Workshop debate a Prescrição de Contraceptivos Hormonais por Farmacêuticos
São Paulo, 29 de outubro de 2024
Em agosto de 2024, o CFF publicou a Resolução nº 12/2024, que regulamenta a prescrição de contraceptivos hormonais por farmacêuticos no Brasil. Pouco mais de dois meses depois, nesta terça-feira, 29, o CRF-SP organizou um workshop híbrido para discutir essa nova prática, atraindo mais de 500 farmacêuticos que acompanharam debates que incluíram desde o contexto histórico até a aprovação da Resolução, as características destes medicamentos, as interações medicamentosas e reações adversas, a importância da anamnese e um exemplo prático de quem já implementou o protocolo no dia a dia de sua atuação profissional.
Intitulado ‘Prescrição de contraceptivos hormonais por farmacêuticos’, o evento iniciou com a palestra do Dr. Marcelo Polacow, presidente do CRF-SP, que destacou a importância do acolhimento e da prescrição farmacêutica. Ele esclareceu a base legal da nova norma, ressaltando que a regulamentação é crucial para garantir a segurança e a eficácia de uma prática que já ocorria nas farmácias, mas sem a devida prescrição de um profissional da saúde.
Sobre o acolhimento, o Dr. Marcelo deu ênfase à etapa dentro do processo de cuidado e essencial para o estabelecimento de uma relação terapêutica eficaz. “Esta prática envolve uma abordagem humanizada e empática, criando um ambiente propício para que a paciente se sinta confortável em discutir suas necessidades, dúvidas e preocupações”, afirmou.
A Dra. Amouni Mourad, assessora técnica do CRF-SP, apresentou uma atualização sobre os métodos contraceptivos hormonais. Ela explicou que os contraceptivos hormonais podem conter estrogênio e progesterona em associação ou apenas progesterona, e que cada um tem indicações específicas, observando critérios como histórico familiar, peso e idade, presença de doenças crônicas, entre outras. Ela detalhou as diferentes formas de apresentação dos medicamentos, que incluem opções orais, injetáveis, adesivos, anéis vaginais, implantes sob a pele e dispositivos intrauterinos (DIU), além de discutir interações medicamentosas e reações adversas.
“Precisamos levar em conta que todo fármaco é metabolizado e tem um sistema enzimático; o principal 'laboratório' que temos é o fígado. Se, de repente, tenho um fármaco que gera indução enzimática, ele vai acelerar a biotransformação e, se ele acelera, posso ter perda do efeito do fármaco induzido. Por isso, entre as principais interações medicamentosas com os contraceptivos hormonais estão os anticonvulsivantes, a erva-de-são-joão, os inibidores de protease e a rifampicina, entre outros.”
Na sequência, ocorreu uma mesa-redonda moderada pela Dra. Adryella Luz, conselheira do CRF-SP, com especialistas que abordaram a importância da anamnese e da avaliação de risco na prescrição. A primeira apresentação foi da Dra. Fátima Farhat, coordenadora do Grupo Técnico de Trabalho (GTT) de Farmácia Clínica do CRF-SP, que detalhou o Protocolo de Prescrição de Contraceptivos, material elaborado pelo Grupo de Trabalho de Educação Permanente do CFF, que traz, entre outras informações, um checklist para anamnese farmacêutica antes da prescrição de contraceptivos hormonais.
“A prescrição de contraceptivos hormonais por farmacêuticos amplia o reconhecimento deste profissional nas ações de planejamento familiar, o qual envolve tanto as medidas farmacológicas quanto as não farmacológicas. Já que, para além da prescrição de um contraceptivo, o acesso à informação, aconselhamento e seguimento apropriados são essenciais", reforçou.
Para finalizar as palestras, o Dr. Ivan Naldi compartilhou seu exemplo prático de implementação de protocolo de prescrição de contraceptivos hormonais pelos farmacêuticos na rede de farmácias em que atua.
“Fazemos a anamnese, coletando o maior número de informações possíveis da paciente. Depois, fazemos a avaliação clínica, averiguando problemas como hipertensão arterial, diabetes, histórico de trombose ou câncer, cirurgia bariátrica, entre outros descritos no protocolo do CFF. Em seguida, é feita a escolha do contraceptivo entre a paciente e o farmacêutico, seguido pela elaboração do prontuário da paciente e a prescrição, com orientação de consulta após 60 dias.”
Ao final, uma mesa foi montada com os palestrantes e a moderadora para responder às principais dúvidas dos participantes.
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Monica Neri
Departamento de Comunicação CRF-SP
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