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Revista do Farmacêutico

PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 127 - AGO - SET - OUT / 2016

COMISSÕES ASSESSORAS / SAÚDE PÚBLICA

 

Muito além da dispensação

A importância do farmacêutico na rede de atenção psicossocial

 

comissao saude publica 001Atualmente, 3% dos brasileiros sofrem de transtornos mentais severos e persistentesNo Brasil, 12% da população necessita de algum atendimento em saúde mental, seja ele contínuo ou eventual, 6% da população apresenta transtornos psiquiátricos graves decorrentes do uso de álcool e outras drogas e 3% da população sofre com transtornos mentais severos e persistentes, segundo dados do Ministério da Saúde. 

Trata-se de uma importante parcela da população, conhecidamente excluída pela sociedade que, até 1990, quando se efetivou a reforma psiquiátrica, era basicamente tratada em manicômios. Com a reestruturação da assistência psiquiátrica, entretanto, as internações nesses locais foram, aos poucos, sendo substituídas por tratamentos mais humanizados e, neste contexto, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) começaram a ser espalhados e a ganhar força pelo país.

Os CAPS são estabelecimentos que oferecem tratamento para pessoas que sofrem transtornos mentais e são divididos pelas modalidades adulto, infantil, e álcool e drogas. É um serviço de saúde aberto e comunitário do SUS, que gerencia os projetos terapêuticos oferecendo cuidado clínico eficiente e personalizado e promove a inserção social dos usuários por meio de ações que envolvam educação, trabalho, esporte, cultura e lazer.

Esses centros oferecem atendimento multiprofissional com ações direcionadas à área clínica, consultas, tratamentos medicamentosos, terapias, oficinas terapêuticas, atenção familiar e ações de assistência social. Dentro dessa equipe multidisciplinar, a presença do farmacêutico é reconhecidamente essencial, principalmente nos aspectos relacionados aos medicamentos, desde a requisição, até o armazenamento e a dispensação. 

A maioria dos medicamentos dispensados nas redes de atenção psicossocial é controlada pela Portaria SVS\MS 344/98 e dispende de maior atenção por sofrer uma regulamentação específica. Porém, o papel do farmacêutico perpassa a necessidade exigida em legislações.

Segundo a dra. Carolina Nardi Duarte, coordenadora da Comissão Assessora de Saúde Pública da Seccional Piracicaba do CRF-SP e farmacêutica Responsável Técnica do Ambulatório de Saúde Mental da Prefeitura de Limeira, dentro dessa rede de atenção psicossocial a parte clínica da Farmácia é de extrema importância, já que, junto com os demais profissionais da equipe multidisciplinar, o farmacêutico consegue avaliar e sugerir adequações na farmacoterapia do paciente, visando sempre a adesão, a segurança e a eficácia do tratamento.

Outro fator importante é a orientação da farmacoterapia não apenas para os pacientes, mas também para seus cuidadores e/ou familiares, conscientizando sobre a necessidade de adesão ao tratamento, os cuidados com o paciente e como proceder em casos de reações adversas ou de crises.

“O farmacêutico é a peça-chave quando pensamos na avaliação e evolução da farmacoterapia. Como é o responsável pelo histórico de dispensação do medicamento, o profissional consegue avaliar o tratamento e seus efeitos mais rapidamente do que o médico, sendo o elo entre o paciente e sua família e o tratamento medicamentoso frente ao prescritor”, aponta. 

Fazendo a diferença

O farmacêutico que atua nos CAPS tem a chance de fazer a diferença na vida de seus pacientes de diversos modos, principalmente apostando em ações de assistência e atenção farmacêutica, farmacovigilância e com sua inclusão na equipe multidisplinar. “A discussão de casos clínicos é de extrema importância e a opinião do farmacêutico tem contribuído cada vez mais para farmacoterapias de sucesso”, ressalta a dra. Carolina. 

Ela conta que, ao assumir seu cargo, percebeu que na orientação farmacêutica, no momento da dispensação, os pacientes/cuidadores apresentavam diversas dúvidas sobre suas doenças e tratamentos e elenca como um dos maiores problemas encontrados o uso inadequado do medicamento devido à aversão do paciente frente à forma farmacêutica (o uso de comprimidos pode dificultar a adesão, por exemplo) e o desrespeito à posologia. 

Para esses casos, é importante que o farmacêutico assuma posturas focadas na orientação, na atuação clínica junto à equipe multidisciplinar e na educação. É um trabalho essencial para a valorização profissional, além de melhorar a qualidade de vida da população.

por Monica Neri 

 

 

 

 

     

     

    farmacêutico especialista

     

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