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CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 19/12/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

O 'viagra' paraguaio

19/12/2016 - Veja São Paulo


Não é segredo que camisetas e tênis falsificados são vendidos há anos nas ruas 25 de Março e Santa Ifigênia. Mas basta uma conversa rápida com ambulantes para descobrir outros artigos ilegais. Entre eles, o Pramil, remédio para impotência sexual fabricado no Paraguai. A carteia com vinte pílulas azuis custa 30 reais e. se o freguês pechinchar, é possível levar duas por 50 reais. O medicamento mais famoso do gênero, o Viagra, produzido pela americana Pfizer, é vendido nas farmácias por 97 reais (a caixa de 50 mg com quatro unidades). Alguns vendedores clandestinos chegam a oferecer o concorrente “made in Asunción” a plenos pulmões em frente à Galeria Pagé. O interessado espera na calçada enquanto a pessoa busca a mercadoria em um boxe na Rua da Cantareira. Alguns chegam a acompanhar o cliente até um caixa eletrônico para não perder o negócio. O emagrecedor Sibutramina, o abortivo Cytotec e anabolizantes também estão disponíveis.

O Pramil teve a comercialização suspensa pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em 2002. por não passar em lestes para comprovar a concentração do princípio ativo, o citrato de sildenafila, o mesmo presente na fórmula do Viagra. Uma análise realizada pelo pesquisador Luan Felipe Oliveira, do Laboratório Thomson de Especiromeiria de Massas da Unicamp. a pedido de VEJA SÃO PAULO. mostrou que os dois remédios têm a mesma quantidade da sildenafila, mas o contrabandeado tem uma proporção maior de impurezas. Isso pode gerar riscos para o organismo. Em muitos casos, no entanto, o efeito esperado é atingido, independentemente da qualidade da pílula. “Ela funciona como placebo nos casos de disfunção erétil de causa emocional, que representam 30% do universo dos pacientes", diz o urologista João Luiz Amaro. Investigações das polícias Civil e Federal mostram que o Pramil e outras drogas ilegais entram no país por meio de sacolciros, pela fronteira com o Mato Grosso do Sul. Em 2015. em São José do Rio Preto, no interior do estado, a PF desbaratou uma quadrilha que trazia anabolizantes produzidos com matéria-prima da China. Mas o trabalho de repressão é insuficiente. No momento, as duas polícias não mantêm operações para coibir vendas no centro. O volume de remédios apreendidos neste ano pela Receita Federal no estado caiu 85% em comparação com o ano passado. Entre janeiro e novembro, foram interceptadas 16638 unidades, contra 112 783 em 2015. O crime contra a saúde pública prevê pena de até quinze anos de detenção.




Quando tomar remédios (ou não)

17/12/2016 - Veja Online


Uma coisa é certa: o brasileiro detesta tomar remédios. No Brasil, uma de cada três receitas médicas sequer é aviada e vai parar na gaveta ou no lixo. Se a prescrição contém mais de três medicamentos, raras vezes são adquiridos e consumidos na totalidade, mesmo se forem gratuitos. Entre os portadores de doenças crônicas – como hipertensão, diabetes, colesterol elevado, insuficiência cardíaca e arritmias – menos de 20% estão controlados no país, principalmente devido à não adesão ao tratamento contínuo.

Por outro lado, cresce absurdamente no Brasil o consumo de suplementos, vitaminas, hormônios e compostos ditos naturais, comprados sem recomendação médica, para os quais não existem comprovações de eficácia, ou há claras evidências de que são inócuos e alguns até nocivos à saúde.


CIÊNCIA PARA VIVER MAIS E MELHOR


Os brasileiros estão consumindo remédios de que não precisam e deixando de usar aqueles de que têm necessidade. Embora ninguém goste de tomar remédios, utilizá-los é a única forma de se beneficiar dos avanços da ciência para a cura ou controle das doenças e preservação da saúde.

As causas da não adesão às recomendações médicas são muitas, incluindo o custo dos remédios, efeitos colaterais, mas principalmente mitos e crendices. Em geral, homens temem a disfunção sexual e mulheres receiam engordar, mesmo que os remédios nada tenham a ver com isso.

O fato é que, entre as doenças cardiovasculares, não fazer o tratamento adequado pode determinar uma redução na expectativa de vida de dez ou mais anos.

Enfim, em relação aos males para os quais não há remédio, todos se queixam, mas quando existe tratamento eficaz para uma doença, poucos o utilizam.

Pai que perdeu filha cria robô que detecta infecção grave

18/12/2016 - Folha de S.Paulo


O analista de sistemas Jacson Fressato, 37, vendeu casa, carro e tirou dinheiro do bolso para criar um robô que identifica pacientes com perfil para desenvolver sepse, uma infecção generalizada que mata mais de 600 brasileiros por dia, de acordo com dados do Instituto Latino Americano da Sepse (Ilas).

O robô foi batizado de Laura, homenagem à filha de Fressato que morreu aos 18 dias de vida de sepse. "Eu sempre me imaginei com esposa, filhos, casa, o pacote completo. Não pude ter nada disso. Mas, se eu só me lamentasse, estaria perdido."

A sepse acontece quando o corpo tem uma reação exagerada a uma infecção. Sem a identificação rápida dos sintomas, a inflamação se alastra e compromete o funcionamento dos órgãos até o ponto de o paciente não resistir.

Qualquer pessoa internada tem que passar por checagem periódica de seus sinais vitais. Se há alguma alteração, como no caso da infecção, a orientação é iniciar tratamento com antibiótico para a situação não evoluir.

"Estudos mostram que, a cada hora sem tratamento, o paciente com sepse tem 8% a mais de chance de morrer", diz a infectologista Viviane Dias.

Laura morreu em 2010 e Fressato fez uma promessa de fazer algo para evitar outras mortes. Estudou a doença e foi voluntário em hospitais. Por quatro anos enclausurou-se para desenvolver o sistema, que custou quase R$ 1 milhão –valor dividido entre ele e um investidor-anjo.

O robô é um programa de computador que reconhece sinais de alerta (como alterações na temperatura e em parâmetros sanguíneos). Então, identifica os quadros de risco e avisa a equipe médica por meio de televisões em postos de enfermagem.

"Eu senti um chamado quase espiritual. Lembrei de um ditado que diz que caridade não é doar metade do que você tem, mas sim doar metade da sua respiração", diz Frassato

Se alguém está sob perigo, a tela fica alaranjada e exibe o quarto e o leito do paciente. Caso as equipes demorem a responder, o robô envia alertas para o celular delas.

Usando inteligência artificial, o programa "aprendeu" a identificar sinais da doença cruzando normas de protocolos internacionais e os históricos de 7.000 pacientes internados no hospital em 2016. Desses, 2.500 apresentaram sintomas de sepse e cerca de 300 morreram.

Com mais pacientes, a tendência é o diagnóstico ficar mais preciso. A partir desses dados, Laura também monitora as bactérias que circulam pelo hospital, o volume do banco de sangue e também o risco de epidemias.

Há dois meses no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, o robô provocou queda nos casos de sepse grave. Em 2016, até setembro, a média foi de 1,5 caso ao mês. Depois de Laura, o escore caiu para 0,5 caso ao mês. O tempo para o atendimento médico foi reduzido em 60%.

André Policiano foi um dos primeiros a ser diagnosticado pelo robô. Ele teve uma fratura exposta após um acidente de moto em outubro. Foi só depois de o robô avisar é que os médicos perceberam que ele já estava com a infecção –que não havia se manifestado antes por causa de remédios que cortavam a febre.

O custo de aplicação do sistema é baixo: R$ 42 mil por hospital, incluindo a instalação do software, treinamento das equipes e acompanhamento por cinco anos.

Dois hospitais filantrópicos de Curitiba serão os próximos a receber o programa até março de 2017.




Testes genéticos crescem após caso de Angelina Jolie

17/12/2016 - Folha de S.Paulo


Um estudo, publicado na quinta-feira (15) na revista médica britânica "BMJ", analisou se houve aumento no número de testes que procuram mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 após o dia 14 de maio de 2013.

A data tem uma particularidade: foi o dia em que a atriz Angelina Jolie declarou, em editorial do jornal "The New York Times", ter retirado as mamas depois de descobrir alterações no BRCA1. A cirurgia foi feita para reduzir seu risco de desenvolver câncer.

A mutação no gene BRCA1 está associada a um risco de 60% de ter câncer de mama e de 39% de câncer de ovário.

Os genes BRCA são responsáveis por "consertar" o DNA quando ocorrem falhas na duplicação celular, segundo Dirce Carraro, líder do laboratório de genômica do A.C.Camargo Cancer Center. Em caso de mutações dos genes BRCA, o DNA pode acumular defeitos, o que aumenta as chances de câncer.

Para verificar se houve crescimento, os pesquisadores das universidades de Harvard,de Cambridge e do Massachusetts General Hospital, em Boston, usaram bancos de dados de planos de saúde com informações de 9 milhões de mulheres entre 18 e 64 anos.

O crescimento dos testes referentes ao genes foi de 59% nos 15 dias após a publicação do texto de Angelina Jolie. Levados em conta os meses seguintes, houve aumento de 37%.

Não houve, porém, aumento no número total de retirada de mamas. Entre as mulheres que fizeram o teste depois do editorial da atriz, as cirurgias até diminuíram, o que para os autores do estudo pode significar que os exames foram feitos por quem não se enquadrava na população de maior risco.

A pesquisa concluiu que a ação de famosos tem efeitos imediatos em serviços de saúde pública. Contudo, a maior conscientização pode vir acompanhada de resultados adversos, como a realização de exames desnecessários.

Isso pode ocorrer porque a mensagem não necessariamente atinge quem deveria, ou seja, a população de risco, dizem os autores do estudo.


INDICAÇÃO


Esse exame é indicado para mulheres que apresentem na família muitos casos de câncer em pessoas jovens.

"Recomendamos que só faça o teste quem tem histórico familiar", diz a geneticista Mayana Zatz, coordenadora do centro do genoma humano e células-tronco da USP.

O teste precisa ser pedido por um médico especialista, já que a percepção de frequência de câncer na família pode estar equivocada, segundo Bernardo Garicochea, diretor da unidade de aconselhamento genético do Hospital Sírio Libanês.

O exame hoje custa entre R$ 2 mil e R$ 3 mil e é coberto por planos de saúde somente quando é feito pelas populações de risco.

A avaliação familiar faz parte do aconselhamento genético, que continua após a realização do exame. "São consultas muito longas. Explicamos detalhadamente os resultados do teste, o que aquilo significa e o que pode ser feito em cada caso", diz Garicochea.

A mastectomia e a retirada dos ovários não são a única solução. Mulheres nessa situação podem optar pelo rastreamento mais frequente para o câncer de mama, intercalando a cada seis meses exames de mamografia e ressonância magnética.

Também é possível optar pela quimioterapia preventiva, com a droga tamoxifeno.




Uma vacina sob pressão

19/12/2016 - O Globo


Pesquisas da UFRJ progridem na tentativa de criar uma vacina contra o vírus da zika. Em experimentos realizados, camundongos não contraíram a doença e tornaram-se imunes a ela. O segredo para a elaboração de uma vacina da zika pode estar em uma bomba de pressão. Há um ano, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) estudam como o vírus que causa a doença reage quando colocado dentro de uma bomba que aumenta a sua pressão hidrostática. Eles concluíram que esse processo inativa o vírus, tornando-o incapaz de infectar uma pessoa. Além disso, mesmo inativo, o microrganismo mantém sua capacidade imunogênica, isto é, a capacidade de gerar imunidade em quem entra em contato com ele. Estes são dois critérios básicos para criar uma vacina.

Na pesquisa, os cientistas colocam o vírus em uma solução dentro de um tubo feito especialmente para ser pressurizado. Depois, inserem o tubo dentro da tal bomba de pressão, na qual ele fica mergulhado em água ou etanol. A bomba é ligada, e a pressão hidrostática aumenta. Em seguida, os pesquisadores retiram o tubo e expõem camundongos ao vírus. Nos cerca de 30 experimentos feitos até agora, os animais não apenas continuaram com a saúde intacta, como também ficaram imunes ao vírus.

O estudo se mostra promissor porque, além de camundongos saudáveis, os pesquisadores usaram animais imunodeficientes, ou seja, com sistema imunológico debilitado por doenças, como a Aids. Todas as cobaias reagiram positivamente. Isto leva os cientistas a acreditar que os microrganismos poderiam compor uma vacina eficaz para toda a população, mesmo para pessoas com alguma enfermidade autoimune ou outro tipo de problema. Mas ainda são necessários mais estudos até que se possa testar o experimento em humanos.

— Nossa linha de pensamento é que, se nem os animais mais frágeis são afetados de forma negativa, esse vírus daria uma vacina segura — comenta a cientista Andréa Cheble de Oliveira, do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, da UFRJ, uma das autoras da pesquisa.

Para ela, a chave para a inativação do vírus é a alta pressão exercida sobre ele, alterando sua estrutura sem destruí-lo.

— O vírus é totalmente alterado em sua estrutura, mas sua aparência continua a mesma. É isto que parece importante para manter a capacidade imunogênica — destaca ela. — Além disso, a pressão é é um agente físico, não químico. Muitas vacinas hoje usam agentes químicos, e, por isso, produzem efeitos colaterais. Quanto menos agentes químicos forem empregados, menos efeitos colaterais as pessoas terão.

O estudo é parte do conjunto de trabalhos da Rede Zika. O esforço conjunto de cientistas teve início quando o surto da doença começou, e o Ministério da Saúde declarou estado de emergência, em novembro do ano passado, por conta da epidemia de microcefalia — malformação do cérebro de bebês relacionada com a infecção das gestantes com o vírus. A Rede Zika foi criada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) para trazer respostas, o quanto antes, sobre essa doença, cujos primeiros casos no Brasil foram registrados em 2015.

Diretor científico da Faperj, Jerson Lima Silva lembrou que o Brasil responde hoje por 15% dos artigos publicados sobre zika no mundo. Considerando apenas publicações nacionais, o Estado do Rio foi responsável por aproximadamente 35% dos artigos sobre o assunto, diz o pesquisador.

— Neste primeiro ano de trabalho, a Rede Zika teve importância fundamental para os resultados na ciência, contribuindo com descobertas relevantes — afirma ele, que também integra a equipe que usa uma bomba de pressão para tentar chegar à tão aguardada vacina.


DEMANDA URGENTE DA SOCIEDADE


Desde que os surtos de zika começaram, cientistas de todo o mundo iniciaram uma caça à vacina. Enquanto qualquer imunização demora anos ou décadas até ser disponibilizada, tudo indica que a vacina contra o vírus da zika não levará tanto tempo.

— Temos que buscar fazer essa pesquisa o mais rápido possível, de forma segura e eficaz. Vamos trabalhar possíveis reações cruzadas com dengue, febre amarela e outras doenças. Vacinas demoram a ser produzidas, mas temos que acelerar a criação desta. É uma demanda urgente da sociedade — afirma Jerson Lima Silva.

Ele sabe, porém, que o caminho para uma vacina não permite atalhos. Depois que terminar a fase do estudo com experimentos em camundongos, são necessários testes em animais maiores, como macacos. Trata-se de uma etapa mais cara, portanto exigirá que o trabalho seja publicado, antes, em revistas científicas, para que possa angariar verba. Depois dos exames em macacos, se os resultados forem positivos, a pesquisa pode seguir para os ensaios clínicos, com pessoas.

— A vantagem é que, diferentemente da dengue, a zika só tem um tipo de vírus. Então, é mais fácil desenvolver uma vacina. Trata-se um inimigo só — pontua Lima Silva. — Mas é uma doença muito grave, precisamos testar todas as armas que temos.

Além dele e de Andréa Cheble de Oliveira, participam da pesquisa o professor André Marco de Oliveira Gomes, do Instituto de Bioquímica Médica, os pós-doutorandos Carlos Henrique Dumard e Francisca Hildemagna Guedes da Silva, e o professor Herbert Guedes, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, também da UFRJ.




Como sobreviver sem as patentes?

19/12/2016 - IstoÉ Dinheiro


O termo blockbuster (em português, arrasa-quarteirões) surgiu na língua inglesa, durante a II Guerra Mundial, para designar bombas aéreas potentes o suficiente para causar grandes estragos em áreas urbanas. Mas o termo pegou de vez a partir dos anos 1970, quando uma série de filmes de Hollywood, como Tubarão (1975) e Star Wars (1977), pulverizaram recordes de público e renda, e criaram uma nova tendência no entretenimento. Apostando em filmes de alto orçamento e premissas facilmente vendidas por equipes de marketing, a indústria se reinventou. Os grandes estúdios, desde então, passaram a investir em poucos e poderosos filmes para garantir a sua lucratividade. Na virada do milênio, uma outra indústria, oposta ao mundo do entretenimento, acreditou nessa forma de fazer negócios. As grandes fabricantes de remédios apostaram em produtos com potencial de atingir grandes populações e colocaram quase que todos os seus ovos nessa cesta. As drogas que vendiam mais de US$ 1 bilhão por ano também começaram a ser chamadas de blockbusters.

A estratégia, no entanto, apresentou um final tão catastrófico quanto um filme de terror: o período conhecido comopatent cliff (colina das patentes). A partir da virada para a década de 2010, grande parte desses medicamentos perdeu a proteção intelectual. Entre eles, o Viagra (disfunção erétil) e o Lipitor (colesterol), da Pfizer; o Plavix (doenças cardiológicas), da Bristol-Myers Squibb; o Singulair (asma), da Merck; e o Diovan (pressão alta), da Novartis. E isso apenas entre 2009 e 2012.0 ciclo continua.

Segundo pesquisa da Bloomberg Industry Report, por dez anos, a partir de 2016, mais de 150 drogas, responsáveis por mais de US$ 190 bilhões de vendas anuais, perderão suas proteções. Com o fim das patentes, as suas fórmulas podem ser copiadas e vendidas como medicamentos genéricos, forçando o laboratório desenvolvedor a enfrentar a concorrência e a baixar preços.

O problema é que não havia alternativas de grande potencial mercadológico chegando ao mercado para substituí-los. Se o ciclo de produção de um filme costuma levar alguns anos, na indústria farmacêutica, chega a uma década. "Estamos num mercado em que, de cada 10 mil produtos pesquisados, um chega ao mercado, o que não significa que será um blockbuster'', Júlio Gay-Ger, presidente da Eli Lilly no Brasil. A saída para as gigantes do setor, então, foi reinventar a indústria. Nos últimos anos, a ordem foi estabelecer um portfólio de pesquisa voltado a especialidades raras e tratamentos complexos, mesmo que atendessem a poucas pessoas. Alguns campos começaram a chamar mais atenção, como a oncologia, diabetes, doenças autoimunes e problemas do sistema digestivo.

Também o foco se voltou, em algumas empresas, como na alemã Merck e na suíça Roche, para medicamentos biológicos, mais complexos e que não podem ter as suas moléculas copiadas sinteticamente em remédios genéricos. "Como não se tratam de doenças simples, o jogo fica cada vez mais caro e arriscado", diz Antônio Britto, presidente da Interfarma - Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa. "Para dividir os custos, as empresas passaram a se associar a startups e universidades." O mais surpreendente é que essa estratégia está começando a dar origem a alguns frutos inesperados, como novos blockbusters. Em outubro, a americana Eli Lilly lançou no Brasil o Trulicity, terapia injetável para o tratamento de diabetes tipo 2, que representa 90% dos casos e está ligada a fatores ambientais. Com a chegada no mercado local, o medicamento - que já resultou em vendas de US$ 250 milhões nos EUA, Japão e Europa, no último trimestre fiscal - deve superar a receita de US$ 1 bilhão neste ano.

Ao superar esse valor, será um blockbuster.

"Depende apenas de como vai ser a aceitação aqui", diz Gay-Ger. "Mas, o resultado tem sido muito melhor do que a expectativa . " Estima-se que, dos cerca de 415 milhões de diabéticos do mundo, 14 milhões estejam no Brasil, a quarta maior população global de pacientes da doença.

A inovação do Trulicity, que vem ajudando no seu rápido sucesso mercadológico, é o fato de sua molécula ser liberada aos poucos no organismo. Então, o paciente pode tomar apenas uma injeção de insulina por semana, em vez das duas vezes por dia do tratamento convencional.

Além da diabetes, estão no foco do laboratório a oncologia, as dores crônicas, as doenças autoimunes e a síndrome de Alzheimer, recebendo o investimento de 25% do faturamento anual de US$ 20 bilhões. E, com isso, a empresa espera afugentar o fantasma do fim das patentes. "Na virada desta década perdemos a patente de cinco medicamentos importantes, incluindo o Cybalta e o Cialis. Podíamos apostar em genéricos, mas escolhemos recuperar a nossa origem de inovações", afirma GayGer. "Em 2014, acabou o nosso período da patentcliffe anunciamos 15 produtos." Agora, a companhia tem uma previsão de 20 lançamentos em 10 anos, dos quais seis já chegaram ao mercado. "Serão de dois a três produtos por ano no Brasil", diz. Com isso, já em 2016, a Eli Lilly projeta crescimento acima de 10% de sua receita no País.

Afugentar o risco também foi a estratégia adotada na Bristol-Myers Squibb. Em entrevista à DINHEIRO, em abril deste ano, Gaetano Crupi, presidente da companhia no Brasil, admitiu que, se lhe dissessem dez anos atrás que iria trabalhar na Bristol-Myers, não acreditaria, porque ela estava no rumo de desaparecer. A empresa, no entanto, se reinventou e lançou neste ano o Opdivo, que utiliza o próprio sistema imunológico para combater o câncer. O medicamento rendeu à Bristol-Myers US$ 942 milhões, em 2015, quase atingindo a marca de um blockbuster. E um caminho similar ao da Boehringer Ingelheim, que abriu no fim de novembro, no Brasil, uma área de oncologia. A motivação foi o lançamento do Giotrif, medicamento que promete bloquear a multiplicação de células cancerígenas e aumentar em mais de um ano a sobrevida, em relação à quimioterapia, de pacientes com câncer de pulmão. Outro laboratório que apostou na oncologia para vencer prognósticos difíceis foi a alemã Merck, que se redirecionou para tipos de câncer menos atendidos pela indústria, e para produtos biológicos.

A companhia fechou ainda uma parceria com a americana Pfizer, para fazer testes clínicos de remédios biológicos no Brasil. A expectativa é lançar 20 medicamentos no País a partir de 2017.

No entanto, nenhuma empresa sofreu uma perda de receita tão grande quanto a Pfizer, a maior farmacêutica do mundo.

Por conta do fim das patentes do Lipitor e do Viagra. o faturamento chegou a recuar 10%, há quatro anos. Para completar, a sua tentativa de aquisição da Allergan, que permitiria a mudança de sua sede para a Irlanda, economizando alguns bilhões de dólares em impostos, foi negada pelo governo americano. Ou seja, o futuro se desenhava complicado. A Pfizer também colocou sua empresa de genéricos no Brasil, a Teuto, à venda, o que mostra que esse segmento deixou de ser atrativo para a empresa. O laboratório optou, também, por comprar empresas com portfólios de inovações, como a Medivation, voltada a tratamentos oncológicos, e a Anacor, de biotecnologia e com um portfólio forte em dermatologia. Com o movimento, a área de produtos inovadores conseguiu ganhos de 10% nas vendas com marcas como Ibrance, para tratamento do câncer de mama, e com o anticoagulante Eliquis.

No último ano, a receita da companhia subiu de US$ 49 bilhões para USS 51 bilhões. Para 2016, a estimativa é que chegue a US$ 53 bilhões. "Perder patentes faz parte do jogo, mas a crise também nos traz oportunidades para aprimoramento", diz Victor Mezel, presidente da Pfizer no Brasil. O mercado nacional, segundo o CEO, ainda ajudou. Por aqui, o crescimento nunca parou - nem mesmo nas marcas em que a exclusividade ficou para trás. Para este ano, é esperado um aumento de 6% nas vendas. No caso do Viagra, por exemplo, a queda da patente impactou nos preços - uma pílula passou a custar RS 2, ante RS 15 anteriormente -, mas também popularizou o produto. De acordo com Mezei, apesar de ter perdido uma boa margem, as vendas saltaram 80%. A dependência dos blockbusters acabou, mas a receita com eles ainda ajuda a financiar novos caminhos.




Um robô no consultório.

19/12/2016 - Época


A voz suave e os olhos grandes e arregalados fizeram do robô Jack uma fofice da medicina. No começo do ano, cientistas japoneses da Universidade de Medicina Jichi, em parceria com cinco companhias de tecnologia, apresentaram a novidade, que, segundo dizem, pode ajudar os médicos na hora das consultas. Utilizando o conceito de inteligência artificial, a máquina usa um banco de dados de saúde para sugerir ao clínico uma lista de potenciais doenças, que aparecem em uma tela fixada no peito do equipamento. Esse lado meigo da medicina, porém, deve levar algum tempo para chegar aos hospitais, uma vez que Jack ainda está em testes. A realidade hoje é menos glamourosa. No mundo prático, os androides garbosos dão lugar a computadores como o conhecemos, mas que já usam a tecnologia cognitiva para fazer diagnósticos e indicar tratamentos.

A inteligência artificial desses computadores médicos é uma evolução da que usamos no dia a dia, mesmo sem saber.

Quando procuramos um caminho no Waze ou recebemos uma sugestão de livros no site da Amazon, é esse tipo de tecnologia que está em ação. Agora há uma corrida para colocar programas do mesmo tipo na medicina. Gigantes da tecnologia como IBM, Google e General Electric, entre outras, investem para vender suas soluções nesse mercado em ascensão. O valor somado despendido pelas três companhias deve alcançar US$ 6 bilhões. “Na América Latina, criamos cinco aplicativos no último ano e outros dez estão em produção ou em teste”, conta Daurio Speranzini Jr„ presidente e CEO da GE Healthcare para a região.

Em uma sala no térreo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), três pesquisadores orientados pelo professor Alexandre Chiavegatto Filho debruçam-se sobre computadores com alta capacidade de processamento de dados, manuseando indicadores de saúde. No Labdaps, como é conhecido o Laboratório de Big Data e Análise Preditiva da universidade, contam que usam essa base de dados para criar programas de inteligência artificial que, num futuro próximo, possam facilitar o diagnóstico de doenças, como dengue, zika ou chikungunya.

Ou indicar o risco de um idoso desenvolver doenças que ameacem sua vida num prazo de 15 anos. “Acreditava-se que as maiores transformações na medicina iriam ocorrer com o uso de robôs nos corredores ou centros cirúrgicos”, afirma Chiavegatto. “O grande avanço, porém, são os sistemas que reconhecem padrões em enfermidades e oferecem aos médicos elementos que o ajudem na tomada de decisão.” A iniciativa na USP segue uma tendência do que se vê na área médica.

Hospitais, laboratórios e farmacêuticas têm voltado a atenção para essas ferramentas digitais como forma de aprimorar diagnósticos e reduzir custos.

Uma das mais poderosas máquinas disponíveis é o programa Watson. Lançado em 2011 pela IBM, gigante americana de tecnologia, o sistema ficou famoso ao bater dois campeões de conhecimentos gerais no programa televisivo Jeopardy/, da CBS, uma espécie de Show do milhão. Quatro anos depois, ganhou uma versão para a área de saúde. De acordo com a empresa, além de reconhecer padrões em históricos de pacientes, também já leu toda a literatura médica disponível no mundo. “O que o médico vai receber em sua tela não é o diagnóstico pronto para tratar um doente. O Watson combina as informações e oferece ao médico algumas sugestões, sempre hierarquizadas da mais para menos confiável”, explica Eduardo Cipriani, líder de vendas para IBM Watson Health no Brasil. A inteligência artificial do sistema está em sua capacidade de aprender sozinho. “Quando um médico não concorda com as sugestões, o computador entende que há outras possibilidades e vai se refinando.” A IBM fechou parcerias com mais de 20 empresas da área médica. Uma delas é o laboratório brasileiro Fleury. A ideia é incluir o mapeamento genético dos pacientes no sistema. “Após a máquina correlacionar nossos dados com a literatura médica, ela pode ajudar em soluções de tratamentos mais individualizadas, sobretudo em pessoas com câncer”, diz Jeane Tsutsui, diretora executiva médica e técnica do Grupo Fleury. “Estamos na fase de validação e de testes para tornar a ferramenta viável.” No Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, há aparelhos de imagem capazes de identificar problemas e enviar uma notificação para o operador da máquina, sem intervenção humana. Alguns equipamentos mandam sinais vitais do doente, como batimento cardíaco, direto para o prontuário médico. Diabéticos recebem mensagem no celular, elaborada por robôs, lembrando-os da hora certa de tomar insulina. “É uma revolução invisível”, diz o médico Marcelo Felix, da área de tecnologia e inovação do Hospital Albert Einstein.

A nova tecnologia, sobretudo aquela que auxilia no diagnóstico, deve demorar algum tempo para deslanchar. O governo empregou, neste ano, R$ 67 milhões na compra de três supercomputadores capazes de ampliar em até dez vezes a capacidade de armazenamento de indicadores do Sistema Único de Saúde (SUS). As máquinas, entregues no último dia 8, correm o risco de não ser usadas em sua máxima capacidade. Dados do Ministério da Saúde mostram que mais da metade das cidades do país ainda não usa o programa para registrar as informações de atendimentos do SUS em Unidades Básicas de Saúde. O prazo para aderir à operação terminou no dia 10, mas os municípios alegaram não ter estrutura para conclui-la. “A informatização total permitiria acesso a uma base de dados excepcional e que poderia ajudar muito o avanço da inteligência artificial. O achismo passa a ficar de lado e as decisões são tomadas com base em dados”, afirma Chiavegatto.

Com a popularização desses sistemas, cresce a preocupação com o sigilo médico. Um estudo realizado pela consultoria PricewaterhouseCooper mostrou que o maior medo dos pacientes é esse. Faz sentido. Em 2014, hackers chineses invadiram o sistema da Community Health Systems, uma rede de 158 hospitais com dados de 4,5 milhões de pacientes. A invasão acendeu o alerta inclusive do FBI, a Polícia Federal americana, para a vulnerabilidade dos bancos dos centros médicos. E com razão. O diretor de inteligência do PhishLabs, companhia especialista em proteção cibernética, avaliou que uma ficha médica pode valer de dez a 20 vezes mais que os números de um cartão de crédito. “Imagina quantos hospitais no Brasil possuem um especialista em segurança digital? Não há essa preocupação hoje”, diz Eliane Kihara, da PricewaterhouseCooper.

Algumas medidas tentam impedir o vazamento dos dados. Uma determinação do Conselho Federal de Medicina prevê que o paciente não pode ser identificado quando seu prontuário vai para a nuvem. Outra forma de garantir a segurança e impedir o ataque de hackers é a criptografia (espécie de codificação digital) de todos os aparelhos do hospital conectados à internet. Essas preocupações devem crescer com a disseminação dos sistemas inteligentes. Ainda temos tempo. Para o cardiologista Brau- lio Luna Filho, diretor do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, apesar das promessas, o que se fala em inteligência artificial hoje ainda é utilizado como marketing. Um pouco como o simpático robozinho japonês.

Prefeito apela ao Congresso para manter hospital aberto

19/12/2016 - Folha de S.Paulo


Com dificuldades para fechar as contas, prefeituras e hospitais filantrópicos apelam cada vez mais ao Congresso para pagar despesas de saúde do dia a dia, que vão de luva e agulha a bisturi. Gastos desse tipo têm sido financiados de forma crescente por meio de emendas parlamentares –as inclusões no Orçamento federal feitas por deputados e senadores.

São recursos que, quase em sua totalidade, costumavam ir para investimentos –ou seja, construção e reforma de unidades de saúde, principalmente. Essas despesas interessavam tanto ao prefeito como ao parlamentar, pois rendiam eventos de inauguração e placas de obras com seus nomes.

Já as emendas para custeio, para pagar o dia a dia do hospital, eram exceção. Em 2014, representavam apenas 8% do gasto total do Ministério da Saúde com esses pagamentos.

A crise, porém, fez a arrecadação dos municípios despencar. Para agravar a situação, eles passaram a atender um público maior. Quase 2 milhões de brasileiros perderam o plano de saúde e migraram para o SUS de dezembro de 2014 a junho deste ano.

Nesse cenário, a proporção das emendas de custeio subiu e, em 2016, alcançou 28% do total. No orçamento do ano que vem, a previsão é que cheguem à casa dos 48%.

Segundo o ministro Ricardo Barros (Saúde), os recursos têm sido usados para diversos tipos de pagamento na área, nas mais diferentes unidades de atendimento. "Os prefeitos têm pedido verba de custeio para tudo", afirma.


PERFIL


A mudança no perfil das emendas é visível no dia a dia do Congresso, relatam parlamentares. "Nos últimos anos, os municípios construíram muita coisa. Agora, estão com dificuldade de manter os serviços", diz a deputada federal Geovania de Sá (PSDB-SC).

Entre os serviços mencionados por ela estão as UPAs, Unidades de Pronto-Atendimento. Diversas delas estão fechadas por todo o país. Hospitais filantrópicos também têm feito romaria ao Congresso atrás de verba para despesas correntes. "Cada hospital tem que fazer o seu trabalho, e isso inclui ir para Brasília, falar com deputados", diz Edson Rogati, presidente da Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos.

Diante da crescente importância das emendas nas finanças, ele defende que o Ministério da Saúde amplie a lista de itens que podem ser financiados com esse tipo de verba. Depender da intervenção de congressistas para fechar as contas não é fácil, dizem os gestores.

"A gente recomenda sempre pedir verba para custeio, mas muito deputado e senador não gosta, porque aí não tem placa [de inauguração], não tem foto", diz Mauro Junqueira, presidente do Conasems, conselho que reúne secretários municipais de saúde do país todo.

Ele reclama também do fato de as emendas, atualmente, serem incorporadas ao orçamento mínimo da saúde, ao invés de ser um extra. Para ele, isso engessa o orçamento, porque é o parlamentar, e não o administrador, que decide onde o dinheiro vai ser gasto.

Essa característica de fato aumenta a influência de fatores políticos nas decisões sobre o gasto, diz Francisco Funcia, diretor da Associação Brasileira de Economia da Saúde. Isso acontece por dois motivos: os municípios com menos acesso aos congressistas podem ficar sem verba extra, e todos dependem do cronograma de liberação das emendas pelo governo federal.

Funcia avalia como um problema depender dessas emendas para custear uma despesa do dia a dia. Para ele, isso só ocorre por causa do subfinanciamento da saúde.




Sem verba, cidades mantêm unidades de saúde fechadas

19/12/2016 - Folha de S.Paulo


Sem dinheiro para custear o dia a dia, prefeituras do país todo decidiram manter fechadas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) construídas nos últimos anos. Em Concórdia (SC), a construção da unidade terminou em maio de 2015, mas até agora ela não foi inaugurada por falta de equipamentos e de verba para funcionar.

A prefeitura tentou obter recursos para comprar um aparelho de raio-X por meio de emenda parlamentar, mas o dinheiro ainda não foi liberado. Agora, o município resolveu entregar a gestão a uma organização social, que também ficará responsável pelos aparelhos dessa unidade.

"Quando o município recebe verba para fazer uma UPA, é uma alegria, mas, quando tem que inaugurar, é uma tristeza", diz Alessandro Vernize, secretário de Saúde do município catarinense.

Em Araçatuba, no interior paulista, as instalações de uma UPA ficaram prontas há dois anos, mas ela não abriu. Outra está em obras e deve ter o mesmo destino. "Diante da situação econômica do país, nesse momento, o município não tem condições financeiras para colocá-las em operação", declarou a prefeitura por meio de nota.

Em Pirenópolis (GO), a UPA está pronta sem funcionar há dois meses, afirma o secretário de Saúde, Hisham Hamida. Segundo ele, o município recebeu na semana retrasada verba de uma emenda parlamentar para comprar equipamentos para a unidade. Agora, ele diz que vai recorrer a algum parlamentar para ter verba extra de custeio.


PARADOS


Em apresentação feita em setembro no Palácio do Planalto, o ministro Ricardo Barros (Saúde) informou que havia 140 UPAs concluídas sem funcionar em todo o país. O ministério afirma que o dado integra uma lista de "2.698 serviços da rede pública que deveriam estar recebendo R$ 3,5 bilhões ao ano de custeio do Ministério da Saúde, conforme compromissos assumidos anteriormente, e não estão".

A pasta declara ter obtido uma economia de R$ 1 bilhão nos cem primeiros dias de gestão de Barros, o que permitiu resolver parte desse passivo. O ministério diz ainda que transfere regularmente verbas para o custeio de UPAs e outras unidades de saúde.

"Esse é o caminho que estamos buscando, aprimorar a gestão, incluindo aperfeiçoamento de sistemas de informação e otimização dos recursos do SUS, para que o Ministério da Saúde seja administrado com mais eficiência", diz a pasta em nota.




Insegurança faz garota beber mais

18/12/2016 - O Estado de S.Paulo


Garotas que têm uma percepção distorcida da sua imagem corporal correm maior risco de abusar do álcool. Estudos divulgados na semana passada mostram avanços importantes na abordagem do uso e do abuso de álcool entre os mais jovens, particularmente entre as meninas.

Pesquisadores da Universidade de Tufts, nos Estados Unidos, investigaram 6,5 mil garotas entre 14 e 18 anos e concluíram que uma autoimagem negativa aumenta a chance de comportamentos de risco. Quase 68% das entrevistadas já tinham bebido pelo menos uma vez na vida, 38% tinham uma percepção distorcida de si mesmas e 18% abusaram de álcool nos 30 dias antes da pesquisa. O risco de abuso foi quase 20% maior entre aquelas inseguras com seu corpo. O consumo mais pesado do álcool foi mais comum entre as meninas mais velhas, nas de origem latina, nas que já fumavam e entre aquelas que tinham iniciado sua vida sexual precocemente.

Os resultados vão ser publicados na edição de janeiro do periódico médico Journal of Studies on Alcohol and Drugs e, foram antecipados pelo jornal inglês Daily Mail.

O trabalho não investigou especificamente as causas desse abuso de álcool, mas é possível que esse seja um comportamento adotado na tentativa de elas relaxarem, ficarem mais confortáveis com seu corpo e se sentirem mais aceitas pelo grupo. Ainda existe uma relação possível do uso de bebida como um recurso para diminuir ou controlar a fome naquelas que se enxergam acima do peso.

Levantamentos recentes já haviam apontado o fenômeno do aumento proporcional do consumo e abuso de álcool entre as mulheres mais jovens, sendo que em alguns países elas já bebem mais do que os garotos. Interessante pensar que parte desse fenômeno, além das transformações sociais que deixaram o comportamento entre os dois gêneros cada vez mais parecido, pode ter relação com a insatisfação com questões físicas e corporais, que tendem a ser mais frequentes entre as mulheres.

Geração mais “limpa”. Novos dados também divulgados na última semana revelam que uma nova geração de 8 a 15 anos, que bebe e fuma menos, pode estar a caminho. Números do NHS (Sistema Nacional de Saúde, do Reino Unido), mostram que apenas um em cada seis jovens (17%) nessa faixa etária já bebeu. Em 2003, esse índice era de 45%. Em relação ao cigarro, 4% já fumaram. Em 2003, 19% já tinham experimentado o tabaco. A pesquisa avaliou 5.700 crianças.

Segundo os especialistas, o fenômeno se deve, em parte, ao fato de crianças e jovens ficarem cada vez mais tempo conectados na internet, dentro de suas casas. Eles têm frequentado menos festas, parques, ruas e pubs e, portanto, ficam menos expostos à influência dos pares para o consumo de álcool e cigarro.

Os alertas em relação aos riscos das substâncias podem ter chegado, também, com mais força a essa geração, sinalizando que a educação nas escolas para o consumo responsável e as campanhas de informação complementam as estratégias de prevenção.

O maior controle nos pontos de venda também pode ter efeito na queda do consumo por menores de 18. Assim, os jovens têm hoje mais subsídios para fazer melhores escolhas.

Nos Estados Unidos, existe tendência semelhante. Um novo levantamento divulgado pela Universidade de Michigan, Monitoring the Future (Monitorando o Futuro), que contou com a participação de mais de 45 mil estudantes americanos de 14, 16 e 18 anos, mostra que apesar de o álcool continuar sendo a droga mais utilizada no país pelos jovens, seu consumo está em queda nos últimos anos. Os dados são da agência de notícia Efe e do Daily Mail.

Em 2016, pouco mais de um terço dos adolescentes de 18 anos já bebeu nos EUA (37%). Em 2001, esse valor era de 53%. O consumo de outras drogas também caiu no geral. A única exceção é a maconha, cujo consumo se manteve estável nos últimos anos.

Por aqui, além de um melhor controle da venda de álcool para menores, ações nas escolas, mais campanhas de prevenção e engajamento de jovens em projetos que focam no consumo responsável podem trazer resultados semelhantes em um futuro próximo.




Diariamente, 4 mulheres morrem nos hospitais por complicações do aborto

18/12/2016 - O Estado de S.Paulo


O Brasil registra uma média de quatro mortes por dia de mulheres que buscam socorro nos hospitais por complicações do aborto. Até setembro, foram 1.215. Os registros de 2015 têm padrão semelhante: de janeiro a dezembro, houve 1.664 relatos de mulheres que morreram depois de dar entrada em hospitais por complicações relacionadas à interrupção da gravidez.

Os números do Ministério da Saúde obtidos pelo Estado apontam que o impacto da proibição do aborto para saúde das brasileiras vai muito além do que está no Sistema de Notificação de Mortalidade (SIM). O banco de dados, usado como fonte oficial, indica 54 mortes comprovadas de mulheres em decorrência da interrupção da gravidez em 2014 – último ano com estatísticas divulgadas. Pelas informações do SIM, o aborto teria sido responsável por 3,3% das mortes ligadas ao período da gravidez ou ao parto.

Bem menos do que hipertensão, hemorragias ou infecções.

Os dados obtidos consideram mortes de pacientes nos hospitais com complicações do aborto. Mas o ministério alerta não ser possível afirmar que todos os óbitos podem ser atribuídos ao procedimento provocado, feito na maioria das vezes de forma clandestina. Técnicos justificam que as mortes poderiam ter sido causadas, por exemplo, por outros problemas que não tinham relação com a interrupção da gravidez. Ou até mesmo que o aborto tenha sido resultado de problema de saúde apresentado pela paciente.

“A morte por aborto é sempre subestimada em países que proíbem a prática. Seja pela clandestinidade, seja por falhas apresentadas no registro”, afirmou o médico Cristião Rosa, integrante da associação Grupo Médico pelo Direito de Decidir (Global Doctors for Choice).

Há ainda os números envolvendo apenas as internações por complicações de aborto. Entre 2010 e 2014, os registros se aproximavam de uma média de 200 mil por ano. Os números preliminares de 2016 chegam a 123.312.

Pelas até então estatísticas oficiais, haveria uma morte de mulher por aborto a cada dois dias.

Bem menos do que os números obtidos pelo Estado. “Um caso a cada dois dias já é uma matança.

Uma tragédia que poderia ser perfeitamente evitável”, diz Rosa.

Ele afirma que a interrupção da gravidez quando feita com a assistência adequada é um procedimento seguro. Em casos raríssimos leva à morte. “As taxas de morte são menores, por exemplo, do que as do parto normal.” O médico afirma ocorrer 0,5 morte a cada 100 mil abortos legais e seguros. O indicador chega a quase zero quando a interrupção é feita até a 10.ª semana de gravidez. Conforme dados obtidos pela reportagem, foram autorizados 768 abortos no País de janeiro a junho deste ano – no mesmo período do ano passado, houve 738.

Para o médico, esse dado, por si só, já seria razão suficiente para mudar as regras brasileiras e liberar a interrupção da gravidez no País. “Quantas vidas poderiam ter sido poupadas?”, questiona. “Porque uma coisa é certa: criminalizar o aborto não diminui a prática. Aborto existe desde que a humanidade existe.

E vai continuar existindo.” Rosa avalia que, além de não resolver o problema dos altos índices de aborto, a criminalização traz outro problema.“Você joga a mulher na clandestinidade.

Nessa situação, ela se coloca em risco reprodutivo e de vida.” Grupos contrários à mudança dizem temer que, com a liberação, as estatísticas de aborto aumentem de forma expressiva.

Rosa reconhece haver um aumento, normalmente nos primeiros anos seguintes à mudança da regra.

Mas ele atribui o fenômeno à melhor informação, não a um aumento real. “As estatísticas aumentam porque o procedimento sai da clandestinidade e mais casos chegam aos serviços de saúde. “Com a liberação, os países, a sociedade, os sistemas de saúde adquirem outro nível de responsabilidade com a saúde reprodutiva. As estratégias para lidar com a gravidez indesejada são intensificadas”, avalia.


AÇÕES DE GOVERNO


É justamente nessas estratégias que o governo deveria intensificar suas ações, diz ele. A primeira delas, é ampliar o acesso à educação sexual. O segundo ponto essencial, completa, é garantir métodos contraceptivos de longa duração, como DIU e implantes hormonais. “A pílula anticoncepcional tradicional em muitos casos não resolve, principalmente com adolescentes. Falta no posto de distribuição, a unidade de saúde fecha no fim de semana, ela esquece de tomar...” No Brasil, implantes hormonais não são distribuídos no Sistema Único de Saúde. “Há uma discussão eterna, mas o tema não segue adiante. Sofrem com isso sobretudo as jovens.” Uma das estratégias elogiadas é a ampliação da oferta de métodos de contracepção de emergência: a pílula do dia seguinte.

“O recurso é essencial. Ele evita abortos clandestinos.”

ANÁLISE: Carmen Hein de Campos

As mais pobres são as maiores vítimas

A criminalização do aborto atinge fundamentalmente as mulheres pobres, uma vez que as mulheres com recursos fazem abortos em clínicas, sem nenhum problema com a polícia.

As mulheres pobres ou têm de pedir uma autorização judicial ou fazem abortos inseguros.

A criminalização viola alguns direitos fundamentais das mulheres. O direito à autonomia sexual e reprodutiva, à dignidade e à liberdade. Também tem impacto na saúde reprodutiva. Se a mulher faz um abortamento inseguro, pode sofrer sequelas do ponto de vista reprodutivo.

Pode nunca mais poder engravidar.

A mulher engravida, mas não engravida sozinha. Tem o parceiro, que deveria ser responsável. O Brasil é um País hipócrita e, a quem diz querer criminalizar o aborto sob o pretexto de preservar a vida, cabe a pergunta: a vida de quem?




‘Sangrei muito. Nunca mais pude engravidar’

18/12/2016 - O Estado de S.Paulo


A enfermeira X., de 38 anos, passou por dois abortos na adolescência. O primeiro numa clínica luxuosa no Leblon, na zona sul do Rio. O segundo, sem apoio, numa casa no subúrbio, em bairro que não soube precisar. “Era um lugar sujo, horrível e me trataram mal o tempo todo. Como se eu tivesse culpa, como se fosse bem feito eu passar por aquilo. Senti uma dor miserável.

Sangrei muito. Nunca mais pude engravidar” , conta a mulher, que se emocionou a recordar os episódios em entrevista ao Estado.

A primeira gravidez ocorreu aos 15 anos, do primeiro namorado, oito anos mais velho.

Ele queria ter o filho. X, não.

Sem coragem de falar para o namorado que não levaria a gravidez adiante, pediu ajuda para a mãe. “Eu era muito nova.

Disse que queria fazer o aborto”.

X. e o namorado continuaram juntos. E ele nunca a perdoou pelo aborto. Insistiu para que ela engravidasse de novo.

Dizia que ficariam juntos, se casariam e formariam uma família. “Um ano depois, minha mãe morreu e eu engravidei de novo. Foi horrível. O segundo aborto não foi uma decisão minha. Foi decidido numa reunião entre meu pai, minha tia e minha irmã”, ela conta. “Meu corpo todo doía.

E eu só sentia solidão. São essas as palavras que me vem à cabeça quando lembro aquele período: solidão e dor”. O namoro terminou depois do segundo aborto. O rapaz engravidou outra jovem e se casou.


AMIGA


Já Valéria tinha 16 anos quando engravidou de seu namorado, também adolescente.

Com medo da reação dos pais, ela procurou a mãe de uma amiga, que era enfermeira, para buscar ajuda.

Fez o aborto em uma clínica clandestina na cidade de Paulista, na Região Metropolitana do Recife. Estava com sete semanas de gestação. Pagou o equivalente a dois salários mínimos, na época. Hoje, aos 26, ela se prepara para casar, e ainda sofre as consequências provocadas pela infecção contraída durante o procedimento.

Não pode mais engravidar.

“Fiquei três meses internada, um deles na UTI. Meus pais obviamente descobriram que eu havia abortado e sofreram muito. Eu não me arrependo do aborto em si. Mas me arrependo de não ter conversado com meus pais e procurado um local seguro. Isso mexeu com toda a minha vida.

Vou me casar em dois meses e não posso ter filhos biológicos”, contou.


VIÚVO


O engenheiro H.L, 34 anos ficou viúvo há dois anos.

A mulher, J.L morreu, aos 30 anos, em decorrência de complicações do aborto feito em uma clínica clandestina do Recife.

“Estávamos nos preparando para ir morar fora do Brasil.

Ela havia passado na seleção de um mestrado bastante disputado na Inglaterra e estava muito feliz. Eu já tinha conseguido a transferência na empresa onde trabalho e faltavam apenas dois meses para a mudança. Estava viajando, quando recebi a ligação de minha sogra”, revelou.

Só descobriu o que havia acontecido 12 horas depois de receber a notícia da morte da companheira, quando conversou com os médicos que a atenderam em um dos maiores hospitais privados da cidade – o útero e outros órgãos foram perfurados na intervenção clandestina. “Minha mulher não morreu simplesmente.

Ela foi assassinada e eu nem sabia que estava grávida.

Imagino que ela achou que um bebê, naquela altura, iria mexer com todos os planos da mudança, do mestrado. Com a morte dela, morri também.”




As mais pobres são as maiores vítimas

18/12/2016 - O Estado de S.Paulo


A criminalização do aborto atinge fundamentalmente as mulheres pobres, uma vez que as mulheres com recursos fazem abortos em clínicas, sem nenhum problema com a polícia.

As mulheres pobres ou têm de pedir uma autorização judicial ou fazem abortos inseguros.

A criminalização viola alguns direitos fundamentais das mulheres. O direito à autonomia sexual e reprodutiva, à dignidade e à liberdade. Também tem impacto na saúde reprodutiva. Se a mulher faz um abortamento inseguro, pode sofrer sequelas do ponto de vista reprodutivo.

Pode nunca mais poder engravidar.

A mulher engravida, mas não engravida sozinha. Tem o parceiro, que deveria ser responsável. O Brasil é um País hipócrita e, a quem diz querer criminalizar o aborto sob o pretexto de preservar a vida, cabe a pergunta: a vida de quem?




Supremo está no centro da discussão

18/12/2016 - O Estado de S.Paulo


A discussão sobre aborto no Brasil foi retomada por causa do nascimento de bebês portadores da síndrome de zika congênita.

Uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) foi apresentada no Supremo Tribunal Federal, solicitando, entre outras providências, liberação da interrupção da gravidez nos casos em que a gestante está contaminada pelo vírus. O pedido aguarda julgamento.

O debate ganhou ânimo também depois do entendimento há três semanas dado pela 1.ª Turma do STF de que o aborto praticado no primeiro trimestre de gestação não é crime. “A compreensão constitucional do ministro Luis Roberto Barroso pode se tornar um prólogo do que vamos assistir”, afirma a antropóloga e professora da Universidade de Brasília Débora Diniz.“Dialoga com o Direito Internacional. Como afirmou o ministro, as democracias desse planeta autorizaram o aborto.” Risco. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, no entanto, já avisou ser contrária. Para o secretário-geral da CNBB, d.

Leonardo Steiner, a ADI vem acompanhada de um risco: o de se rejeitar as deficiências. “Entramos em um perigo grande, o de valorizar apenas pessoas sadias”, avalia.




Hospitais alertam para golpe contra famílias de pacientes

17/12/2016 - O Globo


A filha de um paciente do Hospital Silvestre, em Santa Teresa, até recebeu um comunicado ao fazer a internação na unidade e chegou a ler avisos colados nos elevadores, alertando para golpes aplicados por telefone. Mas, preocupada com a piora do quadro de saúde do pai, não se deu conta de imediato que a ligação do “doutor Paulo Martins” era uma farsa. Ele alegava urgência para o pagamento de um procedimento, que seria reembolsado pelo plano de saúde. Por sorte, uma médica que acompanha a família impediu que caíssem no que está sendo chamado de “Golpe do Hospital”, um crime que se alastra em unidades públicas e particulares do Rio e de outros estados do país.

— Meu pai foi internado no dia 19 de novembro. Mas foi na terça-feira que recebemos a ligação. Coincidentemente, seu quadro havia piorado. Na verdade, ligaram para a casa da minha mãe e a empregada me repassou o recado. Eu liguei para o celular de um homem que se identificava como médico, Paulo Martins. Ele informou que os exames tinham constatado um quadro de préleucemia e que precisariam fazer novos exames, iriam submeter meu pai a uma medicação que deveria começar imediatamente — disse a filha do paciente, que prefere não ser identificada.

De acordo com a família, o suposto médico afirmou que o único horário disponível para a aplicação da medicação seria às 17h30m.

— Para agilizar, eu teria que fazer um depósito numa conta. Desconfiei quando ele disse que era do centro cirúrgico. Meu pai não estava nessa unidade. Também estranhei quando me perguntou qual a conta bancária de minha preferência para depositar R$ 2.438, com desconto. Pedi à médica da família para falar com ele e ela me retornou dizendo que se tratava de um maluco — contou a filha, que procurou a administração do hospital.


DESGASTE EMOCIONAL


Vários hospitais privados do Rio estão colocando comunicados em suas dependências para alertar a população sobre o golpe. No Hospital Unimed-Rio, os casos são acompanhados pela ouvidoria da unidade. De acordo com o diretor administrativo, Gabriel Massot, mesmo com todos os esforços, o crime persiste:

— Isso causa desgaste não só administrativo, mas principalmente emocional. Às vezes o paciente entende como má fé do hospital, que fica vendido. Tenho os prontuários eletrônicos travados, não deixo qualquer funcionário ter acesso aos documentos de pacientes. Mesmo assim, alguém consegue os dados. Parece que há uma quadrilha com contatos com funcionários de muitos hospitais, porque conseguem informações que são fechadas ao extremo.

Fazer a divulgação por meio de banners e comunicados informando sobre o golpe está entre as recomendações do grupo de trabalho constituído pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp).

— As vítimas são sempre parentes que estão vulneráveis, em razão da gravidade do estado de saúde de seu parente. E, de fato, nem todo medicamento ou procedimento é coberto pelos planos. E há autorizações que às vezes demoram. Mas nossa principal recomendação é para o hospital informar aos pacientes que as unidades de saúde não cobram valores extras por telefone — explicou o presidente da Anahp, Francisco Balestrin.

Segundo ele, os hospitais também foram orientados a reforçar seus processos de segurança da informação:

— Verificou-se que, em alguns casos, os detalhes sobre os pacientes agendados para a realização de procedimentos foram repassados, de boa-fé, por atendentes que não estavam adequadamente preparados para lidar com essas demandas.




Anticorpo contra o zika

17/12/2016 - Correio Braziliense


Pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências descobriram um anticorpo que neutraliza o vírus zika e poderá se transformar em um candidato a vacinas e tratamentos contra a doença. A substância foi isolada do organismo de um paciente chinês que voltou infectado da Venezuela. A busca pela imunização e por terapias eficazes cresce na medida em que a enfermidade deixou os trópicos e passou a ser um problema global.

Embora em adultos a zika não costume provocar efeitos graves, em mulheres grávidas há o risco de o bebê nascer com diversas anomalias, incluindo microcefalia. No surto de 2015, 80 mil pessoas de 69 países foram infectadas e, embora a Organização Mundial de Saúde (OMS) tenha excluído, no mês passado, a doença da lista das emergências de saúde pública internacionais, ela ainda é uma preocupação, pois não existem vacinas nem tratamentos apropriados.

No laboratório de imunologia do Hospital de Sheizen, onde o estudo foi conduzido, a equipe de Qihui Wang isolou 13 anticorpos monoclonais do sangue do paciente infectado. Dois deles — Z23 e Z3L1 — mostraram-se promissores. “Somos o primeiro grupo a identificar anticorpos específicos do zika. Esses anticorpos são muito importantes para o desenvolvimento de tratamentos futuros e esperamos fazer a primeira vacina para prevenir e controlar a doença”, diz Wang.


BLOQUEIO


De acordo com ele, os outros anticorpos que vêm sendo investigados atualmente reconhecem tanto a dengue quanto o zika, ambos os vírus transmitidos pelo mosquido Aedes aegypt. Diferentemente, o Z23 e o Z3L1 atuam exclusivamente contra o vírus, indicando um alto grau de especialização. “Isso é importante para evitar efeitos colaterais potenciais”, afirma. Já se sugeriu que, em regiões onde a dengue é endêmica, uma vacina que aumente ainda mais a quantidade de anticorpos circulantes no organismo possa desencadear reações autoimunes.

Wang também investigou o mecanismo de ação dos anticorpos. O médico diz que eles atuam bloqueando regiões do envelope viral, a camada de proteínas que protege o núcleo do vírus. Dessa forma, o Z23 e o Z3L1 impedem que o zika entre nas células e passe a se reproduzir.

Segundo ele, embora sejam necessárias mais análises, a equipe espera, em breve, começar os testes clínicos, com pacientes humanos. “Esses anticorpos podem ser úteis tanto para estimular a resposta imunológica do hospedeiro contra o vírus, com uso para produção de vacinas, quanto para neutralizar o efeito do vírus, com o potencial de criarmos um medicamento antiviral para pacientes já infectados”, explica.




Dose dupla contra a arritmia

19/12/2016 - Revista Saúde É Vital


Cientistas da Universidade de Navarra bolaram e colocaram à prova uma nova solução terapêutica para a mais comum das arritmias — a fibrilação atrial, marcada por descompassos nos batimentos do coração, ainda eleva em cinco vezes o risco de um derrame. A ideia testada foi aliar dois procedimentos em uma intervenção só. Primeiro, os médicos dão choques na veia pulmonar, que leva sangue para o músculo cardíaco. "Assim, silenciamos impulsos elétricos anormais", explica o cardiologista Gabriel Ballesteros, líder do estudo. Depois, eles instalam um dispositivo que tampa o apêndice atrial esquerdo, local onde se formam 90% dos coágulos (veja o infográfico ao lado). "A estratégia beneficiaria pessoas que não podem tomar remédios anticoagulantes, o principal tratamento hoje", analisa o médico Silas Galvão Filho, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.

1.TREMELIQUE
O coração possui uma corrente elétrica normal, que dita o ritmo dos batimentos. Na fibrilação atrial, esses impulsos são instáveis e surgem em áreas que não têm essa função — como na veia pulmonar.
2 FRITURA
Um cateter é inserido na veia femoral, na virilha, e levado até o órgão. Lá, o dispositivo literalmente queima a entrada da veia pulmonar, impedindo que ela continue a influenciar os pulsos.
3 ROLHA
Um segundo cateter vai até o átrio esquerdo e instala uma estrutura para fechar o apêndice que existe ali. Caso algum trombo se forme, ele não consegue sair, entupir os vasos do cérebro e causar AVC

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