PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 105 - DEZ - 2011 / JAN - 2012
Revista 105 Educação
A humanização como meta
Instituições de Ensino Superior reveem o modelo educacional e apostam na humanização para aprimorar a formação de profissionais da saúde
![Sura Nualpradid - Panthermedia Sura Nualpradid - Panthermedia](/images/stories/revista/rf105/rf105_educacao_abre_suranualpradidpanthermedia.jpg)
Os dias atuais são marcados pela exacerbação da tecnicidade e da tecnologia, que muitas vezes faz o profissional de saúde esquecer que, diante dele, há um ser humano, quase sempre fragilizado e inseguro, merecedor de compreensão, respeito e atenção.
Assim, falar em humanizar processos referentes ao atendimento de seres humanos pode parecer redundância, mas é exatamente isso que propõe uma nova visão de formação de profissionais de saúde, o farmacêutico entre eles, que coloca as necessidades do paciente em primeiro lugar. Para a vice-coordenadora da Comissão Assessora de Educação Farmacêutica (CAEF) do CRF-SP, Prof. Dra. Marise Bastos Stevanato, a formação profissional deixou de estar alheia às necessidades do setor, pois já se percebe a necessidade da mudança. “Atualmente, alguns cursos já implementaram alterações na formação humanística; outros já começam a se mobilizar para ampliar a formação na área e outros nem sequer começaram a discutir a necessidade. Diante deste cenário, quando se analisa as instituições que ainda não deram início ao processo, evidencia-se a deficiência da formação nesta área, porém, a percepção da necessidade de mudar já pode ser considerada um avanço significativo”, comenta.
A expectativa dos educadores é que nenhuma instituição fique de fora deste processo, pois a profissão demandará cada vez mais habilidades diferenciadas. Eles avaliam que essa fase de transição será lenta, mas contínua e definitiva, e à medida que o contato com o paciente e o trabalho em equipe se ampliarem, as condições e necessidades externas impulsionarão novas mudanças na formação.
A Prof. Dra. Marise afirmou que não acredita no abandono completo do estilo de formação praticado atualmente, pois o conhecimento do farmacêutico deve envolver uma sólida formação tecnológica e científica clássica. “Precisamos agregar e incluir o olhar humanizado nesta formação. Deste modo, estaremos completos, pois ao pesquisarmos um fármaco, por exemplo, estamos cuidando do ser humano, apesar de não entrarmos em contato com ele diretamente nas etapas iniciais desta pesquisa. A meta é sempre o cuidado, portanto, quando não enxergamos este viés, produzimos distorções, e esta distorção se mostra hoje com maior impacto, pois o farmacêutico foi inserido nas equipes multiprofissionais de saúde, especialmente, com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Farmácia, e passamos a sentir a deficiência de formação no atendimento ao paciente.”
Papel do educador
![Ilya Andriyanov - Panthermedia Ilya Andriyanov - Panthermedia](/images/stories/revista/rf105/rf105_educacao_passos_ilyaandriyanovpanthermedia.jpg)
Dentro deste novo modelo proposto, os professores têm responsabilidade dobrada na hora de formar profissionais competentes e sensíveis às necessidades do paciente. As competências do novo farmacêutico excedem o domínio técnico e científico da profissão e se estendem para os aspectos das relações humanas e das práticas de interesse e relevância social que colaboram com a qualidade da saúde da população. “Nós, professores, também temos sentido a necessidade de buscar novas habilidades. Os estudantes têm exigido mais, pois estão mais perto da população, nos atendimentos nas farmácias-escola, nas Unidades Básicas de Saúde”, destaca Prof. Dra. Marise.
Para ela, toda esta configuração provocará um crescimento profissional incontestável que trará benefícios à população e também para a profissão farmacêutica. “Será um processo natural, já que falamos de seres humanos cuidando de seres humanos. Precisamos resgatar essa habilidade natural e intrínseca e associá-la ao método e à técnica que já executamos com maestria.”
As Instituições de Ensino Superior (IES) precisarão se adequar para oferecer opções variadas de estágio em prática clínica, como farmácias-escola, Unidades Básicas de Saúde com PSF, Farmácias Hospitalares, Hospitais com Serviço de Farmácia Clínica e outros serviços de atenção à saúde que acresçam experiência aos discentes. O aumento da oferta de vagas em residências multiprofissionais também será um fator positivo. A capacitação e o aprimoramento profissional são imprescindíveis para quem deseja conquistar seu espaço e, nesta linha de raciocínio, a qualidade deve sempre predominar sobre a quantidade de alunos formados. “Quem hesitar em se adequar à nova realidade, sejam profissionais ou instituições de ensino, seguramente ficará pelo caminho”, finaliza a Prof. Dra. Marise.
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