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Revista do Farmacêutico

PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 123 - NOV - DEZ / 2015

COMISSÕES ASSESSORAS /FARMÁCIA HOSPITALAR

 

 

Método permite diagnosticar Alzheimer

Projeto pioneiro no Brasil utiliza radiofármaco e está em fase de recrutamento de voluntários para pesquisa

 

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Estima-se que existam no mundo cerca de 35,6 milhões de pessoas com Alzheimer. No Brasil, há cerca de 1,2 milhão de casos. A doença ainda é incurável e os tratamentos disponíveis atualmente podem ajudar a melhorar temporariamente os sintomas de demência, mas não são capazes de impedir ou diminuir o ritmo dos danos cerebrais causados. No entanto, quanto mais cedo for detectada, melhores serão as chances de impedir o avanço dos danos ao paciente.
Um estudo recente desenvolvido pela equipe de pesquisadores do laboratório de neuroimagem (LIM 21) e do Centro de Medicina Nuclear do Instituto de Radiologia (InRad), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, é capaz de oferecer um diagnóstico mais preciso e ajudar no tratamento do Alzheimer antes que os danos cerebrais estejam em estado avançado.
farmacia-hospitalarDra. Daniele de Paula Faria, pesquisadora do InRad do HC/USPPara desenvolvimento dessa pesquisa científica, que requer infraestrutura e logística complexa, os pesquisadores utilizaram o cíclotron e o módulo de síntese para Carbono 11 do CInRad - Centro Integrado de Produção de Radiofármacos do InRad, além do Laboratório de Radiofarmácia equipado com um microPET/CT para pesquisa pré-clínica com pequenos animais. A biodistribuição adequada do radiofármaco foi testada em ratos, com sucesso.
O método, capaz de distinguir o Alzheimer de outras formas de demência, trará importante contribuição para identificar a concentração de peptídeo beta-amiloide no cérebro, que se aglomera e forma as placas senis, causando danos às células cerebrais. O exame de Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET) é um método de imagem usado para mapear a distribuição de radiofármacos no corpo para fins diagnósticos e de planejamento terapêutico.
Para o exame de PET, o paciente recebe a injeção do radiofármaco, que é marcado com o radioisótopo Carbono 11, que possui uma meia-vida física de apenas 20 minutos e que se liga aos depósitos de proteína beta-amiloide encontrados no cérebro, visível nas imagens produzidas pela tomografia, fornecendo um mapeamento da distribuição e quantidade deste peptídeo. A formação das placas beta-amiloides no cérebro tem correlação com redução progressiva das funções cerebrais cognitivas e motoras.
“O radiofármaco já é utilizado em humanos desde 2004, mas é a primeira vez que está sendo produzido no Brasil”, esclarece a dra. Daniele de Paula Faria, farmacêutica pesquisadora que compõe a equipe coordenada pelos professores dr. Carlos Alberto Buchpiguel e dr. Geraldo Busatto. Ela conta que a validação do processo de produção e de controle de qualidade foram concluídos, e que o projeto está em fase de recrutamento de voluntários para pesquisa.
Como os sintomas iniciais da doença de Alzheimer são confundidos com o processo de envelhecimento normal, essa confusão tende a adiar a busca por orientação profissional, e, não raro, a doença é diagnosticada tardiamente.
Não se sabe exatamente os mecanismos que promovem o Alzheimer, mas são conhecidas algumas lesões cerebrais características dessa doença. As duas principais alterações que se apresentam são as placas senis decorrentes do depósito de peptídeo beta-amiloide, anormalmente produzido, e os emaranhados neurofibrilares, frutos da hiperfosforilação da proteína tau. Outra alteração observada é a redução do número das células nervosas (neurônios) e das ligações entre elas (sinapses), com redução progressiva do volume cerebral.
Os estudos demonstram que essas alterações cerebrais já estariam instaladas antes do aparecimento de sintomas demenciais. Por isso, quando aparecem as manifestações clínicas que permitem o estabelecimento do diagnóstico, diz-se que teve início a fase demencial da doença.
As perdas neuronais não acontecem de maneira homogênea. As áreas comumente mais atingidas são as de células nervosas (neurônios), responsáveis pela memória e pelas funções executivas que envolvem planejamento e execução de funções complexas. Outras áreas tendem a ser atingidas, posteriormente, ampliando as perdas.
Alguns avanços podem ser observados quando iniciado o tratamento com a utilização de medicamentos que permitem retardar a evolução da doença, possibilitando uma discreta melhora cognitiva. Isso colabora ainda com uma melhora da qualidade de vida do paciente.

 

Por Carlos Nascimento
(Com informações do Inrad)


  

 

     

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