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Butantã vai testar droga contra o câncer em humanos
25/10/2014 - O Estado de S.Paulo

O Instituto Butantã entrou na reta final para os testes clínicos - com humanos - de uma nova droga contra o câncer produzida a partir de uma proteína encontrada na saliva do carrapato-estrela (Amblyoma cajennense). Os experimentos feitos com camundongos e coelhos, inteiramente concluídos, mostraram que a proteína levou à regressão de tumores renais, de pâncreas e do tipo melanoma, além de reduzir metástases pulmonares derivadas desses tipos de câncer.
De acordo com a coordenadora do estudo, Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, o instituto está esperando autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os testes clínicos em humanos. “Confirmamos que a proteína ataca e mata as células cancerígenas sem oferecer risco às células saudáveis. Os testes pré-clínicos foram um sucesso e temos tudo pronto para termos um medicamento inovador para tratamento do câncer com menos efeitos colaterais”, disse.
Segundo ela, as pesquisas foram iniciadas há cerca de dez anos no Laboratório de Bioquímica e Biofísica. Mas o impulso definitivo aconteceu em 2013, com a construção de uma nova infraestrutura, exclusivamente voltada para o projeto, financiada com recursos de mais de R$ 15 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O instituto conseguiu também parceria com a indústria farmacêutica nacional para realizar os testes. Segundo ela, o modelo de pesquisa e desenvolvimento traçado pelo instituto é um marco para a ciência brasileira. “Graças à expertise do instituto e à estrutura do laboratório, conseguimos produzir a proteína em biorreatores dentro das condições exigidas pelos órgãos reguladores e adiantamos os testes de estabilidade e toxicidade.”
Assim, segundo ela, foi possível levar a pesquisa até um estágio tão avançado que a indústria se sentiu confortável para fazer uma formulação e tocar os ensaios pré-clínicos. “Com isso, acredito que conseguimos criar um modelo de desenvolvimento de novos fármacos viável para o País”, disse. Transformar as pesquisas feitas na bancada dos laboratórios em produtos disponíveis no mercado, segundo ela, é um notório gargalo para a produção de novos medicamentos.
Saliva de carrapato. De acordo com Ana Marisa, o interesse inicial do laboratório no carrapato-estrela não tinha nenhuma relação com o câncer. Os cientistas queriam entender como a espécie, que se alimenta de sangue de animais, é capaz de impedir sua coagulação. “Analisamos uma série de substâncias na saliva do carrapato e encontramos uma proteína que inibia uma fase importante do processo de coagulação sanguínea. Como é difícil trabalhar diretamente com a saliva do animal, analisamos os genes envolvidos com a expressão dessa proteína e, com técnicas de engenharia genética, expressamos essa proteína em bactérias”, afirmou.
Durante os vários testes com a nova molécula - batizada de Amblyomin-X -, os pesquisadores notaram que, além de inibir a coagulação em células de vasos sanguíneos, ela matava células tumorais. “Testamos em culturas e células, em camundongos, depois em coelhos. O resultado era sempre o mesmo: as células normais permaneciam ilesas e as células tumorais morriam”, disse.
Utilizando marcadores biológicos, os cientistas acompanharam a trajetória da molécula no organismo dos animais. “Nos animais sem tumores, vemos a molécula dar uma volta e ser excretada. Nos que têm tumor, ela fica estacionada. Isso demonstra a baixa toxicidade da droga”, disse Ana Marisa.



Pesquisa e desenvolvimento

 


Estudo usa ginseng vermelho contra tumores de mama
25/10/2014 - O Estado de S.Paulo

Pesquisadores brasileiros e de Cingapura estão conduzindo um estudo para o combate do câncer de mama usando uma planta da família da sálvia capaz de impedir a proliferação de células cancerígenas. Uma substância no danshen, também conhecido como ginseng vermelho, está, atualmente, em teste com camundongos e deve começar a ser testada em seres humanos entre o fim do próximo ano e o início de 2016.
A pesquisa teve início em 2010, quando se sabia que a planta era usada na medicina chinesa em doenças cardiovasculares. “Havia indícios (de que a planta podia combater o câncer de mama), mas não sabíamos qual era a molécula. Então, chegamos à tanshinona, substância que mata as células do câncer”, explica Gilberto Lopes, que colidera o estudo e é oncologista do Hospital do Coração (HCor) e professor da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
Após identificar a molécula, os pesquisadores fizeram modificações e chegaram a uma substância denominada acetiltanshinona 2A (ATA), que será utilizada no futuro medicamento. A substância atua inibindo a ação do hormônio estrógeno. “Muitos cânceres de mama dependem do estrógeno para crescer, multiplicar-se e se espalhar para os outros órgãos, a metástase. O ATA se junta ao receptor de estrógeno e o destrói.”
Segundo Lopes, os testes em animais têm sido animadores. “Já sabemos que funciona em modelos animais. Estamos testando o tratamento em ratos e não vimos nenhuma toxicidade grande. Eles não morreram nem ficaram intoxicados.”
EUA. Após a finalização dos testes, os resultados serão encaminhados para a FDA (Food and Drugs Administration), agência que regulamenta medicamentos e alimentos nos Estados Unidos, para ter autorização para iniciar os testes em humanos. “Os estudos têm três fases: na primeira, para segurança, (participam) de 40 a 80 pacientes. Da segunda, para mostrar o efeito, (participam) de 40 a 200 pacientes. Estudos de fase 3 revelam se o tratamento novo é melhor que o de rotina.”
De acordo com Lopes, os testes devem começar simultaneamente no Brasil e em Cingapura, por causa da nacionalidade dos pesquisadores. O investimento para os estudos em seres humanos deve ficar entre US$ 1 milhão e US$ 3 milhões, o equivalente a um valor entre R$ 2,5 milhões e R$ 7,5 milhões.


Maioria das mulheres tem problema sexual pós-câncer
26/10/2014 - Folha de S.Paulo

Primeiro veio o câncer, o medo da morte. Depois, a perda da mama, a químio e a radioterapia. Por fim, a falta de desejo e a rejeição do marido.

O enredo, comum a muitas mulheres que enfrentaram o câncer da mama, foi vivido pela bancária aposentada Eva Batista, 62, há seis anos, quando descobriu o tumor.

"Depois do tratamento, meu marido começou a me evitar. Eu o procurava, mas ele me rejeitava. O tempo foi passando e eu parei de insistir. Não sinto mais falta [de sexo]. O importante é estar viva", diz Eva, mãe de dois filhos já adultos.

Problemas relacionados à sexualidade afetam entre 60% a 70% das mulheres após tratamentos de câncer de mama, mostram cinco estudos publicados nos últimos dois anos no periódico "Journal of Sexual Medicine".

Um pesquisa com 216 mulheres feita pelo Hospital de Câncer de Barretos (SP), em parceria com o centro MD Anderson, do Texas, chegou a resultado parecido: 60% das mulheres, com idade média de 50 anos, relatam disfunções sexuais após o câncer.

As queixas incluem a falta de desejo, de lubrificação vaginal e de orgasmo. Na população feminina adulta em geral, a taxa de disfunção sexual gira em torno de 40%.

"Nas consultas de rotina, menos de 5% das pacientes se queixam de problemas sexuais. Ficam acanhadas. O médico precisa perguntar. Espontaneamente, elas não falam", diz o oncologista Carlos Paiva, um dos autores do estudo em Barretos.

Outra pesquisa em fase de conclusão, conduzida pela mastologista Maira Caleffi, da Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), aponta que em 82% do tempo de consulta o médico fala de efeitos do tratamento. "Não há tempo para questões emocionais e muito menos para as sexuais."

Para ela, isso só é possível em instituições com equipes multidisciplinares, que envolvam psicólogas e fisioterapeutas, por exemplo.

MENOPAUSA PRECOCE

Parte dos problemas fisiológicos, como a secura vaginal, é atribuída à quimioterapia ou a remédios que bloqueiam a produção de estrógeno, causando uma menopausa temporária.

"Resseca mesmo. A relação sexual torna-se dolorosa para a mulher e para o parceiro", afirma a psicóloga Valéria Baraccat Gyy, que já enfrentou o câncer de mama e mantém a ONG Casa da Mulher, que oferece suporte físico e emocional às mulheres com a doença.

Ela orienta desde como se maquiar e usar lenços na cabeça durante a quimioterapia até a melhor forma de colocar o lubrificante antes das relações sexuais.

Para o oncologista José Luiz Bevilacqua, diretor do departamento de mastologista do A.C. Camargo Cancer Center, é também papel do médico orientar pacientes sobre temas sexuais. "O lubrificante, por exemplo, não pode ter [hormônio] estrógeno."

Segundo ele, a mulher deve ser informada ainda sobre outros aspectos importantes da saúde sexual. "Se ficar muito tempo sem [sexo], a mucosa da vagina atrofia."

Segundo Valéria, sexo é um tema recorrente nas reuniões com mulheres que passaram por cirurgias na mama. "Quase todas dizem que usam camisetas ou top de ginástica [na hora do sexo], e só transam no escuro."


Na vanguarda da prevenção
27/10/2014 - O Globo

Fiocruz obtém nos EUA patente de tecnologia inovadora desenvolvida por seus pesquisadores que pode levar à criação de novas vacinas contra doenças que assustam o mundo, como o ebola, ou negligenciadas, como Chagas

O princípio básico das vacinas é “ensinar” previamente o sistema imunológico a combater organismos causadores de doenças, os chamados patógenos, para que quando a pessoa entre em contato com eles não fique doente. Para isso, os cientistas lançam mão de diversas estratégias, como usar os próprios organismos — em geral vírus, bactérias ou parasitas — já mortos ou debilitados, partes ou proteínas produzidas por eles e até patógenos parecidos que afetam animais, mas não humanos. Mas, dependendo do organismo, estas abordagens se mostram difíceis, ineficazes ou mesmo arriscadas. Agora, porém, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio, desenvolveram uma tecnologia inovadora na qual “embaralham” partes destes patógenos em outro contra o qual já existe uma vacina eficiente e que acaba de ter patente concedida nos EUA. Assim, seria possível ativar o sistema imunológico para lutar contra as duas doenças, abrindo caminho para a criação de novos imunizantes contra males que assustam o mundo, como ebola e Aids, ou negligenciados, como Chagas, dengue e malária.

Criada por Myrna Bonaldo, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), e Ricardo Galler, do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), ambos ligados à fundação, a técnica tem como base a vacina contra a febre amarela, de segurança e eficácia reconhecidas. Aplicado desde 1937, o imunizante usa vírus vivos atenuados capazes de se multiplicar no organismo humano em quantidade limitada, mas não suficiente para provocar a doença. Com ferramentas da engenharia genética, eles encontraram uma maneira de introduzir partes de outros patógenos no vírus, produzindo “vírus recombinantes” que, por carregarem características dos dois organismos, podem “ensinar” as células de defesa a reconhecer as duas infecções.
Myrna conta que para chegar à tecnologia foi necessário primeiro um estudo minucioso do vírus da febre amarela. Com apenas cerca de 11 mil nucleotídeos, as letras que compõem o alfabeto do código genético de todos os seres vivos, o genoma do organismo é pequeno mesmo se comparado com os de outros vírus, o que dificultou a busca por locais onde ele pudesse ser alterado sem matá-lo ou deixá-lo incapaz de se reproduzir, o que faria a vacina ineficaz. Depois, os pesquisadores tiveram que encontrar uma forma de ordenar a “edição” das proteínas características do segundo patógeno, isto é, separá-las do material típico do da febre amarela, para que o sistema imunológico também desenvolva defesas contra ele e ao mesmo tempo manter a viabilidade do vírus. Por fim, eles ainda precisaram controlar a tendência do vírus de “expulsar” sequências exóticas do seu material genético, estabilizando a capacidade de imunização das eventuais vacinas contra as duas doenças.
— No final, temos um produto que não deixa de ser uma vacina contra a febre amarela, mas que também é vetor de componentes de outros patógenos e faz com que a pessoa reaja à segunda doença — explica Myrna. — Ainda não temos um produto final e estamos trabalhando para aperfeiçoar esta estratégia, mas, teoricamente, seria possível usar o método para produzir vacinas contra qualquer tipo de vírus ou outros patógenos, até o ebola.
Atualmente, a tecnologia agora de propriedade intelectual garantida da Fiocruz está sendo usada em pesquisas para a criação de uma vacina contra o HIV, vírus causador da Aids, lideradas pelo cientista David Watkins, da Universidade de Miami, nos EUA, em parceria com os pesquisadores da instituição brasileira. Neste caso, a ideia é copiar a reação do sistema imunológico dos chamados “controladores de elite”, raras pessoas que, mesmo infectadas pelo vírus, não desenvolvem a síndrome, o que permitiria que a vacina fosse usada tanto para prevenção quanto para tratamento da doença. Os resultados dos primeiros testes feitos em macacos foram promissores.


Raiz alucinógena é testada para tratar dependência
25/10/2014 - Folha de S.Paulo

A raiz de um arbusto que cresce no oeste da África tem sido usada no tratamento de dependentes químicos em clínicas brasileiras, ainda que, até agora, faltem pesquisas que deem respaldo a essa prática.

Para acessar os efeitos terapêuticos da ibogaína --princípio ativo extraído da planta Tabernanthe iboga, ou simplesmente iboga-- a Universidade Federal de São Paulo acaba de concluir o primeiro estudo do mundo realizado com dependentes de crack e de cocaína.

Seus resultados, publicados no britânico "Journal of Psychopharmacology", serão divulgados no Global Addiction Conference, encontro internacional de especialistas em dependência química que acontece de 10 a 12 de novembro no Rio.

O estudo avaliou o uso da ibogaína no tratamento de 75 usuários (67 homens e oito mulheres) de drogas diversas --crack, cocaína, álcool e tabaco. A eles foi ministrada ibogaína em sua forma pura, o hidrocloreto de ibogaína (HCL1), importado do Canadá.

Os cientistas relatam que 100% das mulheres e 57% dos homens mantiveram a abstinência por quase um ano após o uso de, em média, duas doses de ibogaína.

Na literatura científica, um tratamento que alcance dois meses de abstinência é considerado bem-sucedido.

"É por isso que os resultados com a iboga chamaram tanto a nossa atenção", diz o psiquiatra Dartiu Xavier, coordenador do estudo. Sob o efeito da iboga, pacientes relatam rever a vida como um filme. "É como se tivessem feito psicoterapia intensiva."

Uma hipótese é que a ibogaína, um alucinógeno, atue sobre o sistema de recompensa do cérebro, que tem sua atividade aumentada sob o efeito de drogas como cocaína e crack.

"Ela parece ser capaz de reiniciar' esse sistema, como a gente faz quando reformata o disco rígido de um computador", diz Xavier.

Ainda que os resultados do estudo sejam positivos, a ibogaína só pode ser considerada como tratamento após um trabalho controlado, no qual um grupo recebe a substância e outro, placebo. O psiquiatra não aconselha o uso da substância.

SUBCULTURA


Mesmo tendo efeitos desconhecidos e podendo ser até fatal sem acompanhamento médico, o uso da iboga tem se disseminado em clínicas para dependentes.

Em São Paulo e no interior, o tratamento custa de R$ 5.000 a R$ 8.000.

O período de internação varia de cinco dias a dois meses. Algumas clínicas oferecem tratamento psicológico e dizem avaliar as condições de saúde do paciente antes da terapia.

Em uma das clínicas contatadas pela Folha, a substância usada é extraída em um laboratório. Em outra, é usado chá de raiz importada do Gabão.

Rogério Moreira de Souza, do Instituto Brasileiro de Terapias Alternativas, em Paulínia (SP), diz importar de um laboratório europeu a ibogaína que ministra há oito anos.

Para ele, a disseminação da iboga traz riscos. "Tem gente fazendo tratamento com substância de baixa qualidade, o que compromete o resultado", diz.

A literatura médica registra 3.000 casos de uso de iboga. Seu efeito contra a dependência foi relatado pela primeira vez em 1962, quando o norte-americano Howard Lotsof, um viciado em opioides, registrou experiência benéfica com a planta. Há, no entanto, relatos de dezenas de mortes, principalmente porque a droga, em alta dosagem, provoca alterações cardíacas.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária informa que não há medicamento registrado no Brasil com a ibogaína, e, por isso, alegações terapêuticas a esse produto são ilegais.

Mas a substância não está na lista de compostos proibidos e pode ser importada para uso pessoal.


 

Saúde

 


NY anuncia medidas para conter o ebola
25/10/2014 - Folha de S.Paulo

Para evitar pânico e reduzir as chances de serem surpreendidos por um novo caso de ebola, as autoridades da região de Nova York anunciaram nesta sexta-feira (24) novas medidas de prevenção.

Depois do primeiro diagnóstico do vírus na cidade, na quinta à noite, os governadores de Nova York, Andrew Cuomo, e de Nova Jérsei, Chris Christie, decidiram que todos os funcionários de saúde vindos dos países afetados na África serão imediatamente colocados em quarentena, ainda que não apresentem sintomas.

Eles ficarão isolados por 21 dias (tempo máximo de incubação do vírus) para garantir que a doença não se espalhe.

"Uma quarentena voluntária para o ebola não é suficiente", disse Cuomo. "Essa é uma situação de saúde pública muito séria."

De acordo com Christie, os protocolos federais --que a partir de segunda-feira obrigarão passageiros vindos de Guiné, Serra Leoa e Libéria a monitorarem a própria saúde-- não são suficientes.

Já nesta sexta, uma funcionária de saúde que desembarcou no aeroporto de Newark (NJ) vindo de Serra Leoa foi colocada em quarentena.

A medida foi tomada depois das notícias de que Craig Spencer, o médico diagnosticado com o vírus, passeou pela cidade de Nova York nos dias antes de ser internado. Ele estava trabalhando na Guiné até o dia 12 de outubro.

Spencer usou três linhas de metrô (1, A e L), jogou boliche com os amigos e foi a um café e um restaurante nesta semana. Com exceção dos trens do metrô, todos os outros locais foram fechados temporariamente para avaliação e limpeza.

O médico foi criticado pelo governador de Nova York. "Ele não seguiu o protocolo, sejamos honestos", disse.

A preocupação das autoridades para evitar o pânico na população é evidente. Menos de 24 horas após o diagnóstico, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, já havia dado três entrevistas coletivas para falar do caso.

Ele também pegou um trem da linha A do metrô durante a tarde desta sexta.

"Os nova-iorquinos que não foram expostos aos fluidos corporais de uma pessoa infectada não correm risco", disse De Blasio.

"Temos o melhor sistema de saúde do mundo. Estamos totalmente preparados para lidar com o ebola". O estado de saúde do médico é estável, segundo as autoridades. A noiva dele, Morgan Dixon, também foi internada.

OBAMA

A enfermeira Nina Pham, de Dallas, a primeira pessoa infectada pelo vírus nos EUA, saiu hoje do hospital. Ela não tem mais a doença.

A funcionária se encontrou com o presidente Barack Obama, que fez questão de abraçá-la para reforçar que é seguro estar perto de alguém que teve a doença.

"Vamos dar um abraço para as câmeras", disse.



Recusa em admitir surto afeta Serra Leoa
25/10/2014 - Folha de S.Paulo


Primeiro, o chefe disse que não havia pessoa alguma doente em sua comunidade. Depois, afirmou que, se alguém estivesse doente, era por bruxaria. Por fim, reconheceu que trabalhadores do setor de saúde estavam recolhendo diversos pacientes suspeitos de ebola a cada dia.

Na verdade, 15 cadáveres haviam sido retirados da comunidade em menos de uma semana, mas o chefe não admitiu o fato.

A negação persistente vem prejudicando a luta contra o vírus em Serra Leoa. Ela se estende das aldeias aos legislativos estaduais, e ecoa nos círculos de algumas das agências internacionais, agora presentes em grande número no país e nas demais nações atingidas pelo ebola na África ocidental.

A tendência a minimizar os danos da doença era perceptível desde que o surto foi identificado, em março. Mas o efeito da negação é prolongar o sofrimento.

Na semana passada, as autoridades internacionais de saúde decidiram uma mudança importante de estratégia. Reconhecendo que o vírus se espalhou a ponto de tornar inviável conduzir todos os pacientes a centros de tratamento, concordaram em pelo menos distribuir analgésicos, luvas de proteção e fluido de reidratação a pacientes que estão enfrentando a doença em suas casas.

A distância entre as necessidades dos doentes e a resposta das autoridades fica evidente. Os trabalhadores funerários usam furgões precários para recolher cadáveres, e alguns desses veículos não conseguem enfrentar as íngremes colinas do país.

No entanto, o estacionamento de uma das mais importantes agências da ONU em Freetown, capital da Serra Leoa, estava lotado na semana passada de veículos novos, com tração nas quatro rodas --ao menos 30 deles.

As vítimas do ebola morrem em condições terríveis, sem comida, água ou medicamentos adequados, em barracos ou casas de barro.

Do lado de fora de uma casa em Waterloo, um menino de 11 anos, já infectado, usava um balde para dar banho em seu irmão de dois anos, também doente, em um esforço para reduzir sua febre descontrolada. Enquanto isso, no único hotel cinco estrelas do país, autoridades da União Africana, todos em belos ternos, realizam importantes reuniões para discutir a resposta ao ebola.

As botas de borracha necessárias para o pessoal que trabalhará na área de infecção não estão disponíveis, mas há seguranças armados de sobra.

Os trabalhadores dos serviços funerários, que têm de lidar com cadáveres altamente infecciosos mas não vêm recebendo seu salário semanal de US$ 100 do governo, ameaçaram entrar em greve na semana passada.

Uma assessora do funcionário da saúde responsável pelo setor afirmou não entender "por que eles estão tão impacientes".

O atraso nos salários é difícil de compreender para muitos deles, dada a assistência que flui ao país.

Um funcionário do governo disse que Serra Leoa já havia recebido mais de US$ 40 milhões em doações para combater o ebola.

Um dos exemplos mais nítidos de desconexão da realidade em Serra Leoa está nas estatísticas de mortes reportadas pelo governo. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) continua a confiar nos dados do governo.

Sylvia Olayinka Blyden, que deixou o posto importante que detinha no governo de Serra Leoa duas semanas atrás, foi mais direta em um recente post, definindo as estatísticas do Ministério da Saúde como "desonestas, enganosas" e "vergonhosas".


Idoso exige política de longo prazo
27/10/2014 - Valor Econômico


Conquista da medicina, associada a desenvolvimento econômico e políticas públicas de saúde, a longevidade tornou-se, paradoxalmente, um desafio para os sistemas de saúde. As pessoas estão vivendo mais, porém enfrentam um envelhecimento complicado, marcado por doenças crônicas, que comprometem a qualidade de vida e elevam os gastos com tratamentos prolongados. "Em países muito desiguais como o nosso, muitos dos nossos idosos estão envelhecendo com muitos problemas de saúde, com aumento das condições crônicas, que ao final da vida, muito frequentemente, se traduzem em incapacidades funcionais e dependências", diz a médica sanitarista Marilia Cristina Prado Louvison, professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Associação Paulista de Saúde Pública (APSP). Isso compromete os serviços de saúde, com mais consultas e mais internações, mais caras e prolongadas, refletindo-se na organização e sustentabilidade dos sistemas de saúde.

Entre 1980 e 2012, a expectativa de vida dos brasileiros aumentou de 62,52 anos para 74,5 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Projeção do instituto mostra que o grupo de pessoas com 60 anos ou mais, que em 2012 chegou a 12,6% da população, alcançará 13,8% do total, em 2020, e 33,7%, em 2060. Depois de 2030, esse grupo de pessoas será maior que o de crianças com até 14 anos. Em 2055, sua participação na população total será maior que a de crianças e jovens com até 29 anos.

A situação abala tanto o sistema público quanto o privado, ainda não preparados para responder às demandas dessa revolução demográfica e epidemiológica, em que as principais causas de enfermidade e morte não são mais a má-nutrição e doenças infecciosas, mas sim doenças cardíacas e respiratórias, diabetes tipo 2, câncer e outras enfermidades crônicas, além da violência. "O modelo de atenção com alta tecnologia que produzimos não indica resultados satisfatórios e se torna insustentável ao longo do tempo", diz a professora Marilia. Para ela, a alta carga de condições crônicas e dependência demanda bons sistemas de saúde integrados em redes de serviços multidisciplinares.

Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, o envelhecimento da população representa dois grandes desafios: estruturar o atendimento do idoso enfermo e, ao mesmo tempo, adotar um conjunto de políticas de prevenção para que as pessoas possam envelhecer livres de incapacidade. Redução do tabagismo, da obesidade, do sedentarismo, do consumo excessivo de álcool e a adoção hábitos saudáveis, um consenso entre os especialistas, é apontada pelo ministro como linha mestra de um programa de prevenção. "O grande desafio para o próximo governo será sair da agenda da doença para a agenda da promoção da saúde e prevenção. É mais lógico e mais eficiente", diz Chioro.

A professora Marilia aponta para a necessidade de ações para prevenir quedas, diagnóstico precoce de demências e deficiências auditivas e oculares, atenção à saúde bucal, cuidado domiciliar e atenção aos cuidadores, geralmente também idosos. "As famílias se reduziram e as mulheres estão no mercado de trabalho. Os idosos e suas famílias também precisam de proteção social", afirma. Países como Canadá, Inglaterra, Espanha e Portugal, segundo a sanitarista, construíram um sistema de atenção primária que responde melhor a essas demandas, com equipes qualificadas, além de investirem em sistemas de cuidados de longa duração ou continuados. "São sistemas responsáveis pelo atendimento de idosos com dependências. Quando essas demandas são incorporadas apenas ao sistema de saúde, aumenta o custo dos serviços, à medida que a população envelhece, sem que os resultados sejam ampliados", explica.

Para a sanitarista, o Brasil ainda enfrenta o envelhecimento de forma tímida. É preciso formar médicos especializados, como geriatras e gerontólogos, que estudam o envelhecimento. "Além disso, o SUS precisa definir melhor o papel desses especialistas e incorporá-los em rede e não pulverizá-los em novos serviços isolados", afirma. Vários estados e municípios começam a incorporar esses profissionais no apoio à equipe de saúde da família, como o Estado de São Paulo, que implantou o Centro de Referência do Idoso (CRI), com duas unidades na capital e proposta de expansão também para o interior. Já o município de São Paulo instalou as Unidades de Referência à Saúde do Idoso (Ursi), com equipes menores de apoio, em unidades básicas de saúde (UBS).



Ebola ultrapassa barreira de 10 mil casos, afirma OMS
26/10/2014 - Folha de S.Paulo


A Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmou neste sábado (25) que já foram registrados mais de 10 mil casos de ebola nos oito países afetados pelo vírus, dois dos quais, Nigéria e Senegal, foram recentemente declarados livres da doença.

Do total de 10.141 infectados, 4.922 morreram, de acordo com os últimos dados divulgados pela OMS sobre a situação da epidemia de ebola.

A OMS diz que 4.655 contagiados estão na Libéria, 3.896 em Serra Leoa, 1.553 na Guiné, 20 na Nigéria, quatro nos Estados Unidos e três no Senegal, na Espanha e no Mali.

Na estatística, a OMS contabilizou a menina de dois anos morta na sexta (24) no Mali. O caso, primeiro registrado no país, gerou preocupação porque ela fez um longo percurso da Guiné, um dos principais focos da epidemia, até o Mali e entrou em contato com muitas pessoas.

O presidente do Mali prometeu no sábado fazer todo o possível para evitar a propagação do ebola no país. Cerca de 50 pessoas foram colocadas em quarentena, segundo o Ministério da Saúde local.

FATOS, NÃO MEDO

Nos Estados Unidos, onde o primeiro caso de ebola em Nova York foi confirmado na quinta-feira (23), o presidente Barack Obama elogiou os nova-iorquinos por sua reação calma ao problema. Em discurso neste sábado, Obama disse que a resposta para os casos deve ser guiada "pelos fatos, e não pelo medo".

Os governadores dos Estados de Nova York, Nova Jersey e Illinois ordenaram na sexta-feira quarentena obrigatória a todos aqueles que tiveram contato com pessoas contaminadas pelo vírus ebola na África Ocidental.

As medidas foram tomadas após o primeiro caso confirmado em Nova York, de um médico que havia tratado pacientes doentes na Guiné.

Profissionais de saúde americanos temem que o novo protocolo, mais restritivo, possa acabar reduzindo o número de pessoas dispostas a se voluntariar nos países que enfrentam a doença.

Segundo a OMS, nos sete meses de epidemia, 450 profissionais de saúde foram contaminados pelo vírus. Mais da metade, 244, morreram em decorrência da doença.



 

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