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Revista do Farmacêutico

PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 120 - FEV-MAR / 2015

 

Mais destaque, mais desafios

Farmácia clínica ganha cada vez mais espaço, mas há desafios distintos entre hospitais públicos e privados

farmacia-clinicaHospitais particulares dispõem de mais recursos financeiros, humanos e materias. Nas instituições públicas, a escassez de orçamento é a maior barreira

A farmácia clínica brasileira está em processo de evolução e conquista do seu espaço à medida que os hospitais melhoram a qualidade do serviço prestado ao paciente. Um exemplo é o advento das acreditações hospitalares, um sistema de avaliação e certificação que inclui os serviços farmacêuticos na pontuação. Nesse cenário, o farmacêutico clínico está ainda mais em evidência e valorizado, mesmo com os diferenciais dos setores público e privado.

Enquanto os hospitais particulares dispõem de mais recursos financeiros, humanos, materiais e atualizações tecnológicas, nas instituições públicas, a escassez de orçamento muitas vezes é a maior barreira a ser vencida. Apesar das realidades distintas, os desafios para o farmacêutico são semelhantes: pressão por resultados, necessidade de conquistar maior confiança da equipe de saúde e exigência de capacitação continuada.

A dra. Vanessa Andrade, vice-coordenadora da Comissão Assessora de Farmácia Clínica do CRF-SP, já atuou nos dois tipos de modalidade. Quando trabalhou para um hospital público, não sentiu tantas dificuldades porque o gerenciamento e as diretrizes internas de farmácia clínica eram bem desenvolvidos. “Mesmo porque era um hospital acreditado, o que já acontece com vários hospitais públicos. Então, a cobrança em relação à qualidade do serviço era alta”, diz.

Mesmo com os serviços bem gerenciados, a farmacêutica percebeu, naquela experiência, que a realidade do serviço público se evidenciava quando era necessário realizar um tratamento com medicamentos que não constavam na lista de padronização. “Nesse caso, como a compra se tornava complicada devido à burocracia ou à falta de verba, a saída era avaliar a possibilidade de substituição. Muitas vezes, infelizmente, não conseguíamos oferecer a melhor terapia medicamentosa ao paciente”, revela a dra. Vanessa.

Quando ingressou na instituição privada, ela conta que percebeu, de imediato, o diferencial com a padronização dos medicamentos. A farmacêutica citou ainda outras vantagens como a melhor remuneração, o acesso a equipamentos e tecnologias mais atualizados e quadro maior de farmacêuticos, entre outras.

“Como contrapartida, às vezes, temos de lidar com a burocracia de alguns convênios em liberar o tratamento com determinados medicamentos”, pondera a dra. Vanessa, que atualmente trabalha no Hospital Bandeirantes.

GESTÃO DIFERENCIADA

Já a dra. Fernanda Zenaide, membro da Comissão Assessora de Farmácia Clínica do CRF-SP, que também trabalhou em hospital privado e atualmente é coordenadora de farmácia clínica de um hospital municipal, relata que, no setor público, a principal dificuldade de exercer a farmácia clínica é a falta de recursos humanos. “Lá, o farmacêutico tem de gerir o estoque, a equipe de técnicos e outros trâmites burocráticos. Temos dificuldades também com estrutura física, falta de informatização das prescrições e comunicação entre as diversas equipes da instituição. A dificuldade, no entanto, é menor nos hospitais-escola e públicos com gestão de organizações sociais, que têm a administração diferenciada do serviço de saúde”, afirmou.

Para ela, os hospitais-escola geralmente reconhecem o serviço de farmácia clínica por terem uma equipe multidisciplinar atuante. O cenário está melhorando com o início das residências em farmácia hospitalar e residências multiprofissionais. “Nas demais instituições, o farmacêutico tem de demonstrar na prática a importância da farmácia clínica para a gestão do hospital que trabalha. Com o apoio dos gestores, a integração com os demais profissionais da saúde é facilitada”, analisa a dra. Fernanda Zenaide.

Mesmo com as dificuldades citadas, prossegue a dra. Fernanda, o profissional de farmácia clínica é cada vez mais valorizado, tanto em instituições públicas quanto privadas. “O profissional que mostra na prática a melhoria do atendimento prestado ao paciente terá reconhecimento por toda a equipe da instituição. Precisamos de profissionais empenhados, capacitados e motivados, pois temos muito trabalho pela frente para melhorar o serviço de farmácia em hospitais públicos”, avalia a dra. Fernanda Zenaide.

Nas instituições privadas, os farmacêuticos estão integrados à equipe multidisciplinar e são valorizados, como relatou a dra. Vanessa Andrade. “Muitos hospitais têm inclusive plano de carreira pelo qual o farmacêutico tem possibilidade de crescer conforme seu nível de especialização e desempenho do seu trabalho.”

Por Carlos Nascimento

 

   

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