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Revista do Farmacêutico

PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 120 - FEV-MAR / 2015

 

Debate sobre atenção ao paciente lota auditório da Unip

Público lota auditório da Unip para o XV Encontro Paulista de Farmacêuticos (foto: Luiz Prado / Agência Luz)

Público prestigia seminário “Superando desafios: o farmacêutico e o cuidado  ao paciente” (foto: Luiz Prado / Agência Luz)Público prestigia seminário “Superando desafios: o farmacêutico e o cuidado ao paciente” (foto: Luiz Prado / Agência Luz)Junte um pesquisador norte-americano, uma farmacêutica hospitalar, outra farmacêutica comunitária e uma professora-doutora da USP. Adicione à mistura um contador de histórias profissional, cuja própria vida rendeu um filme. Leia mais abaixo. Foi esta a receita de sucesso do XV Encontro Paulista de Farmacêuticos, realizado em 20 de janeiro, no auditório da Unip na capital, atraindo mais de 500 participantes.

Meticulosamente montado, o time discorreu sobre os diversos aspectos da necessidade do farmacêutico voltar o foco para aquele que, segundo os especialistas, é a razão de ser do profissional — o paciente — e que a aproximação dos profissionais à comunidade onde estão inseridos pode transformar a prática da Farmácia no Brasil.

O norte-americano Douglas Slain falou sobre os cuidados farmacêuticos ao paciente nos Estados Unidos (foto: Luiz Prado / Agência Luz)O norte-americano Douglas Slain falou sobre os cuidados farmacêuticos ao paciente nos Estados Unidos (foto: Luiz Prado / Agência Luz)EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL

Se no Brasil já existe, há alguns anos, a preocupação com a resistência bacteriana, o norte-americano Douglas Slain alertou que o problema é mundial e o farmacêutico tem responsabilidade não apenas no ambiente hospitalar, mas também junto à comunidade.

Entre as doenças que mais causam internações estão as infecções respiratórias como pneumonias e faringites associadas a bactérias, infecções urinárias, de pele e de tecido mole. “É muito difícil desenvolver uma terapia apropriada ou eficaz com antibióticos. Por falta de informação rápida ou diagnósticos malfeitos, não é possível saber o tipo de bactéria e, assim, escolher o melhor tratamento.”

Os agronegócios também são grandes responsáveis pelo aumento da resistência bacteriana. Quanto mais a sociedade exige frangos, peixes e porcos de tamanhos maiores, mais os produtores abusam dos antibióticos misturados à ração, à água dos rios, e tudo acaba no organismo do ser humano. “O Brasil está de parabéns por ser o país que menos utiliza antibióticos na América do Sul, mas é possível melhorar ainda mais”.

Dra. Silvia Storpirtis, dra. Maria de Fátima Aragão, dr. Pedro Menegasso, dr. Douglas Slain e dr. Fernando del Fiol (foto: Luiz Prado / Agência Luz)Dra. Silvia Storpirtis, dra. Maria de Fátima Aragão, dr. Pedro Menegasso, dr. Douglas Slain e dr. Fernando del Fiol (foto: Luiz Prado / Agência Luz)PAINEL

O debate também abordou as áreas da Farmácia Hospitalar, Farmácia Comunitária e Educação Farmacêutica com foco na atuação clínica. Dra. Nathália Ferraz ressaltou a necessidade de o farmacêutico conhecer o hospital, a equipe multidisciplinar e o paciente que atende. “É preciso avaliá-los e se especializar no que eles precisam desde a admissão até a alta médica.”

De Sergipe veio a experiência da dra. Maria de Fátima Cardoso, que falou da implantação da assistência farmacêutica naquele Estado.

Um debate mediado pelo reitor da Universidade de Sorocaba, dr. Fernando del Fiol, permitiu a interação entre os participantes e ministrantes do XV Encontro Paulista de Farmacêuticos (foto: Luiz Prado / Agência Luz)Um debate mediado pelo reitor da Universidade de Sorocaba, dr. Fernando del Fiol, permitiu a interação entre os participantes e ministrantes do XV Encontro Paulista de Farmacêuticos (foto: Luiz Prado / Agência Luz)A formação do farmacêutico, assim como a atuação, passou por diversas fases. Dra. Silvia Storpirtis abordou como o histórico da profissão apresenta um distanciamento entre o farmacêutico e a população ao longo dos anos. “Hoje, o que estamos discutindo são os mecanismos para inserir o farmacêutico na equipe multidisciplinar de saúde e aproximá-los novamente do paciente.”

Nesse sentido, o ensino em alguns países já passa a ter essas características. No Canadá, por exemplo, as faculdades de Farmácia quase não têm mais laboratórios, pois os alunos estão onde o paciente está.

Por Carlos Nascimento, Mônica Neri e Thais Noronha

No intervalo, farmacêuticos puderam visitar mesas de negócios das empresas parceiras do PAF Empresas (foto: Luiz Prado / Agência Luz)No intervalo, farmacêuticos puderam visitar mesas de negócios das empresas parceiras do PAF Empresas (foto: Luiz Prado / Agência Luz)No intervalo, farmacêuticos puderam visitar mesas de negócios das empresas parceiras do PAF Empresas (foto: Luiz Prado / Agência Luz)No intervalo, farmacêuticos puderam visitar mesas de negócios das empresas parceiras do PAF Empresas (fotos: Luiz Prado / Agência Luz)

Dr. Pedro Menegasso, presidente do CRF-SP (foto: Luiz Prado / Agência Luz)Dr. Pedro Menegasso, presidente do CRF-SP
Dra. Priscila Dejuste, secretária-geral do CRF-SP (foto: Luiz Prado / Agência Luz)Dra. Priscila Dejuste, secretária-geral do CRF-SP
Dr. Marcos Machado, diretor-tesoureiro do CRF-SP (foto: Luiz Prado / Agência Luz)Dr. Marcos Machado, diretor-tesoureiro do CRF-SP (fotos: Luiz Prado / Agência Luz)
PAF Empresa é destaque

PAF Empresa

Durante a abertura do evento, o presidente do CRF-SP, dr. Pedro Menegasso, lançou o PAF Empresa (vide edição 119 da Revista do Farmacêutico). Agora, por meio do Programa de Assistência ao Farmacêutico – PAF Empresa, serão oferecidos diversos descontos e benefícios em serviços e produtos às empresas de propriedade de farmacêutico, na mesma linha do PAF pessoa física (vide mais informações no portal www.crfsp.org.br/paf).

Ainda na abertura do seminário, os diretores do CRF-SP dra. Priscila Dejuste e dr. Marcos Machado destacaram o Dia do Farmacêutico e o momento importante pelo qual passa a profissão com a recente aprovação da lei 13.021/14.

 

 

ENTREVISTA
‘Chorar ou vender lenços?’

Roberto Carlos participa do programa Encontro com o Presidente, da TV CRF-SP (Reprodução / TV CRF-SP)Roberto Carlos participa do programa Encontro com o Presidente, da TV CRF-SP (Reprodução / TV CRF-SP)“Tem pessoas que gostam das adversidades, gostam de reclamar. Ao longo dos anos, desenvolveram habilidades tanto para resolver quanto para criar problemas”

“Nunca perca a oportunidade de fazer seu comercial. Se você não falar bem de si mesmo, ninguém vai falar.” A dica foi do pedagogo Roberto Carlos Ramos, que inspirou o filme “O contador de histórias” e ministrou a palestra “Superando Desafios com Ética”. O contador abordou as diferenças entre os dois tipos de seres humanos: aqueles que choram e aqueles que vendem lenços. “Você pode reclamar da profissão, da vida, do salário, ou pode vestir a camisa da vida e ir atrás de seus sonhos”.

O garoto que fugiu da Febem de Minas Gerais 132 vezes, que com 13 anos não sabia ler nem escrever, com 19 anos estava entrando na faculdade. Otimista, o pedagogo acredita que a força da palavra pode mudar a realidade e que todo profissional, independentemente qual seja, tem de escolher entre ser extraordinário ou medíocre.

Roberto Carlos teve uma oportunidade, fez de contar história a sua profissão, e, hoje, assim como fizeram com ele, adotou 25 crianças.

Leia a emocionante entrevista concedida à Revista do Farmacêutico.

Baseado na sua história, como é possível fazer da adversidade uma oportunidade?

Roberto Carlos – Temos de ensinar as pessoas como perceber a oportunidade. Vivenciamos isso em todas as áreas e em todos os momentos, mas ela não vem pintada com a cara escrita oportunidade. Às vezes, as pessoas a vivenciam, mas não sabem. Nós temos dois tipos de profissionais no Brasil: aqueles que choram e aqueles que vendem lenços. Ambos vivenciam momentos de oportunidades, mas alguns não percebem, outros percebem e agarram. Essa transformação vai de cada um.

Tem pessoas que gostam das adversidades, gostam de reclamar. Ao longo dos anos, desenvolveram habilidades tanto para resolver quanto para criar problemas. Alguns criam e caem no comodismo de reclamar e não criar soluções. Às vezes, mais terrível ainda, algumas pessoas não conseguem viver sem esses problemas. Outras não se contentam com a sua própria felicidade, querem extrapolar e dividir. E essas são as que transformam as adversidades em oportunidades.

Você inspirou o filme “O contador de histórias”. Como foi ver a sua vida retratada na tela do cinema?

RC – Quando fui convidado, não me achava em condições de ver a minha vida retratada, mas quando o filme ficou pronto vi que realmente a minha história era interessante. Tinha uma dúvida de como as pessoas iam receber e elas gostaram e ainda gostam muito. Foi o primeiro filme que teve a chancela de altamente indicado pela Unesco. Extrapolou as fronteiras do país. Várias universidades do mundo afora indicam o filme. Recebi agora um convite para dar uma palestra em Harvard, nunca imaginei estar lá. O Luis Villaça, diretor, e os atores tiveram uma sensibilidade muito grande.

O pedagogo Roberto Carlos Ramos mostrou aos participantes como fazer da adversidade uma oportunidade (foto: Luiz Prado / Agência Luz)O pedagogo Roberto Carlos Ramos mostrou aos participantes como fazer da adversidade uma oportunidade (foto: Luiz Prado / Agência Luz)Você ganhou dinheiro contando histórias. O que é preciso para alcançar o sucesso profissional, independentemente da área de atuação?

RC – Acima de tudo, gostar do que faz. Raramente uma pessoa que não gosta do que faz tem sucesso na vida. Imagina o Neymar jogando bola com raiva? E o Ronaldo, o Fenômeno, falando que detesta futebol? Todos os profissionais que falam que não gostam da sua área de atuação dizem que está muito difícil, não se acham competentes para fazer determinado trabalho, não vão ser felizes. O segredo é gostar do que faz.

Quando há 20 anos eu optei em sair da sala de aula e montar um programa de ensino por meio da minha história, as pessoas diziam: “Você é louco, não vai dar certo.” Mas eu gostava tanto do que eu fazia que pensei: “Pelo menos eu vou ter o prazer de fazer aquilo que eu gosto e, se pagarem por isso, está ótimo”.

A recompensa veio de uma maneira muito mais interessante, não só financeiramente, mas por reconhecimento, as pessoas começaram a me identificar como um contador de histórias, o que rendeu um prêmio em 2001, entre os dez melhores contadores de histórias do mundo.

A atuação do farmacêutico está cada vez mais relacionada à aproximação com o paciente. A formação ainda é voltada à área técnica, mas cada vez mais a sociedade pede que atue diante do paciente, inclusive com a lei 13.021/14. Qual a importância das relações humanas para o sucesso profissional?

RC – Todas as profissões foram criadas para beneficiar os seres humanos. Em algum momento, algumas áreas se distanciaram. Se a área de atuação desse profissional permite a aproximação, tende a crescer a credibilidade. Se o farmacêutico se aproximar mais do cliente, da pessoa que procura a farmácia, tem a oportunidade de mostrar a verdadeira cara, mostrar que está ali para atender. 

Por Thais Noronha 

 

 

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