PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Nº 115 - JAN-FEV-MAR / 2014
Semiologia na prescrição
Antes de prescrever, é preciso conhecer técnicas sobre investigação de sinais e sintomas
A prescrição farmacêutica tornou-se realidade no Brasil, aprovada pela Resolução Nº 586, de 29 de agosto do ano passado, por unanimidade do Plenário do Conselho Federal de Farmácia (CFF).
Definida como ato pelo qual o farmacêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e não farmacológicas, e outras intervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente, a prescrição farmacêutica surgiu com o objetivo de promover, proteger e recuperar a saúde, além de prevenir doenças.
A atividade passou a ser uma das atribuições clínicas do farmacêutico e deve estar focada nas necessidades de saúde do paciente, nas melhores evidências científicas, em princípios éticos e em conformidade com as políticas de saúde vigentes. Seu exercício deve estar fundamentado em conhecimento e habilidades que garantem a autonomia técnica do profissional, como a fisiopatologia, a comunicação interpessoal, a farmacologia clínica e terapêutica, e a semiologia farmacêutica.
O termo semiologia farmacêutica foi adaptado da medicina para definir a aplicação das técnicas e conhecimentos utilizados na identificação de sinais e sintomas das enfermidades mais frequentes e importantes na prática da atenção farmacêutica, como os sintomas gerais (dor, náusea, diarreia, vertigem, entre outros).
A semiologia exige do farmacêutico conhecimento, preparo e disponibilidade emocional.
Para a farmacêutica clínica dra. Solange Brícola é importante que o farmacêutico se capacite em semiologia para ter mais conhecimento na hora de prescrever. “O farmacêutico aplica a semiologia para assumir a responsabilidade junto do paciente sobre o que ele deverá utilizar para se tratar, de acordo com aquele sintoma ou sinal. Mas ela é uma disciplina, inserida na atenção farmacêutica. O farmacêutico tem de ter capacitação para aplicar a semiologia na prática.”
De acordo com ela, existe um limite muito tênue na atuação clínica do farmacêutico. “A semiologia não serve para sairmos consultando, fazendo diagnóstico, mas quando recebemos um paciente, podemos, sim, investigar sintomas e sinais para identificar qual o melhor Medicamento Isento de Prescrição (MIP) para ele ou se o seu caso necessita de consulta médica, por exemplo”.
Para evitar essa dúvida, é importante entender o que diz também a Resolução Nº 585/2013 do CFF, que estabelece as atribuições clínicas do farmacêutico no âmbito individual e coletivo e atuar nos limites dessa norma.
Com apoio do CRF-SP, está sendo veiculado documentário na TV Cultura, TV Aberta (canal 9 da NET e 186 da Vivo), TV Câmara (61.4 aberto digital e canais 7 (digital) e 13 (analógico) da NET sobre prescrição farmacêutica, que visa esclarecer a população sobre esse ato, sua importância e benefícios. Confira a programação no site www.saudebrasilnet.com.br e no portal www.crfsp.org.br.
Glossário Semiologia - Parte das ciências da saúde relacionada ao estudo dos sintomas e sinais das doenças Semiologia Farmacêutica - Aplicação das técnicas e conhecimentos sobre a investigação de sinais e sintomas para a prática farmacêutica Sintomas - Referem-se ao que o paciente sente e são descritos por ele a fim de esclarecer a natureza da doença: dor, náusea, diarreia ou respiração curta, por exemplo Sinais - Referem-se aos achados do examinador. Os sinais podem ser observados e quantificados como, por exemplo, febre, hipertensão arterial, hiperglicemia ou alterações na pele Prescrição - Conjunto de ações documentadas relativas ao cuidado à saúde, visando à promoção, proteção e recuperação da saúde, e à prevenção de doenças e outros problemas relacionados Prescrição farmacêutica - Ato pelo qual o farmacêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e não farmacológicas e outras intervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente, visando à promoção, proteção e recuperação da saúde, e a prevenção de doenças e outros problemas de saúde Problema de saúde autolimitado - Enfermidade aguda de baixa gravidade, de breve período de latência, que desencadeia uma reação orgânica a qual tende a cursar sem dano para o paciente e que pode ser tratada de forma eficaz e segura com medicamentos e outros produtos com finalidade terapêutica, cuja dispensação não exija prescrição médica, incluindo medicamentos industrializados e preparações magistrais (alopáticos ou dinamizados), plantas medicinais, drogas vegetais ou com medidas não farmacológicas |