ESTABELECIMENTOS REGISTRADOS

PROFISSIONAIS INSCRITOS ATIVOS

CLIPPING - 15/07/2015

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

Fiocruz testa medicamento para prevenir e tratar indivíduos com HIV

15/07/2015 - O Globo


Uma nova droga para a prevenção da Aids começou a ser testada pela Fiocruz. Desenvolvido nos EUA, o cabotegravir já vem mostrando bons resultados em testes para o tratamento da doença, e agora será avaliada sua eficácia também na prevenção do HIV em grupos vulneráveis, como homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, usuários de drogas injetáveis e travestis.

Para ser colocado no mercado, um medicamento passa por várias etapas de testes, primeiramente in vitro e em animais e, depois, em humanos. Nesse último, chamado de estudo clínico, há geralmente três fases (e uma quarta, já no mercado). Esta nova pesquisa está em fase II, ou seja, a segurança do remédio será testada em voluntários saudáveis. Serão 170 pessoas, em países que incluem ainda África do sul, EUA e Malauí. No Brasil, o teste ficará a cargo do Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids, da Fiocruz, no Rio, onde serão avaliados 22 voluntários.

— É raro realizarmos pesquisa numa fase precoce de desenvolvimento da droga — afirma a coordenadora do laboratório e do estudo, Beatriz Grinsztejn. — O processo regulatório é muito lento, não conseguimos ultrapassar a burocracia a tempo de iniciar os estudos junto a outros países, então geralmente ficamos de fora.

DIFICULDADES BUROCRÁTICAS NA PESQUISA

Estudos de fase I e II são os que mais agregam conhecimento científico, e são liderados geralmente por EUA, Europa e Japão. Aqueles de fase III precisam de um número de voluntários de diferentes nações, já vêm dos centros com os protocolos mais definidos, apenas replicados no país de teste. Além de uma questão de soberania científica, realizar estudos clínicos no país é importante por levar em conta as características genéticas da população.

Segundo Beatriz, o laboratório se empenhou em acelerar o processo de aprovação. Agora busca voluntários, homens e mulheres, de 18 a 65 anos, não infectados e com baixo risco de contrair o vírus (mais detalhes: http://on.fb.me/1Dfpyus). O remédio, da GSK, é injetável, aplicado a cada três meses, e o acompanhamento dura dois anos. Cinco voluntários já participam do estudo, e não tiveram reações adversas até agora. Pela legislação brasileira, é proibido pagar para eles participarem de pesquisas.

— Buscamos pessoas saudáveis, altruístas, que estarão contribuindo para o avanço da ciência — afirma Beatriz.

Líder mundial do projeto, Raphael Landovitz, pesquisador do Centro de Educação e Pesquisa Clínica em Aids, na Universidade da Califórnia em Los Angeles, explica que, se esta etapa for bem-sucedida, o estudo passará para a fase em que será testada a eficácia do medicamento:

— O objetivo é ter informações de segurança suficientes para seguir a um estudo de eficácia plena.

Landovitz acrescenta que a prevenção da Aids precisa englobar não só um remédio, mas uma ampla estratégia, que inclui o uso de preservativos, tratamento de saúde mental, de abuso de drogas, prevenção da transmissão de mãe para filho, troca de seringas etc.

O relatório da Unaids divulgado ontem destacou a dificuldade de se imunizar contra ou mesmo curar a Aids. O desafio é que o vírus tem várias cepas circulantes, além de conseguir se esconder no organismo. Mas há uma série de estudos clínicos, em diferentes estágios, sendo realizados.

Uma expectativa de um estudo de fase III é a da vacina RV144, conhecida como o ensaio tailandês. Ele teve uma redução da taxa de infecção modesta (31%), testada em 16 mil pessoas. Segundo o relatório, a proteção conferida a ela não durou. Mesmo assim, seu relativo sucesso tem sido um incentivo a cientistas.




Venda de medicamentos antigos ajuda e lucro da J&J surpreende

15/07/2015 - DCI


A Johnson & Johnson teve lucro melhor que o esperado, conforme as vendas de seus medicamentos mais antigos ajudaram a compensar o impacto do dólar forte sobre a receita de fora dos Estados Unidos. A companhia elevou sua projeção de lucro para o ano inteiro ontem, citando forte crescimento dos fundamentos de negócios. O conglomerado de produtos de saúde elevou sua previsão para algo entre US$ 6,10 e US$ 6,20 por ação, ante uma estimativa anterior de US$ 6,04 a US$ 6,19.

Excluído o impacto da moeda norte-americana sobre a operação, as vendas externas teriam crescido de forma marginal, afirmou a companhia.

O lucro líquido da empresa subiu para US$ 4,52 bilhões, ou US$ 1,61 por ação, no segundo trimestre de 2015, ante US$ 4,33 bilhões, ou US$ 1,51 por papel no ano anterior.

Excluindo os itens especiais, a companhia teve lucro de US$ 1,71 por ação. A receita do grupo caiu quase 9% na mesma base de comparação, para US$ 17,79 bilhões. Analistas esperavam em média lucro de US$ 1,67 por ação sobre receita de US$ 17,75 bilhões, segundo a Thomson Reuters.




Mercado Aberto: Importação de remédios cai 11,1% no 1º semestre

15/07/2015 - Folha de S.Paulo

Colunista: Maria Cristina Frias


A alta do dólar e a retração do mercado interno fizeram com que as importações de medicamentos caíssem 11,1% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2014, segundo a Interfarma (entidade do setor) com base em dados do Ministério do Desenvolvimento.

Os desembarques atingiram US$ 3 bilhões (R$ 9,4 bilhões) de janeiro a junho. No ano anterior, foram US$ 3,4 bilhões (R$ 10,6 bilhões).

"As vendas de medicamentos por aqui começaram a sofrer uma desaceleração no ano passado e isso impactou as importações neste ano", afirma Pedro Bernardo, diretor da entidade.

"O cenário deve ser ainda pior no segundo semestre por causa de uma maior retração do mercado interno."

O recuo também fez cair em 9,6% o deficit da balança comercial, que atingiu US$ 2,5 bilhões (R$ 7,8 bilhões).




Estimulante sexual: 29% dos homens usam

15/07/2015 - O Globo


Os homens brasileiros estão usando estimulante sexual por conta própria. É o que revela uma pesquisa divulgada ontem, pela Sociedade Brasileira de Urologia. O levantamento mostra que 29% dos homens usam estimulante sexual, sendo que, destes, 62% não tomam por recomendação médica. A maioria usa o remédio por indicação de amigos ( 41%) ou compra direto na farmácia ( 39%). Há ainda uma parte que compra no camelô: 5%.— Quem acha que tem que usar não procura um médico para isso. É um contrassenso, porque temos que avaliar se o paciente precisa ou não deste medicamento — comenta o urologista Carlos Sacomani, diretor da Sociedade Brasileira de Urologia, que apresentou a pesquisa.

Ainda de acordo com a pesquisa, que teve apoio da Bayer, entre os que usam os remédios, 55% tomam para melhorar a performance e ter maior tempo de ereção. Outros 25% usam para aumentar o apetite sexual.

Segundo o levantamento, 28% já se depararam com a falta de ereção. Quando se trata de desempenho sexual, o maior medo de 42% dos brasileiros é o de não ter ereção, enquanto 24% temem não satisfazer a companheira. Outros 25% citam como principal temor não sentir mais prazer. No relacionamento, o que mais incomoda 64% é falhar na “hora H”.

— A preocupação com ereção é algo que vem há cinco mil anos — afirma a psicanalista Regina Navarro Lins.

A cada cem entrevistados, 51 nunca foram ao urologista. No grupo dos que vão ao especialista, 28% vão ao médico uma vez ao ano. Outros 15% relataram ter passado por uma consulta há mais de três anos. A principal razão citada para não ir ao médico é a falta de tempo ( 33%), mas 32% reconhecem não ter motivo. E 15% evitam a consulta por medo de detectar algum problema.

Dos problemas de saúde, os homens têm mais medo de infarto ( 28%). No entanto, eles temem mais a impotência ( 19%) do que o câncer de próstata (14%) e o diabetes (13%). E 57% não sabem o que é andropausa (queda progressiva dos hormônios masculinos). Quem conhece mencionou que os sintomas são ausência de ereção e diminuição do desejo sexual.

PORTO ALEGRE: 98% SÃO INFIÉIS

A pesquisa mostrou ainda que mais da metade dos brasileiros já traiu a mulher ou namorada. E em Porto Alegre está o maior índice dos infiéis entre oito capitais: 98%. O menor percentual é dos paulistas: 20%. No Rio de Janeiro, 63% dos homens admitiram a traição.

— A palavra traição traz uma carga negativa. Hoje, algumas pessoas têm relações extraconjugais ; depende dos seus valores — opina Regina Navarro Lins.

De acordo com o levantamento, 51% dos homens assumiram a traição. Em Recife, o percentual dos infiéis chega a 67%. Em Salvador, são 58%. Já em Belo Horizonte o índice é de 42%. Curitiba e Brasília têm, respectivamente, 34% e 27%.

Segundo Regina, muitos casais vivem um conflito entre o desejo de liberdade e a vontade de ficar fechado numa relação a dois.

— Daqui a algum tempo, mais pessoas vão optar por relações múltiplas. O grande desafio dos casais parece ser uma das par tes propor a abertura do relacionamento — completa a psicanalista.

O cardiologista Maurício Wajngar-ten, médico assistente do Hospital das Clínicas da USP, ressalta a diferença de abordagem da traição entre homens e mulheres.

— Notamos que, para o homem, a traição é uma glória. Ele dá nome e sobrenome, conta para o amigo. A mulher não pode falar, mas tem muita mulher que trai — comenta o médico.

O MEDO DA TRAIÇÃO

Por outro lado, depois do medo de falhar na “hora H”, ser traído é o segundo temor dos homens brasileiros: 21%. Entre as capitais, em Curitiba, 34% têm medo de ser traídos. No Rio de Janeiro, a preocupação afeta 30% dos homens. Já em São Paulo, o índice fica em 24%. Em Brasília e Recife, o percentual é igual: 23%. O medo entre os gaúchos é menor, fica em 20%. Em Belo Horizonte, esse temor cai mais: 18%. Mas quem menos teme ser traído são os homens de Salvador, com 9%.

A pesquisa foi feita com 3.200 homens com mais de 35 anos, em oito capitais, no mês de junho.




Intermédica avalia fazer aquisições

15/07/2015 - Valor Econômico


Vendida há um ano e quatro meses para a gestora americana de private equity Bain Capital por quase R$ 2 bilhões, a operadora Intermédica será a plataforma de crescimento dos investidores americanos no Brasil no setor de saúde. "Vamos crescer por meio de expansão orgânica e aquisições que podem ser clínicas, hospitais, laboratórios ou outros negócios complementares", diz Irlau Machado, presidente da Notre Dame Intermédica.

Machado conta que criou a estratégia da Intermédica a quatro mãos com a Bain Capital, que tem vários outros negócios ligados à saúde nos Estados Unidos e na Ásia. Ao contrário do que ocorreu com a Amil, adquirida pela americana UnitedHealth, que optou por um processo gradual de mudanças, a Intermédica tem em curso uma forte reestruturação que envolve desde integração dos negócios e investimentos na rede própria até a mudança de sede, que agora abriga num só prédio seus 7 mil funcionários.

Em março, o grupo concluiu uma mudança em sua estrutura, que era formada pela Intermédica (convênio médico), Interodonto (plano dental), Notre Dame (seguro-saúde) e uma empresa de medicina ocupacional. A Notre Dame deixou de ser uma seguradora e atualmente faz parte da operadora Intermédica, com um único registro na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Com essa mudança, será possível oferecer modalidades de planos de saúde com rede própria para o público da Notre Dame, que normalmente paga um pouco a mais pelo produto. Antes, isso não era possível porque a legislação não permite que uma seguradora seja dona de clínicas, hospitais ou laboratórios. "Estamos modernizando e qualificando toda a nossa rede própria para atender também os usuários que eram da seguradora", afirma o executivo. A Intermédica vai investir R$ 140 milhões, entre 2015 e 2016, na reforma e modernização de suas unidades.

A operadora tem uma rede própria com 54 clínicas e 11 pronto-socorros, sendo que oito deles são hospitais. "Os custos da saúde estão crescendo de forma exponencial. A inflação médica foi de 18% no ano passado. Acredito que o caminho para a sustentabilidade dos planos de saúde é ter uma rede própria, que possibilita melhor controle de custos", diz Machado. Na Intermédica, 80% das internações e 60% das consultas são feitas em unidades do grupo. As internações representam quase 60% do custo de uma operadora de plano de saúde, segundo o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).

Na contramão do setor, que está perdendo clientes por causa do desemprego, a Intermédica prevê crescimento de 20% na receita, para R$ 3,1 bilhões neste ano. No primeiro semestre, a operadora conquistou 500 mil novos usuários de empresas que trocaram o plano de saúde por outro com menor custo.

Hoje, a Intermédica tem 3 milhões de clientes, sendo 1,8 milhão de convênio médico e o restante em planos dentais. Quase que a totalidade dos planos de saúde são empresariais.

Nos últimos dois anos, a Intermédica reduziu de tamanho para melhorar a margem. O lucro caiu cerca de 20% para R$ 68 milhões em 2014. "A empresa vinha numa curva de queda, mas em novembro já voltamos a crescer.

Integramos as equipes num mesmo prédio e a sinergia dos negócios e o clima organizacional é muito melhor", disse Machado, que concedeu a entrevista ao Valor num moderno prédio, na esquina da avenida Paulista com alameda Joaquim Eugênio de Lima, na região dos Jardins, em São Paulo. "Não estamos gastando muito mais com aluguel neste novo prédio. Antes, os funcionários estavam espalhados em diversas unidades e havia vários aluguéis."




Diagnóstico de ELA é demorado

15/07/2015 - AT Revista


A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa incurável e fatal, que causa a morte de neurônios responsáveis pelos movimentos do corpo, ocasionando paralisia progressiva. Do primeiro sintoma à confirmação, são cerca de 11 meses. Acary Souza Bulle Oliveira, neurologista e fundador da Associação Brasileira de ELA, diz que não há exames laboratoriais para detectar o mal. Os primeiros sintomas são fraqueza, rigidez de movimento e tremores da musculatura.




Mundo detém a Aids e determina objetivo de erradicá-la em 2030

15/07/2015 - DCI


Após ter conseguido bater a Meta do Milênio em 2015, e reduzir a propagação do vírus da Aids, a projeção global agora é mais ambiciosa: erradicar o vírus em 2030, disse a Nações Unidas contra a Aids (Unaids).

No relatório “Como a Aids mudou tudo”, a agência aponta que, em 2014, 84 países, que representam 83% de toda a população que vive com HIV (37 milhões em nível mundial), parou o avanço ou deteve a epidemia, incluindo alguns dos países mais afetados, como Índia, Quênia, Moçambique, África do Sul e Zimbábue. Entre as conquistas alcançadas nesta etapa destacase a redução das novas infecções por HIV em 35%, ao passar de 3,1 milhões de contágios em 2001 a dois em 2014, e das mortes relacionadas com a Aids, que caíram 41%.

A incidência da Aids entre os jovens caiu 37%, enquanto 73% das mulheres grávidas soropositivos recebem tratamento para não infectar seus filhos, rede de transmissão que Cuba foi o primeiro país a eliminar.

“Os novos casos caíram entre as crianças, até 58%, e em breve deixarão de contrair a doença”, sustenta o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. A epidemia se deteve em 22 países, e caiu 20% em 62 Estados, embora tenha aumentado 20% em outros 56. Enquanto no ano 2000 menos de 700 mil pessoas recebiam tratamento contra a Aids, hoje, 15 milhões de pessoas têm acesso a retrovirais. Outra conquista foi a redução do preço destes remédios, que passaram de US$ 10 mil por ano em 2000 a menos de US$ 100 uma década depois.




Um rol de polêmicas nas coberturas da saúde

15/07/2015 - O Globo


A revisão do rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vai tirar da lista de cobertura mínima obrigatória dos planos de saúde o quimioterápico oral Everolimo para tratamento do câncer de mama com metástase. A medida entra em vigor em 2016. É a primeira vez que a ANS exclui um item dessa lista, o que abre precedente para uma possível equiparação dos tratamentos da saúde pública e da particular.O argumento da ANS para restringir o uso do quimioterápico foi a avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) de que o medicamento não deveria ser fornecido na rede pública, porque não garantiria o ganho de sobrevida. No site da agência, está sob consulta pública, até sábado, a inclusão de 11 terapias, exames e um medicamento de um total de 109 apresentados pelas entidades médicas.

A equiparação entre os procedimentos cobertos pela saúde pública e privada é considerada um retrocesso por pacientes, entidades médicas, de defesa do consumidor e juristas. Eles consideram a integração nos moldes propostos pela ANS como um nivelamento por baixo. O motivo? A demora para a incorporação dos procedimentos mais avançados, e geralmente mais caros, pelo serviço público. Os especialistas também consideram que a mudança pode aumentar o número de processos judiciais sobre saúde, porque mexe no que consideram direito adquirido.

A economista Marília de Almeida Dantas, diagnosticada em 2012 com câncer de mama em metástase nos ossos e fígado, usa, há dois meses, a medicação riscada da lista. Teme que a doença, hoje sob controle e restrita à mama e fígado, volte a se espalhar por outros órgãos e custa a acreditar na decisão da ANS. Ela já pensa em recorrer à Justiça para garantir o acesso ao remédio, que custa cerca de R$ 6 mil, caso ele deixe de ser fornecido pelo plano.

— Fiquei chocada e indignada com a notícia. Não é porque um remédio não acaba com a doença que ele não é importante ao paciente. Qualquer um ou dois anos a mais na vida da pessoa são válidos, até porque a esperança é de que neste meio tempo surja alguma outra droga melhor. Não se pode mensurar custo-benefício, quando o assunto é vida de pessoas.

O médico oncologista Gilberto Lopes, da Universidade da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e diretormédico e científico do Grupo Oncoclínicas do Brasil, estranha a decisão da ANS de se sobrepor às prescrições médicas. — Quando o medicamento é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), se observa a efetividade do remédio. Não há motivos para se indagar isso. Considerar como o único resultado favorável o ganho de vida global (prolongamento) é algo que já foi ultrapassado por agências internacionais como a do Estados Unidos e a Agência de Medicina Europeia. Controlar por mais tempo a doença também é um ganho, assim como garantir a melhoria da qualidade de vida do paciente — diz.

O oncologista estima que novos medicamentos e terapias devem demorar até dez anos para serem oferecidos no país, caso a regulamentação sobre os planos obedeça o ritmo das decisões do SUS.

— Hoje, leva em média dois anos para um remédio receber a aprovação pela Anvisa, e a revisão pelo rol da ANS ocorre a cada dois anos. Se a agência esperar a apreciação e avaliação da Conitec, esse processo pode levar até uma década.

O advogado especialista em Saúde, Rafael Robba, considera o aumento de ações judiciais como certo, caso a equiparação seja adotada.

— Essa avaliação, que muda as regras do jogo no meio, compromete a atuação médica. Os pacientes quimioterápicos vão perder a garantia. A ANS não tem de lidar com política, mas com mercado e regular o setor, garantindo os direitos dos consumidores. Não compete a ela querer interferir na política pública, algo que a Conitec também considera.

SEM CURA E FORA DO ROL

A produtora de eventos Rosane Amaral convive há 13 anos com o Lúpus, doença reumatológica autoimune e, portanto, sem cura, que acomete cerca de 200 mil brasileiros. A cortisona é um dos medicamentos recomendados aos pacientes para diminuir as dores incapacitantes nas articulações. Mas a longo prazo, a droga traz uma série de outras implicações clínicas que podem levar até à morte.

— Eu quase tive um infarto por conta da cortisona. Foi quando o meu médico quis iniciar um tratamento com o Benlysta, um medicamento que a substitui e já é usado nos Estados Unidos e Europa. Como a droga não estava prevista no rol de procedimentos da ANS, tive de apelar ao Poder Judiciário para garantir que o plano me fornecesse — conta.

O argumento que garantiu o ganho de causa foi o de que o rol da ANS lista os procedimentos mínimos cobertos.

— Isso não exime o convênio de saúde de oferecer os procedimentos mais modernos, cabendo exclusivamente ao paciente e ao médico escolherem o procedimento mais apropriado com foco na manutenção e melhora da vida — explica o advogado de Rosane, Leonardo Reis Pinto.

O médico cardiologista Emilio Cesar Zilli, diretor de Defesa Profissional da Associação Médica Brasileira (AMB), destaca que a equiparação proposta pela ANS ao longo dos últimos anos, deixou fora da obrigatoriedade os tratamentos mais caros. Isto porque, procedimentos essenciais garantidos pelo SUS não são incluídos ou sequer discutidos no rol:

— A avaliação do Conitec é criteriosa e obedece a normas rígidas. Queremos, sim, a integração da saúde pública e da particular, mas de forma a melhorar a qualidade, e não depreciá-la. Ninguém explica, por exemplo, porque cirurgia cardíaca é coberta pelo SUS e não é pela saúde suplementar. A obrigação da ANS como órgão regulador era de intervir nesse tipo de situação.

PARA ANS, INTEGRAÇÃO É FUNDAMENTAL

A advogada especialista em Saúde do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Joana Cruz, bate na tecla de que o próprio conceito de saúde suplementar reforça a ideia de ir além do oferecido pelo SUS:

— Em uma consulta pública passada, a agência já havia entrado com uma proposta de exclusão, e o Idec se manifestou contra. Não faz sentido querer retroceder em algo que já foi conquistado.

Em nota, a ANS informou que “o medicamento Everolimo não será excluído do rol. Permanecerá na lista de cobertura obrigatória para tratamento de tumores avançados no pâncreas. A proposta de retirar a indicação para tratamento de outro tipo de tumor é baseada em avaliação técnica segundo a qual não há comprovação de ganho para o controle da doença e a sobrevida dos pacientes. Autoridades de saúde de países como Reino Unido, Canadá, Austrália e Escócia também não recomendam ou estão reavaliando o uso do medicamento no tratamento de câncer de mama.”

Segundo a ANS, a integração dos planos de saúde com SUS é fundamental. “Ao fortalecer a integração da saúde suplementar com o SUS, a ANS busca assegurar a prestação de serviço adequado às necessidades da população, com a assistência efetiva e de qualidade e que complemente, de forma harmônica, o Sistema Nacional de Saúde. São três os pilares que sustentam esse objetivo: a defesa do interesse público, a proteção do consumidor e a sustentabilidade” diz a nota.




Previsão otimista

15/07/2015 - O Globo


A queda de 3,1 milhões de infectados no mundo para 2 milhões em 15 anos levou a ONU a prever que será possível reduzir o total de novos casos para 200 mil até 2030. O Brasil teve aumento, mas o programa anti-Aids foi elogiado. Os bons resultados mundiais no tratamento da Aids nos últimos 15 anos, apresentados ontem, em Adis Abeba, capital da Etiópia, levaram as Nações Unidas a afirmar que é possível ter a epidemia controlada em 2030, quando os novos casos de infecção não ultrapassariam os 200 mil, e 95% das pessoas com HIV teriam carga viral zerada — sem impacto sobre a saúde. A meta está traçada no relatório “Como a Aids mudou tudo”, produzido pela Unaids, o programa da ONU sobre HIV. Segundo o documento, a estimativa de novas infecções diminuiu em 35%: se, em 2001, o número de pessoas infectadas foi de 3,1 milhões, em 2014, esse índice baixou para 2 milhões. “Podemos acabar com a epidemia de Aids, enquanto ameaça à saúde pública, daqui a 15 anos. Esta é uma meta ambiciosa, mas realista”, declarou o secretário-geral da ONU, Ban Kimoon, no relatório.A Unaids destaca que um dos importantes Objetivos do Milênio, estabelecidos pela ONU em 2000, foi atingido antes do prazo, fixado para o final deste ano: a meta de 15 milhões de soropositivos recebendo tratamento adequado foi alcançada em março. Este número corresponde a 41% de todos os adultos vivendo com HIV. O aumento é considerado vertiginoso, uma vez que as pessoas que se beneficiavam da terapia antirretroviral há 15 anos eram menos de 700 mil.

— Nem nós acreditávamos que atingiríamos essa meta a tempo — admite a diretora do Unaids no Brasil, Georgiana Braga-Orillard, que destaca os esforços mundiais para levar as drogas antirretrovirais especialmente à África Subsaariana. — Todos os instrumentos científicos necessários para acabar com a epidemia já existem. Temos os testes para diagnosticar com rapidez e formas de prevenção eficazes. Precisamos agora ampliar o acesso. E, para que isso aconteça, é preciso discutir a discriminação.

Para a médica Maria Letícia Cruz, doutora em Saúde Pública pela Fiocruz, as metas otimistas da Unaids são difíceis de serem alcançadas.

— Esses são objetivos bem audaciosos, talvez além do que seja possível fazer em curto prazo. Não acredito que as novas infecções sejam tão poucas no mundo inteiro até 2030, mas estamos num bom caminho — considera a médica.

Ela lembra que, entre as metas da Unaids, também havia a proposta de eliminar a transmissão vertical do vírus, de mãe para filho, em 2015.

— O ano chegou e ainda nem estamos perto de conquistar isso. Apenas Cuba conseguiu, mas também é preciso avaliar a que preço. No início do combate ao HIV por lá, as pessoas infectadas eram separadas, marginalizadas — pondera Maria Letícia.

Ao todo, o relatório estima que 36,9 milhões vivem com o vírus no mundo. Graças aos esforços conjuntos para prevenção e tratamento, a expectativa de vida de uma pessoa com HIV passou de 36 para 55 anos, desde 2000. O relatório prevê que, em 2030, a expectativa de vida de soropositivos irá se igualar à das outras pessoas.

Aspectos práticos, como o tempo que se leva para receber o diagnóstico ou até mesmo a quantidade de comprimidos que o paciente sob tratamento toma todos os dias, melhoraram significativamente. Hoje, o resultado de uma testagem para HIV demora 30 minutos, em contraste com os três dias que era preciso aguardar há 15 anos. Naquela época, um soropositivo ingeria uma média de oito cápsulas — alguns chegavam a 20 — de medicamentos por dia. Esse número foi reduzido para apenas um remédio diário, e a Unaids espera que, em 2030, o tratamento seja feito com um comprimido a cada três meses, o que significaria um salto na qualidade de vida para os pacientes.

A maior abertura ao diálogo sobre sexualidade é vista pela maioria dos especialistas como a principal arma para alcançar os novos objetivos das Nações Unidas. Segundo a pesquisa mostrada no relatório, a conscientização entre os jovens cresceu apenas de 25% para 35% nos últimos 15 anos. Espera-se, porém, que 90% deles compreendam a gravidade da doença e se previnam em todas as relações sexuais em 2030.

— Especialmente os jovens homens que fazem sexo com outros homens, e estão no grupo mais vulnerável, precisam de ferramentas para entender a sua própria sexualidade sem tabu. Precisamos voltar a falar sobre educação sexual — sentencia Georgiana Braga-Orillard.

A médica Maria Letícia endossa a análise. Para ela, o problema não é a falta de informação sobre a doença, mas estigmas que persistem.

— É um entrave cultural. Se uma menina leva uma camisinha feminina na bolsa, ela é julgada. Já os meninos têm toda a liberdade. Essa desigualdade de gênero ocorre principalmente em países mais pobres. E enquanto ela persistir, a prevenção ficará comprometida — diz a médica.

Conteúdo acessível em libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro ou Hozana. Conteúdo acessível em libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro ou Hozana.