação Procon disse que não há uma percepção de melhora. "Muitas das queixas ainda estão relacionadas ao descredenciamento de unidades", diz Samantha Pavão, do órgão.




O cerco à meningite

30/06/2015 - Revista Saúde É Vital


Dor de cabeça, febre e vômito. Esses são sintomas comuns a uma série de infecções — e várias, como a gripe, dificilmente trazem conseqüências muito sérias. Mas tais sinais também podem acusar a meningite bacteriana, um problema grave e que ameaça em especial crianças e adolescentes. Em poucas horas, o quadro evolui para perda dos sentidos, gangrena de pés, pernas, braços e mãos e até morte. No Brasil, sua letalidade está na casa dos 20% (e ainda dois em cada dez sobreviventes têm de conviver com sequelas, como surdez ou paralisia). Tudo porque micro-organismos nocivos invadem as meninges, membranas que revestem o cérebro, e, aí, começam a afetar toda a região e a dificultar o transporte de oxigênio às células do corpo.

Sim, estamos falando de um mal agressivo e de difícil diagnóstico. Portanto, a melhor maneira de controlá-lo é evitando o contágio. "Por ser transmissível pelas vias respiratórias, o jeito mais seguro de se proteger sempre é a vacinação", afirma a infectologista Regina Succi, da Sociedade Brasileira de Pediatria. Acontece que, até pouco tempo atrás, não havia um imunizante eficiente por aqui contra o meningo coco B, o principal causador da meningite em crianças brasileiras com menos de 5 anos de idade em 2014. Mas isso acaba de mudar com a chegada da vacina adsorvida meningocócica B recombinante.

É verdade que já existiam imunizantes contra alguns poucos sorossubtipos dessa bactéria (ou seja, contra uma ou outra variação dela). No entanto, eles são pra lá de limitados por dois motivos. O primeiro é que esse vilão tem milhares de irmãos, segundo Felipe Lorenzato, gerente médico da GSK, laboratório que trouxe a novidade para o país. Em outras palavras, as opções anteriores só impediam o contágio de poucos sorossubtipos do meningococo B.

Além disso, diferentemente de outras bactérias, boa parte das moléculas presentes na cápsula externa do micróbio — os alvos das vacinas anteriores — é similar às encontradas em nossos neurônios. Logo, o sistema imunológico, mesmo após a picada, dificilmente vai iniciar a produção de anticorpos. Já a nova opção, graças à tecnologia e ao esforço de anos dos cientistas, blinda o organismo contra 80% dos sorossubtipos. É um avanço e tanto no cerco à meningite.

"Tradicionalmente, uma vacina é feita na base da tentativa e do erro", explica Lorenza-to. Uma versão é criada a partir de um componente do micro-organismo e, então, testada para ver se confere proteção diante dele e de suas variações. Só que todas as tentativas no caso no meningococo B terminavam em erro por causa de seus milhares de sorossubtipos e da cápsula externa da bactéria, parecida com a superfície das nossas células nervosas.

A solução para desenvolver o imunizante hoje disponível no Brasil foi encontrada pelo médico italiano Rino Rappuoli, que desde o final da década de 1980 trabalha com diferentes meningococos. "Entre eles, o B sempre foi um desafio. Eu inclusive tentei, em vão, criar uma vacina por várias vezes", recorda. "Então, em 1995, Craig Venter [geneticista americano] traçou o genoma da mosca-das-frutas. Pensei: se isso é possível, por que não mapeamos os genes do meningococo B?", completa Rappuoli. Sua ideia era achar, no DNA do bichinho, um calcanhar de aquiles capaz de derrubar diversos tipos numa tacada só. E aqui cabe um parêntese: segundo o infectologista Júlio Croda, da Fundação Oswaldo Cruz, cada uma das versões dessa bactéria tem suas particularidades, porém todas apresentam o mesmo código genético. Em última instância, isso quer dizer que elas compartilham elementos primordiais à sua sobrevivência. Mas quais?

Voltando à história, Rappuoli convenceu Venter a ajudá-lo. Enquanto o pesquisador americano sequenciava o genoma, o italiano realizava análises no computador. Das 2 158 proteínas flagradas a partir do estudo do DNA, eles chegaram a três muito promissoras para a criação de um imunizante de cobertura ampla (saiba mais à esquerda). A essas, acrescentaram outro antígeno que havia sido utilizado em uma vacina neozelandesa com eficácia acima da média. Feitos os testes, bingo! Após anos de luta, o meningococo B finalmente ganhou um adversário à altura.

"A ideia é caminharmos em direção à eliminação da meningite bacteriana, mas isso é difícil, porque requer bastante gente vacinada", analisa o cenário o pediatra Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). E não vale tomar picada só para debelar o meningococo B. É fundamental se proteger contra o Streptococ-cus pneumoniae, o Haetnophilus influenza tipo B e os meningococos A, C, W e Y — os outros principais deflagradores da doença que podem ser afastados com vacinas.

No fim das contas, conquistar altos índices de imunização contra todos esses agentes no mundo inteiro é um desafio enorme, que envolve questões estratégicas e financeiras. "As pessoas se deslocam cada vez mais pelo mundo e, ao entrar em contato com certas bactérias, acabam espalhando-as", observa a infectologista Thaís Guimarães, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia. Além disso, em alguns poucos casos, a meningite bacteriana pode ser ocasionada por outros micróbios, como o meningococo X, atualmente restrito a certas regiões da África e que também não possui um imunizante. Mesmo assim, Rappuoli acredita ser possível erradicar essa doença do planeta. O desafio, agora, é unir as diversas vacinas em uma. E ele e sua equipe já começaram a estudar essa possibilidade.

Quem deve tomar?

Por enquanto, a vacina da GSK está disponível apenas na rede privada (cada uma sai 340 reais para as clínicas, o que pode ficar mais caro para o consumidor final), e a necessidade de uma dose de reforço deve ser discutida com o médico. A recomendação da SBIm é priorizar a imunização de crianças a partir dos 2 meses de idade e de adolescentes, embora sua indicação se estenda para adultos de até 50 anos. Quem for visitar regiões com alta incidência de meningite também precisa tomar as picadas — recentemente, houve um surto em duas universidades americanas, nas cidades de Princeton e Santa Bárbara. É de agulhada em agulhada que podemos vencer a doença.




Os novos aliados da dieta

30/06/2015 - Marie Claire


Não é fácil ser magro no Brasil. Uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde mostrou que estamos seguindo os passos da população americana, uma das recordistas em obesidade no mundo: 52% dos brasileiros estão com excesso de peso e 17% já são considerados obesos (nos Estados Unidos, os índices chegam a 63% e 27,7%, respectivamente). O problema se tornou uma questão de saúde pública. "Gastam-se bilhões em tratamentos para doenças ligadas à obesidade. E uma situação preocupante", diz o endocrinologista Pedro Assed, do Rio de Janeiro. O uso de emagrecedores, mesmo para casos graves — não só para quem precisa perder 5 kg —, divide a opinião dos especialistas. "Há um preconceito com esses medicamentos, mas na verdade são bons aliados para a perda de grande quantidade de peso", diz Assed. O nutrólogo Guilherme Giorelli, do Rio de Janeiro, concorda: "Prescrito por um e atividade física, o uso dessas drogas é muito valioso". Nem todos, no entanto, são a favor. O nutri endocrinologista Theo Webert, de São Paulo, diz que os medicamentos não atacam a verdadeira causa do problema. "Na maioria dos casos, o paciente não sabe diferenciar fome e vontade de comer. A comida vira uma fonte de prazer ou compensação por uma série de fatores que precisam ser investigados antes de serem combatidos com medicação", diz o médico, alertando ainda para o perigo do efeito rebote.

"Se as causas forem disfarçadas, o paciente vai voltar a ganhar peso." A única unanimidade entre os experts é a indicação dessas substâncias: devem ser recomendadas apenas para casos de obesidade crônica e sobrepeso com agravantes (diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão e disfunções hormonais). Há, ainda, métodos além das cápsulas e pouco invasivos, como um implante que inibe a fome. A seguir, as principais novidades da área.




O Parkinson é contagioso?

27/06/2015 - Folha de S.Paulo


Mais de 2,5 mil neurologistas do mundo todo, incluindo uma centena de brasileiros, se reuniram para o 19° Encontro da Sociedade Internacional de Doenças do Movimento, que ocorreu entre 14 e 18 de junho em San Diego. Califórnia. Evento repleto de descobertas - e de controvérsias.

Por exemplo, apesar de não existir nenhum caso de doença de Parkinson ocasionada por contágio entre humanos, alguns cientistas acreditam que o mal pode ser gerado por um tipo de forma de vida mais primitiva que o vírus, o príon.

O príon é uma forma de vida que não se reproduz fora de um hospedeiro, ele é na verdade uma proteína, não tem núcleo, membrana ou citoplasma, não tem DNA e consegue se reproduzir modificando o código genético do hospedeiro, provocando sua produção. Como a célula não reconhece essa proteína, tenta eliminá-la, e uma forma de fazer isso é jogando-a para fora. Porém, quando isso acontece, ela acaba entrando em outra célula e a infecta. Além de estimular sua produção, a proteína priônica, ao se aproximar de outra proteína parecida, modifica sua estrutura tridimensional e a transforma em uma proteína igual a si. Isso faz com que a contaminação ocorra em escala exponencial.

A proteína priônica, no caso do Parkinson, é a alfa-sinucleína e o hospedeiro, o neurônio que produz dopamina em uma região do cérebro, a substância negra, altamente ativa e ligada aos movimentos automáticos já aprendidos, como o caminhar. Possui esse nome por conter melan i na. que tem uma cor preta.

O neurônio contaminado possui um sistema de depuração da proteína e tenta destruí-la, mas em algumas pessoas esse sistema é falho e a proteína acaba se acumulando, formando novelos no neurônio. Essa inflamação demora décadas para destruir células da substância negra, de forma suficiente para aparecerem os primeiros sintomas. Por isso, a doença de Parkinson manifesta-se mais freqüentemente após os 60 anos e se caracteriza por lentidão dos movimentos, tremores, e os músculos ficam mais enrijecidos.

Segundo o doutor André Horácio de Souza, de São Paulo, o desenvolvimento da doença é muito ma is complexo do que o simples contato com o príon, que parece atingir o sistema nervoso pelo intestino ou pelas terminações nervosas dos neurônios responsáveis pelo olfato. Depende muito mais da incapacidade de a pessoa destruir a proteína no início da infecção.

Uma das terapias é o Deep Brain Stimulation (DBS. estímulo profundo cerebral). Um marca-passo implantado dispara estímulos elétricos nos agrupamentos de neurônios que ficam na profundidade do cérebro e são responsáveis pelo equilíbrio, coordenação e afinamento dos movimentos. O marca-passo consegue devolver movimentos a pacientes com doença tão avançada que só com remédios ficariam como congelados ou incapazes de se locomover. Há remédios que funcionam no tratamento do Parkinson, mas às vezes a dose necessária é tão alta que provoca efeitos colaterais importantes. No encontro de San Diego foi apresentada uma forma inalada da medicação e uma bomba que é colada na pele e infunde o remédio sob a pele através de uma agulha, de maneira constante, deixando os níveis da droga no sangue estáveis e reduzindo de forma dramática os efeitos colaterais.

Com o uso de marcadores biológicos e por imagens, utilizando contrastes que mostram o metabolismo dos neurônios, é possível saber com antecedência quem poderá desenvolver a doença e talvez até curar nas fases iniciais. O mesmo se dá com as vacinas que atacam a proteína alfa sinucleína e impedem sua proliferação. Essas vacinas estão em fase de testes.

Já se passaram quase 200 anos desde a descrição da doença por James Parkinson e de concreto nenhuma medicação surgiu para curar a doença ou evitar sua progressão. Mas, a julgar pelo ânimo do congresso de San Diego, isso se tornará realidade em menos de cinco anos.




Residentes do Hospital São Paulo mantêm greve

30/06/2015 - O Estado de S.Paulo


Os médicos residentes do Hospital São Paulo, parados há uma semana, decidiram manter a greve, em assembleia na tarde de ontem. A categoria reivindica melhores condições de trabalho no centro médico da Vila Clementino, zona sul da capital. A unidade passa por grave crise financeira. Os grevistas estimam que a adesão seja superior a 90%. O hospital diz que não houve suspensão de serviços.




Promotoria apura doação de órgãos para pesquisa em serviço público de SP

30/06/2015 - O Estado de S.Paulo


O Ministério Público Estadual (MPE) de São Paulo instaurou inquérito para apurar irregularidades nas doações de órgãos no Serviço de Verificação de Óbitos da Capital (SVOC). Ligado à Universidade de São Paulo (USP), o setor recebe em média 14 mil corpos por ano – cuja causa da morte precisa ser apurada. A Promotoria diz que o documento para liberação dos cadáveres para enterro é obrigatório e induziria famílias ao erro ao tratar de “retenção” de órgãos, quando se fala de “doação”. E não existiria nenhum controle sobre a destinação feita.

Muitos órgãos estão sendo simplesmente “destinados” a pesquisa e estudo com base, segundo o MPE, em um “informe aos familiares”, assinado por parentes, sem a menção expressa a possíveis doações. O Ministério Público apurou ainda que o SVOC retira vários órgãos do mesmo corpo, mesmo sem ter relação com a necropsia. Aponta ainda que, diferentemente do que está descrito no documento, a retenção não é “eventual”, mas ocorre “em inúmeros casos”.

Foi o que aconteceu com o aposentado Jorge Chamma, de 65 anos. Embora a mãe dele tenha morrido em 26 de abril de 2010, o filho só ficou sabendo que o fígado dela havia sido doado para estudo quando procurado pelo MPE, em maio. “Era do meu total desconhecimento. Esse documento que foi assinado por mim estava com vários outros. Naquele momento, você quer se ver livre de toda a situação. Está esperando o corpo ser liberado”, contou.

Chamma disse ter ficado “chocado” com a informação. De acordo com ele, uma universidade havia solicitado ao SVOC previamente três fígados para estudo, e o da mãe dele foi um dos encaminhados. “Parece que já tinha sido previamente combinado. Ficou uma coisa muito obscura”, reclamou. “É em nome da ciência, mas tratam como se fosse um número. Alguém pede três fígados, um pé com frieira, e eles mandam.”

Até agora, oito casos foram relatados à Promotoria, e a irregularidade foi apontada em relatório do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid), grupo do Ministério Público que atua em processos de localização de desaparecidos e identificação de óbitos. Já o inquérito foi aberto na semana passada pela Promotoria de Direitos Humanos. Neste, pede-se a alteração do documento, considerado “antiético”.

De acordo com a promotora Eliana Vendramini, já foi tentado diálogo com o SVOC, sem sucesso. Segundo ela, o problema não é a doação, mas o desconhecimento de quem a autoriza. “Muitos vieram aqui e disseram que doariam com tranquilidade, mesmo em momento de adversidade. Mas não querem ser enganados”, explicou.

Eliana questiona ainda a existência de um único documento que, ao mesmo tempo, autoriza a liberação do corpo e a doação dos órgãos. “O que eu faria se não quisesse assinar isso? Não há outro serviço em São Paulo.” Uma das saídas seria adotar modelo semelhante ao Departamento de Anatomia, da própria USP, que prevê até reconhecimento de firmas e três testemunhas da doação.

Ética. Para o presidente da Comissão de Bioética e Biotecnologia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Rui Geraldo Camargo Viana, nesses casos é sempre preciso que a pessoa esteja bem informada. “Esta declaração que eles apresentam não está clara.”

Para o representante do Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremesp), Antonio Pereira Filho, não há falha ética. “É o tipo de documento que as pessoas assinam e nem leem. A retirada de órgãos até hoje não sofreu nenhuma contestação.”

Em nota, a USP informou que poderá reformular o documento a qualquer momento. Esclareceu ainda que o informe não procura estabelecer obrigatoriedades. Segundo a universidade, as autorizações de necropsia só são dadas hoje pelas autoridades policiais.

Suspeita de tráfico também é investigada

O Ministério Público Estadual (MPE) ainda suspeita da possibilidade de que haja tráfico de órgãos para pesquisa e estudo no SVOC. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apura o caso em inquérito que corre em sigilo desde o ano passado.

A suspeita surgiu de outro inquérito da instituição que investigava o enterro de pessoas identificadas (com RG), mas enterradas como indigentes. Na ocasião, uma das pessoas ouvidas pelo MPE, a doméstica Maria Cecília Leão, relatou ter tentado transferir o corpo do pai do Cemitério de Perus, mas foi desaconselhada por coveiros. De acordo com ela, o corpo chegou “oco por dentro” e estava “só a pele”.

Além disso, dois comportamentos do SVOC constatados no relatório do Plid serão encaminhados para apuração: foi verificado que há acumulo de partes de corpos no serviço, que ficam quase um ano armazenadas antes de serem encaminhadas para estudo. Outra dúvida é o motivo de diversos cadáveres que passaram pelo SVOC terem os números de registro duplicados, mesmo quando as necropsias foram feitas em um mesmo ano.




Sangue novo

30/06/2015 - O Estado de S.Paulo


No Arizona, o dia da Independência dos EUA virá mais cedo neste ano. A partir de 3 de julho, graças a uma nova lei, qualquer pessoa poderá solicitar um exame laboratorial sem antes ter de consultar um médico. Estarão disponíveis exames para doenças sexualmente transmissíveis, pré diabetes, níveis de vitamina e fertilidade.Um exame de colesterol sairá por US$ 2,99. A empresa que pressionou pela mudança na lei e que espera ser a maior favorecida por ela é a Theranos, uma jovem e ambiciosa companhia de análise de sangue de Palo Alto, no Vale do Silício.

A Theranos já oferece exames baratos, rápidos e simples — em alguns casos os resultados ficam prontos em três horas — em unidades abertas no interior de lojas da rede de drogaria Walgreens. As primeiras unidades funcionam em Phoenix, no Arizona, e na própria Palo Alto em que a companhia está sediada, no Estado da Califórnia. Muitos dos exames são realizados com uma única gota de sangue, obtida com um furinho no dedo.O restante utiliza uma pequena agulha pediátrica e, mais uma vez, a quantidade de sangue necessária é reduzida. Liderada pela carismática Elizabeth Holmes, uma jovem que aos 19 anos abandonou o curso de engenharia química, a Theranos acredita que dispõe de tecnologia para provocar uma revolução global no segmento de diagnósticos, um ramo importante da medicina, ainda que não muito glamouroso.

A companhia tem despertado muito interesse, em parte por valer, supostamente,US$ 9 bilhões,número baseado em notícias de que a empresa,cujo capital permanece fechado,captou mais de US$ 400 milhões vendendo participações a investidores.

Debbie Wang, analista da empresa de pesquisa de investimento Morningstar, diz que “não se sabe ao certo a partir de que suposições se chegou a esse valor”.

A suposição mais importante é, evidentemente,a de que a Theranos está pronta para pôr um enorme segmento de negócios de pernas para o ar. Nos Estados Unidos, são realizados exames no valor de US$ 60 bilhões todos os anos, a maioria deles nos laboratórios dos próprios hospitais ou em laboratórios independentes; e os fabricantes de equipamentos laboratoriais faturam US$ 25 bilhões (num mercado global que movimenta anualmente US$ 56 bilhões).

A Theranos fabrica os kits e realiza os exames. Por ora, detém apenas uma fatia muito pequena do segmento de exames e não vende os kits. Mais da metade do mercado mundial de equipamentos laboratoriais é controlada por poucas empresas, lideradas pela Roche e pela Abbott. Nos Estados Unidos e na Europa esse mercado parece maduro, diz Mickel Phung, da empresa de análise de dados Decision Resources, mas há muito potencial de crescimento nos mercados emergentes, onde população e gastos com saúde estão em crescimento.

Quanto ao mercado de exames, uma questão relevante é determinar até que ponto a Theranos representa uma ameaça para os laboratórios “de referência”, a que hospitais e médicos recorrem para a realização de inúmeros exames. Nos Estados Unidos, a situação é de quase duopólio, com o mercado sendo dividido entre o Lab Corp, da Carolina do Norte, e o Quest Diagnostics, de Nova Jersey. Os dois laboratórios realizam ampla gama de exames — entre 3 mil e 4 mil, talvez —, mas ambos dependem sobremaneira da tecnologia que adquirem dos fabricantes de equipamentos laboratoriais.Até o momento, a Theranos oferece apenas cerca de 250 exames— e pretende chegar a 1 mil. Mas sua tecnologia é toda desenvolvida internamente.

Além da grande variedade de exames que oferecem, o LabCorb e o Quest, ambos listados em bolsa, com valor de mercado de US$ 12 bilhões e US$ 10 bilhões, respectivamente, têm outras vantagens. Estão bem estabelecidos no ecossistema de saúde dos Estados Unidos e dispõem de redes nacionais de laboratórios e serviços de coleta.A capacidade do laboratório central da Therano é muito pequena: corresponde a cerca de 5% da capacidade do LabCorp, calcula a Morningstar. E, se outras empresas do Vale do Silício baseadas em tecnologia digital, como o Facebooke o Uber, podem adquirir escala global rapidamente, o crescimento da Therano depende da criação de uma rede de laboratórios e da inauguração de novas unidades para a realização de exames— em outras palavras, a empresa tem que ganhar escala como se fazia antigamente.

As parcerias que a Theranos começou a formar com grandes empresas de outras áreas do sistema de saúde devem causar alguma preocupação os atuais donos do mercado. A Pfizer e a GlaxoSmithKline já usaram a Theranos para realizar exames de sangue em pacientes que participam de testes com medicações novas, já que os exames podem ser feitos várias vezes por semana. Em março, a empresa de Palo Alto anunciou uma parceria em que se encarregará da realização de exames para a Cleveland Clinic, uma rede de hospitais e centros de saúde. No tocante a realização de exames por encomenda direta dos pacientes,a Theranos, por ora, tem unidades em apenas 40 lojas da Walgreens. E Nimesh Jhaveri, um executivo da rede, enfatiza que a parceria ainda está em fase“experimental”.Embora a legislação do Arizona tenha sido liberalizada, no restante dos Estados Unidos as normas variam muito. Há lugares que permitem que os consumidores solicitem exames laboratoriais por conta própria, ou pelo menos não proíbem expressamente a prática. Em outros lugares, a permissão é concedida em determinadas condições. E há Estados em que o procedimento é interditado, ainda que às vezes os laboratórios consigam contornar a proibição, contratando um médico para autorizar as solicitações.

É possível que boa parte do crescimento da Theranos venha da expansão do segmento de exames, e não de sua entrada em fatias de mercado de empresas já estabelecidas.

Isso pode acontecer tanto porque os consumidores se sentirão estimulados a realizar exames por iniciativa própria, como também porque deve aumentar a probabilidade de que eles obedeçam quando os médicos pedem que façam exames. Em razão do custo, do medo de agulhas grandes e da demora em receber os resultados, é comum que as pessoas deixem de realizar os exames que os médicos lhes pedem.

Apesar do receio de tirar das mãos dos médicos a decisão quanto à necessidade ou não da realização de determinado exame, a experiência com kits que permitem à pessoa aplicar o exame em si mesma, em especial no caso dos exames de HIV, mostra que a ampliação do acesso encoraja a realização de exames com mais frequência. Pacientes que apresentam resultados positivos tendem a consultar um médico e a começar seu tratamento antes do que o fariam se o processo tivesse de ser iniciado com uma consulta médica.

E estão se abrindo novas áreas para a realização de exames, às quais a Theranos poderia, em princípio, aplicar sua tecnologia.Nos“diagnósticos complementares”, por exemplo, uma amostra de sangue é examinada para determinar se um paciente pode se beneficiar de um medicamento específico. Os “diagnósticos moleculares” buscam coisas como sequências genéticas, que indiquem a presença de um câncer ou de uma infecção.

No entanto,quanto mais atraente parecer o segmento de medicina diagnóstica, e quanto maiores forem os incentivos para que ele se modernize, maior será a concorrência que a Theranos vai enfrentar — de empresas antigas e novas. O LabCorp anunciou recentemente que permitirá que os consumidores solicitem pela internet a realização de exames, sem necessidade de pedido médico.

A HealthTell, uma startup do Arizona, está desenvolvendo exames que, como os da Theranos, usam apenas uma gota de sangue. Para alguns tipos de exame, vai haver competição entre fabricantes dekits domésticos cada vez mais sofisticados.

Não se sabe ao certo até que ponto a Theranos tem como usar patentes para se proteger da competição.

Holmes detém, pessoalmente, diversas patentes, mas a empresa divulga poucas informações a respeito da tecnologia incorporada a seus exames. Até o momento, as disputas judiciais relacionadas com questões de propriedade intelectual são menos comuns no segmento de medicina diagnóstica do que em outros setores que fazem uso intensivo de tecnologia: geralmente as empresas acham mais fácil descobrir uma nova maneira de realizar determinado exame do que questionar a patente de um concorrente na Justiça. No entanto, à medida que a Theranos for se tornando um incômodo cada vez maior para empresas já estabelecidas, é possível que seus executivos comecem a passar mais tempo na companhia de advogados especializados na área de patentes. No ano passado, a empresa ganhou a primeira ação em que foi acusada de violação de propriedade intelectual.

Os autores abandonaram a ação e concordaram em não entrar com novas ações nos próximos cinco anos.

Os investidores que injetaram dinheiro na Theranos provavelmente têm uma noção mais clara do que quem está de fora sobre detalhes como o grau de proteção de que a empresa dispõe na área de patentes e a aplicabilidade de sua tecnologia a novos tipos de exames. É evidente que há muito potencial para a realização de uma gama mais ampla de exames, com mais frequência, a um custo menor e com menos tripanofobia (medo de injeções). Mas há muito chão a ser percorrido para se chegar ao futuro que a Theranos enxerga para a medicina diagnóstica.

E é pouco provável que ela chegue lá sozinha.

Conteúdo acessível em libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro ou Hozana. Conteúdo acessível em libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro ou Hozana.