São Paulo, 10 de fevereiro de 2011.
Em Ribeirão Preto, de cada cem idosos que tomam medicamentos regularmente, 44 seguem a receita médica com medicamentos inadequados para o uso em idosos. É o que afirma a pesquisa feita pelo farmacêutico dr. André de Oliveira Baldoni, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP.
Para a pesquisa foram ouvidos mil idosos da cidade do interior paulista e analisou receitas de novembro de 2008 a maio de 2009. Dentre todos os entrevistados, 468 usam apenas as farmácias do SUS (Sistema Único de Saúde) para conseguir os medicamentos.
O levantamento mostrou que 30,9% dos idosos se medicam por conta própria; 37,1% não usam os medicamentos conforme prescritos e 46,2% relatam reações adversas. A pesquisa aponta três possíveis razões para justificar a prescrição de medicamentos inadequados: a falta de conhecimento de alguns profissionais de saúde; a falta de opções de remédios no sistema público; e a baixa renda dos idosos, que ficam sem acesso às outras drogas do mercado.
Baldoni constatou ainda que 16,3% dos idosos que retiraram medicamentos pelo SUS não receberam orientação sobre o seu uso correto por nenhum profissional da saúde. Além disso, 57,4% disseram não receber visitas dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), que são profissionais fundamentais para a prevenção de doenças.
Aumento das população de idosos
Estimativas apontam que, em 40 anos, o número de idosos vai triplicar, alcançando quase 30% da população brasileira, o que significa uma maior demanda por recursos de saúde e medicamentos. Para assegurar o atendimento de saúde deste grupo em expansão, será necessário um aprimoramento nos serviços e uma alteração nas políticas de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em entrevista a Agência USP de notícias dr. André Baldoni informou que se hoje já temos enormes filas de espera e muitas vezes o mau atendimento, a perspectiva para o setor de saúde nas próximas décadas, caso não haja um planejamento imediato, para atender a demanda crescente, só tende a piorar.
Os principais fatores responsáveis pelas deficiências do SUS, na avaliação do pesquisador, são a falta de padronização de medicamentos que sejam seguros com indicação específica para os pacientes idosos, a falta de investimento e priorização da atenção primária e a carência de políticas preventivas de doenças e de profissionais que atuem na prevenção das complicações em saúde, tais como educadores físicos e nutricionistas.
Segundo o pesquisador, o investimento nessas áreas poderia reduzir as complicações com o tratamento das morbidades típicas da população idosa, e com isso diminuiria gastos do sistema público de saúde.
Existem atualmente no Brasil cerca de 21 milhões de pessoas acima dos 60 anos, de acordo com o senso de 2008 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Assessoria de Comunicação CRF-SP