Evento reúne especialistas para debater novas tendências em tecnologia voltadas à saúde

 

Dra. Luciana Canetto, vice-presidente do CRF-SP, mediou as mesas de debates entre os palestrantes dos dois dias de Fórum Dra. Luciana Canetto, vice-presidente do CRF-SP, mediou as mesas de debates entre os palestrantes dos dois dias de Fórum
São Paulo, 6 de maio de 2022.

Foram dois dias em que os farmacêuticos e acadêmicos de Farmácia tiveram acesso às ferramentas que são tendências em diversas áreas, além de conhecer experiências de profissionais que inovam nas mais variadas formas. Dividido nos dias 4 e 5 de maio, o II Fórum de Tecnologias na Área Farmacêutica foi realizado presencialmente na Unip Indianópolis, na capital, mas foi também acompanhado de forma on-line pelos participantes.

Durante a abertura, o presidente do CRF-SP, Dr. Marcelo Polacow, ressaltou o quanto a área farmacêutica vem sofrendo modificações. “O farmacêutico precisa estar atento às novas tecnologias, assim como o CRF-SP precisa se antecipar nesse tipo de discussão para propor regulamentações e evitar que a categoria seja surpreendida”.

Já a Dra. Luciana Canetto, vice-presidente, que também coordena o Comitê de Tecnologias na Área Farmacêutica, responsável pela organização do Fórum, destacou o quanto o grupo tem contribuído com o setor. “Elaboramos um manual de prescrição eletrônica, realizamos webinars sobre o tema, disponibilizamos um curso disponível na Academia Virtual de Farmácia sobre o assunto. Além disso, trabalhamos junto ao Conselho Federal de Farmácia para possibilitar as assinaturas eletrônicas aos farmacêuticos, além da proposta de telecuidado farmacêutico, o que é muito diferente do farmacêutico remoto”.

Dr. Marcelo Polacow, presidente do CRF-SP e Dra. Luciana Canetto, vice-presidente do CRF-SPDr. Marcelo Polacow, presidente do CRF-SP e Dra. Luciana Canetto, vice-presidente do CRF-SP

A palestra magna “Transformação Digital, Inovação & liderança” foi apresentada por Andrea Iorio, escritor de best-sellers, ex-diretor do Tinder e da L’Oréal. Graduado em Economia e mestre em Relações internacionais, Andrea destacou que a tecnologia veio para somar. “Será que isso não pede um novo tipo de profissional, novas habilidades para podermos ser complementares à tecnologia e não sermos substituídos por ela? ”.

“A tecnologia é só um grande meio para a transformação digital, aliás a mais fácil delas. Notamos que quando não temos o senso de urgência, perdemos o bonde enquanto ele está andando”. Ele complementou: “Sabe-se que o foco é no cliente, mas a digitalização está empoderando cada vez mais o cliente através de quatro grandes alavancas: mais acesso à informação, ele pode comparar, ver avaliações, buscar informações; mais competição, não apenas entre farmácias e redes, mas entre canais e até pela atenção do cliente; menor custo de troca, não do produto ou serviço, mas do fornecedor, da experiência do consumo e, por último, o cliente é um grande criador de conteúdo, se a farmácia for boa, isso pode virar até o nosso braço de marketing, mas se for ruim vira pesadelo porque o mercado todo vai saber”.

O fato de as pessoas estarem on-line o tempo todo gera mais dados, mais de 90% dos dados foram gerados na última década. Quanto mais dados possíveis? Essa não é a questão, mas o que fazer com esses dados do cliente.

A palestra magna “Transformação Digital, Inovação & liderança”, foi apresentada pelo Andrea Iorio, escritor de best sellers, ex-diretor do Tinder e da L´oréalA palestra magna “Transformação Digital, Inovação & liderança”, foi apresentada pelo Andrea Iorio, escritor de best sellers, ex-diretor do Tinder e da L´oréal

Para complementar o primeiro dia de Fórum, o workshop “Empreendedorismo de startup” contou com três apresentações, a primeira “Como montar uma startup na área da saúde (healthtechs)? ” foi apresentada pela biotecnologista molecular Caroline Salvati, que atua em inovação e novos negócios no State Inovation Center, um hub de inovação que apoia negócios de base científica.
“Uma startup precisa trazer algo diferente, agregar tecnologia. Uma loja de roupas não é uma startup, por exemplo. É necessário um marketplace inovador que muda a cadeia de valor, é importante que seja repetível e escalável para se diferenciar de uma consultoria. É algo diferente que ninguém fez. Já as healthtechs são conhecimentos e habilidades na forma de dispositivos, vacinas, medicamentos e outros que possam melhorar um problema de saúde ou a qualidade de saúde”.

Ela ressaltou também que, para validar uma solução proposta, é preciso coletar dados em bases públicas, fazer levantamentos, conversar, traçar um mapa de empatia, se colocar no lugar da pessoa com o problema, entender o problema a fundo. É importante saber se um software novo de gestão, por exemplo, vai agregar e se diferenciar dos outros. Ele é mais rápido, mais barato, tem mais funcionalidades?

Um dos temas importantes nesse contexto também foi abordado na palestra “Como conseguir investimentos para startups”. O analista de investimentos da Bossa Nova, Matheus Marciano, enfatizou que a primeira questão é se perguntar “estou no momento de fazer a captação”? O empreendedor precisa entender se o que ele vai receber faz sentido para ele. “Alguns investidores buscam efetivar o investimento quando a startup já tem algo validado como se ela já sabe o tipo de cliente que quer vender, se vende para empresas ou pessoas físicas, se já está faturando, são pontos que facilitam essa jornada para obter investimentos”.

O primeiro dia de Fórum foi encerrado com a apresentação do farmacêutico Dr. Paulo Granjeiro, que mostrou o papel da academia na geração de conhecimento para a criação de startups. O professor, que também é pesquisador e inventor, chamou a atenção para a dificuldade regulatória no Brasil. “Um bulk de uma molécula, por exemplo, para ser registrado na Anvisa custa R$ 2 milhões; se for para tratamento, são vários ensaios clínicos. Que editais de órgãos de fomento pagam esse investimento? ”

Ele destacou ainda a necessidade de a graduação em Farmácia contar com a disciplina de empreendedorismo e, no caso de não contar, que seja uma demanda dos próprios alunos. “Precisamos criar esse clima na universidade, nos aproximar do setor produtivo, buscar parceria com empresas, licenciar tecnologias, todos fatores desafiadores”.

Outro dado que impressionou os participantes foi que, no Brasil, 80% dos pesquisadores estão nas universidades. Já na Coreia e nos Estados Unidos, estão nas empresas, porque a inovação vai acontecer nelas, elas que vão comercializar. “Nós estamos gerando conhecimento para que outros pesquisadores criem produtos”.

O analista financeiro Matheus Marciano falou sobre as possibilidades de investimentos em startups, a biotecnologista molecular Caroline Salvati destacou os pontos principais para montar uma startup e o farmacêutico Dr. Paulo Granjeiro encerrou o primeiro dia chamando a atenção para o papel da academia na formação de um profissional empreendedorO analista financeiro Matheus Marciano falou sobre as possibilidades de investimentos em startups, a biotecnologista molecular Caroline Salvati destacou os pontos principais para montar uma startup e o farmacêutico Dr. Paulo Granjeiro encerrou o primeiro dia chamando a atenção para o papel da academia na formação de um profissional empreendedor

Segundo dia

A programação do Fórum continuou no segundo dia, com uma nova rodada de apresentações que demonstraram diferentes formas de inovação e uso de recursos tecnológicos em favor da saúde.

Na mesa-redonda Empreendedorismo Inovador e Uso Racional de Medicamentos, o primeiro a falar foi o mestre em Design Mario Ricardo da Silva Lima, que detalhou projetos que utilizam a técnica de bioimpressão em 3D que podem ter aplicação cosmética, médica, farmacêutica ou modelagem de doenças. Entre os exemplos citados estão um coração impresso com células cardíacas, um projeto com moléculas com ação anti-Zika obtido a partir de banco de dados com mais de 5 mil substâncias naturais e sintéticas, e chips que simulam órgãos humanos para fins de testes de fármacos em diferentes tecidos.

Já a farmacêutica Dra. Aillyme Marcella de Souza Costa abordou o tema custeio de acompanhamento farmacoterapêutico de pacientes por planos de saúde.
Dra. Aillyme afirmou que o farmacêutico tem um papel de extrema importância em relação ao acompanhamento individual do paciente, podendo contribuir em até 98% para a adesão ao tratamento. Estão entre os benefícios a gestão integrada, redução de custos, viabilização de processos, implementação de novas práticas e soluções tecnológicas.

As inúmeros possibilidades no âmbito do acompanhamento farmacoterapêutico em farmacogenética e genômica foram detalhados pela Dra. Carolina Prado, farmacêutica especialista na área. “Somos diferentes e, por isso, existem diferentes fatores que podem interferir na absorção e biodisponibilidade de um medicamento, o que leva a uma extensa variabilidade de fenótipos de resposta”.

Assim, a farmacogenética é a ciência que estuda como diferentes fatores genéticos influenciam a variação da resposta ao uso de fármacos, enquanto que a farmacogenômica é um termo mais amplo e implica no reconhecimento de que mais de uma variante genética pode contribuir para essa variação.

“Ambas estão muito relacionadas ao uso racional de medicamentos, porque por meio dela é possível determinar qual melhor medicamento para o paciente e até enxugar a prescrição, evitando, assim, a polimedicação. Eu espero que no futuro seja possível acessar o banco genético de todo mundo, para que possamos relacioná-lo a mais genes de medicamentos e fazer esse atendimento mais personalizado”, concluiu.

A farmacêutica Dra. Aillyme Marcella de Souza Costa abordou, entre outros assuntos, o custeio de acompanhamento farmacoterapêutico de pacientes por planos de saúde e o mestre em Design Mario Ricardo da Silva Lima, que detalhou projetos que utilizam a técnica de bioimpressão em 3D que podem ter aplicação cosmética, médica, farmacêutica ou modelagem de doenças  A farmacêutica Dra. Aillyme Marcella de Souza Costa abordou, entre outros assuntos, o custeio de acompanhamento farmacoterapêutico de pacientes por planos de saúde e o mestre em Design Mario Ricardo da Silva Lima, que detalhou projetos que utilizam a técnica de bioimpressão em 3D que podem ter aplicação cosmética, médica, farmacêutica ou modelagem de doenças

Por último, o público acompanhou a palestra de Marcelo Knörich Zuffo, coordenador científico do Laboratório de Ensaios e Auditoria da ICP Brasil e do Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas da USP. Ele relacionou a questão da empregabilidade no metaverso sob uma perspectiva mais ampla acerca da massificação em redes sociais das tecnologias imersivas.
“Quando falamos em realidade virtual, não podemos desassociá-la de uma propriedade humana que é se sentir presente nesse meio, ou seja, se sentir presente no mundo virtual”, pontuou o palestrante, que abordou os aspectos positivos e negativos decorrentes dessa interação no mundo virtual.

Ele detalhou ainda o projeto Inspire da Escola Politécnica da USP, onde é docente, que, em parceria com a Marinha do Brasil, desenvolveu e fabricou ventiladores pulmonares para atendimento a pacientes com covid-19, em meio à crise por falta desses equipamentos no auge da pandemia, em 2020. O protótipo foi desenvolvido por meio de realidade virtual a um custo 15 vezes mais barato do que o modelo convencional.

Marcelo Knörich Zuffo, coordenador científico do Laboratório de Ensaios e Auditoria da ICP Brasil e do Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas da USP e  Dra. Caroline Prado que falou sobre as inúmeras possibilidades no âmbito do acompanhamento farmacoterapêutico em farmacogenética e genômica Marcelo Knörich Zuffo, coordenador científico do Laboratório de Ensaios e Auditoria da ICP Brasil e do Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas da USP e Dra. Caroline Prado que falou sobre as inúmeras possibilidades no âmbito do acompanhamento farmacoterapêutico em farmacogenética e genômica

 *Esse evento contou com o apoio da Unip. 

Renata Gonçalez e Thais Noronha

Departamento de Comunicação CRF-SP

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