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PROFISSIONAIS INSCRITOS ATIVOS

Revista do Farmacêutico

PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 123 - NOV - DEZ / 2015

COMISSÕES ASSESSORAS /FARMÁCIA CLÍNICA

 

 

Do hospital para a farmácia

Com respaldo da legislação, atribuições clínicas privativas do farmacêutico ganham farmácias e drogarias; paciente é acolhido e tem a saúde monitorada

  

A farmácia clínica sempre teve sua imagem associada ao ambiente hospitalar ou ambulatorial –espaços onde inúmeros profissionais desenvolvem experiências exitosas há anos. A atividade é voltada à ciência e à prática do uso racional de medicamentos, na qual farmacêuticos prestam cuidado aos pacientes de forma a aperfeiçoar a farmacoterapia, promover saúde, bem-estar e a prevenção de doenças.


farmacia-clinicaDr. Filipe Tobias: experiência foi tema de artigo científico com foco em pacientes com diabetes tipo 2
No entanto, a entrada em vigor de normativas como a RDC 44/2009 e a Resolução 585/2013, do Conselho Federal de Farmácia, deu subsídios legais para que o modelo de atenção farmacêutica também fosse aplicado em farmácias e drogarias.
Considerado algo inovador e condizente no contexto da farmácia estabelecimento de saúde, a implementação da atenção farmacêutica representa uma quebra de paradigma do modelo comercial, até então predominante no país, ao acolher o paciente para oferecer um serviço que é privativo do farmacêutico.
De norte a sul do Brasil, já são muitas experiências de estabelecimentos cuja atividade vai além da dispensação de medicamentos. Em uma rede de Santos (SP), o empenho e a dedicação para pôr em prática a atenção farmacêutica têm como referência o trabalho do dr. Filipe Oliveira Tobias da Silva, que implementou o serviço em 2013. A experiência foi inclusive tema de artigo científico de sua autoria publicado após a conclusão de pós-graduação em Atenção Farmacêutica e Farmacoterapia Clínica, com foco em pacientes portadores de diabetes tipo 2.
Dr. Filipe explica que todos os serviços são oferecidos em salas climatizadas e consultórios farmacêuticos para o paciente ser atendido de forma individual e sigilosa. Para cada um dos serviços, são preenchidos formulários específicos, nos quais são anotados os dados do paciente, resultados obtidos e informações relevantes do seu histórico clínico. É nesse momento que o serviço de atenção farmacêutica é oferecido ao paciente.
O procedimento implica em elaborar o prontuário clínico do paciente contendo os dados cadastrais e informações pertinentes ao tratamento farmacológico, histórico de doenças crônicas e de serviços farmacêuticos prestados (pressão arterial e glicemia capilar) e horários de administração dos medicamentos. Preenchido e atualizado, o prontuário é encaminhado ao médico para acompanhamento da eficácia do tratamento.
Há situações em que o paciente necessita de cuidados e não faz acompanhamento médico, sendo assim, é feito o encaminhamento ao médico relatando as suas principais queixas.
Pouco mais de dois anos após a implementação desse trabalho, dr. Filipe é enfático ao afirmar que todo esforço tem valido a pena por conseguir demonstrar ao empregador que compensa investir em profissionais que oferecem atenção farmacêutica de qualidade: “Primeiramente, porque o paciente se sente acolhido, posteriormente por manter um laço de confiança entre o paciente e o farmacêutico. Começamos a estreitar o relacionamento com nossos pacientes, sabendo quais as necessidades de cada um individualmente, tanto farmacológicas, quanto não farmacológicas. Além disso, temos grande aceitação da classe médica, pois esses profissionais se sentem auxiliados com o trabalho desenvolvido por nós. ”

AUTONOMIA
farmacia-clinica2Farmacêutico clínico na farmácia: vantajoso para a população e para o proprietário do estabelecimentoNa avaliação do dr. Alexandre Figueira Nunes, da Comissão Assessora de Farmácia Clínica do CRF-SP, a partir do momento que o farmacêutico passa a ter autonomia para exercer as suas atividades sem interferências de outros, amparado pela legislação, a farmácia começa a ter um papel importante na garantia da saúde e bem-estar da população e o farmacêutico passa então a ter um papel de destaque nesse cenário.
“Nesse sentido, o farmacêutico clínico na farmácia tem a oportunidade de muitas vezes ser o primeiro contato do paciente, já que este geralmente procura a farmácia antes de procurar outro serviço de saúde, o que nos dá oportunidade de orientar, direcionar e até prescrever medicamentos que não necessitam de prescrição médica”, afirma o dr. Alexandre.
Dr. Weverson Junio Ribeiro Costa, também da Comissão de Farmácia Clínica, complementa: “Esse trabalho é vantajoso tanto para a população quanto para o proprietário do estabelecimento, pois garante o acesso e uso correto dos medicamentos, com qualidades e informações adequadas. Para o proprietário, a vantagem é que esse trabalho fideliza o cliente e aumenta sua lucratividade.” Tanto o dr. Alexandre como o dr. Weverson atuam em farmácia comunitária.

 

 

Por Renata Gonçalez


  

 

     

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