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PROFISSIONAIS INSCRITOS ATIVOS

CLIPPING - 08/09/2015

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

Governo triplica valor cobrado para registro de novos medicamentos

07/09/2015 - Portal Saúde Business


O Governo Federal anunciou na última quarta-feira (02), na Portaria 701 do Diário Oficial da União (DOU), um reajuste expressivo nos valores cobrados para registro de novas terapias. O maior aumento aconteceu com os medicamentos de referência, cujo tributo passou de R$ 80 mil para R$ 234 mil. Isso afeta justamente a entrada de tratamentos inovadores no País, que ainda não têm versões similares e genéricas.

“Não nos cabe desconhecer as dificuldades orçamentárias vividas pelo setor público e pelo País neste momento, mas é preciso reafirmar, respeitosamente, que o grande problema das taxas está na baixa relação entre os valores pagos e os serviços recebidos”, afirma Antônio Britto, presidente-executivo da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa).

Os medicamentos similares e genéricos também tiveram os tributos de registro reajustados. O primeiro passou de R$ 21 mil para R$ 61 mil e o segundo, de R$ 6 mil para R$ 17 mil. Até o registro de novas vias de administração do medicamento e de novas associações de princípios ativos sofreram reajuste, ambas passaram de R$ 21 mil para R$ 53 mil.

“Temos reconhecido e aplaudido os lentos avanços da ANVISA na revisão de processos e redução de prazos. Entendemos, desejamos e apelamos para que as novas taxas venham acompanhadas de uma firme determinação no sentido de concluir muito rapidamente a agenda de avanços regulatórios, em particular, para pós-registro, transferência de titularidade, prazos de registro de produtos, inspeções nacionais e internacionais”, diz Britto. Os novos valores serão cobrados a partir de 9 de setembro.

Cortes no orçamento

Recentemente, o governo anunciou mais um corte no orçamento previsto para a saúde. No total, os cortes deste ano somam R$ 13,4 bilhões, uma redução de 12%. A medida agrava o subfinanciamento da pasta, reconhecido em muitas ocasiões pelo próprio ministro da Saúde, Arthur Chioro.

Sobre a Interfarma

Fundada em 1990, a Interfarma possui atualmente 56 empresas associadas. Hoje, esses laboratórios são responsáveis pela venda, no canal farmácia, de 82% dos medicamentos de referência do mercado e também por 33% dos genéricos produzidos por empresas que passaram a ser controladas pelos laboratórios associados. Além disso, as empresas associadas respondem por 46% da produção dos medicamentos isentos de prescrição (MIPs) do mercado brasileiro e por 52% dos medicamentos tarjados (50% do total do mercado de varejo).




Lote de remédio genérico para diabetes é suspenso pela Anvisa

04/09/2015 - Folha de S.Paulo / Site


A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou nesta sexta-feira (4) a suspensão de um lote do medicamento genérico cloridrato de metformina, fabricado pela empresa Prati-Donaduzzi. O remédio é indicado para tratamento de diabetes.

A medida vale apenas para o lote 13L829 do produto de dosagem 850 mg, cuja validade vai até novembro de 2015.

Em nota, a agência informa que decidiu suspender o produto após "resultados insatisfatórios" em análise feita pelo instituto Adolfo Lutz. O laudo apontou que os comprimidos tinham manchas irregulares e pontos de cor preta.

A suspensão do uso e comercialização foi publicada no Diário Oficial da União. A empresa deverá recolher todo o estoque do lote no mercado.

OUTRA SUSPENSÃO

A Anvisa também determinou nesta sexta o recolhimento de um lote de outro medicamento genérico da Prati-Donaduzzi pelo mesmo motivo.

Segundo a agência, o lote 13L95F do medicamento metronidazol 250 mg, com validade até dezembro de 2015, também foi reprovado após análise por apresentar manchas irregulares e também na cor preta.

O remédio costuma ser indicado para tratamento de infecções intestinais e na vagina ou pênis.

Procurada pela reportagem, a Prati-Donaduzzi informou, em nota, que já promoveu o recolhimento de todos os remédios dos dois lotes citados na suspensão.

A nota da empresa ainda diz que todos os testes de qualidade realizados "atenderam integralmente às especificações de qualidade atribuídas ao produto, bem como às normas de boas práticas de fabricação exigidas pela Anvisa".

Segundo a indústria, "a ação preventiva" de recolhimento ocorreu por desvios no aspecto dos produtos durante a comercialização. Ainda assim, "em nenhum momento a saúde dos consumidores ficou em risco", afirma. A empresa indica ainda um telefone em caso de dúvidas de consumidores, disponível em horário comercial: 0800 709 9333.




Viagra rosa não existe

06/09/2015 - Folha de S.Paulo


Embora chamado de "viagra feminino", o Addyi (flibanserina), aprovado recentemente pela FDA, agência reguladora americana, é pouco comparável à droga voltada para o público masculino. Primeiro, os resultados são bem diferentes.

No principal estudo que levou à aprovação do Addyi, mulheres que não tomavam o medicamento relatavam ter 2,6 relações sexuais por mês. As que tomaram placebo (ou seja, pílulas sem princípio ativo) relataram 4,2 atos por mês. Já as mulheres que tomaram o medicamento de verdade –uma pílula diária– relataram 5 atos por mês.

Ou seja, a diferença entre o placebo –a mera crença de estar sendo medicado– e a medicação é pequena.

Compare com o Viagra: enquanto 74% dos que efetivamente tomaram o remédio relatavam melhora da disfunção erétil, 27% dos que tomavam placebo tiveram o mesmo resultado.

Além disso, há uma questão metodológica, aponta Álvaro Nagib Atallah, diretor do Centro Cochrane do Brasil, que se dedica à medicina baseada em evidências, e professor da Unifesp.

Havia duas maneiras de saber se as mulheres de fato haviam transado mais: fazendo com que registrassem tudo em um diário ou por um questionário ao fim do período. O primeiro método é obviamente mais confiável, já que o segundo depende da memória da paciente. O problema é que, quando os pesquisadores analisaram os diários, não encontraram uma diferença significativa em comparação com o placebo.

"Mesmo desconsiderando isso e pegando os números relatados pela memória, pense são 30 pílulas ao mês para ter 0,8 relação sexual", diz Atallah. Ele lembra que a droga tem efeitos colaterais como desmaios ou queda da pressão. "Não são os melhores sintomas para quem dirige, opera máquinas, trabalha..."

Além disso, é importante ressaltar que Viagra e Addyi não são medicamentos da mesma classe.

O Viagra não visa aumentar o desejo sexual. Ele apenas leva a ereções por meio da dilatação dos vasos dos corpos cavernosos. Assim, um assexuado que tomar Viagra será só um assexuado com os vasos dilatados. Já o Addyi busca aumentar o interesse por sexo, alterando o equilíbrio de neurotransmissores como noradrenalina e dopamina.

MACHISMO

O Addyi foi recusado duas vezes pela FDA.

A terceira tentativa foi marcada por forte atuação de grupos feministas. Parte dos gastos da campanha de lobby foi financiado pela farmacêutica Sprout, a quem a droga pertence.

Um dos argumentos é que não havia nenhuma droga aprovada voltada para aprimorar a vida sexual feminina, contra 26 medicamentos contra a disfunção masculina.

O Addyi é uma forma de "empoderamento" feminino, disse Sally Grennberg, diretora da Liga Nacional dos Consumidores dos EUA. "É o maior inovação para a vida sexual feminina desde a pílula anticoncepcional."

"É feminismo estranho, que se pauta em falsas esperanças", diz Atallah, para quem a FDA decidiu acuada. "A diferença de efetividade com o Viagra é brutal. Não há nada de machismo aí."

Já para a ginecologista Albertina Duarte, autora de vários livros sobre sexualidade feminina, a indústria ainda não investe em testes que levem em consideração a complexidade das relações para as mulheres.

"Desejo feminino não é só questão física, e o testes têm de refletir isso. Mas isso custa caro. Ainda não existe um interesse, às vezes por uma questão de machismo."

Um outro argumento a favor é que a droga se mostrou segura em vários testes. Ou seja, mesmo considerando que os resultados são pequenos, a recusa da FDA estaria só deixando de dar uma chance a mulheres cuja maior perda potencial seria continuar do mesmo jeito. Até porque um grupo específico de pacientes (10%) relatou grande aumento no desejo, o que significa que, para algumas mulheres, a droga pode ser muito boa. A venda nos EUA começa em outubro. Não há previsão para o Brasil.




Empresas tentam adiar novas taxas da Anvisa

08/09/2015 - Valor Econômico


Associações dos setores de higiene pessoal, cosméticos e perfumes e de produtos limpeza tentam negociar com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) um prazo maior para a implementação das novas tarifas de fiscalização da agência, que passam a ter aumento médio de 190% a partir desta quarta-feira.

A Portaria Interministerial 701/2015, publicada no "Diário Oficial da União" em 2 de setembro, atualiza a inflação acumulada nos últimos anos até o mês de junho de 2015. Segundo a Anvisa, é a primeira vez que o valor é reajustado desde que a agência surgiu, em 1999.

A portaria inclui o aumento de taxas também a outros setores, como farmacêutico, de alimentos e bebidas. Cada um tem a sua especificidade quanto a renovação, atualização ou exclusão de registro. Para a indústria de cosméticos, a licença de autorização de funcionamento é concedida uma vez e não precisa ser renovada. Para empresas de limpeza, a validade é de um ano a partir do deferimento.

A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) disse estar "surpresa e perplexa" com a decisão e enviou carta à diretoria da Anvisa pedindo uma reunião para discutir o assunto. A previsão orçamentária do setor é definida no último quadrimestre do ano e o aumento nas taxas de fiscalização da vigilância sanitária não estava nos planos.

A Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla) pede a implementação gradual do reajuste, com seu início adiado em, pelo menos, seis meses. Afirma que estão em jogo o aumento da informalidade no setor e a redução de lançamentos de produtos.

As duas entidades estimam que o impacto será maior para as empresas de menor porte. Cerca de 95% das companhias formais do setor de limpeza são micro, pequenas e médias. Com receitas mais baixas, sofrem proporcionalmente mais com a elevação das taxas e perdem competitividade para produtos não regulamentados. "Até agosto de 2015 foram regularizados na Anvisa 2.532 empresas, sendo a maioria formada por pequenas companhias criadas a partir da iniciativa de empreendedores individuais", lembra a Abihpec.

"A ausência de proporcionalidade dos valores fixados com o custo dos serviços prestados e de um prazo de implementação adequado poderá gerar desemprego e quebra de empreendimentos [...], bem como uma redução na oferta de produtos para o consumidor", diz carta da Abihpec, assinada pelo presidente João Carlos Basilio.

A associação do setor de limpeza diz que o momento é delicado, com alta de custos e queda de consumo, e acredita que a medida pode agravar a informalidade. Por ano, a perda em arrecadação de impostos é de 9% devido a empresas sem registro. Se a informalidade subir 5%, a queda no recolhimento de tributos subiria a 9,3%. No caso de um aumento de 10% dos negócios informais, a perda seria de 10% em impostos.

Na categoria de água sanitária, que movimenta R$ 1,56 bilhão por ano, a informalidade subiu de 42% em 2001, segundo estudo feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), para 55% neste ano, calcula a Abipla. Entre os motivos estão o custo de regularização e a falta de fiscalização, diz a entidade. Para desinfetantes, a informalidade é de 30,6%; para amaciantes, de 15,2%; para detergente líquido, de 7,7%, segundo estudo da Fipe.

A expectativa do governo é arrecadar, incluindo também o aumento de outras taxas, como a de fiscalização do mercado de valores imobiliários, aviação civil e saúde suplementar, R$ 500 milhões a mais neste ano e R$ 1,4 bilhão em 2016, de acordo com o Ministério da Fazenda.




Fim da enrolação

05/09/2015 - IstoÉ


Em vigor desde a semana passada, a nova tabela de preços da Anvisa pretende acabar com uma velha prática. Como os valores sempre foram baixos, algumas empresas vão à agência pedir registros de produtos que, na prática, jamais pensaram em fabricar. Os pleitos são apenas para aumentar o "portfólio" da empresa e valorizar as suas ações no mercado. As taxas mais realistas também evitará gastos como uma a inspeção internacional que sequer paga o custo da viagem dos técnicos.




O desejo não se resume à pílula rosa

05/09/2015 - Época


Agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, a FDA aprovou no mês passado o primeiro medicamento para tratar a falta de desejo das mulheres. A droga rapidamente ganhou o apelido de "Viagra feminino", mesmo que não tenha o menor grau de parentesco com a masculina. Os remédios para os homens facilitam a ereção ao potencializar a dilatação dos vasos sanguíneos da região do pênis. Eles não tratam a falta de libido, mas atuam na "mecânica" da ereção. Os maiores beneficiados são pacientes que sofrem com dificuldades físicas. Homens que não têm ereção por problemas psíquicos, como ansiedade e medo de falhar, também se beneficiam.

Na busca de um medicamento para as mulheres, os comprimidos masculinos chegaram a ser testados. O efeito foi apenas aumentar a irrigação da região do clitóris, sem melhora significativa do desejo. Hormônios análogos da testosterona, que aumenta a libido, também foram testados. Além dos riscos para a saúde feminina, o resultado ficou a desejar.

A nova pílula feminina, a flibanserina, vendida nos Estados Unidos com o nome de Addyi, está longe de ser um consenso. Em duas tentativas de aprovação anterior, a FDA negou o registro por considerar seu efeito pouco superior ao do placebo e com risco de efeitos colaterais preocupantes. Agora, segundo algumas versões, por pressão do lobby de grupos feministas e, indiretamente, do fabricante, o medicamento foi aceito. Originalmente desenvolvida como um antidepressivo, a fliban-serina parece melhorar os níveis de alguns neurotransmissores que interferem no desejo, como a serotonina e a dopamina. A resposta seria uma melhora da libido.

A FDA aprovou o remédio para uma indicação específica: falta de desejo em mulheres na pré-meno-pausa. Elas precisarão de prescrição médica para comprar o medicamento, que deve ser tomado diariamente. Há possíveis efeitos colaterais, como náusea, sonolência, queda de pressão arterial e desmaios. Ele não deve ser usado com álcool, que pode potencializar os efeitos colaterais.

É bom lembrar que a falta de desejo da mulher, anterior às fases de excitação e orgasmo, é um processo complexo. Para a maioria, talvez apenas um remédio não funcione. Questões emocionais, conflitos com o parceiro, sintomas depressivos, problemas de autoestima e repressão sexual influenciam na vontade de fazer sexo. A descoberta de uma pílula mágica que revolucione a sexualidade feminina está muito longe de acontecer. É melhor conversar com seu ginecologista antes de pensar em importar o medicamento.




Google vai inserir resultados de mais de 900 doenças na sua ferramenta de buscas

07/09/2015 - Canaltech


O Google vem investindo com frequência em serviços para a saúde e pesquisas científicas. Agora, a gigante das buscas anunciou que em breve vai contar com mais de 900 condições de saúde cadastradas na sua ferramenta Knowledge Graph, que fornece informações relacionadas às doenças que podem ser encontradas por uma simples pesquisa no site.

Uma nota oficial redigida por Prem Ramaswami, gerente de produto do Google, a empresa diz que perguntas sobre saúde são as mais buscadas na plataforma, e por isso ela precisa estar alimentada com vários resultados.

Além da inserção das mais de 900 condições de saúde, o Google ainda vai exibir tudo isso em um design melhorado para trazer as informações de maneira mais fácil e rápida. Quando o usuário buscar por uma doença, ele poderá imprimir arquivos em PDF e ter acesso a guias específicas, como "sintomas" e "tratamentos".

Ramaswami também afirma que a empresa está se certificando para incluir doenças tropicais negligenciadas, que se tratam de infecções que afetam mais de 1,5 bilhão de pessoas no mundo, inclusive crianças que vivem em regiões mais precárias. "Achamos que é importante que as pessoas tenham informações sobre estas doenças, como a febre da dengue (que já está inclusa), Chikungunya, e leishmanioses (que será adicionada em breve)", afirma o gerente de produtos.

A empresa finaliza garantindo que o trabalho foi criado com a colaboração de uma equipe de médicos para fazer a curadoria e validação das informações a serem exibidas. "Nós temos tido muitos feedbacks úteis e positivos de nossos usuários e profissionais médicos, e vamos continuar trabalhando para trazer informação de saúde útil para a ponta dos dedos, seja no aplicativo Google ou no desktop", diz.




Máquinas genéticas

07/09/2015 - Correio Braziliense


O código genético carrega as informações que programam o funcionamento de cada organismo vivo, um tipo de máquina mais eficiente e complexa do que qualquer computador construído pelo homem. Com a aproximação iminente do limite evolutivo dos dispositivos feitos de metal, os pesquisadores agora se voltam para essa inteligente engenharia da natureza e buscam usar a matéria-prima da vida para fabricar mecanismos artificiais com grande potencial de processamento e miniaturização. Pesquisas recentes revelam o potencial da nanotecnologia de DNA e mostram como sequências genéticas podem, um dia, ser usadas para o desenvolvimento de supercomputadores e até mesmo de nanorrobôs.

Uma única molécula de DNA tem o poder de guardar mais informação do que qualquer pendrive e é mais compacta do que o mais delicado tipo de transistor já fabricado. Por isso, pesquisadores acreditam que o código genético possa um dia substituir o silício na construção de eletrônicos moleculares. Experimentos mostram que o material genético consegue transmitir pequenas cargas por alguns nanômetros, o que, na teoria, possibilitaria a criação de um nanocircuito programável feito unicamente a partir de moléculas de DNA.

“Esses circuitos têm o potencial de ter um comportamento elétrico e a densidade por dispositivo, isto é, a miniaturização seria muito maior. Quando isso for realizado, sistemas de computação também poderão ser construídos. Eu dediquei a maior parte da minha carreira, até então, para alcançar esse objetivo”, defende Danny Porath, professor de biomedicina molecular na Universidade Hebraica de Jerusalém. Ele demonstrou, no ano passado, as propriedades condutoras de um tipo de sequência artificial similar à que existe nas células humanas e protege o código genético de mutações.

Porath e sua equipe adaptaram o código para criar uma molécula em que todas as fitas são voltadas para a mesma direção, o que facilitaria a aplicação desse material em um dispositivo eletrônico. O transporte de eletricidade do DNA, ressalta o pesquisador, é diferente daquele observado em um semicondutor como o silício. “Um semicondutor normalmente tem duas ou três dimensões, e o seu comportamento é basicamente determinado pelo gap de energia do material. A nossa molécula é um polímero unidimensional”, compara Porath. “O portador da carga, provavelmente elétrons, salta de um lugar para o outro ao longo da molécula, e o comportamento do transporte da carga é basicamente determinado pela forma com que os elétrons se movem ao longo da molécula. Trata-se, de fato, de um caso especial e interessante”, descreve.

Origami

O DNA é o único tipo de molécula que pode ser programada para assumir formas complexas. Por isso, o conceito de um equipamento construído a partir dele fez muito sucesso há cerca de duas décadas. As dificuldades esfriaram os ânimos dos pesquisadores por muitos anos, mas a recente evolução e o barateamento das técnicas de nanoengenharia genética forneceram o tipo de matéria-prima que deu o fôlego para que os cientistas finalmente testassem suas teorias de manipulação e construção a partir de variações artificiais do composto orgânico.

Uma das técnicas que mais têm despertado o interesse de cientistas e investidores é conhecida como origami de DNA, um método que permite a fabricação de máquinas moleculares. Já é possível, por exemplo, programar as sequências genéticas para se dobrarem de diversas formas e assumirem funções específicas. Pesquisas recentes da Universidade Técnica de Munique (TUM) demonstraram o uso da técnica na construção de estruturas complexas e tridimensionais que podem ser controladas a partir de processos químicos, como pequenos motores mais finos que um fio de cabelo.

Armazenamento

Outra linha de pesquisa avança no uso do DNA para o armazenamento de informações digitais. Cientistas trabalham há anos em um código que traduza para a língua dos computadores as cinco letras do alfabeto que representam os blocos que formam uma sequência genética: A, C, T, G e U. O método foi usado para a gravação de livros, imagens e até mesmo arquivos de áudio. As vantagens do material orgânico são claras: uma molécula de DNA artificial pode durar até milhares de anos, além de armazenar até 1 milhão de gigabytes.

Por enquanto, aplicar, medir e combinar as sequências ainda são tarefas complicadas para os engenheiros que pretendem produzir qualquer tipo de equipamento a partir do DNA. Entre os principais desafios que ainda nos separam das máquinas feitas de código genético estão a sintetização de moléculas com determinadas propriedades, longas suficientes ou próprias para a criação de dispositivos híbridos que misturem estruturas genéticas e eletrônicos convencionais.

Mas, aos poucos, o “código do código” tem sido revelado. Nos últimos anos, pesquisadores da Unicamp se dedicam a traduzir o DNA com moledos matemáticos, e já demonstraram que as mutações sofridas por essas moléculas não ocorrem ao acaso: cada mudança seria resultado de uma complexa programação lógica. Os cientistas brasileiros acreditam que, ao descrever esse comportamento, seria possível definir como uma molécula foi há milhões de anos e, inclusive, prever como será no futuro.

Se dominada, a técnica poderia possibilitar a fabricação de nanodispositivos genéticos à prova de falhas. “Essas pesquisas ainda estão na sua infância, mas progridem. Ao determinar a estrutura matemática, você pode fazer o que quiser. Mas, por enquanto, ainda existem limitações”, afirma Reginaldo Palazzo Junior, professor de engenharia elétrica na Unicamp e autor do trabalho que procura descrever as estruturas matemáticas que regem os códigos genéticos, assim como engenheiros conhecem os componentes de um computador. “Essa estrutura é muito similar à tecnologia com que estamos habituados no dia a dia, porém, de uma complexidade e ao mesmo tempo uma simplicidade assustadoras. Esperamos que a engenharia possa ajudar a biologia e que, dentro dessa simplicidade, traga novidades que a gente não conhece ainda”, ressalta Palazzo.




Sensor detecta sinais precoces do câncer

05/09/2015 - Correio Braziliense


O segundo tipo de câncer de mama mais comum no Brasil também chama a atenção pela alta taxa de mortalidade: 15,2% do total de óbitos por tumores em mulheres. Isso porque, segundo especialistas, geralmente é detectado em estágio avançado. Um grupo de pesquisadores da Itália e da Arábia Saudita trabalha para facilitar a descoberta precoce da doença por meio de nanotecnologia. Com o biossensor, garantem, pode-se detectar sinais da doença antes mesmo de ela se manifestar. Detalhes sobre a técnica foram divulgados na edição de hoje da revista Science Advances.

Enzo Di Fabrizio, pesquisador da King Abdullah University of Science and Technology, na Arábia Saudita, e um dos autores do estudo, conta que a inspiração para o dispositivo vem de um avanço na física. “A ideia surgiu quando eu observei que, ao ser criado em uma escala pequena, nanométrica, o campo elétrico pode ser usado para a análise de misturas de moléculas complexas”, explicou ao Correio.

O biossensor tem formato quadrado e é composto por uma variedade de nanoesferas de prata. Para verificar se há no corpo da paciente substâncias ligadas ao câncer de mama, analisa-se o sangue dela. Uma amostra do fluido é colocada sobre o dispositivo, que é iluminado por um laser com comprimentos de onda muito pequenos, menores que um fóton (estrutura considerada uma das menores da física). Dessa forma, dá para fazer uma varredura minuciosa do sangue. “Quando iluminado por um laser de comprimento de onda adequada, o sensor gera um forte campo eléctrico na região, e isso faz com que as moléculas possam ser vistas por meio de um efeito de dispersão”, detalha Fabrizio.

O processo de espectroscopia — análise de substâncias por meio de ondas de luz — permitiu aos cientistas identificarem individualmente aminoácidos presentes no BRCA1, gene que, quando alterado, aumenta as chances de desenvolvimento de tumores na mama e no ovário. “Nossos resultados mostram que o material pode ser analisado de uma forma que a gente compreenda a sua composição e a sua estrutura. O sensor foi concebido, fabricado e utilizado em uma amostra humana e pode ser utilizado para a detecção precoce da doença”, destaca o autor.

Andre Murad, oncologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que a tecnologia faz parte de uma corrente de pesquisa que tem como foco de diagnóstico a análise de proteínas, em vez da observação do DNA da paciente. “Diferentemente dos testes que utilizam a análise de gene, essa alternativa apresentada se chama análise proteômica e busca mutações que ocorrem em uma proteína, como os aminoácidos, substâncias pequenas que caracterizam a doença e podem ser analisadas apenas pela nanotecnologia”, diferencia.

O especialista também explica que a busca por essas substâncias menores torna o processo mais simples. “Na análise genômica, há cerca de 33 mil genes para analisar, sequenciar e encontrar mutações. Quando se busca uma proteína, você procura uma substância específica. É um recurso mais objetivo”, diz.

Para Ruffo de Freitas Junior, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o biossensor proposto pelos cientistas utiliza uma estratégia inteligente e pode auxiliar futuramente até no combate ao câncer de mama. “Trata-se de uma técnica revolucionária. Primeiro, temos o trabalho de detecção com a ajuda do campo magnético, mas podemos pensar nela também em um possível próximo passo: o de tratamento. Poderíamos usar os mesmos recursos para corrigir essa alteração do BRCA 1 e ajudar as mulheres a se livrarem da doença”, cogita o especialista.

Problema nacional

O cenário é praticamente o mesmo quando se avaliam separadamente as regiões brasileiras, segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca). O tumor de mama é o carcinoma que mais mata mulheres no Sudeste (16,2%), no Centro-Oeste (15,8%), no Sul (14,7%) e no Nordeste (14,1%). A exceção fica com a Região Sul (109%), em que o câncer de colo do útero ocupa a primeira posição. A mortalidade também aumenta progressivamente com a idade. Na população feminina com menos de 40 anos, ocorrem menos de 20 óbitos a cada 100 mil mulheres. A partir dos 60 anos, o risco mais do que dobra.

Para saber mais

O drama de Jolie

Em 2013, a atriz norte-americana Angelina Jolie retirou os dois seios com o objetivo de reduzir as chances de desenvolver o câncer de mama. Ela tomou a decisão após ter realizado um exame genético que apontou mutações no gene BRCA 1, aumentando em 87% as chances de desenvolvimento de câncer de mama e em 50% as de câncer de ovário. Neste ano, Jolie também retirou os ovários e as trompas de Falópio. Ela resolveu realizar o exame devido ao histórico familiar da doença: a mãe de Jolie morreu de câncer de mama aos 56 anos; a avó e a tia tiveram a mesma enfermidade.

Financiamento da ciência passa por momento de cautela

05/09/2015 - Folha de S.Paulo


Presidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) desde 2007, Celso Lafer passa o cargo no dia 8 para o físico José Goldemberg.

O ex-ministro das Relações Exteriores e professor de direito da USP afirma que a desvalorização do real –que aumenta o custo das bolsas no exterior– e as incertezas sobre a arrecadação do Estado de São Paulo exigirão cautela do seu sucessor no financiamento de pesquisa científica.

Os projetos já aprovados, porém, devem ser financiados normalmente. Na entrevista abaixo, Lafer trata ainda de casos de fraude ciência, de burocracia e da situação política do país.

Folha - Quais os efeitos da crise econômica na Fapesp?

Celso Lafer - Temos bolsistas no exterior, que recebem em moeda estrangeira. Uma coisa era o dólar no começo do ano, outra agora. O mesmo vale para a importação de equipamentos de pesquisa.

Além disso, há a questão do comportamento da arrecadação do Estado, da qual recebemos 1%. A disponibilidade maior ou menor baliza o nosso processo decisório.

Felizmente, temos um fundo, criado quando a Fapesp surgiu e que conta com o equivalente a vários anos de orçamento. Isso nos dá uma boa margem de manobra, mas é preciso ter o rigor prudencial. Tudo depende de quantos anos a crise vai levar.

Projetos de colaboração internacional, como os da área de astronomia, estão em risco?

É escalonado, os desembolsos se dão ao longo dos anos. Isso permite lidar melhor com a situação. Mas caberá ao meu sucessor ter o devido cuidado quanto a isso.

A Fapesp tem uma limitação dos seus gastos operacionais (5% do orçamento), que servem até para proteger a Fapesp dela mesma. Seria desejável que as universidades estaduais tivessem algo parecido? As folhas salariais, em alguns casos, ultrapassam 100% do orçamento.

É um assunto delicado.

Quando se discutiu a autonomia da universidade, o professor José Goldemberg cogitou uma certa limitação às despesas de custeio ou administrativas, mas isso não ocorreu. Depois veio, no plano mais amplo, a noção de responsabilidade fiscal.

Para investir mais, é preciso buscar ainda fontes alternativas de recursos, no setor privado, junto aos antigos alunos. O orçamento do governo estadual tem limites. Mas eu nunca fui reitor de universidade, no máximo chefe de departamento.

A questão é que, quando uma universidade estadual passa a gastar todo seu dinheiro em pessoal, acaba ficando refém da Fapesp para pesquisar, não?

O que eu diria é que é natural que parte da pesquisa seja financiada pela própria instituição, mas é natural também que ela procure recursos adicionais nas agências de apoio à pesquisa, isso acontece no mundo todo.

A Fapesp tem investido em internacionalização. O governo federal também fez, ao longo dos anos, um movimento grande com o Ciência Sem Fronteiras. Como o senhor compara as duas estratégias?

A premissa do Ciência sem Fronteiras era interessante: seria bom que alunos tivessem experiência internacional.

A questão é como você faz isso. O número de alunos no programa, da ordem de 100 mil, é muito grande. Não há como fazer uma seleção apropriada. Outro problema é este: para onde você vai mandar essa gente? Como é a escolha das instituições?

E naturalmente você tirou recursos da pesquisa para aplicar no programa. Em matéria de eficiência de gasto, você poderia fazer muito melhor do que foi feito.

A Fapesp tem bolsas no exterior. Mas com ênfase nos alunos de doutorado e pós-doutorado, pessoas que têm condições de aproveitar. Sempre de modo compatível com nossa capacidade de seleção, buscando boas universidades.

Além disso, bons programas também trazem gente para cá também. O efeito de irradiação é bastante grande.

Como tem se dado a investigação de casos de fraude científica por pesquisadores que recebem dinheiro da Fapesp?

Inicialmente, a instituição do pesquisador avalia se houve algo errado. Depois o caso vem para a Fapesp. Se há problemas, ele perde o acesso aos nossos recursos. É uma experiência bem sucedida.

Mas pode haver subnotificação e corporativismo, não?

É difícil dizer se há subnotificação. Para evitar [corporativismo], há ainda uma ouvidoria na Fapesp que recebe denúncias anônimas.

Algumas denúncias demoraram anos até terem resposta.

A preocupação nossa sempre foi evitar cometer injustiças. A palavra da Fapesp tem de ser muito ponderada.

Muitos pesquisadores reclamam sobre a burocracia da Fapesp, a necessidade de preencher muitos relatórios.

Naturalmente, aumentou o número de pedidos. O tempo médio de resposta é 60 dias. Houve informatização do sistema, há melhoras.

A Fapesp recebe recursos públicos. Então há um conjunto de regras que precisam ser cumpridas. Não há como não fazer certos procedimentos. As universidades precisam criar centros de apoio para para que cientistas não gastem tanto tempo prestando contas. É um desperdício de tempo que o sujeito que está estudando genética tenha de ficar organizando recibos.

Alguns cientistas também reclamam dos critérios de aprovação dos projetos.

Olha, na Fapesp sempre se pode pedir reconsideração. Há diálogo. É perfeito? Nada é perfeito, mas é um canal.

Há ainda um segundo ponto. Você conhece o livro do [filósofo americano] Thomas Kuhn sobre a estrutura das revoluções científicas? Há um determinado paradigma. O que está fora acaba rejeitado. O maior desafio é saber incorporar o que em um primeiro momento está fora do paradigma.

Veja um exemplo: quando eu comecei a estudar, direito internacional era uma "perfumaria jurídica". Hoje é um assunto muito pertinente. Isso acontece em todos os campos do conhecimento.

Para terminar, eu queria saber qual a análise do senhor sobre a situação política do país.

A queda da popularidade é ruim, mas a perda de credibilidade é pior. Vou recorrer ao economista Frank Knight e sua distinção entre risco e incerteza. O risco você precifica, ao contrário da incerteza. A incerteza leva à paralisia.




Sem plano de saúde, mas com alguns direitos

06/09/2015 - O Globo


Quando as operadoras ficam em dificuldades, clientes como Antônio Verardi (foto) sofrem as consequências Aos 65 anos, o professor Antônio Verardi é conveniado da Unimed Paulistana pelo Sindicato dos Professores do estado de São Paulo. Desembolsa cerca de R$ 850 por mês para garantir o seu plano de saúde. Com uma idade em que começa a usar mais os serviços médicos e, por isso, deixa de ser um cliente desejado pelas operadoras, Antônio recebeu a notícia de que a Unimed Paulistana deixará de existir dentro de aproximadamente 30 dias. A determinação veio da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), por causa dos problemas financeiros e administrativos da operadora, e deixou inseguros Verardi e os demais 744 mil clientes da empresa.— Apesar de a ANS dizer que a Unimed é obrigada a me atender, sei que este mês não vou conseguir, será simplesmente impossível. A rede credenciada deles caiu, e eles estão oferecendo atendimento basicamente no hospital deles, que vai ficar lotado, com fila de espera enorme. Fora que a Unimed não aceita pedidos de exames que não sejam feitos por um prontuário próprio deles. Quando continuei com os meus médicos que tinham se descredenciado, tive de brigar para que o plano aceitasse fazer exames pelo convênio. A regra é não cobrir — conta.

A incerteza vivida por Verardi é menos excepcional do que se imagina. A crise financeira que atinge o país colocou outras milhares de pessoas em situação similar, por causa da perda do emprego, que leva junto o plano de saúde. O mesmo acontece na hora da aposentadoria. A saída de uma operadora de plano de saúde do mercado também não é tão incomum. De fevereiro até agosto, a ANS lista 34 operadoras em fase de “portabilidade extraordinária.” Isso acontece quando a empresa terá suas atividades encerradas. O mecanismo existe para que o cliente faça uma portabilidade para outra operadora, que terá de aceitá-lo sem exigir prazo de carência. Mesmo com a existência desse mecanismo, especialistas ouvidos pelo GLOBO afirmam que o fim de uma operadora pode significar grande dor de cabeça para os clientes.

O sindicato de Verardi, por exemplo, decidiu se antecipar. Antes mesmo da determinação da ANS pela transferência da carteira de clientes, a entidade enviou correspondência aos beneficiados oferecendo a migração para outra operadora, pelo sistema de coparticipação. Nele, o consumidor paga um valor para cada consulta ou procedimento médico realizado.

Por ora, a migração ocorre simplesmente pela portabilidade, direito garantido a todo consumidor. Esta opção, porém, nem sempre pode ser a melhor, de acordo com o advogado especialista em direito do consumidor do escritório Emerenciano, Baggio e Associados Vinícius Zwarg:

— Ele precisa analisar se terá melhores condições saindo pela portabilidade, ou se é melhor esperar por uma venda da carteira.

SÓ PARA QUEM PAGA PARTE DA MENSALIDADE

Em caso de venda , a nova operadora é obrigada a manter os mesmos parâmetros do contrato antigo, inclusive o preço. Enquanto isso, na portabilidade, seja ela a comum ou a extraordinária, o cliente escolhe um novo plano, mas ele precisa ser semelhante ao anterior e ter uma faixa de preço igual ou inferior. A compatibilidade entre planos pode ser checada no Guia da ANS de Planos de Saúde.

— Tendo a acreditar que a melhor solução seja a portabilidade extraordinária — avalia Zwarg. — É muito difícil a operadora que compra a carteira manter o mesmo padrão de atendimento.

Verardi diz que os clientes da Unimed Paulistana já vinham percebendo a ameaça de fechamento da operadora, por causa do encolhimento da rede credenciada. Ele conta que, dos seis médicos com os quais se trata, cinco deixaram de aceitar o plano. A dificuldade de atendimento é o que mais costuma causar problemas em situações assim, dizem especialistas. Quem se sentir lesado deve procurar o Procon local, a ANS ou entrar com um processo contra a operadora.

Por determinação da ANS, até que seja concluída a transferência da carteira, a Unimed Paulistana é responsável pelo atendimento e não poderá cancelar exames ou consultas já agendados, tampouco recusar o agendamento de outros procedimentos. Já os clientes devem manter seus pagamentos normalmente.

Para quem ficou sem plano de saúde porque se aposentou ou foi demitido, a Lei dos Planos de Saúde garante a permanência no plano coletivo por um determinado período, desde que o trabalhador tenha contribuído mensalmente para pagar o plano e arque integralmente com a parcela antes parcialmente bancada pelo empregador. Contribuições esporádicas vinculadas à realização de consultas ou procedimentos médicos não são consideradas contribuição, e sim coparticipação.

No caso dos demitidos sem justa causa que contribuíam para o plano coletivo, o período de permanência é de um terço do tempo trabalhado na empresa, limitado a um mínimo de seis meses e o máximo de dois anos. Vale inclusive para os dependentes segurados antes. Empregados que pedem demissão perdem esse direito, bem como os demitidos que arranjam novo emprego.

— Se a pessoa é demitida, ela pode ficar um tempo máximo de dois anos dentro do plano de saúde da empresa, mas vai ter de pagar a mensalidade integral — afirma o advogado especializado em direito à saúde do escritório Vilhena Silva Advogados Rafael Robba.

Para quem se aposenta, a regra é diferente. Caso a pessoa tenha contribuído com plano coletivo por pelo menos dez anos, terá direito a permanecer como cliente pelo tempo que quiser, desde que pague a mensalidade total. Quem contribuiu para o plano empresarial por um prazo mais curto poderá se manter associado pelo mesmo número de anos que ficou pela empresa. Ou seja: um aposentado que tenha ficado seis anos na empresa contando com plano de saúde terá direito a continuar como cliente por mais seis anos. O problema, segundo especialistas, é que muitas vezes a regra é omitida pelas operadoras.

— Muitas vezes, a empresa não informa que a pessoa tem esse direito. A partir do momento em que ocorre a demissão ou a aposentadoria, a empresa tem de comunicar por escrito esse direito. O cliente tem 30 dias para decidir se quer ou não permanecer no plano — explica Robba.

Segundo Zwarg, muitas operadoras transferem o cliente aposentado para uma carteira formada só por pensionistas, em vez de mantê-lo na carteira da empresa na qual trabalhava. Com isso, o cliente acaba migrando para um plano com benefícios e cobrança diferentes do que tinha anteriormente. A medida, ilegal, deve ser notificada ao Procon ou à ANS.

O QUE DIZ A EMPRESA

Em nota, a Unimed Paulistana informou que parte da rede credenciada vem adotando “atitude abusiva e unilateral, suspendendo, deliberadamente, os atendimentos aos seus usuários .” A empresa afirma que, a fim de continuar prestando atendimento ao usuário, vem adotado medidas administrativas e judiciais. “Sentimos imensamente que nossos usuários estejam sendo recusados em hospitais que são credenciados e possuem contratos com a Unimed Paulistana. O foco da empresa é o de sempre oferecer um serviço de saúde com qualidade. Além disso, lembramos que a Unimed Paulistana teve decretada a alienação de carteira e não sua falência ou liquidação, ou mesmo ‘quebra’, e os boatos neste sentido apenas agravam o relacionamento com os prestadores de serviço.”




Câncer, um inimigo pré-histórico

06/09/2015 - Correio Braziliense


Ainda hoje, há quem chame de “doença nova”. Mas essa é uma enfermidade que aflige o homem desde quando sequer havia palavras para descrevê-la, e feitiços e encantamentos eram as armas que se tinha para lutar contra ela. O câncer, uma série de moléstias caracterizadas pela multiplicação anormal de células, acompanha a vida na Terra — a mais antiga evidência de um tumor maligno data de 350 milhões de anos e foi detectada no fóssil de um peixe. Em seres humanos, um neandertal de 35 mil anos, encontrado em Stetten, na Alemanha, é, até agora, o primeiro paciente oncológico diagnosticado.

A área da paleoncologia é recente. Foi criada na década de 1980 por um grupo de médicos egípcios e gregos, nacionalidades com tradição milenar no tratamento de câncer. Papiros dos tempos dos faraós e textos da época dos grandes filósofos traziam indicações de como lidar com a doença (veja quadro nesta página). O interesse dos oncologistas nas pesquisas históricas sobre tumores malignos vai além da curiosidade. A ideia é de que, do passado, surjam pistas a respeito do desenvolvimento de um mal que ainda espera para ser decifrado.

Nos últimos anos, técnicas de imagem mais sofisticadas têm permitido detectar diversos tipos de câncer em múmias e humanos fossilizados. Há uma semana, cientistas do Centro Senckenberg de Evolução Humana e Paleoambiente da Universidade de Tübingen, na Alemanha, anunciaram a descoberta do mais antigo caso de leucemia que se tem notícia. Usando tomografia computadorizada de alta resolução, eles detectaram indícios da doença em um esqueleto de 7 mil anos pertencente a uma mulher que morreu com 30 a 40 anos.

“Nós examinamos muitos ossos do esqueleto e constatamos uma perda incomum no interior do tecido ósseo, no úmero superior direito e no esterno”, contou, em nota, Heike Scherf, cientista que integra a equipe do Centro Senckenberg. De acordo com Scherf, esses ossos contêm células-tronco hematopoiéticas, aquelas que darão origem às células sanguíneas; e, neles, a leucemia pode surgir. Ao comparar o úmero da paciente do neolítico ao de 11 indivíduos escavados no mesmo sítio arqueológico, os cientistas observaram que apenas o esqueleto da mulher apresentava a deformidade. Após descartar outras moléstias, concluíram que estavam diante de um caso de leucemia, embora não possam afirmar se a paciente morreu em decorrência do câncer.

Dificuldades

Em cerca de três décadas de estudos nessa área, ainda há poucos achados consistentes, apesar de já terem sido encontradas evidências de tipos variados da doença, como próstata e mama. Uma limitação é o próprio processo de decomposição do organismo. “Quando você tem uma lesão óssea, ela é conservada. Mas as partes moles se degeneram. Nas múmias e nos fósseis, podem se conservar vestígios de fraturas, calos ósseos e neoplasias ligadas aos ossos. Já os tumores de órgãos se desfazem”, esclarece o doutor em patologia anatômica Carlos Alberto Basilio de Oliveira, acadêmico da Academia Nacional de Medicina.

O diretor da Sociedade Brasileira de Patologia, Ricardo Artigiani, lembra que, no caso das múmias, os produtos químicos utilizados no embalsamamento também atrapalham a busca por tumores. “Mesmo as que não tinham os órgãos retirados ficaram muito alteradas pelos processos de conservação e pelo tempo. Em princípio, seria possível tentar analisar o DNA do tumor de uma múmia para chegar a algum diagnóstico de câncer, mas isso dependeria muito do estado de preservação dos tecidos”, observa.

De fato, até hoje, foram feitos apenas três relatos científicos de cânceres diagnosticados a partir da análise das células de múmias. Um na década de 1990, encontrado nos restos mortais de uma criança peruana que sofreu um raro tipo de câncer do sistema musculoesquelético. Os outros dois eram de carcinomas do reto que atingiram um cidadão egípcio do século 3 ou 4 a.C., e Ferrante I de Aragão, rei de Nápoles no século 13.

Está se certificando para incluir doenças tropicais negligenciadas, que se tratam de infecções que afetam mais de 1,5 bilhão de pessoas no mundo, inclusive crianças que vivem em regiões mais precárias. "Achamos que é importante que as pessoas tenham informações sobre estas doenças, como a febre da dengue (que já está inclusa), Chikungunya, e leishmanioses (que será adicionada em breve)", afirma o gerente de produtos.

A empresa finaliza garantindo que o trabalho foi criado com a colaboração de uma equipe de médicos para fazer a curadoria e validação das informações a serem exibidas. "Nós temos tido muitos feedbacks úteis e positivos de nossos usuários e profissionais médicos, e vamos continuar trabalhando para trazer informação de saúde útil para a ponta dos dedos, seja no aplicativo Google ou no desktop", diz.




Técnica fortalece coração de idosos

07/09/2015 - Correio Braziliense


Uma técnica minimamente invasiva tem diminuído a mortalidade e aumentado a qualidade de vida de pacientes com estenose na valva aórtica. Valvopatia mais comum entre os idosos, com prevalência estimada de 5% para aqueles com mais de 75 anos, a estenose provoca dor no peito, desmaio e falta de ar. A partir do início desses sintomas, a sobrevida média é de dois a três anos. O tratamento exige a troca da válvula, ou valva, uma cirurgia complicada nessa faixa etária. Mas, com o implante de valva aórtica transcateter, chamado Tavi, os riscos são minimizados.

A incorporação do procedimento no Sistema Único de Saúde (SUS) foi discutida, no mês passado, na Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal. Segundo Marcus Bolívar Malachias, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Cardiologia, trata-se de uma tecnologia inovadora, que requer uma preparação minuciosa e a participação de um grande número de profissionais, além de equipamentos especializados. “É uma perspectiva de tratamento, principalmente para pacientes idosos, que, até então, não tinham qualquer alternativa, exceto a cirurgia aberta, com maior risco e elevada mortalidade”, explica o professor da Faculdade de Ciências Médicas. Até que as equipes conquistem experiência, a realização do Tavi exige a participação de experts atrelados aos fornecedores dos implantes.

André Luís Fernandes Nogueira, responsável técnico pelo Instituto do Coração de Ubá, em Minas Gerais, explica que o tratamento padrão para pacientes com estenose aórtica é a cirurgia de troca da válvula, promovendo um aumento no tempo de vida e amenizando os sintomas. “Mas o risco cirúrgico, principalmente relacionado à idade e a doenças associadas, torna uma boa parte desses pacientes inelegíveis para esse tipo de tratamento”, lamenta. Como alternativa, existia a valvoplastia por balão, que é uma abertura da valva por meio de um cateter com balão. “Mas é um procedimento muito restrito devido à alta mortalidade”, observa o cardiologista e ecocardiografista.

O implante de valva aórtica transcateter é feito desde 2002 em pacientes de alto risco ou inoperáveis para cirurgia aberta. No Brasil, a técnica começou em 2008. O cardiologista intervencionista Lucas Lodi Junqueira, coordenador da Sala Híbrida do Hospital Mater Dei Contorno, em Belo Horizonte, ressalta que a técnica, a princípio, era indicada apenas a pacientes de estenose valvar aórtica grave com alguma contraindicação cirúrgica, o que mudou com o desenvolvimento de dispositivos mais modernos, hoje na terceira geração. “As indicações foram ampliadas, passando a abranger também aqueles pacientes com alto risco cirúrgico”, explica.

Tipos

Há dois modelos de próteses transcateter disponíveis no mercado: uma expansível por balão e recoberta por pericárdio bovino; a outra, autoexpansível e recoberta por pericárdio de porco. Geralmente, o Tavi é feito por via transfemural (pelo fêmur). Nos casos de impossibilidade, a alterativa é o transapical (pela ponta do coração). Segundo o cardiologista intervencionista Marco Antônio Perin, à frente do Centro de Intervenção Cardiovascular do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, se o paciente tiver lesões vasculares, vasculopatia periférica ou artéria femural com calibre menor que 6 milímetros, não é possível fazer via femural. Algumas doenças, como a aorta em porcelana, resultante de uma grande calcificação da valva, também exige que o procedimento ocorra pelo coração.

A estenose aórtica grave gera altos custos ao SUS, onde a única terapia prevista é a valvuloplastia aórtica com cateter balão. Segundo Lucas Lodi, apesar da nossa maior prevalência da doença em relação à América do Norte e à Europa, o número de Tavis ainda é muito aquém do desejado. “Para esses pacientes, não existe outro procedimento substituto, mas, devido ao alto custo, ela não é autorizada nem pelo SUS nem pela maioria dos planos de saúde suplementar. Infelizmente, a grande maioria dos procedimentos feitos no país foi autorizada por meio de liminares judiciais”, lamenta.

Enquanto tenta-se ampliar o acesso à técnica, novidades são experimentadas em outros locais do mundo. Segundo Perin, é possível fazer a substituição da valva pulmonar, uma das quatro válvulas do coração, mas o procedimento ainda não chegou ao Brasil. A substituição da valva aorta é a mais recente aqui. Já o procedimento chamado valve-in-valve, indicado para a valva mitral, ocorre há mais de 20 anos. Nesse caso, o paciente tem uma valva operada ou uma prótese mal funcionante, sendo necessário colocar uma valva dentro de outra.




Por uma gestação ensolarada

08/09/2015 - Correio Braziliense


A recomendação do banho de sol vem nas primeiras consultas com o pediatra. Para proteger o recém-nascido da icterícia, orienta o médico. Mas a relação entre o contato com os raios solares e a calmaria na maternidade deve começar bem antes: quando a mulher decide ter um filho. Não são poucas as evidências científicas de que a carência de vitamina D pode comprometer negativamente a gestação e os primeiros anos de vida dos bebês. E 90% do composto orgânico presente no corpo humano surge em decorrência de um processo biológico desencadeado pela exposição à luz solar.

“Sabemos que a vitamina D age em todo o aparelho reprodutor feminino, nas trompas, na musculatura do útero, nos ovários. Existe uma influência sobre o sistema reprodutivo, mas ainda não se descobriu toda a magnitude dela”, diz Vinicius Medina Lopes. O ginecologista do Instituto Verhum, porém, conseguiu detectar a vastidão da falta do composto orgânico entre as mulheres em idade fértil do Distrito Federal: 81% delas têm quantidade abaixo do recomendado. Dessas, 32% estão em quadro de carência considerado crítico, que demanda suplementação (veja arte).

Fruto de tese de mestrado defendida em julho na Universidade de Brasília (UnB), o levantamento inédito mostra ainda que o problema acomete igualmente as inférteis e aquelas não têm problema para engravidar. A taxa de participantes com deficiência de vitamina D foi de 30,2% e 35%, respectivamente. Ao todo, foram avaliadas 369 mulheres que tinham entre 21 e 47 anos, sendo que 232 sofriam de infertilidade. “A hipovitaminose é uma epidemia em todo o mundo. O estudo mostrou que esse problema acontece também em Brasília, ou seja, as mulheres em idade fértil fazem parte do grupo de risco”, diz Lopes.

O ginecologista conta que a constatação científica mais forte é a de que a taxa de gravidez é maior entre mulheres com níveis normais de vitamina D. Em uma revisão de artigos sobre o tema, Marilyn Urrutia Pereira, professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, apontou outras complicações. “Estudos recentes enfatizam a importância de papéis não clássicos da vitamina D na gestação e na placenta, e relacionam a deficiência na gravidez à pré-eclampsia, à resistência à insulina, ao diabetes gestacional, à vaginose bacteriana e ao aumento da frequência de parto cesáreo”, enumerou a pesquisadora em artigo divulgado na Revista Paulista de Pediatria. Na análise, ela levou em conta publicações dos últimos 20 anos.

Marilyn Urrutia Pereira cita um estudo prospectivo publicado no The Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism e liderado por Anne Merewood demonstrando que o parto cesáreo é quatro vezes mais comum em mulheres com deficiência de vitamina D quando comparados às com taxas normais do composto. Ela pondera, porém, que essas relações são todas observacionais e conflitantes. “Muitos outros fatores vão influenciar o risco de cesariana, como a preferência do médico e a preexistência de morbidade. A diabete materna, por exemplo, é muito comum quando há deficiência dessa vitamina”, justifica em entrevista ao Correio.

Nova rotina

É consenso, porém, entre os especialistas que, para chegar a taxas saudáveis do composto orgânico, precisa-se mudar um hábito enraizado às preocupações da vida moderna: a proteção excessiva à luz natural. “As pessoas saem com filtro solar mesmo em dias nublados”, critica Henrique de Lacerda Suplicy, professor da Universidade Federal do Paraná. O também endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) ressalta que adultos e crianças não devem deixar de se proteger do câncer de pele, mas também precisam estar atentos aos exageros. “Todos os extremos são errados. Existe hoje uma certa neurose no mundo por conta da exposição ao sol.”

Um estudo conduzido por Jennifer Hilger, da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, indicou a prevalência de deficiência de vitamina D em 37,7% da população de 44 países, incluindo o Brasil. Ao todo, foram consideradas cerca de 168 mil pessoas no trabalho de revisão de 195 pesquisas. Segundo Vinicius Medina Lopes, a literatura médica é escassa quanto à avaliação da prevalência da hipovitaminose D no Brasil. “Os médicos começaram a pedir o exame (que mede a quantidade do composto) há pouco tempo”, diz. “Mas não há dúvidas de que o sol é o melhor remédio. Até mesmo nos casos mais graves, quando se prescreve a suplementação, o resultado vem mais rápido quando a pessoa também tem contato com a luz natural”, garante.

Barreiras

A estimativa é de que o uso de filtro solar com fator de proteção superior a 30 reduza a síntese de vitamina D na pele em pelo menos 95%. O envelhecimento também diminui a capacidade cutânea de produção do composto orgânico, assim como danos epiteliais provocados por queimaduras e pela poluição atmosférica.

Ruim também para os homens

Há suspeitas de que a falta de vitamina D interfira na infertilidade masculina. Cientistas detectaram em estudos com humanos a presença dos receptores do composto nos testículos, na próstata, na vesícula seminal e nos espermatozoides. No caso do sêmen, um estudo com 300 pacientes conduzido por Martin Blomberg Jensen, da Universidade de Harvard (EUA), mostrou uma correlação positiva entre a concentração sanguínea do composto e a mobilidade espermática. No mesmo estudo, a adição in vitro da vitamina D induziu à elevação da agilidade do esperma, entre outros benefícios.Trabalho da Universidade Médica de Graz, na Áustria, indicou que a substância também aumenta os níveis de testosterona em homens e, consequentemente, o desejo sexual. Os cientistas chegaram à conclusão após analisar 2.299 participantes.

Rastreamento de câncer só é oferecido em 8 Estados

08/09/2015 - O Estado de S.Paulo


Exame importante para rastreamento e acompanhamento de pacientes com câncer, o PETCT só está disponível hoje em oito Estados brasileiros,conforme os dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do Data sus. A tecnologia começou a ser oferecida na rede pública no ano passado para quatro tipos de tumor – pulmão, colorretal, linfoma hodgkin e não-hodgkin – e com a promessa do Ministério da Saúde de que o equipamento estaria disponível em 21 Estados.

O número de aparelhos do tipo existentes hoje no SUS até chega perto desse número, mas a distribuição desigual pelo País faz com que o exame esteja disponível para poucos. São 19 equipamentos distribuídos entre Bahia, Minas, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte,Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, onde estão localizadas oito máquinas. Nenhum Estado de Norte e Centro-Oeste tem a tecnologia.

Presidente da Oncoguia,organização não-governamental de apoio a pacientes com câncer, Luciana Holtz explica que os próprios gestores de saúde de localidades sem o exame não sabem lidar com o paciente que precisa passar pelo procedimento. “Já teve secretaria de saúde ligando para a gente para saber o que fazer. Não adianta dizer que está disponível na rede pública e não garantir o acesso universal e igualitário”, afirma.

Moradora de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, a dona de casa Rosemeire Alves Campos de Oliveira,de 48 anos, foi informada pelo próprio médico que, embora ela tenha a necessidade de um PET, o SUS local não poderia oferecê-lo. Diagnosticada com câncer de pulmão em março deste ano, a paciente recebeu o encaminhamento para pagar o exame em uma clínica particular.

“O médico me disse que, se me desse um encaminhamento do SUS, eu entraria na Justiça, obrigando o hospital a pagar, e ele ficaria ‘queimado’ lá. Foi quando minha família e uns conhecidos fizeram uma vaquinha”, conta ela.

Com a participação de parentes,amigos e vizinhos,Rosemeire conseguiu juntar os R$ 4 mil necessários para fazer o exame na rede particular, mas, daqui a dois meses, terá de passar por um novo exame do tipo e não sabe o que fazer. “Eu não tenho cara para pedir dinheiro para mais ninguém.E eu e meu marido ganhamos R$ 2 mil. Não dá para pagar”, afirma. Segundo a dona de casa, o exame será imprescindível para saber se a quimioterapia está funcionando.

Agressividade. “O PET é importante porque consegue não só ver o tamanho do tumor, mas a sua atividade metabólica, ou seja, sua agressividade, além de fazer um rastreamento no corpo inteiro para ver possíveis metástases”, explica Eduardo Nóbrega Pereira Lima, diretor do serviço de medicina nuclear e PET do A.C. Camargo Câncer Center, primeiro hospital a oferecer o procedimento no Brasil, em 2001. Hoje, a unidade faz 350 exames do tipo por mês, dos quais 10% são pacientes do SUS,atendidos por meio de convênio com a rede pública.

O Ministério da Saúde informou que o SUS oferece outras tecnologias de imagem utilizadas para diagnóstico do câncer e para definição de sua localização e extensão (estadiamento), entre eles radiografia, mamografia,cintilografia,ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética.

A pasta não informou como um paciente com indicação de PET deve proceder se o aparelho não estiver disponível em seu Estado.

Sobre o caso de Rosemeire, a Secretaria Estadual da Saúde de Mato Grosso do Sul informou que Campo Grande está habilitada pelo ministério para a realização de PET-CT por meio de um convênio entre a secretaria municipal e uma instituição particular, mas disse que o caso de Rosemeire está sendo acompanhado pelo município. A Secretaria da Saúde de Campo Grande não respondeu aos questionamentos da reportagem.




Unimed Paulistana

07/09/2015 - O Estado de S.Paulo


A recente decisão daAgência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), determinando o prazo de 30 dias para a Unimed Paulistana vender sua carteira de clientes,éomelancólicofimdeuma história que termina triste.

A Unimed Paulistana acabou mal porque anos atrás cometeu equívocos que resultaram num passivo que foi crescendo e que ela não conseguiu administrar ou reverter. Assim, ela não é a primeira vítima da crise que assola o Brasil e que pode, ao longo dos próximos meses, causar estragos de monta.

Gestão. O problema da Unimed Paulistana é de gestão.

E resultou num passivo tributário difícil de ser enfrentado que, somado à falta de caixa que foi atingindo a organização, acabou comprometendo sua capacidade operacional.

Com a operação periclitante, pagamentos interrompidos ou adiados, dificuldades para a autorização dos procedimentos cobertos, negativas imotivadas, demora na resposta aos clientes e descumprimento de seus compromissos, a operadora passou a ser alvo da desconfiança do mercado, especialmente dos prestadores de serviços, que foram suspendendo o atendimento ou a descredenciando do rol de planos de saúde atendidos por eles.

Alguns negócios dependem da confiança dos envolvidos. Os planos de saúde privados estão entre eles.É fundamental que o segurado confie no plano, da mesma forma que os prestadores de serviços. Quando a confiança sofre algum abalo, é indispensável a imediata solução do problema,inclusive, se for necessário, com ampla divulgação do resultado positivoda ação saneadora.

A Unimed Paulistana caiu na boca do povo, se reergueu, prometeu, fez que ia, não foi, caiu de novo, a ANS se mexeu,foi lá,apurou, interferiu na gestão, saiu, quando parecia que ia, voltou a pipocar, e assim sucessivamente, até a decisão que determinou a transferência das carteiras.

Não tinha como a ANS continuar postergando a decisão, sob o risco de causar dano maior a todo o sistema. A Unimed Paulistana não conseguia mais fazer frente a seus compromissos.

E o duro é que, pela composição de seu passivo, vários prestadores de serviços irão amargar prejuízos em função da sua saída do mercado.

E a situação não é confortável para os segurados também. Imaginar que nos próximos 30 dias eles encontrarão aceitação com base no seu plano de saúde privado é acreditar em Papai Noel. Ou será que alguém imagina que um hospital irá internar alguém que necessita de um tratamento complexo com base na promessa de pagamento futuro da Unimed Paulistana? Vale lembrar que os pacientes internados não podem ser dispensados nem ter o atendimento suspenso. Numa situação de insolvência do pagador, como exigir que alguém preste serviços, sabendo que não irá receber? De outro lado, a ANS recomenda aos segurados da Unimed Paulistana que continuem pagando seus planos, porque, se suspenderem o pagamento,correm o risco de não serem transferidos quando da venda da carteira.

É aí que surge a dúvida. Quem disse que a Unimed conseguirá vender suas carteiras em 30 dias? E se não vender, como fica? Informações confiáveis dão conta de que as autoridades e o mercado estão buscando uma solução que cause o mínimo de danos para os segurados da Unimed Paulistana, mas, se isto vai acontecer ou não, é outra conversa e o segurado tem todo o direito de duvidar. Então, como fica? Paga ou não paga? A Unimed Paulistana tem perto de 740 mil segurados. A maior parte é segurada através de planos coletivos que, teoricamente, são mais fáceis de serem transferidos.

Acontece que nenhuma operadora consciente vai adquirir estes planos no escuro e pode ser que, feita a análise, cheguem à conclusão de que, com os respectivos desenhos, são inviáveis ou antieconômicos.

Além disso, a maioria das grandes operadoras deixou de atuar com planos individuais. Como ficam estes segurados? Mesmo que não seja uma ameaça sistêmica – e não é! – o dano à imagem está feito. Muita gente pode sofrer as consequências e ficar semplano de saúde privado na hora da necessidade.

É aguardar pra ver.




Mendelics coloca testes genéticos no radar brasileiro

07/09/2015 - O Estado de S.Paulo


Em três anos, a Mendelics, especializada em sequenciamento genético, tornou-se referência nacional. Em 2012, quando a startup foi fundada por três médicos egressos do Albert Einstein, Hospital das Clínicas e Laboratório Fleury e um bioinformata (programador de dados biológicos), a Mendelics recebeu um aporte de R$ 10 milhões do executivo Laércio Cosentino, da Totvs. Este ano, teve outra injeção de R$ 22 milhões do fundo de venture capital BBI, que foca em saúde. “Conseguimos reduzir muito o preço de testes genéticos no País ao criarmos um software capaz de interpretar 20 mil genes”, disse David Schlesinger, presidente e um dos fundadores da empresa.

A Mendelics foi vencedora do prêmio MIT (Massachusetts Institute of Technology) de inovação no ano passado. Qual é o foco da empresa? Começamos com teste genético, que chegava a custar até R$ 50 mil (dependendo do caso) e só era realizado no exterior. Hoje, fazemos aqui na Mendelics e custa até US$ 2 mil. Esses testes são capazes de identificar doenças raras e indicar o tratamento adequado, além de exames que identificam tumores.

Fizemos 90% do sequenciamento genético do País em 2014. Começamos a fazer também exames de pré-natal não invasivo que pode identificar doenças cromossômicas, como a Síndrome de Down.

Os custos caíram para o paciente?

No caso do pré-natal não invasivo, o custo é entre R$ 3 mil e R$ 4 mil. Aqui, sai por R$ 1.490 (pode ser parcelado em 10 vezes). Testes específicos (menos complexos) custam R$ 1.490. Outra diferença é que os resultados de testes genéticos têm um prazo de 4 a 6 meses.

O nosso é em até 60 dias.

A empresa tem acordos com laboratórios e planos de saúde?

Temos laboratórios cadastrados e já planos de saúde credenciados.




Sistema Único de Saúde tem 37 mil equipamentos fora de uso no País

08/09/2015 - O Estado de S.Paulo


Mesmo com as enormes filas de espera por exames e tratamentos, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem hoje cerca de 37 mil equipamentos fora de uso em todo o País,mostra levantamento inédito feito pelo Estado, com base em dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do Data sus. São aparelhos para os mais diversos fins, desde equipamentos para diagnóstico por imagem, como ultrassom e tomógrafo, até máquinas que asseguram a sobrevivência dos pacientes, como cadeiras de hemodiálise e incubadoras para recém-nascidos.

O número de aparelhos inutilizados inclui máquinas quebradas, em manutenção, obsoletas ou novas, mas que ainda estão à espera de instalação. A existência de equipamentos sem uso na rede pública contrasta como tempo de espera que os pacientes enfrentam ao tentar agendar alguns tipos de exame.

Em Porto Alegre,uma empregada doméstica de 62 anos espera há quatro meses a confirmação da data de uma ecografia mamária, exame preventivo do câncer de mama. “Entreguei o encaminhamento em maio e, até agora, não foi marcado. Antes,o posto mesmo dava a requisição na hora e a gente só precisava ir até a clínica fazer, mas agora temos de esperar que avisem por telefone do agendamento”, diz a paciente, que não quis ser identificada.

Se a demora já é comum por causa da lista de espera, a situação se agravou há cerca de 20 dias, quando um dos aparelhos de ecografia da capital gaúcha apresentou problemas. De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre, “os reparos já foram acionados e o problema deve ser solucionado em até duas semanas”.

O Rio Grande do Sul é o terceiro Estado com o maior porcentual de aparelhos fora de uso em relação ao total de máquinas existentes nas unidades de saúde gaúchas. São 3.551 equipamentos inutilizados,7,2%do total.

Em primeiro e segundo lugar na lista dos Estados com mais máquinas sem utilização aparecem Rondônia e Distrito Federal (mais informações nesta página).

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia,Ruffo de Freitas Júnior,a oferta ainda insuficiente de exames de diagnóstico do tumor de mama faz com que muitos casos de câncer sejam descobertos já em estágio avançado. “Temos máquinas velhas, que precisam de manutenção ou de substituição, mas temos também o problema da subutilização dos aparelhos.

Os hospitais costumam fazer menos exames do que sua capacidade, por causa da falta de profissionais”, diz. Em todo o País,estão fora de uso 179 ecógrafos e 115 mamógrafos.

Particular. Em situações de maior urgência, a demora para conseguir um exame na rede pública leva pacientes a pagar pelo procedimento na rede particular.

Foi a alternativa encontrada pelo casal de aposentados Dalva Ferreira Lima,de 74 anos, e Manoel Rodrigo de Lima, de 73, diante da longa espera por um eletroencefalograma para o filho Samuel Barbosa de Souza Lima, de 18 anos, que sofre de dor de cabeça crônica e faz tratamento com um neurologista.

“Ficamos mais de um ano esperando pelo exame, que nunca foi realizado. Como ele estava ficando com o pescoço torto, por causa das dores de cabeça, a gente tirou dinheiro de outras contas e pagou a consulta e o exame particular”, contou Dalva.

A família, moradora de Buritama, no interior de São Paulo, teve de desembolsar R$ 450.

Segundo a aposentada,a justificativa dada pela unidade de saúde para a demora no agendamento do exame era de que os equipamentos estavam quebrados e a fila de espera era muito grande. Segundo os dados do Data sus, são 153 aparelhos de eletroencefalograma fora de uso em todo o Brasil.

Investimentos. Questionado sobre o número de equipamentos fora de uso na rede pública, o Ministério da Saúde informou que os aparelhos inutilizados representam 4,7% do total e, embora a manutenção regular dos equipamentos seja de responsabilidade dos gestores de cada hospital,o governo federal investe na melhoria da infraestrutura tecnológica de atendimento.

De acordo com o ministério, só na estrutura de serviços oncológicos foram repassados, no ano passado, R$ 38,3 milhões para a compra de equipamentos.

No mesmo período, o governo federal investiu R$ 1,8 bilhão em aparelhos de atenção básica e especializada, valor 51% maior que o aplicado em 2013.

A pasta afirma ainda que, além dos repasses,“realiza compra direta,centralizada,de equipamentos,visando a melhor distribuição e o reforço de determinados serviços no País”. Entre as ações recentes,a pasta destaca a aquisição de 80 aparelhos de radioterapia.

No DF, bactéria que transmite a cólera é encontrada em estação de esgoto 04/09/2015 - Folha de S.Paulo / Site

A secretaria de Saúde do Distrito Federal emitiu um alerta a hospitais da região após equipes de monitoramento ambiental detectarem, em uma amostra retirada de uma estação de tratamento de esgoto, uma bactéria que transmite a cólera.

É a primeira vez que a bactéria Vibrio cholerae é encontrada no DF –a região, no entanto, iniciou atividades de monitoramento constante da rede de esgoto há apenas dois anos.

A amostra, com o tipo O1 da bactéria, foi encontrada em junho em uma estação de tratamento da Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal) na Asa Norte, em Brasília.

O resultado, que saiu apenas neste mês, foi confirmado após análise de laboratório especializado da Fiocruz. Outras amostras foram coletadas em seguida no mesmo local, mas a bactéria não foi encontrada novamente.

Ainda assim, a secretaria resolveu emitir um alerta aos hospitais como forma de encontrar possíveis casos da doença e, assim, evitar a transmissão. A orientação é que profissionais estejam atentos a casos de diarreia súbita e grave, um dos principais sintomas da doença, que também pode ser acompanhada de vômitos.

"Precisamos nos precaver. Se não fizermos o alerta, corremos o risco de não detectar a doença caso um paciente chegue na rede, porque não é habitual", explica a chefe do núcleo estadual de agravos de transmissão hídrica e alimentar, Rosa Maria Mossri.

Em nota, a Secretaria de Saúde do DF reforça que o resultado da análise foi positivo apenas para um trecho –a pasta descarta a contaminação de toda a estação de tratamento de esgoto ou mesmo da água que é consumida.

Os últimos casos de cólera no Brasil foram registrados em 2005, quando cinco casos da doença foram notificados em Pernambuco. Desde então, não há registro de novos casos.

O Distrito Federal, por exemplo, nunca teve casos autóctones da doença –todos os registrados eram importados, ou seja, de pessoas vindas de outros países.

A transmissão da cólera ocorre por meio do contato com água e alimentos contaminados pelas fezes de uma pessoa infectada. A doença, assim, é mais comum em países com más condições da rede de saneamento básico.

REFORÇO

Após o resultado positivo para a bactéria no DF, o Ministério da Saúde publicou um informativo às vigilâncias estaduais em que recomenda a realização de monitoramento ambiental para detecção de bactérias que transmitem a doença.

O objetivo é "detectar a circulação destes patógenos no ambiente, em tempo oportuno, com o intuito de serem adotadas as medidas de prevenção e controle necessárias para evitar a disseminação" dessas bactérias e, consequentemente, a propagação da cólera no país.

De acordo com o ministério, análises das amostras no DF e indicaram como baixo o risco de disseminação da Vibrio cholerae.

Segundo o documento, o reforço no monitoramento ambiental ocorre porque o Brasil recebe turistas e viajantes provenientes de países onde ocorre a transmissão da doença, como Haiti, República Dominicana, México e alguns países da África.




Cirurgia eleva o risco de infecção, diz organização

08/09/2015 - Folha de S.Paulo


A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que cesáreas só sejam feitas com indicação médica. Nesses casos, o procedimento ajuda a salvar vidas. Mas, em outros, diz a organização, a cesariana, como qualquer cirurgia, aumenta o risco de infecção e complicações.

No Brasil, o índice de cesárea é de 40% no SUS e de 84,6% na rede privada.

"Existe uma cultura da cesárea que funciona assim: quando a gestante chega no pré-natal, ela não recebe informações. Esse modelo leva as mulheres para as cesáreas", diz a psicóloga e pesquisadora Heloísa Salgado, que há três anos criou com amigas a página do Facebook "Eu quero parto normal".

O objetivo, diz, é disseminar informações.

"Para o médico de convênio, é muito melhor uma cesárea do que passar 24h no trabalho de parto de apenas uma paciente."




Mulheres criam grupos a favor de cesáreas

08/09/2015 - Folha de S.Paulo


Há quem diga que, para ser uma boa mãe, é preciso sentir as dores do parto. Mulheres que optam pela cesárea reclamam que têm de lidar com o preconceito de ativistas do parto normal, especialmente em redes sociais. Em resposta, elas vêm se organizando em grupos pró-cesárea.

Proliferam na internet comunidades como "Eu escolhi cesárea", "Não me obriguem a um parto normal" e "Parto cesárea-minha escolha & meu direito" –esta última declara que seu objetivo é reverter a "crucificação" do procedimento no Brasil.

"Elas costumam dizer que somos 'menos mães', que cesárea não é parto", diz Kauane Braciak, 24, administradora da "Mães, cesárea & cia". Criada há cerca de seis meses, a página já tem mais de 90 mil seguidores no Facebook.

O debate ganhou força com resolução da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) em vigor desde julho. A medida pretende diminuir a taxa da cesárea na rede privada, hoje em 84,6%.

Ela obriga a elaboração do partograma, documento sobre o que houve no parto, para que o plano de saúde pague a cirurgia. Sem indicação médica, a cesariana aumenta em até 120 vezes a chance de problemas respiratórios para o recém nascido e eleva o risco de morte da mãe, afirma a ANS.

TERMO

Muitos interpretaram que a nova regra proibiria a cesárea eletiva, já que a indicação médica para a cirurgia deve constar no partograma.

A ANS, porém, afirma que a gestante pode optar pela cirurgia –deverá assinar um termo de consentimento para manter a cobertura do plano.

Entre os motivos que levam mulheres a escolher a cesárea estão o medo da dor e o receio causado por experiências negativas, pessoais ou de outras mulheres.

Isso se deve, em muitos casos, à falta de condições (como leitos e recursos humanos) para um parto normal bem assistido, afirma Carlos Vital, presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina).

Candida Antunes, 35, optou pela cesárea por considerá-la menos traumática. "Ouvi relatos de bebês que tiveram a clavícula quebrada no parto e de mulheres que não suportaram a dor ou o estresse. Fiquei alarmada", diz.

Em 2011, a ativista Nanda Café, do blog "Mamíferas", gerou polêmica ao escrever que a cesárea eletiva era mais criminosa do que um aborto.

"Defendo o direito da mulher ao próprio corpo, tanto que defendo o aborto. Se não quer parir, aborte", afirma.

"O corpo da mulher não pode ser dela só quando se fala em parto normal e aborto. Isso tem de valer também para o seu direito de escolher a cesariana", afirma Kauane, do "Mães, cesárea & cia".

Para o presidente do CFM, o confronto entre parto normal e cesárea não reflete o interesse da população, que é de ter um parto seguro. "Tem de prevalecer o parto normal, mas muitas vezes o parto seguro será o cesariano."




Plantão Médico: Suplemento alimentar: riscos e benefícios

05/09/2015 - Folha de S.Paulo


Com uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis, não há necessidade de suplementação de qualquer nutriente, segundo especialistas da área da saúde.

Por isso, o consumo de suplemento alimentar pode conter riscos (muitos) em relação aos seus benefícios (poucos).

Lucile T. Abe-Matsumoto, do Centro de Alimentos do Instituto Adolfo Lutz e Geni Rodrigues Sampaio e Deborah H. . Bastos, da Faculdade de Saúde Pública da USP, analisam nos "Cadernos de Saúde Pública" a regulamentação, consumo e implicações à saúde dos suplementos vitamínicos e minerais.

Por muitos anos, o suplemento de cálcio foi usado para prevenção e tratamento da osteoporose. Mas estudos atuais mostram que ele pode aumentar riscos cardíacos, formação de cálculos renais e distúrbios gastrintestinais.

Pessoas que ingerem o recomendado de cálcio e vitamina D e se expõem ao sol não necessitam de suplementos para manter a saúde.

Para Abe-Matsumoto, Sampaio e Bastos, a facilidade de comercialização, aliada a forte apelo publicitário, têm estimulado a população ao consumo indiscriminado desses produtos. Em 2013, essa indústria apresentou um faturamento de R$ 1 bilhão. A publicidade abusiva desses suplementos recebe advertências do Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) –com suspensão ou correção das peças–, mas ressurgem com outros nomes, até que aconteçam novas queixas e sanções.




Mais Médicos: embuste sem fim.

06/09/2015 - Folha de S.Paulo


Em vez de insistir em programas ficcionais, Brasil deveria adotar medidas genuínas para atenuar o esfrangalho da saúde no país.

O Ministério da Saúde e os médicos brasileiros têm percepções inconciliáveis quando se expressam sobre o programa Mais Médicos e a respeito da saúde da nação. Recentemente, as mais altas autoridades do governo divulgaram que o programa mudou a vida de 63 milhões de pessoas, que agora recebem atendimento acolhedor e competente.

Enfatizaram que o Mais Médicos aumentou o número de consultas e anunciaram a abertura de milhares de vagas em novos cursos de medicina para atenuar a carestia de profissionais. Arremataram afirmando que os médicos brasileiros resistiram ao Mais Médicos por interesses corporativos e ideológicos.

Protagonistas de um sistema de saúde pública arruinado pela inépcia, os médicos da nação não compreenderam o discurso oficial, desconectado da realidade e adornado por preconceito injusto.

Nenhum médico brasileiro ou de outra nacionalidade ignora a necessidade de se produzirem mais médicos, dada a carência e sua má distribuição. Um médico é sempre melhor do que nenhum, sobretudo nas comunidades carentes. Nem por isso a classe médica é obrigada a aceitar um programa implementado de forma ilegal, não resolutiva e divulgado de maneira falaciosa.

Segundo o TCU (Tribunal de Contas da União), que auditou o Mais Médicos, o programa viola o artigo 5º da Constituição, pois brasileiros e estrangeiros residentes no país têm direitos iguais à vida, à liberdade e à igualdade.

O Mais Médicos acolheu 18.240 médicos, dos quais 11.429 cubanos. Estes, pessoas amistosas e resignadas, estão vivendo no Brasil confinados, sem liberdade de ir e vir, recebendo 30% do que auferem seus colegas estrangeiros e brasileiros.

Essa óbvia transgressão é agravada por outra ilegalidade intrigante. Pautados por um "contrato obscuro", o governo transfere para Cuba um adicional de R$ 1 bilhão ao ano, além dos salários. Esses recursos são entregues a uma "empresa anônima, cujos proprietários são desconhecidos". Confesso que o incômodo fica insuportável quando tento imaginar quem são eles.

O TCU revela também que existe "grande inconsistência na aferição dos resultados do programa", colocando em dúvida números majestosos apresentados oficialmente.

Como ressalva minha, se é verdade que 18.240 médicos atendem bem a 63 milhões de brasileiros, a felicidade poderá ser esparramada pela pátria, importando-se mais 25 mil médicos, inclusive cubanos.

Estaremos encerrando o padecimento interminável de 150 milhões de usuários do SUS, a um custo irrisório, cerca de R$ 4,5 bilhões por ano. Menos de 5% do Orçamento federal destinado à saúde e muito pouco, perto dos R$ 88 bilhões surrupiados somente da Petrobras. Preciso explicar porque ninguém se interessou por solução tão simples?

Ademais, segundo o Tribunal Contas da União, nas cidades inseridas no projeto, o número de consultas aumentou, em média, 19%.

Sem dúvida, mais brasileiros tiveram suas aflições abrandadas, mas, dado o nível de degradação da saúde, esse incremento é risível para se proclamar a nascença de um grande programa de assistência.

A experiência recente mostra que verdade e competência não representam virtudes marcantes dos nossos governantes. Por isso, em vez de insistir no discurso e em programas ficcionais, as autoridades da saúde deveriam adotar medidas genuínas para atenuar o esfrangalho.

Como fazer isso? Acho que não é difícil: destinando à saúde recursos decentes, valorizando o Programa de Saúde da Família, legítimo projeto de amparo aos desassistidos, restaurando a rede hospitalar do SUS e colocando-a sob gestão de organizações sociais sérias.

Também é preciso autorizar novas escolas médicas pautadas pela excelência, não por interesses de grupos predadores, remunerar de maneira justa os profissionais da saúde pública e importar médicos estrangeiros, desde que aprovados em exames de competência, para ajudar legitimamente os brasileiros.

Como explicava Geraldo Vandré: "Porque gado a gente marca;tange, ferra, engorda e mata; mas com gente é diferente".




744 MIL

08/09/2015 - IstoÉ


744 MIL clientes da Unimed Paulistana serão transferidos para outras operadoras de planos de saúde nos próximos 30 dias - a própria Unimed deverá promover as transferências. A determinação é da ANS e foi oficializada na quarta-feira 2 devido a "anormalidades econômico-financeiras e administrativas graves que colocam em risco a continuidade do atendimento". A operadora Unimed Paulistana (faturamento anual de cerca de R$ 2,7 bilhões) está em falência: fechou 2014 com patrimônio líquido negativo de R$ 769 milhões e passivo tributário de R$ 263 milhões. Ela terá por força de lei de manter a assistência aos beneficiários até que a transferência a outras operados esteja concluída. Durante esse período de transição, o conveniado tem de pagar normalmente a mensalidade.




FLEURY

05/09/2015 - IstoÉ Dinheiro


R$ 16 milhões foi por quanto o laboratório paulista vendeu a empresa carioca Cruzeiro do Sul Medicina Diagnostica à Rise do Brasil Participações. A conclusão do negócio depende de aprovação do Cade.




Como escolher o plano de saúde

05/09/2015 - IstoÉ


Em um cenário de demissões em diferentes setores da economia, muitos trabalhadores temem perder o plano de saúde da antiga empresa. Segundo determinação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), ex-trabalhadores demitidos sem justa causa podem continuar com o plano empresarial por até um terço do período de contribuição, no caso dos chamados planos contributários, em que parte da mensalidade do seguro era descontada da folha de pagamento. O limite máximo para uso do benefício é de dois anos e o mínimo de seis meses, "mas o ex-trabalhador tem de arcar com o valor total da mensalidade do plano", ressalta Joana Cruz, advogada e pesquisadora em planos de saúde do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Quem deseja contratar um novo seguro saúde, no entanto, deve estar atento a várias informações. "A primeira dica é não ter pressa. Plano de saúde não se compra por impulso", adverte João Luis Barroca, porta-voz da ANS.




Qual é a idade do seu coração?

05/09/2015 - IstoÉ


Grande parte das pessoas já sabe que determinadas condições apresentam sérias ameaças para o coração. Pressão alta e colesterol ruim elevado estão entre elas. Mas como conhecer exatamente o tamanho do desgaste provocado por esses fatores de risco? Na última semana, especialistas do Centro de Controle de Doenças (CDC), órgão do governo dos Estados Unidos, descreveram uma ferramenta capaz de ajudar nesta tarefa. Eles tornaram disponível um sistema online por meio do qual é possível calcular a idade do coração, nem sempre igual à idade cronológica dependendo do número de circunstâncias de risco manifestadas pelo indivíduo. O recurso pode ser acessado no endereço http://www.cdc.gov/vitalsigns/cardiovasculardisease/heartage.html

“É uma maneira interessante de estimular a prevenção. A doença coronariana é a que mais mata no mundo e a população ainda não se previne da maneira ideal” cardiologista Roberto Kalil Filho, diretor geral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês (SP) O sistema registra o sexo e a idade da pessoa e também leva em consideração algumas das principais condições que repercutem na saúde cardíaca: o nível de pressão arterial, o peso e se o indivíduo é fumante ou diabético. A partir dos dados, informa se o coração é mais “jovem”, tem idade compatível com os anos de vida ou se, por causa dos fatores de risco que pesam sobre ele, já apresenta danos de um coração muito mais velho. Um dos exemplos apresentados pelo Centro de Controle de Doenças é o de uma mulher de 50 anos não fumante, hipertensa, diabética e obesa. Pelos cálculos, sua idade cardíaca é de 85 anos.

O objetivo do CDC – uma das mais respeitadas instituições do mundo – é tornar melhor compreensível o -impacto que o estilo de vida tem sobre o funcionamento cardíaco. “O conceito por trás da idade do coração é alertar os indivíduos, especialmente os mais jovens, para que modifiquem agora hábitos que não são saudáveis em vez de esperar sofrer um infarto ou um acidente vascular cerebral”, afirmou o epidemiologista Matthew Ritchey, da Divisão de Prevenção a Infartos e AVCs do centro americano. “É uma alternativa simples para ilustrar o risco. Estudos mostraram que a idade cardíaca pode motivar as pessoas a adotarem hábitos saudáveis e a aderirem mais às intervenções terapêuticas”, disse à -ISTOÉ Quanhe Yang, cientista sênior do CDC e um dos autores do trabalho.

O recurso chamou a atenção em todo o mundo. “É uma maneira interessante de estimular a prevenção”, considerou o cardiologista Roberto Kalil Filho, diretor geral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. “A doença coronariana é a que mais mata no mundo e a população ainda não se previne da maneira ideal”, diz.

O sistema foi criado com base nas informações coletadas pelo CDC em todos os estados americanos e as que foram produzidas pelo Estudo Framingham, um projeto da Universidade de Boston e do Instituto Nacional de Coração, Pulmão e Vasos Sanguíneos dos EUA. Iniciado em 1948, ele registra os dados cardiovasculares dos moradores da cidade de Framingham, em Massachussets, abastecendo algumas das principais pesquisas sobre o tema realizadas nas últimas décadas.

A ferramenta permite o cálculo da idade cardíaca individual, mas possibilitou ao CDC a obtenção de um retrato amplo de como anda a vitalidade cardíaca dos americanos. As projeções mostraram que aproximadamente 69 milhões dos habitantes adultos dos Estados Unidos que não sofreram infarto ou acidente vascular cerebral têm um coração cinco ou mais anos mais velho do que a idade cronológica. Segundo o instituto, o número equivale ao total de pessoas vivendo em 130 grandes cidades daquele país. As estimativas também informam que um a cada dois homens e duas a cada cinco mulheres apresentam idade cardíaca cinco anos superior à cronológica - a média é de sete anos a mais. E três em cada quatro infartos ou acidentes vasculares cerebrais são motivados pela presença de fatores de risco que elevam a idade do coração.

É possível ter uma ideia, por exemplo, do impacto da pressão arterial. Homens que manifestam hipertensão (além de 140 mmHg) adicionam cerca de vinte anos a mais ao seu coração. Na faixa intermediária, entre 120 e 139 mmHg, somam dez anos a mais. Com as mulheres, o grau de envelhecimento é parecido. Nas hipertensas, o coração ganha em torno de dezoito anos além da idade cronológica e nas pré-hipertensas o prejuízo fica em torno de doze anos a mais.

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