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PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 105 - DEZ - 2011 / JAN - 2012

Revista 105  setinha Entrevista - Dr. Pedro Menegasso


Respeito ao Farmacêutico

Novo presidente do CRF-SP garante que objetivo principal de sua gestão será melhorar o atendimento e aproximar ainda mais o CRF-SP dos farmacêuticos

Divulgação CRF-SP

Ele ingressou no curso de Farmácia depois de começar dois cursos universitários. Só depois de ingressar na Universidade percebeu os problemas que existiam em relação à profissão farmacêutica. Na época pensou: “Ou desisto ou ajudo a mudar essa profissão”. Foi assim que, há 25 anos, ainda como estudante do curso de Farmácia da Unesp de Araraquara, dr. Pedro Menegasso começou no CRF-SP a atuar em vários momentos importantes. Participou como voluntário das Comissões Assessoras e de Ética, foi conselheiro e diretor.

Em novembro último foi eleito presidente da entidade. Casado, pai de dois filhos, divide seu tempo entre o trabalho no CRFSP e seu emprego como gerente de marketing, e ainda tem disposição para participar de reuniões, viagens, eventos e até para fazer atendimento pessoal aos farmacêuticos. Segredo? “Paixão pelo que faço, paixão por mudar a história da profissão que escolhi”. Em meio ao atendimento de alguns farmacêuticos na Sede do CRF-SP e de documentos que esperavam na mesa ao lado para serem vistoriados e assinados, Dr. Pedro Menegasso falou com a reportagem da Revistado Farmacêutico.

Revista do Farmacêutico - Mais de 20 anos atuando no CRF-SP. É uma vida...

Dr. Pedro Menegasso - Sim, comecei há 25 anos. Era um estudante de Farmácia, preocupado com a escolha que havia feito, apenas pela descrição das matérias, e por não conhecer bem o curso e a profissão.
Ao chegar à faculdade, comecei a perceber que havia me metido em encrenca: aquela profissão era complicadíssima, com perspectivas nada favoráveis.
Diziam que eu teria que tentar arrumar emprego em alguma indústria ou “assinar” uma farmácia para receber uns trocados por fora. Isso, se os trocados não acabassem sendo o salário principal...
Pensei: como vou explicar para minha família que decidi mudar de curso novamente? Não decidi encarar: se a profissão é complicada, vamos mudar isso então.
Foi assim que comecei a atuar nas entidades estudantis e hoje estou no CRF-SP, onde encontrei outras pessoas dispostas a levar uma boa briga pelo fortalecimento da profissão. Participar das atividades do CRF-SP tem sido um aprendizado nesses anos.

RF - O que mudou nesses 20 anos?

PM - Na faculdade, falar em assistência farmacêutica obrigatória era sonho, as pessoas riam. A legislação não era levada a sério. Entre os alunos existia uma cultura muito errada de que a responsabilidade técnica era só um quebra galho, um bico. Eu tive o privilégio de acompanhar aqui, nessa entidade, as pessoas que tiveram coragem de enfrentar isso. Elas nunca desistiram, pois tinham convicção de que era possível mudar essa situação. Hoje já estamos num outro patamar onde essa questão da assistência farmacêutica já está consolidada. O CRF-SP virou modelo nacional de fiscalização. Temos de olhar adiante agora, temos que fortalecer a profissão e fazer com que ela de fato seja reconhecida e respeitada pela sociedade e que a presença do farmacêutico não seja apenas por força da lei, mas pelo que realmente incorpora em termos de organização e segurança ao trabalho dos estabelecimentos farmacêuticos.

Thais Noronha
Atendimento em Osasco em janeiro de 2012: meta é aproximar o CRF-SP dos farmacêuticos

RF - Por onde começa seu trabalho como presidente do CRF-SP?

PM - A primeira coisa é reavaliar tudo. Por ter feito parte das últimas gestões, acredito que sempre há espaço para aperfeiçoar e ampliar as ações e criar novas alternativas. Há atividades que estão sendo bem feitas, mas que sempre podem ser melhoradas. Outras ainda não atingiram o patamar que desejamos, sendo necessária maior atenção. Eu também sempre ouço em minhas viagens e encontros que o CRF deve se aproximar mais do farmacêutico, ouvir suas dificuldades e reivindicações. Decidi fazer isso então. No primeiro dia da minha gestão fui direto para o setor de Atendimento, logo cedo, para ouvir reclamações e sugestões. Com os demais membros da diretoria, decidimos fazer plantões nas Seccionais por todo interior do Estado. Também decidi que toda segunda-feira à tarde, aqui na Sede, vou ficar de plantão para atender os farmacêuticos, falar com eles, ouvir opiniões, sugestões, reivindicações e reclamações.
Então esse é o primeiro projeto,avaliar as atividades e corrigir qualquer rota no sentido de que o CRF-SP se aproxime ainda mais da realidade do farmacêutico. Quero melhorar o atendimento e relacionamento da instituição com a categoria. Pedi inclusive para mudar o slogan “orgulho de ser farmacêutico”, que usamos por muitos anos com sucesso, por “respeito pelo farmacêutico”. E esse respeito começa internamente. Temos de sinalizar isso acima de tudo.

RF -“Tenha Atitude e Faça a Diferença” é o tema do Encontro Paulista de Farmacêuticos deste ano. O que isso significa?

PM - O cumprimento da lei. Isso garante emprego a milhares de farmacêuticos em todo Estado. Só que não será com uma lei que vamos garantir melhores salários. Achar que esses problemas vão se resolver como um passe de mágica, porque alguém aprovará uma nova lei, é coisa de quem está fora da realidade.
Melhores salários e condições de trabalho virão quando a sociedade reconhecer de fato a importância da profissão, quando o farmacêutico for visto pelas empresas como um profissional imprescindível em seus quadros e não como despesa obrigatória na folha de pagamento. Isso passa por uma mudança forte de postura. Já estamos batendo nessa tecla há algum tempo, e agora resolvemos avançar um pouco mais nisso e mostrar para o farmacêutico que não adianta só esperar que alguém faça alguma coisa para melhorar sua situação, ele também precisa se posicionar. Tudo que é imposto em uma sociedade um dia acaba se virando contra a gente. 
É necessário conhecimento, atitude, proatividade no ambiente de trabalho. É fundamental que o farmacêutico exerça sua profissão na plenitude, que se qualifique e que chame para si mais e mais responsabilidades em seu trabalho, seja no setor privado ou público. Isso é atitude, isso é fazer a diferença. Essa é uma injeção de consciência que queremos dar na categoria.

Luana Frasca
Palestra para os farmacêuticos: capacitação é caminho para a valorização profissional

RF - E como o CRF-SP pode ajudar nisso?

PM - Primeiramente cumprindo o seu papel de fiscalizar e exigir melhores condições para o exercício da profissão. Além disso, o CRF-SP oferece muitas possibilidades de qualificação. Só em 2011, mais de 16 mil farmacêuticos participaram de nossos cursos, palestras e eventos. O CRF-SP deve ser hoje a maior instituição de capacitação profissional em Farmácia do país e para os próximos anos faremos ainda mais. Os cursos e eventos são na imensa maioria gratuitos. O farmacêutico tem de aproveitar isso e usar esse conhecimento adquirido para melhorar sua atuação profissional. Outras ferramentas como o portal do CRF-SP, os fascículos Farmácia Estabelecimento de Saúde e o programa de capacitação em vídeo tem sido importantes para ampliar as possibilidades do farmacêutico paulista.

RF - Há farmacêuticos, em especial os recém-formados, que consideram que os conselhos existem apenas para punir e cobrar taxas. A que o sr. atribui essa percepção? 

PM - Essa situação quase sempre tem origem em outro problema grave. Infelizmente, muitas universidades mal conseguem formar tecnicamente os alunos para exercerem a profissão, quanto mais para o exercício da cidadania. Há falhas graves também na formação ética e na orientação sobre a postura profissional. O aluno sai da faculdade mal formado e mal informado. Isso nos preocupa de fato e já trabalhamos na elaboração de algumas ações que pretendemos implantar focadas nos recém-formados e nos alunos de último ano, não só para explicar o que é o CRF, sua importância para a profissão e para a sociedade, mas também para conscientizar sobre a postura que um profissional deve ter. Presenciamos essa falta de postura profissional de vários colegas por exemplo nas últimas eleições, na qual vimos pessoas se comportando em redes sociais de forma lamentável, sem respeito aos colegas e ao nosso conselho. Muito triste ver isso.

RF - O CRF-SP tem valorizado muito a atuação dos voluntários, em especial nas diretorias regionais e nas comissões assessoras. Qual a importância dos voluntários para o CRF-SP?

PM - O trabalho dos mais de 800 voluntários nas nossas Seccionais, nas Comissões Assessoras, de Ética por todo Estado é fundamental para a instituição, porque eles conhecem a fundo os temas que discutem e nos ajudam a pensar novas ações, no aperfeiçoamento das questões éticas, na mobilização dos colegas em todas as localidades. Os voluntários são uma manifestação da vontade coletiva da profissão. Tenho muito orgulho de ver tantos voluntários no Conselho. O trabalho deles é um bom exemplo de ter atitude e fazer a diferença. São pessoas que, ao invés de reclamar, participam e nos ajudam a construir soluções para os problemas.

Renata Gonçalez
Entrevista para a Rede Globo: presença do CRF-SP na mídia contribui para o fortalecimento da imagem dos farmacêuticos

RF - A posse da nova diretoria foi na Assembleia Legislativa do Estado. Isso sinaliza que o CRF-SP pretende ampliar sua ação política em defesa dos interesses dos farmacêuticos?

PM - Somos uma entidade regional e precisamos estreitar nossos laços com as lideranças e autoridades regionais. O CRF-SP é uma grande instituição e tem tamanho suficiente para se fazer notar e respeitar. Queremos ganhar visibilidade e estar próximo aos poderes públicos e representantes da sociedade para que, quando se discutir leis que envolvam o setor de saúde e políticas de medicamentos, os farmacêuticos sejam considerados e consultados. A posse na Assembleia foi um marco importante nesse sentido de ganhar visibilidade política.

RF - Para finalizar, o sr. gostaria de mandar alguma mensagem aos farmacêuticos paulistas?

PM - Importante destacar que os diretores do CRF-SP são farmacêuticos da mesma forma que todos os demais farmacêuticos. Estamos na mesma condição e para que possamos melhorar a atuação do CRF é necessário que os farmacêuticos participem da instituição, que tragam ideias e sugestões e participem do dia a dia do CRF-SP, pois o objetivo principal de nossa gestão é aproximar ainda mais o CRF dos farmacêuticos. Entrevista para a Rede Globo: presença do CRF-SP na mídia contribui para o fortalecimento da imagem dos farmacêuticos Tenho orgulho do trabalho dos voluntários do CRF-SP.


 

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