São Paulo, 17 de novembro de 2010.
A rede pública de saúde também está na mira das indústrias farmacêuticas. A constatação veio por conta de uma pesquisa realizada pela Anvisa em parceria com instituições de ensino superior em 15 cidades brasileiras, incluindo a capital paulista.
O estudo revelou que a pressão da indústria farmacêutica nesse setor ocorre, principalmente, nas decisões em relação à compra de medicamentos, já que 75% dos gestores entrevistados admitiram receber, muitas vezes mensalmente, representantes da indústria que oferecem brindes e impressos sobre os medicamentos.
Desses entrevistados, 46,2% disseram receber solicitações de compras de medicamentos não padronizados ou que não constam nas listagens oficiais, por motivos como decisões judiciais, compras de medicamentos excepcionais ou por exclusividade de fabricantes.
Ausência de farmacêutico
Outra constatação da pesquisa é que sete em cada dez responsáveis pelas farmácias do SUS (70,4% do total) não são farmacêuticos. A maioria (57,9%) é formada por profissionais da área de enfermagem (enfermeiro, técnico de enfermagem e auxiliar de enfermagem), o que fere a legislação em vigor e configura exercício ilegal da profissão farmacêutica.
Nesses estabelecimentos, portanto, não é feita a dispensação de medicamentos, mas sim a simples entrega do produto ao usuário, já que o farmacêutico é o único profissional devidamente capacitado para a dispensação.
De acordo com a gerente-geral de monitoramento e fiscalização de propaganda da Anvisa, Maria José Delgado Fagundes, o resultado da pesquisa irá subsidiar tanto as ações de monitoramento, fiscalização e regulação da propaganda quanto as estratégias para fortalecer a racionalidade na aquisição, dispensação e uso de medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Veja aqui a íntegra do relatório divulgado pela Anvisa
Renata Gonçalez
Assessoria de Comunicação CRF-SP