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PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 105 - DEZ - 2011 / JAN - 2012

Revista 105 setinha Farmácia Hospitalar


Em defesa do paciente 

Presença do farmacêutico contribui para evitar mortes por erros graves de dispensação em hospitais

No dia 12 de outubro de 2011, uma criança recémnascida em São Paulo teve seus olhos queimados no Hospital do Servidor Público Municipal pelo uso de nitrato de prata com concentração de 50%. O medicamento foi solicitado por uma enfermeira e dispensado por uma técnica de enfermagem, que não atentaram para a questão da concentração. O caso acabou na polícia, e a criança, com danos irreversíveis de visão. Problemas como esse poderiam ser evitados com a presença do farmacêutico em período integral em ambientes hospitalares.

Reprodução
Formulário disponibilizado pela Anvisa aos profissionais de saúde especificamente para notificação de erros de medicação

O problema causado por erros na dispensação de medicamentos em hospitais foi amplamente estudado na década de 90 nos Estados Unidos. Pesquisas realizadas pelo Harvard Medical Practice Study, entre 30.000 altas hospitalares aleatoriamente selecionadas em 51 pitais de Nova York, constataram que em cerca de 3,7% das internações ocorriam eventos adversos causados por medicamentos, sendo 69% atribuíveis a erros de prescrição e dispensação e 27,6% à negligência na administração.

Embora 70,5% desses eventos produzissem danos reversíveis, 13,6% resultavam em morte e 2,6% causavam sequelas irreversíveis, como o caso do recém-nascido em São Paulo. Os índices alarmantes foram fundamentais para determinar uma verdadeira revolução no setor e transformaram a segurança do paciente em prioridade estratégica para o sistema de saúde.

No Brasil, hoje o trabalho está focado na prevenção sistemática de erros e não apenas na correção. Para dr. Gustavo Alves, coordenador da Comissão de Farmácia Hospitalar do CRF-SP, o monitoramento contínuo por parte do farmacêutico é essencial.

No entanto, algumas ações devem ser frequentes, como: cuidados na interpretação da prescrição médica (nomes dos fármacos, dosagens, posologia e forma farmacêutica), cuidado com transcrição de prescrições em ambientes hospitalares, avaliar se o paciente pode usar determinado tipo de medicamento (pode ser alérgico), e especial atenção na identificação dos medicamentos em estoque, principalmente aqueles com embalagens e nomes semelhantes. “O farmacêutico deve agir na busca ativa de reações adversas e no uso correto do medicamento, orientando a equipe de saúde e o paciente. A criação de protocolos de vigilância facilita esta atividade”.

Foto: Panthermedia / Arte: Ana Laura Azevedo
"A diferença entre
um remédio e um veneno
é a dose"
(Paracelso – médico e físico do séc. XVI)
Ele enfatiza ainda que a grande maioria dos medicamentos que causam reações adversas (RAM) deve ser destacada em alertas, tabelas de administração e busca de RAM. Sempre que uma RAM acontecer, é importante comunicar e indicar a melhor forma de manejá-la. “Algumas drogas necessitam deste tipo de monitoramento com maior frequência que outras. O farmacêutico, junto com a equipe médica, elegerá os itens”.

Erros mais comuns 

De acordo com o guia de prevenção de erros nos hospitais, lançado pela American Society of Healthy-System Pharmacists, dos EUA, entre os principais erros de medicação estão a seleção incorreta de medicamentos, a administração fora do horário, administração do medicamento não prescrito/incorreto ou com técnica imprópria de preparo, erro de monitoramento e outros. Dr. Gustavo Alves recomenda que sempre que acontecer qualquer tipo de erro, este deve ser compreendido como um aprendizado. “O erro deve ser visto de forma coletiva e não personalista. O farmacêutico deve criar procedimentos capazes de propiciar intervenções que tragam resolutividade nestas situações.”

Todas as etapas exigem atenção 

Em sua maioria, os erros de medicação são eventos complexos, que envolvem múltiplas etapas, procedimentos e pessoas. Por isso, é necessária uma revisão de todas as fases do ciclo do medicamento para a identificação da cadeia de falhas, quando da investigação de um erro. No portal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, na área de Farmacovigilância, há um formulário específico para notificação de erros de medicação voltado aos profissionais de saúde. As notificações são mantidas no anonimato e podem contribuir para prevenir e minimizar erros semelhantes (www.anvisa.gov.br - Farmacovigilância – Erros de Medicação).

Alguns processos e análises que podem fazer parte de uma investigação

  • Prescrição

  • Avaliação da necessidade e seleção domedicamento correto;

  • Individualização do regime terapêutico;

  • Estabelecimento da resposta terapêuticadesejada.


  • Dispensação

  • Revisão da prescrição;

  • Processamento da prescrição;

  • Mistura e preparo dos medicamentos;

  • Dispensação dos medicamentos de maneira adequada e oportuna.


  • Administração

  • Administração do medicamento corretopara o paciente correto;

  • Administração do medicamento quandoindicado;

  • Informação ao paciente sobre a medicação;

  • Inclusão do paciente no processo de administração.


  • Monitorização

  • Monitorização e documentação da respostado paciente;

  • Identificação e notificação de eventos adversosaos medicamentos;

  • Reavaliação da seleção do medicamento,regime, frequência e duração do tratamento.


  • Sistemas e gerenciamento do controle

  • Colaboração e comunicação entre os responsáveispelos cuidados de saúde;

  • Revisão e gerenciamento do regime farmacoterapêuticodo paciente.

Thais Noronha

Mais informações sobre Farmácia Hospitalar na página da comissão

 

 

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