Revista 107 - CRF-SP em Ação - Indicação Farmacêutica em debate



Revista do Farmacêutico 107
PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 107 - MAI - JUN - JUL / 2012

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Indicação Farmacêutica em debate

Evento internacional reúne 250 profissionais e estudantes de Farmácia na capital

Seminário Internacional sobre Indicação Farmacêutica
Seminário discutiu a Indicação Farmacêutica na Espanha e a regulamentação no Brasil (Foto: Chico Ferreira / Agência Luz)

Num momento em que se discute tanto a prescrição farmacêutica, é importante ampliar o debate e conhecer as diversas realidades nessa área, inclusive dos países que adotam outros sistemas, como é o caso da Espanha. Por isso, o CRF-SP promoveu, em 23 de junho, com o apoio da Farma&Farma, o 1º Seminário sobre Indicação Farmacêutica.

O evento reuniu 250 profissionais e acadêmicos de Farmácia na capital do Estado e contou com as palestras da dra. Maria José Martín Calera, da Universidade de Sevilha e da dra. Denise Funchal, docente e coordenadora de cursos intensivos e de pós-graduação lato sensu do Instituto Racine.

Dra. Maria José Martín Calera apresentou a situação da Espanha, onde o serviço já é realidade. De acordo com ela, o serviço de indicação farmacêutica pode ser inserido no sistema público de saúde. “Se farmacêuticos assumirem a responsabilidade de indicar, haverá melhora sobre a saúde. Os tratamentos disponíveis no sistema de saúde pública em conjunto com o serviço de indicação farmacêutica aumentarão a excelência nos atendimentos dos pacientes. Mas o farmacêutico que se propõe a atuar com indicação deve se preparar para isso”.

Dra. Calera é autora de diversas publicações na área farmacêutica, mestre em atenção farmacêutica pela Universidade de Minnesota (EUA) e doutora em Farmacologia pela Universidade de Sevilha (Espanha).

A situação brasileira foi apresentada pela dra. Denise Funchal, que alertou sobre a importância do farmacêutico na dispensação dos medicamentos isentos de prescrição (MIPs) como profissional do medicamento e não como uma imagem médica. “É fundamental desconstruir a imagem que a sociedade tem do farmacêutico como uma representação de atendimento médico ‘tapa buraco’ em função das lacunas que o sistema de saúde apresenta. O farmacêutico precisa ser reconhecido e consultado como profissional do medicamento, pois tem o conhecimento, habilidade e competência para isso”.

Para o dr. Pedro Eduardo Menegasso, presidente do CRF-SP, o seminário possibilitou ampliar a visão do farmacêutico sobre a importância de sua profissão.“O CRF-SP tem sido pioneiro em trazer o farmacêutico para discussões que mostram o seu valor, como é o caso da indicação farmacêutica”, disse.

Ao final, houve um debate entre dr. Pedro Eduardo Menegasso, dr. Rinaldo Ferreira e as palestrantes.  

Davi Machado e Mônica Neri   

ENTREVISTA

 

Dra. Maria José (Foto: Chico Ferreira / Agência Luz)
Dra. Maria José: “o farmacêutico precisa estar bem preparado para exercer a indicação” (Foto: Chico Ferreira / Agência Luz)

Em conversa com a Revista do Farmacêutico, dra. Maria José Martín Calera falou mais sobre a importância da criação de uma legislação que reconheça a prescrição farmacêutica.

 

RF - Pode-se reduzir a procura pelo sistema de saúde se o farmacêutico trabalhar com indicação?
MJC - Penso que a procura pelos serviços de saúde não vão diminuir nunca. O paciente solicita esses serviços, as administrações sanitárias e públicas os oferecem e sempre será assim. Conforme a prestação de saúde pública melhora, mais pessoas buscam esse atendimento médico. Porém, acredito que é possível sim os dois serviços se complementarem, ou seja, o serviço de saúde pública, ao qual o paciente nunca deve renunciar, e o serviço de indicação farmacêutica, que cada vez mais atenderá as necessidades mais simples do paciente. 

RF - Como deve se preparar o farmacêutico que tenha a intenção de trabalhar com indicação?
MJC - O farmacêutico que queira trabalhar com indicação, assim como o farmacêutico que queira oferecer uma dispensação informada ou realizar o segmento de farmacoterapia, deve se preparar muito, fazendo cursos de capacitação. Mas, sobretudo, tem que romper a barreira que o impede de se relacionar diretamente com o paciente e solucionar o problema dele com  máxima atenção e responsabilidade. O farmacêutico assistencial, depois de se formar, continua se aperfeiçoando e aprendendo dia a dia com seus pacientes. Quando encontra um problema, ele estuda e dá o devido encaminhamento com a máxima responsabilidade. Nunca podemos perder a dimensão de que uma indicação incorreta pode mascarar sintomas e trazer graves prejuízos à saúde. Assim, o farmacêutico vai enriquecendo e aumentando sua experiência. Essa é a única forma de ser um bom profissional.

RF - Na Espanha, o farmacêutico é visto como um profissional de saúde?
MJC - Isso ainda não é uma realidade, mas queremos que assim seja. Porém, a população cada vez mais nos identifica como profissionais de saúde especialistas em medicamento. Mas o que se passa na Espanha e em muitos outros países é que o farmacêutico não está suficientemente valorizado pela administração sanitária. O paciente tem nos valorizado muito bem. As instituições médicas nos vão aceitando cada vez mais e nossas instituições sanitárias são as que têm que criar e aprovar nossas legislações para integrar totalmente o farmacêutico na equipe de saúde. Porém, devo dizer que muitas vezes é o próprio farmacêutico a barreira mais importante, porque preferem trabalhar comodamente a responsabilizar-se e a integrar-se a equipe de saúde.

 

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