ESTABELECIMENTOS REGISTRADOS

PROFISSIONAIS INSCRITOS ATIVOS

Revista do Farmacêutico

PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 126 - MAI - JUN - JUL / 2016

MENSAGEM DA DIRETORIA

 

  

A gripe, os médicos e o ministro

 

Nos últimos meses, assistimos a uma sucessão de ataques ao prestígio do farmacêutico pelas redes sociais. Primeiramente, alguns médicos manifestaram reprovação contra a prescrição farmacêutica, regulamentada há quase três anos, alegando erroneamente que o farmacêutico quer fazer diagnóstico e exercer a medicina.
Em seguida, o atual ministro da Saúde, o engenheiro Ricardo Barros, afirmou em visita a uma unidade de saúde do Paraná que levaria médicos cubanos onde os brasileiros recusassem trabalhar, porque um profissional de Cuba valeria mais que “um farmacêutico ou uma benzedeira” para atender a população.
O CRF-SP emitiu nota de repúdio às declarações do ministro e exigiu retratação, o que ele acabou fazendo de maneira acanhada, culpando o jornalista autor da reprodução da sua declaração, por meio do seu perfil no Facebook.
Em todos esses casos, pudemos constatar o mesmo motivo: a desinformação.
Farmacêuticos não fazem diagnóstico, até porque prescrevem medicamentos isentos da obrigatoriedade da prescrição médica (MIPs), mas sim fazem uma avaliação prévia de sinais e sintomas do paciente evitando que esse faça uso de medicamentos sem nenhuma orientação profissional, que podem mascarar doenças e causar danos à saúde.
É justamente para encaminhar ao médico pessoas cuja dor de cabeça não aparenta ser uma cefaleia comum que o farmacêutico está ali. A farmácia é quem acaba acolhendo a maioria dos doentes. Ter um profissional capacitado para fazer a triagem é importante. No mínimo, ele sairá do estabelecimento orientado e documentado quando a opção por um MIP for a mais acertada.
O setor da saúde sempre foi multidisciplinar. O morador da pequena cidade paranaense onde o ministro desferiu todo o seu desconhecimento não quer um médico, quer saúde.
Na reportagem de capa desta edição, apresentamos um bom exemplo do quanto a multidisciplinaridade faz diferença na vida das pessoas. A maioria dos mortos pela Influenza do tipo H1N1 percorreu diversos postos de saúde, hospitais e provavelmente farmácias. Quantos profissionais de saúde atenderam a essas pessoas?
Em uma das histórias, a vítima foi uma jovem mãe de 19 anos de idade, que reclamava de falta de ar, mas o sintoma foi avaliado como natural da própria gravidez. Foram duas semanas de sofrimento e outras tantas na UTI de um hospital. Em muitos casos, o diagnóstico de H1N1 foi confirmado tempos depois da morte do paciente.
Médicos erram e acertam, enfermeiros erram e acertam, farmacêuticos erram e acertam. Por isso, é melhor que trabalhem juntos. Fica a lição para o ministro.

 

 

 

 

 

 

   

 

 

     

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