ESTABELECIMENTOS REGISTRADOS

PROFISSIONAIS INSCRITOS ATIVOS

CLIPPING - 06/07/2015

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

O projeto de lei que pretende acabar com a demora nos testes de novos remédios

05/07/2015 - Época Online


Um novo medicamento só chega ao mercado se for testado em milhares de pessoas e, quase sempre, em vários países. É uma exigência básica de entidades regulatórias como a Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, ou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Brasil. Se não conseguir incluir um número adequado de pacientes nesses estudos clínicos, a indústria farmacêutica não produz – e não lucra. Ela é a primeira interessada em realizar testes em humanos com rapidez. Mas não é a única. A pesquisa clínica traz desenvolvimento científico aos investigadores (médicos e outros profissionais), recursos financeiros às instituições públicas ou privadas onde ela é realizada e oportunidade de tratamento aos pacientes. Para muitos, ser voluntário é a única chance de receber atendimento adequado e acesso a um medicamento promissor, quando os remédios disponíveis deixam de funcionar.

Os milhares de pesquisas clínicas realizadas no Brasil não são regidos por lei. As normas são ditadas pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), órgão ligado ao Conselho Nacional de Saúde. Um novo projeto de lei, apresentado em abril pelos senadores Ana Amélia (PP-RS), Waldemir Moka (PMDB--MS) e Walter Pinheiro (PT-BA), pretende regulamentar a atividade. O tema foi debatido numa audiência pública em março do ano passado. “Chegamos ao consenso de que havia lentidão na análise dos processos e de que era necessário criar um marco regulatório”, diz a senadora Ana Amélia. “O projeto é um primeiro passo na busca de aperfeiçoamento da pesquisa clínica.” O texto, apoiado pelas empresas e por grande parte dos pesquisadores, desagrada a Conep e outras entidades, como a Sociedade Brasileira de Bioética.

A dificuldade de aprovação de estudos clínicos é uma reclamação recorrente das empresas e dos cientistas há pelo menos oito anos. Segundo a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), um estudo chega a levar um ano para ser aprovado no Brasil – bem mais que em outros países (dois meses nos Estados Unidos, seis no Reino Unido, sete na Argentina). Um levantamento realizado pela entidade em março revelou que, nos quatros meses anteriores, sete multinacionais haviam desistido de realizar 16 estudos no país de drogas contra o câncer, doenças raras, diabetes e esclerose múltipla. Não foi por falta de interesse. A diversidade genética da população e a qualidade dos investigadores das ilhas de excelência em pesquisa fazem do Brasil um dos países mais atrativos para a realização de estudos clínicos – apesar das condições regulatórias desfavoráveis. A lentidão na análise dos processos impede o cumprimento dos prazos internacionais. A razão é a exigência de avaliação dos projetos em duas ou até três instâncias: o comitê de ética da instituição de pesquisa, a Conep (quando a empresa patrocinadora é estrangeira) e a Anvisa (se a droga ainda não estiver aprovada no Brasil). Nos Estados Unidos e na maioria dos países, o processo ocorre em apenas duas: o comitê de ética e a agência regulatória.

“O projeto de lei é um sinal de desespero, uma tentativa de que se abra uma negociação sobre um tema que prejudica os pacientes e a ciência no Brasil”, afirma Antônio Britto, jornalista e ex--governador do Rio Grande do Sul, que atualmente é o presidente executivo da Interfarma. “Não queremos diminuir a ética nem em um milímetro, mas precisamos aprovar os estudos com celeridade”, diz o oncologista Paulo Hoff, diretor clínico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). O 12º andar do maior hospital oncológico da América Latina abriga 54 estudos patrocinados pela indústria. Em alguns casos, o valor dos contratos com as empresas é mais que suficiente para financiar todo o trabalho. “Quando isso acontece, usamos a verba excedente para realizar projetos de interesse da instituição que não recebem patrocínio”, diz Hoff. Os testes são disputados pelos pacientes. Entre 2008 e 2014, mais de 1.000 doentes foram tratados com drogas não oferecidas pelo SUS. Quarenta e quatro receberam o remédio ipilimumabe, contra o melanoma, cujo tratamento custa R$ 400 mil por ano. Numa carta encaminhada aos comitês de ética das instituições de pesquisa, a Conep afirma que o projeto de lei ameaça os direitos dos pacientes. “É um desserviço à sociedade brasileira”, diz o médico Jorge Venancio, coordenador da Conep. Uma das críticas diz respeito à perda do direito de continuar recebendo o medicamento quando o estudo termina. O projeto propõe que a empresa seja autorizada a fornecer o remédio apenas se a interrupção implicar risco de morte ou piora relevante do estado de saúde do doente – e se não houver alternativa de tratamento no Brasil. A ampliação do uso de placebo (pílulas sem efeito terapêutico) é outro aspecto controverso. Atualmente não é permitido oferecê-lo a um voluntário se existir tratamento para a doença que se pretende investigar. Pelo novo texto, o recurso pode ser adotado, desde que haja justificativa científica. Outra mudança é a criação de comitês de ética independentes. Isso abre a possibilidade de que a ética dos projetos seja julgada por comitês financiados pela indústria ou por associações de pacientes ligados a ela – o que representaria um claro conflito de interesses. “A Conep está fazendo um carnaval porque não se dispôs a ter um protagonismo para resolver o problema”, diz a senadora Ana Amélia. Todos perdem com a burocracia. Mudanças são tão necessárias quanto o respeito aos voluntários.




A geração do risco

06/07/2015 - Veja São Paulo


O estudante de pós-graduação em nutrição Roberto Rubem Silva Brandão, de 25 anos. Faz parte do grupo de 250 voluntários em um estudo a respeito de uma nova droga de prevenção contra a aids. O remédio em questão, o Travada, foi desenvolvido pelo laboratório americano Gilead Sciences e aprovado como tratamento para evitar o HIV nos Estados Unidos em 2012. Esse antirretroviral fortíssimo, que promete reduzir em 90% o risco de contaminação pelo HIV. mesmo quando seu usuário faz sexo sem preservativo, foi aprovado pela Anvisa para ser comercializado no Brasil há dois meses. Antes de sua liberação no país. a USP e o Centro de Referência e Treinamento DST/aids. Em São Paulo, e a Fundação Oswaldo Cruz. no Rio de Janeiro, iniciaram estudos sobre o medicamento, selecionando nessas capitais homens em situação de alta vulnerabilidade: usuários de drogas, profissionais do sexo, companheiros de soropositivos ou pessoas com diversos parceiros sexuais. Roberto enquadra-se no último caso. Ele costumava dispensar a camisinha em algumas transas, dependendo "do momento, do prazer e do desejo". Em setembro do ano passado, começou a tomar o Travada (uma pílula por dia). Apesar dos efeitos colaterais, como dores de cabeça e no corpo, acha que a experiência compensa. "Não mudei em nada meu comportamento, só namoro mais. Pois sinto uma segurança maior", conta.

Outro jovem paulistano recorreu recentemente a um tratamento preventivo, mas em um contexto muito diferente — e dramático. Em fevereiro. Franklim Conceição, 19 anos, conheceu um rapaz por um aplicativo de relacionamentos. Foi até o apartamento dele. na região central, onde eles ficaram. Ao fim da relação, levou um susto ao ver o preservativo furado. Entrou em pânico assim que deixou o local. "Cheguei a pensar que o cara havia feito isso de propósito para me contaminar." Na manhã seguinte, procurou quatro hospitais antes de ser encaminhado para o Emílio Ribas, o maior centro de referência do país em infectologia. "Estava com o rosto inchado de tanto chorar", lembra. Depois de passar por uma triagem, Franklin deu início ao tratamento com a medicação emergencial informalmente chamada de "pílula do dia seguinte" do HIV. O nome correto é PER da sigla em inglês para profilaxia pós-exposição. Os remédios precisam ser ingeridos em até 72 horas após a relação sexual. Eles evitam em 99% o risco de o vírus ser contraído. Às 7 e às 19 horas, ao longo de 28 dias. O despertador do celular do adolescente funcionou como um alarme para a vida. Lembrando-lhe a necessidade de tomar as pílulas. Seus efeitos colaterais são severos. 'Tive crise de vômito, dor de cabeça e fadiga." Após o tratamento, testes confirmaram que o garoto havia escapado do pior.

Histórias como a de Brandão e de Conceição são exemplos da mesma realidade: estão sendo deixados de lado os métodos de prevenção contra a doença, aumenta o risco de contrair o vírus e cresce o número de infectados, sobretudo entre a população na casa dos 15 aos 29 anos (veja outras histórias ao longo da reportagem). Na cidade de São Paulo, houve um salto de 1272 casos, em 2004. Para 2296, em 2013. Nesse universo (um acréscimo de 80%). Considerando-se apenas os homens, a evolução foi de 187%. A contaminação entre jovens chama atenção, mas a situação é também preocupante nas demais faixas etárias. Ao todo, foram registrados no Brasil 36418 infectados em 2006 e 39501 em 2013 (uma variação de 8.5%). Com isso. O país que chegou a ser considerado um exemplo para as demais nações com políticas públicas relacionadas ao combate à aids. Anda hoje na contramão. No mundo, a incidência caiu 37% na última década, segundo a Organização das Nações Unidas.

O comportamento de risco explica o avanço do vírus. Uma pesquisa do Ministério da Saúde mostrou que 45% das pessoas entrevistadas, independentemente da idade, não usaram preservativo em iodas as relações sexuais que tiveram nos últimos doze meses. No caso daqueles que nasceram a partir da segunda metade dos anos 80. Outro fator agrava o quadro. Eles sentem menos medo. Por terem conhecido a aids em uma fase menos letal da epidemia, quando ela deixou de representar uma sentença imediata de morte para se transformar em doença crônica, pensam que o risco passou. "Acham que basta tomar remédio para ficar tudo bem", diz o infectologista Francisco Ivanildo de Oliveira, supervisor do ambulatório do Hospital Emílio Ribas.

No universo gay. A incidência é ainda maior. "A rede de homens que fazem sexo com homens é menor, o vírus circula nos mesmos grupos e eles se tornam mais suscetíveis", explica a infectologista Elaine Gutierrez. Fenômeno recente, o uso de aplicativos de relacionamento fez crescer as opções de parceiros. "Há muitos caras que marcam festas em apartamentos onde todos transam sem camisinha", diz o estudante Roberto Brandão. Em alguns casos, as baladas são regadas a Viagra cocaína e vodca com energético.

O serviço do Emílio Ribas na distribuição do coquetel do dia seguinte é um dos melhores termômetros da situação preocupante. Indicada originalmente para profissionais de saúde em ocorrências de acidente de trabalho e casos de estupro, a PEP se tomou em 2010 uma ferramenta de saúde pública para conter o avanço da aids. Com a distribuição gratuita em centros de referência. A população até 30 anos representa 70% dos atendimentos do Emílio Ribas relacionados ao coquetel. No ano passado. I 133 pacientes recorreram ao programa no hospital (foram 3636 no Estado de São Paulo). Esse número cresce 30% ao ano. Os fins de semana respondem por 54% de todos os casos devido à combinação balada, bebida e outras substâncias psicotrópicas. "Tem gente que vem direto da festa para cá. Algumas vezes, as pessoas estão visivelmente 'chapadas' de álcool ou drogas", diz Ralcyon Teixeira, diretor do pronto-socorro da entidade. Os hospitais tratam o caso como de extrema urgência. Basta alguém informar à recepção que transou sem camisinha para passar na frente de todos na fila de espera. O horário da relação sexual é a primeira pergunta feita na triagem. Se ela tiver ocorrido há mais de 72 horas, não é mais possível remediar.

Na sala de espera do pronto-socorro, com luz fria e cadeiras de plástico ao ar livre. o que se vê são olhos perdidos à espera dos resultados. "As pessoas chegam fragilizadas, com sentimento de culpa", conta Teixeira. A grande maioria está desacompanhada. O universo da aids é solitário e a maior pane das pessoas se submete ao tratamento sem revelar a ninguém da família. Esconder o quadro, porém. Está longe de ser uma tarefa fácil. Os efeitos colaterais são severos e há pacientes que abandonam a terapia na metade. Fadiga, náusea e dores de cabeça atingem a grande maioria dos pacientes. Como durante os 28 dias de tratamento é imprescindível o uso de camisinha nas relações sexuais (para evitar transmitir o vírus em caso de contaminação), homens casados pedem orientação para conseguir explicar essa nova medida às esposas. Mas há de tudo por lá. "Já atendi um casal heterossexual praticante de suingue". Lembra o infectologista Francisco Ivanildo de Oliveira. "Depois de uma noitada os dois ficaram com medo da contaminação e procuraram ajuda." Moradora de Itaquera. a analista de crédito E.M.. 37 anos. Atravessou a cidade rumo à região da Avenida Paulista para se tratar. Ela foi a um barzinho e ficou com um conhecido sem proteção. "Eu até tinha bebido um pouco, mas não estava fora de controle. Foi burrada mesmo." Descobriu o tratamento pesquisando na internet. "Entrei no Google e digitei algo na linha "remédios para evitar aids'." Para facilitar a vida das pessoas expostas a situações de risco, a prefeitura lançou no mês passado um aplicativo chamado Tá na Mão. Ele informa o hospital mais próximo para tomar a PEP.

Em termos de prevenção, a grande novidade do mercado é a chegada por aqui do Travada. Nos Estados Unidos, muitos adeptos americanos foram tachados de "vadios" por não levar a sério o tratamento, entre outras coisas. Como o remédio é caro e não há distribuição pelo sistema de saúde, cenas pessoas ingeriam uma pílula apenas antes da relação sexual. Nesses casos, porém, sua eficácia cai. No Brasil, o remédio é vendido por uma importadora, mas no futuro próximo deve ser encontrado em farmácias com vendas autorizadas mediante receita médica. Um pote com trinta comprimidos custa cerca de 2000 reais. Como se trata de uma medida contínua, ao longo do ano o interessado gastará quase 24 000 reais no tratamento.

O Travada bloqueia a entrada do viras no DNA das células de defesa do organismo. A terapia recomenda que o paciente não abdique do uso de camisinha, uma vez que há 500 tipos de HIV. "A medicina tem de criar defesas para a população sexualmente ativa, e essa droga representa um avanço nessa linha", defende o infectologista Ésper Kallas, médico da USP responsável pelo estudo feito em São Paulo com 250 voluntários desde o ano passado. Nesse período, nenhum deles foi infectado. Quando for concluída, a pesquisa será encaminhada ao Ministério da Saúde.

O laboratório americano Gilead entrou com um pedido para que o remédio comece a ser distribuído pelo SUS. Segundo o infectologista Artur Timerman. Um dos mais respeitados do país. Caso isso ocorra, haverá um risco real de as pessoas abandonarem outros métodos contraceptivos. "Sou favorável ao Travada como comple mento. Tanto que tenho dezessete pacientes usando a medicação", diz. "Mas a prioridade do governo é investir em testes de aids. Quando tem o HIV sob controle, um soropositivo não passa o vírus adiante em 969c das vezes, mesmo se transar sem proteção", explica. O médico levanta outras dúvidas sobre a nova pílula. "Quem tem problemas cm aderir à camisinha usará o remédio de maneira adequada? Se eles tomarem de forma errada, poderá surgir então uma nova geração de vírus mais resistentes?", indaga. Apesar das portas de possibilidades que se abrem com a chegada dessa droga, especialistas como ele são extremamente cautelosos com a novidade e preferem bater nas antigas teclas da adoção da camisinha como a melhor forma de evitar problemas. Jovens que não tiveram essa precaução e experimentaram o drama de conviver com a possibilidade de contrair o vírus sabem melhor do que ninguém: o risco não compensa.




Mercado nacional deve movimentar R$ 132 bi em 2015

06/07/2015 - Valor Econômico


Nos últimos anos, o mercado brasileiro de medicamentos tem apresentado expressivo crescimento na esteira da melhoria da renda da população, do maior acesso a tratamentos médicos, da expansão dos usuários de planos e seguros privados de saúde e do crescimento vegetativo da população.

Com isso, o Brasil se posicionou entre os seis maiores mercados farmacêuticos mundiais, com a movimentação de R$ 125,1 bilhões no ano passado, e deve galgar mais uma ou duas posições até 2018, segundo dados de um estudo inédito do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), que passará a acompanhar a evolução trimestral do setor. Para 2015, a expectativa é a de que o valor das vendas de medicamentos no país, considerando-se os três canais de comercialização ¬ os próprios laboratórios, distribuidores e varejo farmacêutico ¬ mais as exportações, alcance R$ 132,15 bilhões, com alta de 5,7% em termos nominais e queda real superior a 2%, já reflexo da crise econômica e do contingenciamento de recursos públicos que afeta também a área de saúde. Desse valor, R$ 50,18 bilhões devem ser gerados em vendas diretas dos laboratórios, R$ 27,79 bilhões por meio de distribuidores e R$ 54,18 bilhões pelas redes de drogarias.

No primeiro semestre, de acordo com presidente do conselho superior do IBPT e coordenador de estudos, Gilberto Luiz do Amaral, a restrição orçamentária se refletiu em queda de 10% nas licitações de medicamentos no país e de 17% nos pagamentos, o que afeta o interesse dos laboratórios de participar de novas concorrências.

O levantamento mostra que, no ano passado, o mercado público de medicamentos, nas três esferas de governo, movimentou R$ 11,58 bilhões, dos quais 63,39% em compras do governo federal, 30,31% em aquisições públicas dos Estados e 6,3%, dos municípios. Essas compras são firmadas diretamente com os laboratórios ou através de distribuidores e varejistas.

Programas do Ministério da Saúde e das secretarias estaduais e municipais representaram 89,17% de toda a compra governamental de remédios. Os 10,83% remanescentes foram adquiridos por outros órgãos do poder executivo, legislativo e judiciário ¬ a chamada "judicialização da saúde", que não está contemplada no estudo, representa cerca de 5% do total das compras públicas em valor.

A tendência, porém, é a de que a participação das compras públicas no total de vendas de medicamentos cresça em 2015, justamente por causa do cenário de crise. "Nesses momentos, a população recorre mais aos programas do governo para não gastar com remédio", disse Amaral ao Valor.

Já a indústria farmacêutica brasileira, conforme o estudo, faturou R$ 47,65 bilhões em 2014 considerando-se todos os canais de comercialização, inclusive exportações, e excluídos os descontos comerciais concedidos. Para 2015, o IBPT estima que o faturamento dos laboratórios atinja R$ 50,18 bilhões. A participação dos medicamentos genéricos, que vem contribuindo de forma significativa para o crescimento desse mercado, subiu de 17% das vendas das farmacêuticas em 2010 para 24% no ano passado. "Essa é a primeira grande crise enfrentada pelos laboratórios após o 'boom' dos genéricos.

Nesse ambiente de concorrência mais acirrada e grande variação da renda, os laboratórios terão importantes desafios pela frente", comentou Amaral. Esse cenário, combinado à forte queda na lucratividade do mercado, que teve seu auge entre 2011 e 2012, deve alavancar uma nova rodada de aquisições. "Se compararmos 2015 com 2011, houve queda de cerca de 60% na lucratividade", ressaltou.

As redes de farmácias e drogarias, por sua vez, faturaram R$ 50,83 bilhões somente com a venda de medicamentos no ano passado. Para 2015, a previsão é que as vendas do varejo farmacêutico alcancem R$ 54,18 bilhões.

"As redes vêm ampliando os negócios, especialmente no Nordeste e Centro Oeste, com abertura de novos pontos de venda", aponta o estudo, que informa e existência de 103 mil farmácias e drogarias (matrizes e filiais) no país, conforme a base de dados do IBPT.

O estudo, elaborado ao longo dos três últimos anos, mostra, a partir dos dados do Ministério do Trabalho e Emprego, projetados para 2014 pelo IBPT, que o setor de medicamentos no Brasil empregava 596 mil trabalhadores, dos quais 14,6% nas empresas de fabricação de medicamentos para uso humano, 11,06% no comércio atacadistas de produtos farmacêuticos para uso humano e veterinário e 74,34% no varejo. Em termos de arrecadação de impostos, foram recolhidos aos cofres públicos R$ 10,7 bilhões entre tributos federais e estaduais que incidiram tanto sobre medicamentos quanto sobre as empresas do setor.

Com essa contribuição, o setor farmacêutico ficou entre os cinco maiores pagadores de impostos do país, atrás de automóveis, combustíveis, eletricidade e telecomunicações, considerando-se a relação entre faturamento real e recolhimento de tributos. "Ainda mais do que a tributação, a grande vilã da indústria é a burocracia. Os custos regulatórios são estratosféricos e os prazos muito longos", avaliou o coordenador de estudos do IBPT.

Para 2016, segundo Amaral, a previsão é de que o mercado brasileiro de fármacos "não será melhor do que 2015". "Vamos começar a ver recuperação no segundo semestre de 2017", acrescentou.




Eles também sofrem de depressão pós-parto

06/07/2015 - IstoÉ


Uma pesquisa realizada pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, e divulgada recentemente, chamou a atenção para um problema que costuma passar despercebido na maioria das famílias. Os cientistas constataram que até cerca de 10% dos homens sofrem de depressão pós-parto, doença mais conhecida por afetar as mulheres. O índice é semelhante ao obtido por alguns outros poucos estudos sobre o tema, que só agora começa a ser mais bem investigado.

O processo da doença entre os homens segue um padrão diferente do observado entre as mulheres. A começar pelos sintomas. Enquanto a mãe tende a ter como traços principais a tristeza, a apatia e grande dificuldade para cuidar do bebê, no homem manifestam-se mais, por exemplo, a ansiedade, a raiva, a desesperança e o sentimento de frustração. "Eles também costumam se isolar da família", disse à ISTOÉ a pesquisadora Anna Machin, do Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de Oxford e autora do levantamento recém-publicado.

Anna acompanhou quinze pais por oito meses. A primeira avaliação foi feita aos sete meses de gestação. Depois, duas semanas, três e seis meses após o nascimento da criança. "Um dos participantes teve uma depressão tão severa que precisou se afastar do trabalho", contou.

"Outros experimentaram graus leves e moderados da doença."

Em geral, a depressão pós-parto nos homens é despertada por circunstâncias que também diferem das que desencadeiam a enfermidade entre as mulheres. Os pais sentem-se angustiados pela pressão de assegurar estabilidade financeira à nova família e por serem vistos normalmente apenas como provedores, não aptos a se envolver nos cuidados com a criança, entre outras queixas.

O pico das crises costuma ocorrer por volta do terceiro mês de vida da criança. E para eles é na maioria das vezes mais difícil procurar ajuda. Um modo comum de agir é tentar se jogar no trabalho. "Ele camufla os sentimentos. Diante do sofrimento, tende a partir para a ação", explica a psicanalista Vera Iaconelli, coordenadora do Instituto Gerar de Psicologia Perinatal, de São Paulo.

O tratamento segue o padrão dedicado à doença em mulheres, com adoção de remédios e psicoterapia (um ou outro e em outros casos, os dois). No mês passado, surgiu uma opção online para compartilhamento de experiências - estratégia que sabidamente ajuda a lidar com problemas emocionais.

Criada pelo inglês Mark Williams, a rede Dads Matter (Pais também contam, em tradução livre), propõe-se ainda a fornecer informações sobre a doença e formas de os pais manterem-se mais conectados com seus filhos. Mark desenvolveu sintomas depois de presenciar o difícil nascimento de seu filho e, como grande parte de outros pais, demorou muito até conseguir ajuda. "Meus amigos não tinham ideia do que eu estava passando. Não podia falar com ninguém e comecei a beber", conta. Medicado, ele se recuperou. Mantém o casamento e uma boa relação com o filho.




Cegueira de 'olho mental' intriga neurologistas

04/07/2015 - Folha de S.Paulo


Em 2005, o neurologista Adam Zeman, da Escola Médica da Universidade de Exeter, no Reino Unido, recebeu um paciente de 65 anos com uma queixa que até então lhe era inédita.

Depois de passar por um pequeno procedimento cirúrgico, o homem -ao qual Zeman e seus colegas se referem apenas como MX- percebeu, de repente, que não conseguia mais visualizar imagens mentalmente.

Zeman não conseguiu encontrar essa condição na literatura médica e ficou intrigado.

MX concordou em se submeter a uma série de exames. Ele mostrou ter boa memória para um homem de sua idade e saiu-se bem em exames que envolviam a resolução de problemas.

Sua única característica mental incomum era a incapacidade de formar imagens mentais.

Cientistas discutem há décadas o funcionamento do chamado "olho mental" -a capacidade de visualizar imagens-e quanto dependemos dele para guardar recordações na memória e traçar planos para o futuro.

Zeman examinou o cérebro de MX enquanto o paciente realizava determinadas tarefas.

Primeiro MX olhou para os rostos de pessoas famosas e identificou as pessoas. Os cientistas constataram atividade em determinadas regiões de seu cérebro, as mesmas que são ativadas em outras pessoas quando olham para rostos.

Então eles mostraram nomes a MX e lhe pediram para visualizar os rostos ligados aos nomes. Nos cérebros normais, algumas das regiões ligadas ao reconhecimento facial voltam a ficar ativas. No cérebro de MX, no entanto, isso não aconteceu.

Mesmo assim, MX era capaz de responder a perguntas que aparentemente exigiam uma capacidade de visualização em bom funcionamento.

Ele conseguiu dizer aos cientistas qual é a cor dos olhos de Tony Blair, por exemplo, e citar as letras do alfabeto que têm "perninhas" que se estendem para baixo, como o "g" e o "j".

Esses testes sugeriram que seu cérebro empregava alguma estratégia alternativa para resolver problemas visuais.

Desde então, cientistas vêm examinando outras pessoas que dizem não conseguir visualizar imagens mentais, como se seu "olho mental" fosse cego. Muitas das pessoas estudadas diferiam de MX em um aspecto importante: MX originalmente possuía a capacidade de visualizar, mas elas nunca a tinham tido.

Relatada no periódico "Cortex", a condição recebeu um nome: "aphantasia". O nome deriva da palavra grega "phantasia", usada por Aristóteles para descrever o poder que nossa mente possui de visualizar imagens.

Se a "aphantasia" for real, é possível que alguns casos dela se devam a lesões, enquanto outros são congênitos.

Atualmente, Zeman quer determinar até que ponto a "aphantasia" é comum. Ele enviou o questionário a milhares de pessoas e quer ter o feedback de muitas mais.




Estudo questiona eficácia de stents para prevenir infartos

04/07/2015 - Folha de S.Paulo / Site


Milhões de pacientes possuem stents –pequenos tubos metálicos– inseridos em suas artérias coronárias, e muitos acreditam que isso garante proteção contra ataques cardíacos.

Afinal, o stent desbloqueia uma artéria parcialmente obstruída, fazendo desaparecer a dor sentida pelo músculo cardíaco quando o suprimento sanguíneo é insuficiente. Embora seja inquestionável a importância do stent para salvar a vida de pacientes que estão sofrendo um infarto ou uma ameaça de infarto, ainda não há evidências convincentes de que ele reduza o risco de infarto nas pessoas que sofrem de angina estável.

Esses pacientes sentem constrição ou desconforto no peito quando sobem um morro, por exemplo, porque uma artéria coronária parcialmente bloqueada priva seu coração de sangue.

Agora, o Instituto Nacional de Coração, Pulmões e Sangue dos EUA planeja averiguar se os stents de fato previnem ataques cardíacos. A resposta pode mudar o protocolo de atendimento de milhares de pacientes. O tratamento típico para a angina consiste em inserir um cateter de um vaso sanguíneo na virilha até o coração, injetar um pigmento que permita ao cardiologista enxergar obstruções nas artérias em radiografias e então inserir um stent nas áreas bloqueadas.

Os stents são seguros, mas seu custo é alto, passando de US$ 10 mil nos EUA. Além disso, eles nem sempre constituem uma solução permanente para a dor de peito.

Os stents foram introduzidos na década de 1990. Pelo fato de aliviarem a dor e serem muito menos invasivos que a cirurgia de "bypass" coronário, eles passarem a ser recomendados pelos médicos e usados como forma de prevenir ataques cardíacos em pacientes estáveis. "Pensava-se que era melhor entrar com um stent que abrir o peito do paciente", explicou o cardiologista Harmony R. Reynolds, do Centro Médico NYU Langone. "Hoje, porém, as opções medicamentosas são tão boas que não está claro se a cirurgia acrescenta algo de positivo para pacientes estáveis."

Um estudo feito em 2007 mostrou que os stents não impedem infartos e mortes de pacientes estáveis. No entanto, muitos cardiologistas duvidaram do resultado. Alguns disseram que a maioria dos pacientes envolvidos nessa pesquisa apresentava risco tão baixo de infarto que não fazia diferença qual tratamento recebessem.

O novo estudo busca evitar a falha metodológica presente no estudo de 2007. Os pacientes não fazem angiogramas –o exame em que o pigmento é injetado nas artérias coronárias –antes de ser encaminhados a um tratamento.

Em vez disso, eles são aceitos com base em exames não invasivos que indicam a presença de artérias bloqueadas e risco alto de infarto. Seus médicos sabem apenas que há uma artéria bloqueada –não sabem qual artéria nem o grau de obstrução–, de modo que não podem identificar os pacientes que acreditam que necessitam de stents e impedi-los de participar do estudo.

Por trás da discussão sobre a utilidade dos stents está a incerteza em relação a como e porque os ataques cardíacos ocorrem.

Durante anos, a ideia comum era que os infartos seriam causados pelo entupimento de uma artéria. Segundo essa visão, placas –massas semelhantes a espinhas– bloqueavam uma artéria coronária e aumentavam de tamanho até impedir a passagem do sangue. O stent seria necessário para abrir a artéria, antes que ela se fechasse por completo.

Porém, outra hipótese, que defende ser impossível prever onde um infarto pode se originar, vem ganhando força.

Para essa teoria, o infarto pode começar em qualquer lugar onde existam placas, mesmo que elas não estejam obstruindo o fluxo de sangue na artéria. Um pedaço de placa pode se abrir, numa ocorrência imprevisível. O sangue começa a coagular na região lesionada. Em pouco tempo, o coágulo entope a artéria. O resultado é um ataque cardíaco. Um estudo publicado em 2011 constatou que apenas um terço dos infartos se originam em placas que estavam bloqueando pelo menos metade de uma artéria, como se vê em um angiograma. Os outros começaram com a ruptura de placas que não aparentavam representar problema.

De acordo com essa hipótese, a área parcialmente bloqueada visível em um angiograma não tem mais chances de ser palco de um ataque cardíaco que qualquer outra área com placa. Medicamentos como estatinas ajudariam a evitar um ataque cardíaco, assim, ao modificar a natureza das placas, reduzindo sua tendência à ruptura.

Assim como os stents, o tratamento medicamentoso também pode reduzir a dor no peito, ainda que para isso possa levar meses.

A questão tem o potencial de afetar muitos pacientes cardíacos. "Metade das pessoas com mais de 65 anos tem obstruções", disse o médico Gregg W. Stone, da Universidade Columbia, em Nova York.




Novo ataque ao câncer

05/07/2015 - AT Revista


A imunoterapia ressurge como um novo modo de olhar o combate ao câncer, doença que afeta U milhões de pessoas a cada ano e que é a maior causa de morte em todo o mundo. Foi o grande tema do ASCO (American Society of Clinicai Oncology) 2015, o mais importante congresso de oncologia clínica do planeta. O foco principal foi o câncer de pulmão metastático, que conta com dois trabalhos científicos de peso. E a expectativa é de que haja, de fato, uma grande mudança de paradigma no tratamento de vários tipos de tumores.

Oncologista clínico do Hospital São José - Beneficência Portuguesa de São Paulo, Marcelo Cruz explica: "Nas últimas décadas, o que a gente tem feito com a quimioterapia é atacar diretamente as células do câncer, que vão se multiplicando, ou, então, encontrar mutações e alvos de mutações das células cancerosas para usar a terapia alvo (com drogas que provocam menor dano nas células normais). O conceito da imunoterapia é diferente. Em vez de focarmos na doença, estimulamos o sistema imunológico do paciente para atacar o tumor". De maneira geral, o sistema imunológico tem como função reconhecer agentes agressores-vírus e bactérias, por exemplo - e defender o organismo da ação deles. O médico explica que o problema é que as células do câncer se camuflam no organismo de tal forma que, quando as células de defesa passam por elas, não as percebem como algo estranho ao corpo.

"A imunoterapia atual / tenta mudar justamente isso: tirar esse bloqueio e mostrar para as células de defesa que existe um corpo estranho ali que precisa ser combatido".

A oncologista Clarissa Mathias, do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB), também acompanhou as novidades do ASCO. Ela lembra que o princípio de melhorar o sistema imunológico e com isso combater as células cancerosas já existe há algum tempo. "Com medicações bem antigas, inclusive, como a BCG em câncer de bexiga". Experiências sugeriram o efeito anticancerígeno da vacina utilizada contra a tuberculose em meados dos anos 70.

"Mas o primeiro grande sucesso da imunoterapia foi em 2011, com a aprovação do ipilimumabe no combate ao melanoma, um tipo de câncer de pele bastante agressivo. Até então, não havia nada tão eficaz para controlá-lo do ponto de vista de quimioterapia", reforça Marcelo Cruz, que complementa: "As medicações dessa geração mais nova de imunoterápicos são bem mais palatáveis. Já foram aprovadas drogas para melanoma, câncer de pulmão e outras estão em estudo para tumores sólidos como de bexiga e rim, além de linfomas".

Outra novidade importante apresentada no ASCO, diz o médico, foi a combinação de dois imunoterápicos - o nivolumabe e o ipilimumabe - para tratar o melanoma. "São remédios que agem de formas diferentes, mas ambos estimulam o sistema imune a combater as células do câncer. No Brasil, temos somente o ipilimumabe aprovado. A combinação ainda não foi liberada".

CÂNCER DE PULMÃO

Os estudos apresentados durante o ASCO mostraram a eficácia da imunoterapia para o tratamento do chamado câncer de pulmão de células não pequenas [CPCNP). Trata-se do tipo mais prevalente, representando cerca de 85% de todos os casos. Os resultados obtidos foram o dobro de sobrevida e redução de morte na comparação com pessoas previamente tratadas com quimioterapia.

Realizado com 287 pacientes, o POPLAR, da Roche, analisou a molécula atezolizumabe, que tem como alvo a proteína PD-L1 expressa nas células tumorais e nas células imunes que estão infiltradas no tumor, impedindo que a proteína se ligue a outros componentes das células que ativam a doença e impulsionam o avanço do câncer. Ou seja, inibindo a tal proteína, essa nova molécula vai permitir a ativação de determinadas células de defesa, restaurando sua capacidade de detectar e atacar, efetivamente, as células tumorais.

Já o estudo Check Mate-057 com o medicamento nivolumabe (o alvo é a proteína PD-1), terapia imuno-oncológica da Bristol-Myers Squibb, também demonstrou resultado superior de sobrevida global.

"Quando se tem um câncer de pulmão com metástase, indicamos a primeira linha de tratamento, que é uma combinação de quimioterapias. Se o tumor progride, vamos para a segunda linha, com outro tipo de quimioterapia. As taxas de respostas da segunda linha em geral são pequenas, em torno de 10%. A imunoterapia foi testada na segunda linha, e as taxas de respostas subiram para 20%, ou seja, as chances dobraram.

Houve um ganho de sobrevida da ordem de 30% e redução de morte de 27%. São dados bastante significativos", justifica Marcelo Cruz. E já há pesquisas para a utilização da terapia na primeira linha de tratamento.

Detalhe: quando comparada com a químio, a imunoterapia é melhor tolerada, afirma o oncologista. Em geral, também há menos efeitos colaterais. Por exemplo, não há queda de cabelo, fraqueza e enjoo. O oncologista explica: "Diferentemente da químio, que combate as células que vão se multiplicando, como também as do cabelo e do sangue, podendo levará anemia, a imunoterapia estimula os linfócitos a recrutar outras células de defesa e acaba fazendo um ataque mais dirigido ao câncer. É por isso que os efeitos colaterais são, em geral, muito menores do que os da quimioterapia. Além de trazer ganhos para o controle da doença, o que a gente vê nos estudos é que melhorou bastante a qualidade de vida dos pacientes".

Por outro lado, há os chamados efeitos autoimunes. "Como os medicamentos estimulam o sistema imune, este pode atacar algumas glândulas, desencadeando, por exemplo, uma tireoidite, que é a inflamação da tireoide", diz Marcelo Cruz.

Segundo o médico, em alguns casos mais raros, pode haver inflamação do fígado (hepatite] e do intestino (colite). "Mas é importante destacar que esses efeitos colaterais, mesmo quando acontecem em maior grau, são facilmente manejáveis com medicamentos simples para diminuir o estímulo imunológico, como os corticoides. Não é uma condição crônica, mas autolimitada. E o risco de ter uma dessas reações autoimunes graves é da ordem de 2% a 3%".

Clarissa Mathias resume a expectativa que ronda esses medicamentos. "É o que existe de mais novo no tratamento do câncer. No futuro, achamos que essa terapia vai ser utilizada em vários tipos da doença".




Grávida terá de assinar termo sobre tipo de parto

05/07/2015 - Folha de S.Paulo


A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) nega que as novas regras possam trazer prejuízos às pacientes, como um possível cenário de desassistência para quem prefere cesárea.

O órgão diz que o parto é um dos procedimentos obrigatórios dos planos de saúde e recomenda às gestantes que, em caso de problemas, entrem em contato com a operadora, que deve disponibilizar outro obstetra.

"As operadoras não podem negar a cobertura, ou estarão sujeitas às penalidades previstas pela legislação", afirma a ANS em nota.

Para evitar problemas, a agência planeja finalizar ainda neste mês, em parceria com entidades médicas, um termo de consentimento livre e esclarecido, que deve ser assinado pelas gestantes.

A ação visa impedir que médicos deixem de atender a quem quer o procedimento. "A paciente tem essa opção. É dada pela própria Constituição e no Código de Ética Médica, então não podemos excluir esse direito", diz a gerente de regulação assistencial da ANS, Raquel Lisbôa.

Em janeiro, no entanto, o então presidente da agência, André Longo, afirmou que os planos poderiam reter o pagamento dos médicos caso o partograma mostrasse que houve uma cesárea "desnecessária". "É tudo o que a operadora quer", disse.

Com a nova medida, os médicos deverão anexar o termo de consentimento junto a um relatório para que possam receber pelo serviço.

A solução, no entanto, ainda gera embate com obstetras. O principal motivo é o prazo: para a ANS, o ideal é que a mulher assine o termo só na 39ª semana, no fim da gravidez, o que garantiria que a cesárea não foi antecipada.

Já os médicos defendem que haja um acordo logo após as primeiras consultas. "Faltando 15 minutos, não dá para dizer: 'Assine aqui'", diz José Hiran Gallo, do Conselho

Federal de Medicina.

Em nota, a FenaSaúde, entidade que representa as maiores operadoras de planos de saúde, diz que a opção por parto normal ou cesárea é um "direito da gestante".

"Quando a parturiente não acatar a orientação do médico, é de praxe a paciente assinar termo de responsabilidade por sua escolha", diz.

A associação diz ainda que não tem registros de descredenciamento de obstetras dos planos devido à nova norma.

TAXAS DE CESÁREAS

Além do partograma, as novas regras preveem que os pacientes possam solicitar as taxas de cesárea de profissionais e hospitais. A ideia é auxiliar as mulheres que desejam fazer o parto normal a encontrarem o serviço.

A medida é vista pela categoria como uma forma de "condenar" os profissionais. "Colocar um carimbo no médico com o número de cesáreas não vai resolver", diz o diretor da Sogesp (associação de obstetrícia e ginecologia de São Paulo), César Eduardo Rodrigues.

Para ele, a divulgação das cesáreas por obstetra pode gerar interpretações erradas --em casos, por exemplo, em que o médico é especialista em gestação de alto risco.




Novas regras dificultam cesárea em plano de saúde

05/07/2015 - Folha de S.Paulo


Há quatro meses, Virgínia Carvalho, 36, recebeu o aviso de que a obstetra que a acompanhava pelo plano de saúde não poderia mais atendê-la na hora do parto. Cesárea? Só particular, ao custo total de R$ 8.000.

"Estou ainda sem saber o que fazer", conta ela, hoje aos sete meses de gravidez. O motivo são as novas regras da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) para partos nos planos de saúde, que entram em vigor nesta segunda-feira (6).

A medida visa diminuir o número de cesarianas nas operadoras --atualmente, esse índice é de 85%. Na pública, a taxa é de 40%.

Quem prefere a cirurgia, porém, já sente as mudanças. A principal delas se deve à exigência de os médicos preencherem um partograma, que mostra a evolução do trabalho de parto.

O documento será um dos requisitos para que a operadora pague o médico, além de ser um meio de fiscalizar se uma cesárea foi feita sem necessidade. Na prática, a medida acaba por barrar cesáreas marcadas com antecedência --o que tem afastado médicos dos planos.

Informada pela médica de que, caso quisesse fazer cesárea, só poderia ter atendimento particular, Virgínia cogitou um reembolso da operadora, que negou a possibilidade.

Em uma quase "cruzada" pelo atendimento, procurou então a ANS e o Procon e já planeja recorrer à Justiça.

Entre outras mães, a reclamação é a mesma. "Se antes era difícil encontrar quem fizesse parto normal pelo plano de saúde, agora é difícil encontrar quem faça cesárea", conta uma professora universitária, que pede para não ser identificada.

Nos últimos dois meses, ela procurou quatro médicos diferentes no plano de saúde.

Chegou a pensar em parir em um dos hospitais conveniados --até saber que havia apenas um plantonista.

Desistiu da ideia: vai pagar o serviço particular para a equipe da médica que já a acompanhava no pré-natal. "Essa lei foi proposta para dar liberdade à mulher, mas também tira o direito daquela que quer fazer cesárea."

Ainda na 28ª semana de gestação, a secretária Thaís Barreto, 26, diz que foi aconselhada pela médica a procurar outro obstetra se insistisse no parto cirúrgico. "Ela disse que, com a nova lei, não teria nenhuma possibilidade", relata. Thais prefere a cesárea por ter tido complicações no parto anterior.

Para José Hiran Gallo, do Conselho Federal de Medicina, médicos não podem deixar de atender devido à nova regra. "Isso é abominável."




Algum alimento queima gordura? Veja 10 mitos sobre dietas

05/07/2015 - Folha de S.Paulo / Site


Muitos já passaram por isso: ganham uns quilos a mais em um período de pouco controle sobre a alimentação e decidem fazer uma dieta.

Essas pessoas acabam escolhendo um método indicado por algum conhecido ou sobre o qual leram em algum site ou revista.

O problema é que muitas dicas ou crenças sobre a melhor forma de perder peso não dão o resultado esperado.

"Fazer mudanças a longo prazo e modificar o estilo de vida é a maneira ideal de combater os quilos porque leva a uma perda de peso permanente", disse à BBC Mundo a médica Lucy Chambers, especialista em alimentação da Fundação Britânica de Nutrição. "É mais eficiente fazer mudanças graduais, que podem ser mantidas por um grande período de tempo. O ideal é que o corpo perca de 0,5 a 1 quilo por semana."

Levando em conta esse aspecto, reunimos, abaixo, alguns dos mitos mais comuns sobre fazer dieta.

1. Certos alimentos servem para queimar gorduras

Repolho, salsão (ou aipo), toranja, chá verde, pimentas... não deve ser a primeira vez que você ouve falar destes ou de outros alimentos que supostamente ajudam a queimar ou eliminar gorduras.

Mas não é bem assim, de acordo com a Fundação Cardíaca Britânica (BHF na sigla em inglês).

Não existe um tipo de comida que tenha propriedades especiais de queimar a gordura em excesso no corpo.

2. Não se deve comer ou fazer lanchinhos entre refeições

De acordo com a mesma entidade, essa premissa também é um mito.

Não há problema em comer algo rápido entre as refeições principais, quando se trata de um lanchinho ou tira-gosto saudável, como uma fruta, uma verdura ou um iogurte light. É útil, pois ajuda a controlar o apetite.

3. Comer à noite engorda

A hora em que se consome um alimento não é o que determina o aumento de peso, são as calorias.

Se são consumidas calorias em excesso, mais do que o corpo necessita, ganha-se peso, não importa se for pela manhã, à tarde ou à noite.

Nesse aspecto, tanto o Centro de Saúde da Universidade de Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos, como a publicação americana WebMD, concordam: não existe prova de que comer tarde da noite engorda.

4. Os carboidratos são 'vilões'

Esse tipo de alimento —que inclui açúcares, amido e fibra— é componente fundamental de uma dieta saudável.

"Nosso corpo necessita de carboidratos para obter energia, especialmente para o bom funcionamento do cérebro e dos músculos. O Departamento de Saúde do Reino Unido recomenda que pelo menos a metade da energia provida por nossa dieta diária venha de carboidratos", explica Lucy Chambers, da Fundação Britânica de Nutrição.

5. Quanto menos gordura, melhor

Chambers diz que, ao contrário do que muitos pensam, é recomendado que uma dieta de emagrecimento contenha pelo menos 35% de gordura.

Não é indicado um regime baixo em gorduras ou um que elimine totalmente o consumo de gorduras.

O que é preciso ter em conta, segundo Chambers, é que há diferentes tipos de gordura; o tipo ingerido é que faz a diferença. O ideal é substituir a gordura saturada pela insaturada, já que esta ajuda a reduzir o colesterol no sangue, substância ligada ao risco de doenças cardíacas e derrames cerebrais.

6. Produtos com baixo teor de gordura ajudam a perder peso

Os alimentos com baixo teor de gordura oferecidos no mercado costumam incluir quantidades maiores de açúcar, sal e amido.

Isso é feito para compensar o sabor que os alimentos perdem quando é retirada determinada quantidade de gordura.

Com esse tipo de alimento também há o risco de se consumir porções maiores —em quantidade e frequência—, o que pode levar a uma ingestão maior de calorias e não ajudar em nada a eliminar os quilos a mais.

Quanto aos produtos que são vendidos sob a premissa de terem o açúcar retirado, o que costuma ocorrer é que eles são adoçados com concentrados de sucos de frutas, o que leva ao consumo da mesma quantidade de calorias do que o original.

Além disso, segundo o Centro de Saúde da Universidade de Virgínia Ocidental, não há ganho nutricional no consumo de alimentos desse tipo.

7. Tomar muita água ajuda a emagrecer

A água é fundamental para o organismo, mas não é por isso que se deve assumir que aumentar o seu consumo levará à perda de peso.

É bom beber mais água quando se faz uma dieta, porque isso ajuda a evitar outras bebidas que tenham açúcar, mas esta ação não contribui para eliminar os quilos a mais —é preciso juntar isso a outras medidas.

8. Alguns tipos de açúcar são piores que outros

Segundo a WebMD, há estudos que demonstram que o corpo absorve de maneira similar o açúcar comum, o mel e os adoçantes feitos de milho convertido em frutose. Para referência, é bom saber que uma colherzinha de qualquer um desses produtos tem entre 48 e 64 calorias.

9. Pular refeições torna a dieta mais eficaz

Não é verdade. A consequência dessa medida é aumentar a fome, o que, por sua vez, leva a um consumo maior de alimentos na próxima refeição.

Várias entidades, entre elas o Instituto Nacional de Enfermidades Digestivas, do Rim e da Diabetes, nos Estados Unidos, concordam com essa visão.

Alguns estudos chegaram até a indicar que deixar de comer no café da manhã pode aumentar o peso.

10. O que funciona para perder peso são exercícios intensos e prolongados

Trata-se de mais um mito, mesmo porque atividades físicas de baixa intensidade também consomem calorias. Faz bem visitar uma academia, mas o BHF diz que mesmo caminhar, arrumar o jardim ou realizar outras atividades domésticas também pode fazer a diferença.

O Centro de Saúde da Universidade de Virgínia Ocidental também salienta que o exercício não transforma gordura em músculo, como muitos pensam, já que ambos os tecidos são compostos por células diferentes.

É possível queimar gordura e desenvolver músculo, mas não é possível converter o primeiro no segundo.

E cuidado com os produtos que prometem a quase milagrosa perda de vários quilos em pouco tempo. Qualquer que seja a sua constituição física, é extremamente difícil que essa previsão se cumpra.

Além disso, tais produtos podem ser perigosos para a saúde; os que se baseiam em ervas ou componentes naturais geralmente não foram submetidos a rigorosos processos de verificação científica para garantir sua eficácia e segurança.

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