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CLIPPING - 05/10/2015

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

O BRASIL NA ROTA DOS REMÉDIOS FALSIFICADOS

03/10/2015 - IstoÉ


Um relatório divulgado recentemente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu mais um ruidoso sinal de alerta sobre a debilitada saúde do País. Segundo o documento, 19% dos remédios comercializados por aqui são ilegais. A estimativa é que se vendam vinte medicamentos falsos em cada lote de 100. Eles são vendidos em feiras, bancas de ambulantes, pela internet e, inclusive, nas farmácias. E chegam ao Brasil vindos do Paraguai, China e índia. Podem vir prontos para o consumo ou ainda na matéria-prima (o chamado princípio ativo) - que é manipulada em estabelecimentos clandestinos, sem a menor condição de higiene e geralmente elaborada na dose errada.

As conseqüências das ações dessa máfia bilionária são nefastas. De acordo com os pesquisadores da OMS, a pirataria de substâncias matou cerca de 700 mil pessoas no mundo em 2014 - não há dados específicos para o Brasil. É um problema que aflige governos e fabricantes no mundo todo, principalmente em período de crise econômica. "Como é mais barato, as pessoas acham que estão fazendo um bom negócio ao comprar medicamentos falsos. Não estão. As mortes estão aí para comprovar", diz Edson Vismona, do Conselho Nacional de Combate à Pirataria. "É uma burrice consumir remédios ilegais", afirma Anthony Wong, diretor médico do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas de São Paulo. "Esse é um problema mundial de saúde, incluindo Estados Unidos e Europa, onde a vigilância é muito maior do que aqui."

Existem três princípios determinantes para o sucesso da indústria de medicamentos falsos: mercado, preço e fiscalização falha. As estatísticas sobre o tamanho desse comércio clandestino mostram que, na última década, a falsificação e comercialização aumentaram 800%. Atualmente, o negócio, que rendeu US$ 200 bilhões em 2014, cresce 13% ao ano. "Às vezes ele é mais rentável do que o tráfico de entorpecentes", afirma o delegado da polícia federal de São Paulo André Luiz Pre-viato Kodkaoglanian. "São quadrilhas ligadas diretamente às organizações criminosas internacionais."

Existem cerca de 500 versões de medicamentos piratas em circulação, segundo o documento da OMS. Entre os principais produtos falsificados vendidos no País, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estão os hormônios anabolizantes, os medicamentos para disfunção erétil e os remédios para emagrecer. Mas também circulam fármacos falsos para o coração, hipertensão, malária e antibióticos. A PF explica que a entrada aqui pode se dar de duas formas. A primeira é o contrabando de remédios prontos para o consumo, que chegam pelo Paraguai e são entregues pelos Correios. Um técnico da Anvisa ouvido por ISTOÉ admitiu que os Correios são a porta de entrada e saída do comércio de medicamentos ilegais no Brasil. Segundo o funcionário, o sistema de triagem, principalmente, nas agências terceirizadas, é inoperante. Procurados, os Correios não quiseram falar sobre o assunto.

Outra estratégia é a venda direta da matéria-prima para a fabricação dos produtos nos laboratórios clandestinos. Esses materiais chegam da China e da índia e desembarcam no Aeroporto de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo. "Muitos são fabricados em locais clandestinos, sem nenhum controle higiênico e, principalmente, sem o principio ativo na dose certa", afirma o delegado da Polícia Federal André Kodkaoglanian. Anthony Wong explica que o medicamento falsificado pode ser tóxico, não conter a substancia ativa ou não ser fabricado com as regras necessárias. "Alguns remédios contêm apenas a cota mínima do medicamento. Se for de quantidade inferior, não faz efeito. Se for de má qualidade, pode até matar", afirma Wong. Essa indústria da fraude começa a ser atacada no Brasil. Com atraso de três anos, deve ser promulgada em dezembro a lei que obriga a rastreabilidade dos remédios. A primeira etapa da legislação (RDC 54/2013) prevê a implantação nos próximos três meses de um sistema de acompanhamento digital do caminho que os remédios fazem desde a fabricação até o consumidor final. "Hoje, o controle é completamente falho e sujeito a fraudes", diz Alejandra Saave-dra, do Conselho Federal de Farmácia (CFF). "Investimos mais de R$ 300 milhões em equipamentos para atender à lei. Faltam apenas pequenos detalhes normativos", diz o representante da Interfarma, Marcelo Liebhardt, que representa as maiores empresas do setor de produção de remédios. De acordo com a legislação, o consumidor final de remédios saberá por meio de um código de barras impresso nas caixas dos produtos farmacêuticos a procedência de todos os medicamentos sujeitos ao registro na Anvisa, inclusive amostras grátis. ?




Mercado Aberto: Remédio Cambial

05/10/2015 - Folha de S.Paulo


Se a desvalorização do real encarece a importação de medicamentos pela farmacêutica belga UCB, possibilita investimentos no Brasil, segundo Jean-Christophe Tellier, CEO global da farmacêutica.

"As dificuldades na economia brasileira são conjunturais, pensamos o país no futuro", afirma. O aporte de recursos no Brasil, onde a UCB não produz, não está indo para uma fábrica, e sim para a reestruturação da operação local.

"Somos uma companhia internacional investindo no Brasil, em um momento em que não se investe aqui", diz o presidente do laboratório no país, Francisco Piccolo.

"A oportunidade é agora: contratamos gente, fazemos contatos com universidades e implementamos estudos clínicos", relata, sem informar o valor investido.

A farmacêutica lançará dois novos medicamentos para casos de epilepsia, um em janeiro de 2016 e outro em 2017.

€ 3,3 BILHÕES é a receita global, o que equivale a R$ 14,5 bilhões




Vacina contra HPV terá apenas duas doses

03/10/2015 - O Estado de S.Paulo


O Ministério da Saúde deverá diminuir de três para duas o número de doses da vacina do HPV oferecida na rede pública para meninas de 9 a 13 anos, anunciou ontem a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Carla Domingues, na Jornada Nacional de Imunizações, realizada em Curitiba.

Iniciada no ano passado, a vacinação contra o vírus causador do câncer de colo de útero deveria ser feita em três etapas, com a segunda dose aplicada seis meses após a primeira e a terceira, cinco anos depois da dose inicial.

Segundo Carla Domingues, no entanto, estudos científicos já demonstram que a vacina atinge a eficácia desejada apenas com duas doses.

“Estamos trabalhando para mudar esse esquema de vacinação para duas doses porque, além da questão da eficácia, podemos aumentar a adesão”, disse ela.A mudança deverá ser oficializada no ano que vem. Mesmo as adolescentes que foram vacinadas no ano passado e neste ano, antes da alteração no esquema vacinal, não precisarão tomar a terceira dose.

O aumento da adesão à campanha de vacinação contra o HPV é um desafio para o Ministério da Saúde.No ano passado, mais de 100% do público-alvo tomou a primeira dose da vacina, mas o porcentual de meninas que procuraram os postos de saúde para tomar a segunda dose caiu para 60% após relatos de efeitos colaterais.

Investigações do ministério e de secretarias de saúde mostraram que a maioria dos eventos adversos foram reações psicológicas e comprovaram que a vacina é segura.

Custo. Carla negou que a redução no número de doses tenha como objetivo reduzir os custos com a compra do produto.

“Em programa de vacinação, a gente nunca pensa em reduzir custos. A preocupação tem de ser manter a eficácia e aumentar a adesão”, disse.

Representante da Sociedade Brasileira de Infectologia no Comitê Técnico Assessor de Imunizações do ministério, Rosana Richtmann votou a favor da redução.“Já há evidências científicas que demonstram que,na faixa etária de meninas entre 9 e 13 anos, duas doses da vacina produzem mais anticorpos do que três doses aplicadas em mulheres de 16 a 26 anos, o que torna desnecessária uma terceira dose”, defendeu.




O primeiro remédio contra o envelhecimento.

03/10/2015 - O Estado de S.Paulo


O primeiro ensaio clínico planejado para testar uma droga capaz de retardar o envelhecimento vai começar. Se o resultado for positivo, não vamos precisar esperar anos para que o remédio chegue às farmácias. Ele já está disponível e é barato. Eu já sou usuário faz dez anos.

Drogas que retardam o envelhecimento habitam os sonhos da humanidade. Infelizmente, ainda não foram descobertas. Grande parte do que é consumido não passa de puro charlatanismo ou não foi testado de forma rigorosa.

Demonstrar que uma droga retarda o envelhecimento não é fácil. E a dificuldade começa pela definição do que é envelhecimento e como medir esse fenômeno. O envelhecimento é um processo natural, não uma doença. É o cabelo branco, o enfraquecimento dos músculos e a flacidez da pele. Mas também se caracteriza pelo aparecimento de várias doenças associadas ao passar do tempo. Doenças cardíacas, diabete, doenças neurológicas e inúmeras outras patologias decorrem em parte do envelhecimento de nossos órgãos. No final da vida, uma dessas patologias vai causar a morte, mas a maioria das pessoas idosas convive com mais de uma dessas doenças. Dada essa complexidade, como medir o efeito de uma droga sobre o envelhecimento?

Os cientistas estão acostumados a medir o efeito de uma droga sobre um parâmetro único. Se desconfiamos que uma droga pode diminuir a pressão arterial, dividimos um grupo de pacientes em dois subgrupos, ministramos a droga para um grupo e um placebo para o outro. Se a pressão do grupo que recebeu a droga diminuir, concluímos que ela funciona. Mas no caso do envelhecimento a coisa se complica. Uma possibilidade é medir quantos anos a mais o grupo que recebeu a droga sobrevive. Mas esse protocolo tem vários problemas. Demora muito, e não leva em conta a qualidade de vida dos últimos anos. Será que uma droga que aumenta a vida em dois anos, mas torna esses últimos anos miseráveis é melhor que o placebo?

O que os cientistas decidiram é medir o retardo no aparecimento das comorbidades associadas ao envelhecimento. Em outras palavras, vão tentar medir se a droga retarda o aparecimento de um conjunto de doenças associadas ao envelhecimento. Por esse critério, se a droga funcionar, essas doenças apareceriam mais tarde e o tempo em que convivemos com elas seria diminuído, aumentando a qualidade de vida ao mesmo tempo em que retarda a morte.

Definidos esses critérios, os cientistas passaram anos escolhendo drogas que poderiam ser testadas em seres humanos. Duas se mostraram promissoras. Uma é a Rapamicina, um imunossupressor, outra é a Metformina, uma droga usada para tratar diabete. Como a Rapamicina provoca efeitos colaterais, foi decidido que o primeiro teste em larga escala, com mais de 3 mil idosos, será feito com a Metformina.

A grande vantagem da Metformina é que ela é extremamente bem conhecida, tem sido usada para tratar diabete desde 1960 e praticamente não tem efeitos colaterais. Milhões de pessoas já tomam Metformina todos os dias. No Brasil ela é muito barata e faz parte do programa Farmácia Popular. Se for demonstrado que ela retarda o envelhecimento, todos podemos passar a utilizá-la imediatamente.

Mas o fato de ser uma droga sem patente é também uma desvantagem. Ninguém quer gastar as centenas de milhões de dólares necessários para conduzir os testes. E a razão é simples. Se ela passar nos testes, nenhuma indústria farmacêutica vai ter lucro com sua comercialização. E sem a perspectiva de lucro, quem vai se arriscar a investir centenas de milhões em um teste que pode não confirmar essa propriedade da Metformina?

O fato é que os testes ainda não começaram por falta de dinheiro. Algumas fundações estão se organizando para pagar pelos testes e o governo dos EUA provavelmente vai ajudar. Vai ser muito interessante observar como esse projeto vai evoluir ao longo dos anos. Será que nossa sociedade tem mecanismos capazes de financiar a busca pelo sonho da longevidade abrindo mão do lucro? E se tiver, quão eficientes serão esses mecanismos? No mínimo, esse ensaio clínico vai ser um experimento socioeconômico interessante.




Descaso com vacina faz doenças ressurgirem

05/10/2015 - O Estado de S.Paulo

Motivo de pânico no passado, sarampo, caxumba e coqueluche foram praticamente eliminadas no Brasil graças à introdução de vacinas, mas, agora, voltam a preocupar médicos e autoridades sanitárias.

Com o baixo número de casos observados na última década, a ameaça ficou imperceptível, o que levou ao relaxamento de pais em relação à vacinação dos filhos.

Nos últimos anos, o Ministério da Saúde tem observado redução nos índices de cobertura vacinais de alguns imunizantes.

Embora a queda seja pequena, ela já resulta na alta no número de casos de doenças até então consideradas controladas.

Segundo dados da pasta, a incidência de coqueluche aumentou dez vezes em apenas três anos, casos de caxumba têm se tornado mais frequentes em Estados como São Paulo e Rio e um surto de sarampo acaba de atingir o Nordeste – o Brasil estava havia 12 anos livre da transmissão interna do vírus.

“É um engano os pais acharem que a criança não precisa da vacina porque a doença não é mais circulante. Com os deslocamentos de turistas e viagens dos próprios brasileiros,é possível ter contato com as doenças.

Foi o que aconteceu no surto de sarampo no Ceará e em Pernambuco.

O vírus foi provavelmente trazido por uma pessoa que viajou à Europa”, diz Carla Domingues,coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do governo.

Desde 2000, o Brasil não registrava casos de sarampo autóctones (quando a contaminação acontece dentro do País).

Em 2013, houve surto nos dois Estados do Nordeste, o que fez o Brasil passar de dois casos em 2012 para 732 em 2014. A situação foi considerada controlada pela pasta há apenas dez dias.

Mais gastos. Segundo Carla, se houver o relaxamento na vacinação, o esforço e os gastos para interromper a transmissão serão muito maiores. “O sarampo é grave e pode causar surdez,cegueira,complicações respiratórias e até a morte. As doenças que antes eram vistas como de criança hoje podem se tornar um grande problema de saúde pública para o adulto.” Caxumba e sarampo são prevenidos pela mesma vacina, a tríplice viral, que ainda dá imunidade contra rubéola. Embora a cobertura vacinal da primeira dose, administrada aos 12 meses de idade, seja alta, metade das crianças não toma a segunda, afirma a coordenadora do PNI.“Na tríplice viral,o componente que protege contra a caxumba é o que tem menor eficácia. Esses jovens que estão contraindo caxumba em São Paulo, no Rio e em outros Estados provavelmente não tomaram a segunda dose.” O ministério não tem dados nacionais, mas informações da secretaria estadual mostram que o Rio registrou até agosto 1.241 casos de caxumba,mais do que o dobro do número de todo o ano passado, quando 561 pessoas ficaram doentes. Em São Paulo, os primeiros oito meses do ano já acumulam quase o mesmo número de casos que todo o ano de 2014: 106 contra 118.

Explosão. Mas o fenômeno que mais preocupa é a explosão de casos da coqueluche. Não por acaso, o crescimento de doentes acontece paralelamente à queda da cobertura da vacina pentavalente, que garante imunidade contra coqueluche, difteria, tétano,meningite e hepatite B. Entre 2010 e 2013, o número de infectados subiu de 605 para 6.368 e as mortes passaram de 18 para 109. No mesmo período, a cobertura vacinal caiu de 97,6% para 94,5%.

A maioria das vítimas tem menos de 1 ano de idade – elas não estão completamente protegidas, pois o esquema vacinal em três doses é finalizado aos 6 meses.

Como o adulto pode ter a doença sem sintomas, muitas vezes são os pais que, sem saber, transmitem a bactéria. “O adulto perde a imunidade com o tempo e pode disseminar a doença sem perceber.A estratégia do ministério foi vacinar a gestante para que o bebê já nasça com imunidade, mas a adesão das mulheres é muito baixa”,diz Jacy Andrade,professora de Infectologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA).




Países do Pacífico se aproximam de acordo sobre livre comércio de remédios

04/10/2015 - O Globo / Site


Uma dúzia de países da costa do Pacífico estão próximos de alcançar um entendimento sobre um abrangente acordo de livre comércio, neste domingo, em Atlanta, após um avanço sobre o tempo que companhias farmacêuticas devem ter de monopólio sobre novas drogas biotecnológicas.A questão tem colocado os EUA, que defendem períodos de proteção mais longos, em oposição à Austrália e outras cinco delegações, que dizem que isso poderia trazer dificuldades para os orçamentos nacionais de saúde e impedir o acesso a medicamentos vitais a pacientes que não podem comprá-los.

A Austrália tem simpatia a um compromisso que mantenha sua atual proteção de cinco anos, combinada com um tempo extra de liberação gradual, disse uma fonte próxima às negociações. Mas a fonte alertou que outros países ainda precisam concordar.

Uma segunda fonte afirmou que a posição do Chile e do Peru sobre um compromisso ainda não ficou clara, mas se disse otimista com um desfecho bem-sucedido.

Os EUA oferecem uma exclusividade de 12 anos sobre dados clínicos utilizados no desenvolvimento de drogas como a Avastin, usada no tratamento do câncer e criada pelo laboratório Genentech, uma divisão da Roche.

A Austrália vem insistindo numa proteção de cinco anos para que os preços dos medicamento caiam mais rápido.

Os negociadores têm tentado alcançar um acordo em torno da Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), que reduziria as tarifas alfandegárias e estabeleceria padrões comuns para 12 economias, com a liderança de EUA e Japão, que juntos correspondem a 40% da produção mundial.




NÃO SOMOS BÍPEDES À TOA

03/10/2015 - Veja


Quantas horas por dia você passa em pé? Prepare-se para ouvir a pergunta de seu médico, se é que ela já não foi feita. Cada vez mais comum nos consultórios, das mais variadas especialidades, a singela indagação tem sido utilizada pelos profissionais como uma nova e promissora ferramenta de diagnóstico e tratamento. As modernas linhas de pesquisa na área da fisiologia têm revelado que o esforço natural do corpo para manter-se ereto faz bem à silhueta, previne doenças, melhora o desempenho intelectual e a memória. 0 mais recente estudo sobre o assunto, publicado na revista cientifica American Journal ofPreventive Medicine. revelou ainda o impacto de pequenos movimentos feitos em pé na diminuição do risco de mortalidade. Os pesquisadores compararam os hábitos de 12 000 pessoas com idade entre 37 e 78 anos. ao longo de doze anos. Elas ficavam sentadas por cerca de sete horas. Muitas só deixavam a cadeira para realizar atividades essenciais, como ir ao banheiro e fazer as refeições. Outras tinham o hábito de se levantar para executar pequenas tarefas no próprio escritório. A conclusão: as pessoas que se mexiam menos correram um risco 30% maior de morrer em decorrência de doenças associadas ao sedentarismo, como as afecções cardiovasculares, em relação aos outros voluntários do estudo. Fala-se aqui de benefícios associados a movimentos extremamente rotineiros e comedidos, banais. É levantar-se para atender o celular. É dar alguns passos até a mesa do colega ao lado em vez de mandar uma mensagem pelo celular ou e-mail. É sair da mesa para tomar um café na máquina ali pertinho.

Os conhecimentos sobre os proveitos de gestos tão discretos têm se aprofundado a passos largos. Em junho, a revista científica British Journal of Sports Medicine publicou um estudo que ditava o tempo ideal para manter-se em pé em prol da saúde: duas horas por dia. Isso representa, ao longo de nove horas de trabalho, apenas treze minutos por hora. O ato de ficar em pé. e por tão pouco tempo, é suficiente para beneficiar várias estruturas do corpo. A tensão muscular necessária para manter o corpo ereto. em equilíbrio, facilita a absorção da glicose pelas células dos músculos com menor mediação de insulina, poupando o trabalho do pâncreas. Aumenta o consumo de oxigênio celular, melhorando o desempenho cardiovascular. por exemplo. Depois de duas horas, o corpo ereto queima 20% mais calorias em comparação ao sentado, independentemente de o tempo ser corrido ou fracionado (veja o quadro ao lado). Diz o fisiologista Paulo Zogaib, da Universidade Federal de São Paulo: "Pequenos gestos feitos em pé podem ter mais efeito no gasto calórico do que uma caminhada".

Na cola das descobertas médicas, surgem os primeiros recursos para estimular a postura ereta na rotina diária. O Apple Watch. o relógio da Apple, lançado em abril deste ano, tem um sistema para contabilizar o tempo que o usuário permanece em pé. Sim. apenas em pé. A ferramenta emite um alarme que avisa quando se está prestes a permanecer sentado por uma hora. Há sinais de mudança também no mundo corporativo. Empresas de tecnologia, como o Facebook e o Google, começam a adotar mesas adaptadas para estimular a posição ereta entre seus funcionários. Batizadas de standing desks (mesas para ficar em pé. em tradução livre), elas podem ter a altura regulada de modo a ser possível trabalhar em pé. Na Escandinávia, cerca de 90% dos escritórios já oferecem essa opção.

Intuitivamente, o escritor americano Ernest Hemingway (1899-1961) dizia sentir-se mais disposto e concentrado escrevendo em pé. Em uma célebre entrevista com o escritor para a revista literária americana The Paris Review. em 1958. o jornalista George Plimpton descreveu o ambiente de trabalho de Hemingway durante o período em que este morou em Cuba: "Seguindo um hábito que adquiriu desde o começo, Hemingway escreve de pé. Calçando um par de enormes mocassins, pisando sobre uma pele já gasta de antílope, a máquina de escrever e a lousa se encontram à sua frente, na altura do tórax". Leonardo da Vinci e Winston Churchill também mantinham o hábito.

Sob o ponto de vista evolutivo, ficar em pé foi fundamental para a sobrevivência de espécies. Os primeiros bipe-des surgiram há cerca de 6 milhões de anos. mas não conseguiam manter a postura ereta por muito tempo. Dois milhões de anos depois, porém, um acidente natural ocorrido na África, que modificou drasticamente a vegetação local, pode ter sido a causa do aparecimento dos bipedes mais resistentes. Uma seca transformou a floresta em savana. Sobreviveram os que se adaptaram ao terreno plano, com poucas árvores. Entre eles, o Australopi-thecus anamensis. Diz o neurocientista Renato Sabbatini, da Universidade Estadual de Campinas, estudioso do assunto: "Com o formato dos ossos das pernas e da pélvis mais adaptado, eles conseguiam manter a postura ereta. embora seu crânio, mandíbulas e dentes ainda fossem semelhantes aos de chimpanzés". A cabeça erguida facilitou uma visão aprimorada dos inimigos. Com o tempo, deflagrou-se a necessidade de utilizar as mãos para desenvolver ferramentas e carregar alimentos, o que serviu de estímulo aos neurônios. Foi assim que surgiu o Homo erectus. uma espécie já com o cérebro mais desenvolvido e maior capacidade de raciocínio e de locomoção por longas distâncias. A evolução é a prova irrefutável de que, embora o ser humano moderno queira — e goste de — conforto, ficar de pé por alguns minutos tem um impacto extraordinário na sua sobrevivência.




Crise reduz ritmo de crescimento da Pfizer no Brasil para um dígito

05/10/2015 - Valor Econômico


A gigante americana Pfizer está sentindo o baque da crise econômica em seus negócios no Brasil. Depois de ver o faturamento da operação local crescer 19,5% entre 2013 e 2014, ano em que as receitas chegaram a R$ 4,9 bilhões, o ritmo de expansão em 2015 deve ser mais modesto e ficar em torno de 6,5%. O aumento dos descontos concedidos pelos laboratórios, estratégia que é acentuada em momentos econômicos mais difíceis, e a expansão do consumo de genéricos, que cresce acima das demais categorias de medicamentos, explicam o desempenho mais fraco projetado para este ano, disse ao Valor o presidente da farmacêutica no Brasil, Victor Mezei.

"Este é um ano muito mais complicado que os anteriores, mas o mercado continua crescendo e os fundamentos são mais fortes do que um momento econômico do país", ponderou o executivo. O Brasil corresponde hoje ao sexto maior mercado mundial de medicamentos e um dos principais motores do forte crescimento nos últimos anos foi a inclusão de novos consumidores, como consequência da melhoria de renda. A partir de agora, o envelhecimento da população e o acesso a novos tratamentos devem dar suporte à expansão do consumo de remédios.

Em 2015, segundo projeção da consultoria IMS Health, o mercado farmacêutico nacional deve crescer entre 10% e 12%, depois de alguns anos de alta de cerca de 15%. Esses índices, porém, são calculados sobre o preço de referência dos medicamentos e não consideram os descontos concedidos, de maneira que o crescimento real é inferior.

Em 12 meses até agora, os negócios da Pfizer cresceram 6,5% no Brasil, enquanto o mercado doméstico mostra expansão de 8,7%, influenciado principalmente pelo avanço dos genéricos. Segundo a IMS, nessa categoria de medicamentos, a alta acumulada em 12 meses chega a 21%.

A Pfizer ganhou espaço no mercado de genéricos a partir da aquisição de 40% do laboratório Teuto, por R$ 400 milhões no fim de 2010. Naquela época, a farmacêutica já possuía uma pequena operação de genéricos, mas buscava ampliar presença nesse mercado por causa da perda de patentes dos campeões de venda Viagra (para disfunção erétil) e Lipitor (para redução de níveis de colesterol). Com a compra no Brasil, consolidou sua chegada ao segmento.

A opção por comprar uma fatia do laboratório goiano, e não lançar imediatamente uma oferta pela totalidade da operação, foi ditada pela necessidade de aprendizado sobre o novo negócio. "O mercado de genéricos, sobretudo o da Teuto, representa um outro mundo frente ao negócio da Pfizer", justificou Mezei.

A companhia mantém o interesse em comprar a participação de 60% que ainda não possui na Teuto, mas tem até o início de 2017 para exercer essa opção de compra. O valor final da operação vai depender do desempenho da Teuto e o múltiplo da aquisição foi acertado em 14,4 vezes o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). "O preço foi justo", disse o presidente da Pfizer, lembrando que a maioria dos negócios fechados pela indústria farmacêutica embutem múltiplos elevados, mais próximos de 20 vezes.

Em janeiro, a companhia americana anunciou um investimento de US$ 27 milhões para ampliação e modernização da fábrica de Itapevi (SP). A unidade receberá as linhas de produção de medicamentos de uso humano da fábrica de Guarulhos (SP), que ficará integralmente com a Zoetis, empresa listada na Bolsa de Nova York e constituída a partir da cisão da área de saúde animal da Pfizer.

Além disso, a farmacêutica investiu US$ 22,5 milhões em infraestrutura e aquisição de novos equipamentos em 2014 e, neste momento, conta com 43 estudos clínicos em andamento, que envolvem 22 moléculas e cerca de 1,5 mil pacientes. Conforme Mezei, cada vez mais a Pfizer está trazendo ao país pesquisas clínicas em fase 2, incluindo os brasileiros em etapas mais iniciais do desenvolvimento de novos produtos.




Bons resultados estimulam a expansão das atividades

05/10/2015 - Valor Econômico


Chegar à Colômbia e aos Estados Unidos. Esse é o plano, para 2016, da empresa Projeto Centro de Integração de Educação e Saúde (CIES), fundada em 2008, pelo médico Roberto Kikawa. Com mais de 200 colaboradores, oferece atendimento médico com a ajuda de 51 unidades móveis de saúde. Os serviços incluem consultas, exames e cirurgias.

"O atendimento é gratuito em ações sociais para pacientes encaminhados do Sistema Único de Saúde (SUS) e com preços populares em uma clínica do bairro de Vila Manchester, em São Paulo", diz Kikawa. A receita da empresa vem de serviços prestados ao governo e empresas. Em pouco mais de sete anos, foram beneficiadas mais de 600 mil pessoas, em seis Estados, com uma receita de US$ 8,5 milhões em 2014. São realizados 34 mil exames ao mês e a expectativa até o fim do ano é atender mais de um milhão de pacientes.

"A parceria com a Prefeitura de São Paulo e a multiplicação de locais de atendimento fez o CIES ganhar impacto", diz. "O empreendimento social deve ter um plano de negócios bem elaborado e parcerias intersetoriais. A participação em redes de ensino do empreendedorismo também ajuda."

A Renovatio, criada por estudantes do Insper, optou por oferecer oportunidade de trabalho e estudo a pessoas em situação de vulnerabilidade social. Montou uma linha de produção de óculos de grau de baixo custo. Os produtos são pagos por apoiadores e doados à população. Mais de 1,4 mil usuários foram beneficiados desde 2013, segundo o fundador da empresa, Fábio Rodas Blanco.

"Já oferecemos oportunidade de estudo e renda para mais de dez pessoas entre moradores de rua e ex-detentos, que depois de qualificados foram para o mercado de trabalho. Hoje, quatro participantes trabalham na produção dos óculos, estudam e ganham cerca de R$ 1,4 mil ao mês." A empresa atua em São Paulo, mas já fez doações no Pará e Bahia. Este ano, a previsão é entregar acima de três mil itens, iniciar as vendas dos produtos, por R$ 25 a unidade, e incluir mais quatro colaboradores na linha de produção. Recentemente, conseguiu um apoio de R$ 84 mil do Bank of America e fechou parceria com a loja on-line eÓtica, que vai criar uma plataforma para a venda das mercadorias em todo país. Em 2016, os planos incluem a criação de 60 pontos de venda no Rio e São Paulo.

Para Maurício Turra Ponte, coordenador do ESPM Social Business Centre, centro de negócios sociais da universidade, o empreendedor da área deve apresentar habilidades como capacidade de assumir riscos e de identificar novas oportunidades, além de saber mobilizar outros agentes que garantam a sobrevivência dos projetos.




CPMF é o melhor imposto que existe, diz novo ministro da Saúde

02/10/2015 - Valor Econômico / Site


Recém-anunciado no cargo de ministro da Saúde, o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) apresentou nesta sexta-feira, após cerimônia no Palácio do Planalto, a proposta de uma CPMF “engenhosa” que aumentaria a base de arrecadação, prevendo o dobro de recursos ao cobrar 0,2% no pagamento e no recebimento de toda e qualquer movimentação financeira. Segundo ele, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se mostrou “simpático” à proposta, assim como a presidente Dilma Rousseff e seus conselheiros políticos mais próximos.

Na avaliação de Castro, a CPMF é “o melhor imposto que existe”, por ter uma baixa alíquota, ser “insonegável” e não representar custos para ser arrecadado, resultando um volume expressivo de recursos “sem onerar ninguém”. O novo ministro disse que a proposta, ainda em discussão, será apresentada por meio de projeto de lei, mas há um entendimento do próprio governo de que a CPMF só pode ser recriada por meio de Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Segundo ele, há a necessidade de o imposto ser permanente.

“Não é muito, é um sacrifício que eu acho que a sociedade brasileira, sabendo que seus recursos serão bem aplicados, estará sensível a contribuir para ter um melhor nível de saúde”, disse o deputado, enfatizando estar empenhado nessa proposta “muito antes de ser nomeado ministro”. O novo ministro admitiu que “todo imposto é impopular”, mas disse acreditar que prefeitos, governadores e parlamentares estarão atentos para a necessidade de prever mais recursos para a saúde. Marcelo Castro afirmou a necessidade de “uma grande mobilização para salvar a saúde brasileira”.

Pela proposta do novo ministro, metade dos recursos, destinada à União, vai para a seguridade social - o que significa Previdência, Saúde e demais programas sociais - e o restante é dividido entre Estados e municípios, exclusivamente para financiar a saúde. “Não vamos aumentar a alíquota nem onerar ninguém individualmente e vamos arrecadar dobrado, levando esses recursos para Estados e municípios que estão vivendo grande de dificuldade para financiar principalmente seus custeios com saúde”, afirmou.




Novo ministro da Saúde defende CPMF definitiva

03/10/2015 - Folha de S.Paulo


O novo ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB), defendeu nesta sexta (2) que a cobrança da CPMF seja permanente, e não pelo período de quatro anos como propôs o governo federal em pacote fiscal enviado ao Congresso.

Em cerimônia na qual foi anunciado como titular da pasta, o deputado disse ainda que propôs ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que o chamado "imposto do cheque" seja cobrado nas duas pontas de uma movimentação financeira: tanto de quem efetua como de quem recebe um depósito financeiro.

O ministro disse que pretende enviar ao Congresso projeto de lei sobre a chamada "dupla tributação" e explicou que ela seria cobrada "no crédito e no débito".

"Por exemplo, João dá um cheque de R$ 1.000 para Pedro. No débito de João, entram R$ 1.002: R$ 1.000 para a conta de Pedro e R$ 2 para a CPMF", disse. "Quando esses R$ 1.000 vão para a conta de Pedro, não entram R$ 1.000, mas R$ 998, porque R$ 2 vão para a CPMF. Assim, o governo federal acaba recebendo o dobro de dinheiro."

"Todos [do governo] gostaram da proposta, porque nós não vamos aumentar a alíquota, não vamos onerar ninguém individualmente, vamos arrecadar dobrado e vamos levar esses recursos para Estados e municípios que estão vivendo hoje em grande dificuldade", disse.

Em oposição ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) –que já declarou repetidamente ser contra a volta do tributo–, o ministro defendeu a CPMF e disse que é necessário que tenha uma mobilização para "salvar a saúde do país".

Para ele, o correligionário será convencido a "ajudar" a aprovar a recriação do imposto já que, segundo o novo ministro, ele é um "patriota".

"Ele com certeza vai ajudar, porque ele é um patriota e vai sabe que um dos problemas mais graves do país é a saúde", afirmou Castro.

No mês passado, em uma das ocasiões em que disse ser contra a CPMF, Cunha avaliou que ela não será aprovada na Câmara dos Deputados.

Pela proposta do governo federal, o imposto terá alíquota de 0,2%, será destinado ao custeio da Previdência e tem expectativa de arrecadar R$ 32 bilhões por ano.




Ig Nobel 2015

03/10/2015 - Folha de S.Paulo


Duas semanas atrás, foi entregue o prêmio Ig Nobel 2015. A noite de gala aconteceu diante de 1.100 espectadores no Teatro Sanders, da Universidade Harvard, como ocorre desde 1991.

O Ig Nobel é conferido pela revista Annals of Improbable Research (Anais da Pesquisa Improvável) aos que realizaram pesquisas capazes de "primeiro fazer rir, depois pensar". O objetivo é "celebrar a imaginação e a criatividade e despertar o interesse público pela ciência, medicina e tecnologia".

Além dos agraciados, participam da cerimônia de entrega vários laureados com o Nobel oficial.

Qualquer pessoa pode indicar um candidato à comissão organizadora, que, ao selecionar o vencedor, entrará em contato para saber se aceita a indicação. São raros os que a recusam.

Os laureados deste ano foram:

1) Química: Callum Ormonde e Colin Raston, da Austrália, e um grupo de pesquisadores americanos, pela descrição de uma receita química para "descozinhar" ovos cozidos.

2) Física: Patricia Yang e David Ho (Taiwan) e Jerome Choo (Estados Unidos) e outros, por testar o princípio biológico de que quase todos os mamíferos esvaziam suas bexigas em cerca de 21 segundos, com margem de mais ou menos 13 segundos.

3) Literatura: Mark Dingemanse (Holanda), Nick Enfield (Austrália) e outros, que publicaram o estudo "'Huh' É uma Palavra Universal? Infraestrutura Conversacional e Evolução Convergente de Itens Linguísticos".

4) Gerenciamento empresarial: Gennaro Bernile (Itália), Vineet Bhagwat (Índia) e outros, pelo trabalho "O que Não Mata Você, Fará Você Sentir Mais Amor pelo Risco: Desastres na Infância e Comportamento de CEO", no qual asseguraram que muitos líderes empresariais desenvolveram na infância tendência a assumir riscos depois de viver desastres naturais, como terremotos, erupções vulcânicas, tsunamis, etc.

5) Economia: Polícia Metropolitana de Bancoc, por oferecer um prêmio em dinheiro aos policiais que recusarem subornos.

6) Medicina: Hajime Kimata (Japão), Jaroslava Durdiaková e colaboradores da Eslováquia que avaliaram as consequências biomédicas dos beijos e de outras interações interpessoais íntimas.

Entre outros trabalhos, esses pesquisadores publicaram: "Beijos Reduzem Respostas Alérgicas na Pele e Níveis de Neutrofinas Plasmáticas" e "Prevalência e Persistência de DNA Masculino Identificado em Amostras Mistas de Saliva Depois de Beijos Ardentes".

7) Matemática: Os austríacos Elisabeth Oberzaucher e Karl Grammer pelo trabalho "O Caso de Moulay Ismael - Fato ou Fantasia?", no qual empregaram cálculos matemáticos para esclarecer como o ex-imperador do Marrocos, Moulay Ismael, o Sanguinário, conseguiu no período de 1697 a 1727 conceber 888 filhos.

8) Biologia: Bruno Grossi, Omar Larach e colaboradores do Chile, pelo estudo "Andando como Dinossauros: Galinhas com Caudas Artificiais Dão Pistas da Locomoção entre Terópodes Não-Aviários", no qual explicam que galinhas com um bastão amarrado à cauda andam de maneira similar àquela que os dinossauros deviam andar.

8) Medicina diagnóstica: Diallah Karim (Canadá), Anthony Harnden (Nova Zelândia) e colaboradores pelo artigo "Dor ao Passar Sobre Redutores de Velocidade no Diagnóstico da Apendicite Aguda: Estudo da Acurácia Diagnóstica", em que calcularam a validade do diagnóstico de apendicite aguda, com base na intensidade da dor sentida pelos pacientes ao passar de carro sobre lombadas.

9) Fisiologia e Entomologia: Justin Schmidt (Estados Unidos), criador do "Índice Schmidt de Dor em Picadas de Insetos", dividiu o prêmio com o conterrâneo Michael Smith, que se deixou picar por abelhas em 25 regiões do corpo, para identificar quais eram as menos dolorosas (cabeça, ombros e ponta dos dedos dos pés) e as mais dolorosas (narinas, lábio superior e dorso do pênis).

O título dos trabalhos? "Atividades Hemolíticas das Picadas de Insetos Venenosos" e "Índice de Dor à Picada de Abelha de Acordo com a Localização no Corpo".

A intenção do Ig Nobel não é ridicularizar a ciência, mas ressaltar que aquisições científicas eventualmente parecem estranhas, e que a melhor ciência pode ser atacada pelos que não a compreendem, enquanto a de má qualidade muitas vezes é reverenciada, apesar de absurda.




Mercado Aberto: Dólar alto eleva custos de hospitais privados em 20%

05/10/2015 - Folha de S.Paulo


Dependentes de importações para a troca de equipamentos, compra de materiais e de remédios importados, os hospitais particulares temem o aumento de gastos com a desvalorização do real.

Eles preveem crescimento de 20% dos custos caso o dólar continue a ultrapassar os R$ 4, o que causaria um deficit nas contas do setor, segundo Francisco Balestrin, presidente da Anahp, que reúne estabelecimentos particulares.

"Cerca de 40% dos gastos das instituições da Anahp em 2014 foram em materiais e medicamentos", diz Balestrin. "Elas podem desembolsar até R$ 2 bilhões a mais."

Desde o início do ano, o real teve depreciação de 33,3% ante o dólar.

A cotação afeta o preço de equipamentos, próteses e materiais para procedimentos invasivos, além de matéria-prima para a fabricação de remédios.

"Não podemos absorver o incremento. Temos de renegociar preços com fornecedores e repasses com operadoras de planos", diz Antonio Alves Benjamim Neto, sócio do grupo capixaba Meridional.

Benjamim destaca que as empresas de equipamentos têm evitado elevar os preços, mas que as altas serão inevitáveis e prevê alta de custos de até 15% nos hospitais do grupo a partir deste mês.

"O setor precisa considerar também que, com o aumento do desemprego por um período maior, o número de clientes que usa planos de saúde deve diminuir", diz.




Estudo questiona eficiência da psicoterapia

05/10/2015 - Folha de S.Paulo


A literatura médica superestima os benefícios da psicoterapia para depressão, afirma um novo estudo publicado na última semana.

Isso acontece porque as revistas científicas tendem a publicar estudos relatando sucesso do procedimento, mas não o seu fracasso, dizem os autores.

A análise é a primeira tentativa de rever a eficiência da psicoterapia levando em consideração também os estudos sobre o assunto que não foram publicados.

A conclusão é que a terapia é mais falha do que se imaginava.

Há muito tempo os médicos sabem que as revistas científicas superestimam os efeitos dos antidepressivos, e em parte isso acontece pela mesma razão: publicações gostam de artigos que relatam coisas que funcionam, em vez de coisas que não funcionam.

O trabalho sobre a psicoterapia foi publicado na revista científica "Plos One". Segundo ele, um paciente que se consulta com um psicoterapeuta tem 20% a mais de chance de melhorar de condição do que quem não faz isso.

O grande mérito de revisões científicas como essa, que analisam os resultados de vários estudos, é reduzir os erros e vieses de pesquisas individuais –a equipe liderada por Ellen Driessen, da Universidade Livre de Amsterdã, trabalhou a partir de 55 estudos, feitos entre 1972 e 2008.

Os pesquisadores afirmam ainda que seria importante para o progresso da ciência que as pesquisas que não relatam sucesso também fossem divulgadas –dos 55 trabalhos, 13 nunca tinham sido publicados, e isso tendia a ocorrer os com resultados mais negativos para a psicoterapia.

CRÍTICAS

Alguns pesquisadores, porém, questionam as conclusões do trabalho.

"Todas as várias abordagens da psicoterapia foram colocadas no mesmo balaio por eles", afirma Stefan Hofmann, professor de psicologia da Universidade de Boston, que não participou do estudo, para quem pesquisas mais específicas sobre cada técnica seriam mais adequadas.

Além disso, não houve controle sobre quantas vezes por semana o paciente ia ao consultório ou quanto tempo ele ficava por lá.

Outra questão: os autores não fizeram uma análise crítica da metodologia de cada trabalho estudado –consideraram que a soma de todos os resultados acabaria compensando eventuais falhas ou problemas.

Para o pesquisador Steven Hollon, da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, que participou da pesquisa, é importante lembrar ainda que os antidepressivos também são apenas modestamente eficientes.

Isso significa que a combinação de remédios e terapia é possivelmente a melhor solução possível para os pacientes que necessitam de tratamento, ainda que os resultados não sejam perfeitos.

Mesmo os críticos do estudo reconhecem que os tratamentos não são ideais.

"A depressão, especialmente, é um distúrbio muito difícil de tratar, e também acaba sendo muito complicado julgar a eficiência dos tratamentos, porque os sintomas da depressão no paciente naturalmente aumentam e diminuem ao longo do tempo", afirma Hofmann.

"É como atirar em um alvo móvel. Há um sentimento de desespero [na sociedade] no sentido de que precisamos de alguma forma nova de tratamento, mas há muito pouco no horizonte."




Ficar muito tempo sentado faz muito mal para as crianças

05/10/2015 - Folha de S.Paulo


Crianças que passam muito tempo sentadas podem ter que encarar consequências parecidas com as dos adultos, de acordo com um novo estudo sobre a saúde de garotas.

Depois de apenas um período de inatividade prolongada, as crianças desenvolveram mudanças na corrente sanguínea e nas artérias que, em adultos, significaria o começo de sérios problemas cardiovasculares, diz um estudo liderado por Ali Mc Manus, da Universidade de Columbia.

Os cientistas começaram testando a função arterial basal de nove meninas.

Então, metade das garotas se sentaram em pufes confortáveis no laboratório por três horas ininterruptas, brincando em iPads e assistindo a filmes. Se precisassem ir ao banheiro, o pesquisador as levava em uma cadeira de rodas.

As outras garotas também se sentaram por três horas, mas, no começo de cada hora, levantavam-se e pedalavam devagar por dez minutos em bicicletas ergométricas colocadas no laboratório.

Depois, as artérias de todas as meninas foram reexaminadas. Os resultados devem fazer com que muitos de nós, pais, parem de pedir aos filhos que fiquem quietos.

Depois que as garotas permaneceram sentadas por três horas, suas artérias não funcionaram tão bem quanto no começo da experiência. Na verdade, as meninas mostraram "uma profunda redução da função cardiovascular", escreveram os cientistas, com a dilatação das artérias –seu alargamento normal e saudável– caindo até 33%.

Encorajador foi o fato de que quando as meninas se levantaram e foram para as bicicletas não mostraram declínio na função vascular. Por isso, é bom encorajar os jovens a se levantarem e se moverem pelo menos a cada uma hora.

"Fiquei surpresa com a facilidade de manter as meninas sentadas por três horas ininterruptamente. Achávamos que elas fossem querer levantar", conta Ali. Mas ficaram felizes sentadas, envolvidas com os filmes e os iPads. "Na verdade, foi mais fácil do que eu esperava."

Uma pesquisa de larga escala relatou que crianças por todo o mundo ficam sentadas mais de oito horas por dia.




Corte de verbas ameaça nova gestão na Saúde

04/10/2015 - O Globo


Uso da pasta como moeda política pode agravar situação, alertam especialistas O novo ministro da Saúde, Marcelo Castro, do PMDB, administrará um setor que, mesmo com o segundo maior orçamento do governo, sofrerá um corte de R$ 30 bilhões no ano que vem, contam ALESSANDRA DUARTE e CAROLINA BENEVIDES.

O uso da pasta como moeda de troca política ameaça programas vitais para a população, alertam especialistas. O uso do Ministério da Saúde como moeda de troca política ameaça programas do Sistema Único de Saúde (SUS) que já enfrentam percalços por conta da crise econômica, dos cortes do ajuste fiscal e da complexidade do próprio SUS. Segundo maior orçamento da Esplanada, menor apenas que o da Previdência, a pasta agora sob o comando do peemedebista Marcelo Castro (PI) também está entre aquelas com mais cargos comissionados. Em 2015, é o terceiro ministério com mais cargos DAS, os chamados cargos de confiança. O novo ministro assume com o desafio de ter que administrar em 2016 orçamento com R$ 30 bilhões a menos em relação ao previsto para 2015 e, ao mesmo tempo, ampliar e universalizar serviços.

Ficando atrás só da Fazenda e da Presidência (que inclui as secretarias com status de ministério), a Saúde tem 1.931 cargos de confiança, ou 8,4% do total desses cargos nos ministérios, aponta levantamento do pesquisador do Ipea Felix Garcia Lopez. O troca-troca de ministro pode levar, segundo especialistas, a mudanças no segundo e terceiro escalões, com nomeações para secretarias-chave. O que, para eles, traz risco de descontinuidade ou andamento em ritmo mais lento de programas que precisam de ampliação, como o Saúde da Família, ou que dependem de articulação com estados e municípios. Segundo a pasta, o Saúde da Família tem cobertura de 63%. O Samu também não está universalizado, tendo cobertura de 76%.

— A cobertura do Saúde da Família, o principal programa de Atenção Básica no país, ainda é de metade da população. A meta do movimento sanitarista é chegar a 80% em quatro anos — exemplifica o presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Gastão Wagner de Sousa Campos, médico sanitarista e professor titular da Unicamp.

Essencial para gestão mais eficiente do setor, a política de tecnologia do SUS é outra a correr risco, pois ainda está sendo implantada.

— Apesar de 80% das prefeituras já terem aderido ao E-SUS AB (programa para informatização da Atenção Básica), menos da metade dos municípios conta com prontuários eletrônicos já funcionando — diz o presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde, Mauro Guimarães Junqueira, secretário de Saúde de São Lourenço (MG).

Especialista em Saúde Pública e professor da USP, Mario Scheffer lembra que o SUS não sofre só com o impacto do ajuste fiscal. Perde quando estados e municípios arrecadam menos, já que o sistema é tripartite, já havia sofrido com a Emenda Constitucional 86, que subtraiu recursos, e corre o risco de perder mais se o governo for autorizado a desvincular receitas da União.

— Leitos já vêm sendo fechados, contratos, revistos, o número de atendimentos tem diminuído. Com esse cenário, precisávamos de um ministro com força política e capacidade técnica para fazer muito com menos — diz Scheffer, para quem a troca de um ministro sanitarista por um “ministro político e sem expressão na área e na compreensão do SUS é quase uma pá de cal”.

Para 2016, o orçamento previsto na Saúde já era menor que o deste ano: R$ 103,27 bi. E, em maio, sofreu corte de R$ 11,7 bi (11,3%), indo a R$ 91,5 bi.

— Só para novembro e dezembro, há déficit de R$ 5,8 bi no volume de transferências fundo a fundo (obrigatórias) da União para estados e municípios, porque esse volume previsto para este ano é menor que o executado em 2014. Mas os serviços continuam os mesmos — diz Mauro Junqueira.

Também nessa comparação (do volume fundo a fundo), o conselho calcula déficit de R$ 16,8 bi para 2016, pois o volume previsto para ano que vem também é menor que o executado em 2014. — Falta dinheiro só para manter o que já está, imagina para ampliar — resume Junqueira.

No início da última semana, a Abrasco divulgou “nota de repúdio” contra a dança das cadeiras na Saúde. “Na tentativa de possível conciliação com os setores mais retrógrados da política nacional em troca de uma momentânea ‘governabilidade’, o governo Dilma submete à negociação de alto risco os rumos do direito à Saúde, do SUS. Essa atitude é inaceitável e significa mais uma derrota para o Movimento da Reforma Sanitária e o projeto constitucional para a Saúde”, diz a nota, assinada com o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes).

— Além de subfinanciado, o SUS tem problemas de gestão, como a necessidade de facilitar o acesso às especialidades — afirma Gastão Campos, da Abrasco: — Desde Adib Jatene (nos anos 1990), todos os ministros da Saúde têm sido escolhidos com um mínimo de critério técnico, mesmo aqueles que não eram médicos. Permitiram que o SUS chegasse aonde chegou. Essa tradição está sendo quebrada.

Campos alerta para outro risco: as mudanças em cascata nos cargos de confiança no SUS nos governos estaduais e nas prefeituras.

— Cargos de direção, de centros de atenção básica a hospitais de alta complexidade, são de confiança — diz o professor da Unicamp.

— Vamos observar as mudanças nas secretarias e departamentos. Se tiver troca de comando na de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, é preciso ficar atento se serão incorporados remédios recém-lançados, que têm alto custo e nem sempre são os melhores para o SUS, mas são os que a indústria farmacêutica prefere vender — diz Leonardo Mattos, do Grupo de Pesquisa de Documentação sobre Empresariamento da Saúde/UFRJ.

Para Mattos, o ministro terá de equilibrar o ajuste e ter cuidado com mecanismos de financiamento. Para Mattos, com o poder de assinar portarias, Castro poderia, por exemplo, centralizar a compra de medicamentos da Atenção Básica, hoje dividida entre municípios, estados e União.

— A Saúde no país se baseia num federalismo de base municipalista. Se não vier uma orientação, uma coordenação mais técnica de cima, só aumenta essa fragmentação na execução nos municípios — afirma Campos, da Abrasco.

Médica e coordenadora do Laboratório de Economia Política da Saúde da UFRJ, Ligia Bahia diz que há temor de que Castro ouça as bancadas da Câmara e do Senado sem dar direcionalidade aos pedidos dos parlamentares:

—As demandas são legítimas, eles foram eleitos e devem ser ouvidos. O problema é ouvir sem dar direção. Se ouvir e priorizar combate à hipertensão, diabetes, obesidade infantil, doenças mentais, tratamento para quem tem sequelas de longo prazo por conta da violência, seria um ganho. Se pulverizar o pouco orçamento que tem, aí vai ser péssimo.

MINISTÉRIO DIZ TER AMPLIADO ATENÇÃO BÁSICA

Especialistas temem que o ministro possa ter perfil conservador. Para eles, há risco para políticas que já enfrentam resistência das bancadas religiosas, como o Saúde na Escola, que trata sobre sexualidade; e ações ligadas a fertilidade, comunidade LGBT, usuários de drogas e aborto legal.

— Com um Congresso mais conservador, já sofremos pressão. Se isso passar a se refletir ainda mais no ministério, como levar às escolas, por exemplo, questões sobre sexualidade? O número de novos casos de Aids na adolescência vem crescendo — diz Carlos Silva, doutor em Saúde Pública e especialista no programa Saúde na Escola.

O GLOBO procurou o ministro Arthur Chioro antes da nomeação de Castro, mas a assessoria de imprensa informou que ele não se pronunciaria. O ministério frisou, porém, investimentos no setor, como o crescimento de 106% na Atenção Básica nos últimos 4 anos; o fato de o país, de 2003 a 2014, ter dobrado o número de transplantes (de 12,7 mil para 23,3 mil); e o aumento, de 2010 a 2014, de 15,8% no número de cirurgias oncológicas e de 29,7% no de quimioterapias.




"Vai haver pressão pela melhoria do SUS"

03/10/2015 - Época


A advogada Lenir Santos, especializada em gestão e Direito Público, participou da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988. Há quase três décadas ela estuda as distorções que fazem do SUS um sistema menos eficiente e justo do que a população gostaria. Lenir, hoje professora visitante da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), diz acreditar que o maior uso do SUS pela classe média tradicional deve aumentar a pressão pela melhoria do serviço. Criadora do Instituto de Direito Sanitário Aplicado (Idisa), uma entidade que propõe formas de aprimorar o desempenho de instituições de saúde públicas e privadas, Lenir publicou sete livros. O último, Judicialização da saúde no Brasil (Saberes Editora), trata das conseqüências do aumento das ações judiciais movidas por pacientes contra o Estado. Recentemente, Lenir ajudou a redigir o projeto de lei do deputado federal Odorico Monteiro (PT-CE), que pretende delimitar os tratamentos e serviços que o sistema público tem obrigação de oferecer. "Chegou a hora de dizer claramente que não é possível dar tudo a todos", diz ela.

- A classe média sempre teve medo do SUS, mas o aumento do desemprego obrigará muita gente a depender exclusivamente dele. Qual será o resultado? Lenir Santos - Haverá um aumento da demanda por atendimento e menos dinheiro para financiar o sistema. Em 2016, teremos uma redução de R$ 11 bilhões nas verbas federais destinadas ao SUS. Por lei, os municípios devem aplicar 15% de suas receitas em saúde. Os Estados, 12%. Se a economia vai mal, se o consumo cai, essas receitas também diminuem. Será um ano difícil, mas a chegada da classe média aos serviços públicos pode ter um efeito positivo: o aumento da pressão pela melhoria do sistema. A classe média precisa entender que o SUS não é só para a empregada. E para todos. A falta dessa sensação de per-tencimento prejudica o sistema.

- De que forma? Lenir - A classe média acha que o SUS não é para ela. Quem gere o SUS também não o usa. Os administradores, as autoridades, no Judiciário, no Legislativo, todos têm plano de saúde. E muito diferente da Inglaterra, onde todos usam o sistema público e se orgulham dele. Até a princesa Kate Middleton teve um parto normal de 12 horas num serviço público e sem médico obstetra.

- Toda a população usa o SUS de várias formas. Vacinação, transplantes, tratamentos não oferecidos pelos planos de saúde, coquetel contra a aids e vigilância sanitária são alguns exemplos. Mas, quando precisa de médico no dia a dia, a classe média foge do SUS porque acha que não encontrará bons serviços. Ela está errada? Lenir - Não está. Todos queremos ter um bom atendimento. Claro que há problemas. O SUS está na pré-fila. Não chegou à era da fila. As pessoas vão ao serviço de saúde e não conseguem saber em que posição estão na fila. Não existe sequer uma previsão de quando serão atendidas. Tenho a esperança de que a classe média se interesse em discutir formas de melhorar os serviços e de financiar o sistema. Por medo do SUS, as pessoas pagam planos de saúde que, em muitos casos, oferecem serviços ainda piores.

- Falta rigor na fiscalização dos planos feita pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)? Lenir - Sem dúvida. É bastante complicado ter uma agência reguladora cujos diretores têm vínculos com as operadoras. Se houvesse rigor, muitos planos não seriam sequer abertos. Também não teríamos tantas demandas judiciais. Qual é o resultado disso? Os clientes frustrados dos planos de saúde buscam atendimento no SUS. A lei prevê que as operadoras reembolsem o sistema público quando ele atende os clientes delas, mas esse ressarcimento nem sempre ocorre. Os planos privados precisam funcionar de acordo com regras rígidas e fiscalização efetiva. Saúde é área de relevância pública. Não pode ser tratada como um setor de mera exploração econômica, como se fosse uma fábrica.

- A população se sente duplamente abandonada quando não encontra atendimento de qualidade no SUS nem nos convênios privados. Há solução? Lenir - É preciso atacar o problema em duas frentes. Temos má gestão e má aplicação dos recursos, mas o subfinancia-mento é real. Se o Brasil decidiu oferecer saúde universal para 200 milhões de pessoas, tem de ter o recurso suficiente. O país gasta por ano cerca de R$ 1.000 por habitante. É pouco. Teria de gastar, no mínimo, R$ 2 mil. Além disso, precisamos de uma reforma da administração pública que acabe com o controle burro. Os servidores controlam papéis que nem sabem se alguém vai ler. Em vez disso, tinham de estar controlando os resultados dos serviços. Não há planejadores. Há bombeiros da saúde. Vivem de apagar incêndio.

- A quantidade de cidadãos que entram na Justiça para conseguir drogas e procedimentos não oferecidos pelo SUS aumenta ano após ano. Isso desorganiza qualquer planejamento. Como lidar com esse conflito? Lenir - Alguns vácuos legislativos impedem que a chamada judicialização da saúde se resolva. Não é possível oferecer todo e qualquer recurso que um cidadão exija na Justiça. A saúde é um direito que custa. O céu não pode ser o limite. Nenhum país oferece tudo a todos. Toda nação com bom sistema público de saúde oferece apenas os tratamentos e procedimentos previstos numa lista. É assim no Reino Unido, na França, na Espanha, no Canadá. A lista permite que o Estado faça escolhas. O Brasil tem duas listas: uma de medicamentos essenciais (Rename) e outra de ações e serviços de saúde (Renases). O problema é que o Judiciário não reconhece essas listas. Os juizes continuam favorecendo pacientes que pedem produtos não oferecidos pelo SUS. Eles se baseiam no Artigo 196 da Constituição: "Saúde é um direito de todos e um dever do Estado".

- Por que os juizes não entendem que o dever do Estado é oferecer o que está definido nessas listas? Lenir - O juiz lida com o sofrimento humano. Essas ações têm um apelo sentimental enorme. A pessoa está doente. O juiz pensa: "Não vou deixar morrer". Os juizes deveriam considerar que todo direito que custa tem de ter uma delimitação. É preciso ter uma previsão orçamentária. É preciso ter noção do que é razoável exigir do Estado.

- A senhora acha que algum governante assumirá o ônus político de dizer que não é possível dar tudo a todos? Lenir - A solução é criar um pacto entre o Estado e a sociedade, por meio dos conselhos de saúde que já existem. Um projeto de lei do deputado Odorico Monteiro (PT-CE) delimita o que seria a chamada integralidade do SUS. Segundo o texto que ajudei a escrever, atenção integral à saúde seria oferecer o que consta nas duas listas: a Rename e a Renases. As liminares que os juizes concedem aos pacientes são especialmente danosas aos pequenos municípios. Elas desestruturam o SUS nesses lugares.

- Como? Lenir - O SUS é mantido pelas três esferas de governo: União, Estados e municípios. A responsabilidade dos municípios é garantir a atenção básica. Quando um juiz determina que uma cidadezinha pague um transplante, por exemplo, isso consome com um único paciente 30% dos recursos destinados a cuidar da saúde de milhares de pessoas. É fundamental definir o que o Estado garantirá a todos. E aquilo que for definido tem de ser realmente para todos -em quantidade e em qualidade.

- Não é legítimo que um cidadão procure a Justiça quando precisa de um tratamento eficaz, previsto na lista do SUS, mas que o Estado não entrega? Lenir - É justo que o Judiciário garanta o direito do cidadão se o Estado não estiver cumprindo o que as listas determinam. Na maioria dos casos, não é isso o que acontece. A indústria farmacêutica financia associações de pacientes para que eles exijam produtos que, muitas vezes, não estão sequer aprovados no Brasil. A judicialização foi criada para garantir justiça, mas na saúde ela promove mais desigualdade.

Ei CX -Porquê? Lenir - O cidadão que recebe uma liminar judicial sai da fila. Passa na frente dos outros pacientes e conquista um recurso que não estará disponível para todo mundo. Isso fere o princípio constitucional da igualdade. Vivemos num país de profundos apadrinhamentos. Em muitos lugares, é o vereador quem arranja vagas no hospital. Esses abusos precisam acabar. Não é possível que a gente continue a se pautar pelo apelo emocional dos casos individuais. Estamos falando de um direito social numa área em que não podemos fazer uma garantia para um cidadão ao custo de prejudicar inúmeras pessoas. A judicialização desorganiza o gasto público. Chegou a hora de dizer claramente que o direito à saúde tem limite.?




Quando a doença não espera pelo SUS

04/10/2015 - O Globo


Elen Santana fez a parte dela: assim que começou a sentir caroços no seio esquerdo, em dezembro de 2009, tratou de pagar uma mamografia numa clínica popular. — Queria fazer logo. No SUS demora. Resultado na mão, foi ao Inca de Vila Isabel em dezembro mesmo — para comprovar a tese sobre a lentidão no SUS. Não conseguiu ser atendida na primeira vez. Além de mamografia, ela precisava levar o resultado de uma biópsia. Empregada doméstica, teve de usar o 13º para pagar uma, também em clínica particular.— Voltei em janeiro. Saí de casa às 2h, para chegar às 3h lá. E peguei a última senha! Só faziam dez atendimentos por dia — conta a mulher de 48 anos, moradora de Fazenda Botafogo, na Zona Norte do Rio.

Elen conseguiu fazer mais exames lá dentro. O início do tratamento só viria três meses depois, em março de 2010, apesar de a lei federal 12.732/ 2012 determinar que o tratamento de paciente diagnosticado com câncer deve começar, no máximo, em até 60 dias após o diagnóstico.

— Boa parte dos municípios, mesmo em regiões ricas como o Sudeste, ainda não consegue atender a essa lei. É uma das políticas do SUS que ainda precisam de expansão e consolidação — diz o presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde, Mauro Guimarães Junqueira, secretário de Saúde de São Lourenço (MG).

A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) também avalia que, apesar de o atendimento a pacientes oncológicos ter melhorado, ainda há grande número de mulheres que não consegue ter acesso ao tratamento no período recomendado. Em Goiânia, por exemplo, segundo a SBM, só 32% das pacientes têm conseguido iniciar o tratamento nesse prazo.

Após conseguir começar a ser tratada, Elen fez quimioterapia até julho.

— Mas precisava fazer, depois, radioterapia. E lá (no Inca) não estavam fazendo.

A paciente foi, então, mandada a uma clínica particular conveniada ao SUS, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, distante 1 hora e meia de sua casa. Ela precisava fazer 25 sessões radioterápicas, mas não era todo dia que o equipamento da clínica funcionava. Só foi terminar de fazer as sessões em novembro.

De volta ao Inca, conseguiu ser operada para retirar nódulos na mama esquerda em dezembro de 2010.

— Aí, fiquei tomando remédios que me passaram. Só que, conversando com amigas minhas, com outras pessoas que tinham tido a mesma coisa que eu, várias falavam que depois tinham feito um exame que nunca ninguém me passou — relata Elen, que foi auxiliada, na sua busca por tratamento, pela Associação Brasileira de Apoio aos Pacientes de Câncer (Abrapac).

O exame era a cintilografia óssea, e ela pediu para fazê-la em uma consulta em novembro de 2014. O resultado chegou em janeiro deste ano: Elen está com metástase óssea. Ficou uma semana internada. Agora, toma remédio “para os ossos”.

— Disseram que não tem cura. Só tratamento.




5 lacunas da oncologia

03/10/2015 - Folha de S.Paulo


É possível usar a genética para prevenir o câncer?

Talvez o câncer seja uma doença que todo mundo teria se vivesse o suficiente. O problema é que algumas pessoas desenvolvem a doença justamente nos primeiros 100 anos de vida –e cada vez mais pessoas estão chegando lá.

O barateamento do sequenciamento genético permite tentar sabem quem serão os azarados. A ideia é que os cientistas vejam quais mutações estão associadas a cada tipo de tumor e até mesmo quais drogas funcionam melhor em cada caso, embora apenas uma parcela pequena dos pacientes possa, de fato, se beneficiar desses avanços.

Os exames da moda são os painéis genômicos, que pesquisam alguns genes-chave e buscam alterações que podem indicar a propensão a desenvolver um câncer. A eficácia desse tipo de exame, no entanto, ainda está longe de ser alta ou universal.

Como o tumor se relaciona com o organismo?

Estuda-se cada vez mais o chamado microambiente tumoral. "Além das células que estão se proliferando, outras do organismo colaboram para o desenvolvimento do tumor", diz o oncologista e professor da Universidade John Hopkins (EUA) Gilberto Leite.

Outro mecanismo que pode mudar o trajeto de uma célula normal e transformá-la em um maligna são alterações epigenéticas, isto é, que não alteram a sequência genética, mas que pode aumentar ou diminuir a expressão importante para a proliferação celular, por exemplo.

Os estudos ainda buscam entender que hábitos das pessoas levam a isso ou que tipo de medicamentos poderiam influenciar a expressão dos genes.

Qual será o papel da pesquisa em imunologia?

Os imunoterápicos são a grande novidade da área. As drogas vêm sendo testadas e aprovadas por agências reguladoras, como o FDA nos EUA, e são a aposta de várias indústrias farmacêuticas para ganhar espaço no crescente mercado de tratamentos contra o câncer.

Algumas funcionam "soltando o freio" imposto pelos tumores ao sistema imunológico ou mesmo bloqueando as ações de proteínas que favorecem o desenvolvimento tumoral. Essas drogas funcionam como "agentes infiltrados", que possuem uma missão bastante específica de neutralizar os inimigos-chave. O grande desafio das novas técnicas é ganhar aplicabilidade mais geral: poucos pacientes possuem o perfil em que as drogas têm seu melhor desempenho, o que torna o desenvolvimento de drogas mais personalizadas drogas um desafio.

Estudar câncer em roedores é mesmo útil?

Sim, mas o grande problema é que eles nem sempre reproduzem as condições presentes em humanos, como o microambiente tumoral ou mesmo o metabolismo e bioquímica da nossa espécie.

Outro problema é que, até por uma questão de padronização da pesquisa, os animais de experimentação têm pouquíssima variação genética entre si –os tumores são sempre muito parecidos. Em humanos, porém, com tanta diversidade genética e de influência do ambiente, cada tumor é único, e cada um responde de um jeito aos tratamentos. Os cientistas estão apostando agora em modelos diferentes, como o desenvolvimento do tecido tumoral em um gel, ou mesmo alterando a biologia dos modelos animais para que o progresso da doença nos seus organismos se pareça mais com o que acontece em nossa espécie.

Existe chance de uma cura definitiva para a doença?

Existe a cura do ponto de vista científico –ausência completa de células tumorais no organismo– ou do ponto de vista do paciente, que se sente "curado" quando a doença está controlada.

"Os exames de imagem não mostram alterações, e o paciente está vivendo bem, podendo inclusive falecer outras causas", diz Marcelo Cruz, oncologista do Hospital São José. Para os cânceres de mama e de intestino descobertos precocemente, a chance de cura pode superar os 90%. O problema são as doenças em estágios avançados e alguns tipos de tumor mais agressivos, como o câncer de pâncreas.Uma perspectiva otimista e verossímil é que a o câncer se torne, ao longo do século, a depender da produção de novas drogas, uma doença crônica, como o diabetes e a Aids, diz Mauro Zukin, oncologista do Grupo COI, no Rio.




Plantão Médico: O cafezinho e a pressão arterial

03/10/2015 - Folha de S.Paulo


A cafeína presente no cafezinho nosso de todos os dias tem motivado estudos com diferentes resultados sobre a sua ação na pressão arterial das pessoas.

Em recente número da "Revista Brasileira de Hipertensão", Henrique T. Bianco e Mariza Thompson, da Unifesp, analisam a relação da cafeína com a pressão, em artigo de revisão.

Concluem que a ingestão diária de duas a três xícaras de café parece razoável e segura, com efeitos neutros segundo a maioria dos trabalhos publicados.

Ao considerar o consumo moderado de café como inócuo, os autores referem que sua associação com um aumento significativo da pressão arterial está relacionado apenas às pessoas sensíveis à cafeína, mas com efeitos desprezíveis no longo prazo em bebedores habituais de café.

Os efeitos agudos do café são transitórios e sua ingestão regular desenvolve tolerância. A cafeína chega à circulação sanguínea através do trato digestivo, estimula o sistema nervoso central e aumenta a diurese.

Bianco e Thompson destacam pesquisa de J. A. Greenberg com cerca de 6.500 idosos, publicada no "American Journal of Cardiology", sobre o "efeito protetor" da cafeína no coração de idosos com mais de 65 anos de idade que consumiam quatro ou mais doses de café ao dia. Essa ação protetora para o coração, entretanto, não foi observada em pacientes severamente hipertensos.




Mais Médicos terá que trocar até 30% dos participantes

04/10/2015 - Folha de S.Paulo


A menos de um ano do fim do prazo de participação dos primeiros profissionais do Mais Médicos, o governo já estuda como fazer a substituição de até 30% dos integrantes do programa, que é uma das principais bandeiras da gestão Dilma Rousseff.

Uma das propostas em análise prevê remanejamento de médicos estrangeiros no país para "áreas de maior dificuldade", o que poderia gerar vagas mais "atrativas" para candidatos brasileiros.

A informação consta de apresentação feita a gestores estaduais e municipais de saúde sobre os números atuais e os planos do programa, à qual a Folha teve acesso.

Lançado em 2013, o programa prevê a participação dos médicos por três anos. Com o fim desse período, o governo poderá trocar até 5.422 vagas de médicos dos dois primeiros ciclos de inscrição.

Cubanos são a maioria e vieram por meio de acordo com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde).

Pelas regras do Mais Médicos, profissionais sem diploma revalidado só podem atuar nas unidades básicas de saúde vinculadas ao programa "nos primeiros três anos", como "intercambistas".

A renovação por igual período só pode ser feita caso esses profissionais tenham o diploma revalidado e o aval de gestores nos municípios.

De acordo com o cronograma do Mais Médicos, o prazo do contrato da primeira leva de profissionais vence em agosto do próximo ano; os seguintes vencem em outubro de 2016 e em janeiro de 2017.

Hoje, 18.240 médicos atuam no programa. Desses, 11.429 são cubanos e 1.537 são brasileiros formados no exterior e estrangeiros de outras nacionalidades.

Para evitar desabastecimento, o Ministério da Saúde já discute lançar um "super edital" em 2016. O remanejamento dos cubanos remanescentes para áreas mais difíceis, assim, é estudado como alternativa, caso as vagas não sejam preenchidas.

A possibilidade de saída de médicos com o fim do prazo já gera preocupação nos municípios. "Até então, a gente tinha dificuldade de completar. Não era questão de salário, não tinha médico na região mesmo. Vamos voltar à estaca zero", diz o secretário de Saúde de Caetés (PE), Nivaldo da Silva Martins.

Há quem defenda alterar a lei para que médicos formados no exterior e sem diploma revalidado possam renovar o contrato e atuar por mais tempo no país.

"Seria mais fácil e mais lógico para evitar rupturas [com a comunidade atendida]", diz Márcia Pinheiro, assessora técnica do Conasems, conselho que reúne secretários municipais de saúde.

Para ela, a falta de diploma não prejudica o atendimento. "São médicos, muitos especializados. E a maneira como eles trabalham é muito mais próxima [do paciente]."

A situação também gera novas críticas de entidades contrárias ao programa.

AÇÃO EMERGENCIAL

Para o diretor da AMB (Associação Médica Brasileira) José Bonamigo, o governo não adotou medidas efetivas para fixar os médicos no interior do país, cenário que justificou a ação "emergencial" em 2013.

"Fora a expansão de escolas médicas, não teve nenhuma ação concreta ou uma estratégia que suprisse os municípios", afirma ele, que também critica a qualidade das novas escolas.

Em nota, o Ministério da Saúde diz que as propostas para a reposição dos profissionais ainda "estão em discussão", precisam ser pactuadas com demais gestores do SUS e poderão sofrer alterações.

A pasta diz ainda que as medidas foram apresentadas para "conhecimento e contribuição" dos secretários de saúde. O ministério informa que "tem garantido a presença de médicos nos municípios participantes, priorizando a continuidade da assistência".




Agente de combate à dengue poderá entrar à força em imóveis

05/10/2015 - Folha de S.Paulo


O prefeito Fernando Haddad (PT) sancionou lei que autoriza o ingresso forçado de agentes de combate à dengue em imóveis paulistanos.

Segundo o texto, publicado no "Diário Oficial" de sábado (3), essa medida extrema será tomada nos casos de recusa ou ausência de pessoa que possa permitir a entrada do agente na residência.

O projeto havia sido aprovado pela Câmara Municipal em 8 de setembro e é vago ao prever as situações em que o ingresso forçado será usado.

Diz apenas que a medida será adotada quando "se mostrar fundamental para a contenção da doença" e observados "os princípios da proporcionalidade, razoabilidade e legalidade".

A prefeitura diz que ainda discute o assunto e que irá regulamentar a lei para deixar mais claras essas situações.

Afirma ainda que conta com a ajuda da população no combate à doença, uma vez que cerca de 80% dos criadouros são detectados dentro de residências.

A medida exigirá da autoridade sanitária um "Auto de Infração e Ingresso Forçado" contendo o nome do infrator e seu domicílio, a descrição do ocorrido, a pena a que ele está sujeito, a assinatura do autuado e o prazo para defesa ou impugnação do auto, quando cabível.

No caso de recusa ou ausência do infrator –o que deve constar no auto–, a lei exige a assinatura de duas testemunhas. O fiscal poderá ainda acionar a polícia.

A lei também prevê que, para aberturas de portas à força, deve haver um técnico habilitado, que deverá recolocar as fechaduras.

O autor do projeto, vereador Paulo Fiorilo (PT), afirma que a medida se justifica porque, em casos excepcionais, essa é a única maneira de eliminação dos criadouros. Cita, por exemplo, o caso dos imóveis abandonados.

Em abril deste ano, um grupo de 50 militares auxiliou a prefeitura no combate à dengue. A intenção era convencer pessoas resistentes às visitas dos agentes municipais.




Gestante com HIV relata discriminação.

03/10/2015 - O Estado de S.Paulo


Portadora do vírus HIV desde que nasceu, Vanessa (nome fictício), de 18 anos, sempre tomou todos os cuidados para um dia poder realizar o sonho de ter um filho sem aids. Quando descobriu a gravidez, a moradora do Jardim São Luís, zona sul de São Paulo, passou a fazer todas as consultas de pré-natal e seguiu à risca o tratamento com antirretrovirais. Vanessa não imaginava que seria alvo de preconceito por parte da médica responsável pelo parto. A jovem deu entrada no Hospital Municipal do Campo Limpo no dia 30 de junho, com 36 semanas de gestação, já com a bolsa rompida. “Os primeiros médicos que me atenderam foram atenciosos. Depois da troca de plantão, foi essa médica que ficou responsável e aí começou a tortura”, conta a mãe. “Ela foi fazer o exame de toque e eu me mexi porque estava doendo. Então falou que era para eu ficar quieta, porque na hora de fazer eu não senti dor.”Vanessa teve dificuldades para fazer força e estimular a saída do bebê. “A médica começou a ficar estressada, dizendo que, se eu não queria a ajuda dela, ia me deixar sozinha. Disse que, de qualquer jeito, o bebê ia nascer, vivo ou em pedaços. Além de ser soropositiva, ainda era muito egoísta por colocar um bebê no mundo sabendo que ele podia se infectar.”

De acordo com o relato da gestante, a médica ainda teria proibido sua equipe de se aproximar, alegando que não queria “nenhum colega contaminado”. “Fazia pressão psicológica, dizendo que o bebê ia morrer e a culpa seria minha porque eu não conseguia fazer força.”

Com a dificuldade no parto, a jovem passou por uma episiotomia (corte próximo da vagina) para facilitar a saída do bebê. “Mesmo com anestesia, eu senti ela tirando o bebê com força, parecia que estava com raiva, tanto é que ele teve a clavícula quebrada”, conta Silvia, de 32 anos, tia de Vanessa.

Mais falhas. Após o nascimento do bebê, Vanessa e o recém-nascido foram acomodados em uma maca no corredor. Segundo a jovem, pelo menos outras 15 mulheres e os filhos estavam na mesma situação. Ao receber alta, Vanessa foi vítima de outros dois erros: o hospital prescreveu para o bebê 10 miligramas do antirretroviral AZT, quando a quantidade indicada é de 1 mg/kg. A criança nasceu com 2,7 quilos. Além disso, Vanessa recebeu, por escrito, a orientação de amamentar o filho, o que é proibido para mães soropositivas, por causa do risco de transmissão pelo leite.

Para Helaine Milanez, da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado (Sogesp) e professora da Unicamp, a conduta da médica fere princípios éticos. “O comportamento dela foi absolutamente inadequado para qualquer paciente, independentemente de ter HIV ou não.” A especialista também confirma os erros na prescrição do AZT e no aleitamento.

Como Vanessa percebeu os erros, o bebê não foi amamentado e está livre do HIV. Além disso, a jovem frequenta a Associação Civil Anima desde criança e relatou o que tinha passado.

“Percebemos a gravidade e levamos para o Movimento Paulistano de Luta contra a Aids (Mopaids)”, conta Renata Godinho Brandoli, diretora psicopedagógica da Anima.

Investigação. A Secretaria Municipal da Saúde afirmou que instaurou uma comissão interna no hospital para investigar o caso. A apuração deverá ser finalizada neste mês. De acordo com Clara Sette Whitaker Ferreira, diretora do departamento de gestão da assistência da Autarquia Hospitalar Municipal, o comportamento da médica deixou a todos na secretaria “indignados” e, caso sejam comprovadas as acusações, a profissional poderá ser demitida.

Da mesma forma, os erros na prescrição de AZT e na recomendação de aleitamento materno também serão investigados. “É preciso saber quem errou e avaliar a necessidade de mudanças nos processos.”

Sobre o atendimento a gestantes em macas no corredor, Clara afirmou que o Hospital do Campo Limpo tem recebido gestantes acima da capacidade. “Alguns locais da região reduziram o número de partos porque estão em reforma. O hospital tem capacidade para 280 partos por mês e faz 400.”




Anvisa interdita a maior produtora de silicone.

03/10/2015 - O Estado de S.Paulo


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) interditou por 90 dias a Silimed do Brasil, a maior produtora de próteses de silicone do País. Além da suspensão da produção, a Anvisa determinou a interrupção temporária da venda e do uso dos produtos no País.

Essa decisão foi tomada porque agentes de vigilância identificaram falhas de boas práticas de fabricação na unidade fabril localizada no Rio. Amostras foram coletadas durante uma inspeção realizada nesta semana e serão enviadas para análise.

“É uma interdição cautelar.

Não foram identificados riscos à saúde em consequência do uso dos implantes”,disse o presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa.

Um levantamento de farmacovigilância realizado pela agência também não identificou nenhum problema relacionado com as próteses.

A decisão da Anvisa foi tomada depois de a agência europeia interditar temporariamente os silicones da Silimed produzidos no Brasil.Na Europa,a recomendação é de que esses produtos não sejam implantados até a emissão de novas orientações.

As fiscalizações identificaram a presença de partículas em superfícies de próteses mamárias.

Tais partículas estão presentes no processo de produção, como microfibras de algodão.

“Não há padrões definidos para elas”, comentou Barbosa.

Estudo. A expectativa é de que, assim como a Agência Europeia e a Anvisa, o FDA, órgão fiscalizador dos Estados Unidos, também determine a interdição de uso dos produtos. O presidente da Anvisa afirmou que a intenção das três agências é fazer um estudo conjunto para avaliar os riscos de tais micropartículas.

Dessa forma, será possível propor uma regulação com limites aceitáveis para tal variação de produção. Em nota, a Silimed afirma estar tomando todas as medidas necessárias para corrigir e reverter a interdição na Europa e no Brasil. A empresa argumenta não haver especificações técnicas para as partículas em superfícies das próteses mamárias.




MP e médicos apuram sequelas em parto domiciliar inadequado e sem assistência

04/10/2015 - O Estado de S.Paulo


A analista administrativa Fabiana (nome fictício), de 30 anos, planejou o parto do primeiro filho em casa, em São Paulo. Assistiu a palestras, fez cursos, contratou enfermeira e doula e pagou R$ 4 mil pelo procedimento. “Era um sonho, mas depois virou pesadelo.Tive depressão, deixei meu emprego e culpo a mim mesma por tudo”, diz ela, que perdeu o bebê após o nascimento, no ano passado.

Casos como esse levam entidades médicas e Ministério Público a apurar a ocorrência de mortes e sequelas de mães e bebês em partos domiciliares feitos sem assistência e em ambiente inadequado.

O Estado levantou histórias que repetem o drama de Fabiana.

São 24 casos, entre 2013 e 2015, em que seis bebês e duas mães morreram e 14 bebês e duas mães sofreram sequelas em São Paulo,Rio,Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal. Fabiana ficou 13 horas em trabalho de parto e seu filho, após cesariana de emergência, morreu. Um enredo que, segundo obstetras, poderia ter tido outro final.

“Todos os dias nos chegam notícias de gestantes abandonadas nas portas de hospitais para serem assistidas porque esses partos não tiveram êxito”, diz César Eduardo Fernandes, presidente eleito da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), com posse prevista para janeiro.

“O parto domiciliar não é eficaz nem seguro e, por isso, as entidades médicas não o recomendam.”O procedimento,porém, não é proibido.

Quando a gestante é socorrida às pressas, a estatística do insucesso vai para a de partos hospitalares e há a sub-notificação.

Pela primeira vez, autoridades começam a apurar os casos.

Investigação. No Distrito Federal, o MP investiga a responsabilidade pela morte de três bebês e sequelas em outros nove.

Uma dessas ocorrências é a da servidora Isabela (nome fictício), de 30 anos, cujo bebê sofreu sequelas motoras após um parto em casa.

Ela pagou R$ 12 mil pelo procedimento “com a equipe de uma médica famosa de Brasília, que foi quem fez o pré-natal e era especialista em parto pélvico”.

Só que a médica e a doula não apareceram. “Depois de dez horas de trabalho de parto, o bebê começou a sair, pela manhã”,diz.Médica e do aula só apareceram 50 minutos depois.

Ao nascer, às 7 horas, o bebê ficou sete minutos sem respirar.Recuperado, aparentava estar bem e a obstetra foi embora, mas à tarde a criança passou mal e foi levada ao hospital. A médica disse que o bebê nasceu às 15 horas, o que levou os médicos da UTI a cometerem erros no atendimento. O caso foi parar no MP, e a Justiça aceitou a denúncia contra a profissional.

Ainda em Brasília, Marina (nome fictício), de 26 anos, foi levada para uma cesariana após o parto em casa. Perdeu Maria Isabel depois de o bebê ficar 12 dias na UTI.“Não pude nem beijar minha filha.Ela aspirou o mecônio (primeiras fezes eliminadas pelo bebê)na barriga,causando hipertensão pulmonar e lesão no cérebro.” O promotor Maurício da Silva Miranda conta que uma obstetra, uma enfermeira e uma doula estão sendo processadas criminalmente. “Os casos foram tantos em Brasília que os hospitais decidiram fazer o registro de gestantes socorridas de partos domiciliares para se livrar de responsabilidades.” No Rio,maternidades proibiram a entrada das chamadas naturalistas, responsáveis pelos partos domiciliares e que são contra a participação de obstetras.

“O problema é que usam de falácias para iludir as gestantes que são atraídas pelo sonho de um parto perfeito”, afirma Marcelo Burlá,presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado do Rio de Janeiro (Sgorj). Burlá diz que há cerca de dois meses três bebês tiveram problemas em partos domiciliares – dois sobreviveram mas ficaram com sequelas.

Sem comparação. A professora de Obstetrícia Helaine Milanez, da Unicamp, diz que o comportamento dessas equipes não pode prejudicar o parto humanizado.

“Os radicais são contra qualquer intervenção no parto, mesmo que seja necessária,para salvar a vida do bebê”,afirma.Para ela, a mulher precisa ter liberdade, com respaldo de equipamentos, pessoal especializado e possibilidade de ser socorrida.

Segundo o Ministério da Saúde, intercorrências afetam até 15% dos partos domiciliares – foram realizados 22.767 em 2013 (último dado disponível), segundo o Data SUS, com 817 mortes. Em todo o País, foram feitos 2,9 milhões de partos.




Médico afirma que parto em casa é seguro

04/10/2015 - O Estado de S.Paulo


O médico Braulio Zorzella, de 38 anos, conhecido por fazer 90% de partos normais, afirma que o domiciliar é seguro.

“Não se pode colocar todos os partos domiciliares em um mesmo patamar.” Ele cobra R$ 10 mil e só trabalha com casos em que já cuidou do pré-natal.

Segundo o profissional, as mulheres procuram ter filhos em casa porque querem fugir da violência obstétrica nos hospitais brasileiros, “que engatinham ao lidar coma humanização”. “Além disso, há problemas que também ocorreriam em partos hospitalares.” Zorzella afirma que os problemas acontecem porque muitos profissionais inexperientes e aventureiros estão praticando esse tipo de parto. Para ele, seria necessária regulamentação das equipes e fiscalização da Vigilância Sanitária.Ele recomenda ainda que a gestante interessada levante o histórico da equipe profissional.

Também é preciso que a gestante seja de baixo risco e haja um plano B bem estruturado.

Segundo ele, equipamentos de reanimação neonatal e para hemorragia pós-parto são imprescindíveis.

“Mas sabemos de equipes que não levam nem cilindros de oxigênio.” Doulas. Fernanda Oliveira, de 32 anos, que trabalha há quatro anos como doula na capital paulista, destaca que as pessoas precisam se informar sobre os profissionais.

“Eu não aceito participar se o parto não tiver médico, um plano B com ambulância ou não for realizado em um ambiente adequado. Além disso, tem de haver uma simpatia entre mim e a gestante”,diz.“Também é muito importante que a gestação seja sem riscos e que a gestante tenha um pré-natal bem acompanhado”, afirma.

Para Fernanda, o número de partos domiciliares que apresentam problemas é pequeno.

“A gente sabe que há equipes radicais que insistem em partos com risco,mas esse não é o meu caso”, diz.

A doula Cristina Almada, de 36 anos, considera que os partos domiciliares planejados são seguros, mas critica o posicionamento de alguns profissionais, “que pregam o parto natural de qualquer forma, até mesmo em pacientes de risco e sem ambiente apropriado”.




Planos de saúde no Brasil têm taxa de cesariana de até 99%

04/10/2015 - O Estado de S.Paulo


Algumas operadoras de saúde fazem até 99% dos partos de suas pacientes por meio de cesariana, revela levantamento do Estado com base em dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que só 15% dos nascimentos ocorram por cirurgia.

No Brasil, a taxa geral de cesáreas é de cerca de 50%, mas supera os 80% na rede privada.

A taxa de parto cesáreo é um dos indicadores usados pela ANS para medir a qualidade dos planos de saúde. Levantamento mais recente, referente ao ano de 2014,mostra que das 387 operadoras que informaram seus dados, 222 tiveram taxa de cesárea superior a 90%. Cinco delas tiveram 99% dos bebês nascidos pela via cirúrgica. Só cinco tiveram proporção de cesarianas inferior a 50%.

O cenário é parecido nas empresas de grande porte, com mais de 100 mil beneficiários.

São 68 operadoras, das quais 33 fizeram mais de 90% dos partos por meio de cesariana. O índice máximo no grupo foi de 98%.

Diretora de desenvolvimento setorial da ANS, Martha Oliveira afirma que as altas taxas de cesárea nos planos de saúde “são extremamente preocupantes” e vêm sendo discutidas pela agência desde 2004.“As explicações sobre possíveis causas para taxas tão elevadas são diversas.

Há estudos que apontam como motivos o melhor controle da agenda do médico e do estabelecimento de saúde, a preferência da mulher, por considerar que será um parto sem dor e a certeza da existência de leito no dia e horário definidos, entre outros”, diz a diretora.

“Independentemente dos motivos,entendemos que o parto é uma questão de saúde e que as cesáreas só devem ser feitas nos caso sem que houver necessidade, de acordo com indicação médica”, completa.

Neste ano, a ANS e o Ministério da Saúde iniciaram o projeto Parto Adequado, que tem como objetivo promover o parto normal e evitar cesarianas desnecessárias.

Segundo a agência, os 40 hospitais que participam da fase piloto do projeto estão desenvolvendo estratégias para reorganizar o modelo do parto e melhorar a qualidade da assistência à gestante.

A diretora diz que as operadoras de saúde estão participando da iniciativa. Em julho, 31 empresas assinaram um termo de cooperação com a ANS se comprometendo a participar do projeto Parto Adequado. Os primeiros resultados da ação serão divulgados neste mês.




Associações fazem campanha para imunizar adultos

05/10/2015 - O Estado de S.Paulo


A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) lançou, na quinta-feira, em parceria com quatro associações médicas, a campanha Vacina é Proteção Para Todos, para mostrar que a falta de vacinação do adulto pode levar problemas graves para a família.

Além de boletins informativos em rádios e na televisão, a campanha lançou o site familia.sbim.org.br, com informações sobre as vacinas necessárias em cada faixa etária e detalhes sobre os problemas de saúde que elas previnem.

A página na internet apresenta ainda depoimentos de personalidades que quase morreram de doenças que poderiam ter sido prevenidas com a imunização, como o escritor Pedro Bandeira (pneumonia), o médico Drauzio Varella (febre amarela) e o campeão mundial de surf Fábio Gouveia (sarampo).




Aumentam casos de síndrome do pânico entre crianças

02/10/2015 - G1 - Jornal Hoje


Ansiedade, medo, pavor de sair de casa. Estes são alguns dos sintomas da síndrome do pânico. A síndrome é uma herança que pode mesmo até passar de pai para filho.

O transtorno que muita gente conhece como síndrome do pânico também tem gatilhos que disparam a doença: um mundo competitivo e o medo da violência nas ruas. Tudo isso chega até a escola, onde o comportamento ansioso tem chamado a atenção.

“É o nervosismo, a maneira como encara os desafios dentro da escola, as avaliações, os compromissos. Realmente hoje você sente no aluno uma preocupação muito grande com o futuro”, comenta Carlos Eduardo Barreira Lambert, coordenador do ensino fundamental do colégio Poliedro.

“É possível que essas mudanças sociais estejam levando a um aumento da incidência desta síndrome”, avalia Marcio Bernik, coordenador do Ambulatório de Ansiedade - FMUSP.

Segundo especialistas, cerca de 20% das crianças sofrem de ansiedade. São meninos e meninas preocupados, perfeccionistas, cheios de medo, que precisam aprender a relaxar para viver melhor.

Destes, 7% têm sintomas ainda mais severos que caracterizam as crises ou o transtorno do pânico, um mal que precisa de diagnósticos e tratamento.

“Uma crise de pânico é uma ansiedade de início súbito, intensa, em que 4 de 13 sintomas característicos, como taquicardia, sudorese, falta de ar, tremores e outros, aparecem em menos de 10 minutos”, explica Bernik.

“O tratamento precoce do transtorno do pânico e de todos os transtornos de ansiedade são muito importantes para evitar sequelas”, completa Bernik.

Depressão, hipocondria - a mania de doença e de tomar remédios, agorafobia - medo exagerado de enfrentar lugares e pessoas, são algumas das sequelas do pânico que não foi tratado.

A psiquiatra Sonia Maria Motta Palma diz que crianças e adolescentes precisam aprender a reconhecer e lidar com os sintomas. "Nesse momento é melhor tentar recuperar a respiração, respirar mais calmamente, se distrair com alguma coisa. A família deve apoiar, não piorar ainda mais com o desespero familiar ou às vezes do professor", orienta.




'Só farmácias autorizadas fazem curativos', diz Conselho Regional

04/10/2015 - G1


O Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) afirmou que somente farmácias com autorização da Vigilância Sanitária é que podem fazer curativos e qualquer ação semelhante. A afirmação ocorre depois da reclamação da cabeleireira Márcia Bastos Graton, de Itapetininga (SP), que disse que não conseguiu álcool para passar em um machucado quando solicitou o produto na farmácia municipal da cidade, na Vila Rio Branco.

O órgão afirma ainda que farmacêuticos não podem fazer atendimento médico, mas que devem encaminhar pacientes para um local adequado como posto de saúde, hospital ou pronto-socorro. E o CRF alerta que o atendimento médico é necessário em qualquer tipo de ferimento para que se conheça a gravidade. Neste caso específico, disse ainda que a profissional agiu de forma ideal, mas que seria permitido a ela entregar o soro fisiológico para a cabeleireira se limpar.

Ferro no estacionamento

Márcia conta ter se ferido em um ferro abandonado no estacionamento da farmácia municipal quando desceu do carro. “Fui pedir assistência lá dentro para a farmacêutica e ela falou que, infelizmente, não poderia fazer nada. Pedi um pouco de álcool para passar no machucado, e ela disse que não tinha. Perguntei: Como em uma farmácia não tem álcool?, e ela só disse que não podia fazer nada”, diz Márcia.Eliane Maria Leite, a profissional que atendeu a cabeleireira, nega versão dada à TV TEM. Segundo a farmacêutica, as funcionárias do local deram um álcool próprio para limpeza do machucado, contrariando a ordem dada por ela na ocasião dos fatos.

"Ela chegou irritada e foi sem educação quando pediu que fizéssemos alguma coisa com o ferimento dela. Mas a farmácia não tem local adequado para esse atendimento, e eu também não sou autorizada a fazer isso. O farmacêutico às vezes nega o que o paciente pede para protegê-lo de possíveis problemas futuros, como uma infecção, por exemplo. O álcool que temos na farmácia não é adequado e, ainda assim, foi dado à cabeleireira. Nem mesmo em casos graves nós podemos fazer curativo. Em casos de risco temos que chamar a emergência. Aqui mesmo, por exemplo, já teve cinco casos de pessoas que tiveram convulsões e acionamos o Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu)."

Ainda segundo Eliane, no local não há produtos de limpeza e curativo em ferimentos, como soro fisiológico e antisséptico, porque a farmácia oferece apenas medicamentos de uso contínuo. "A farmácia municipal é um lugar somente para distribuir medicamentos."

Prefeitura e Conselho

A Prefeitura de Itapetininga disse apenas que a funcionária não está autorizada a realizar nenhum procedimento médico. Em caso de ferimentos, a instrução é que a funcionária oriente o morador a procurar um posto de saúde, pronto-atendimento ou hospital, reforça o Executivo.

Sujeira na farmácia

O ferro expoto no estacionamento não é o único problema, pois ainda há mato alto no local, bem como folhas de árvores e barro na entrada e, na recepção, o chão está sujo. Os bancos que deveriam acomodar os clientes na entrada estão quebrados ou enferrujados. Na recepção, há uma pilha de copos plásticos acumulando na lixeira próximo ao bebedouro. E o banheiro masculino está interditado para manutenção. A situação foi filmada pela TV TEM (veja vídeo da farmácia acima).

A aposentada Hermínia Alves de Oliveira é uma pessoa que se esforça para deixar a casa limpa todos os dias. Por isso, ao buscar remédio no local, ela sente-se decepcionada. “Fiquei surpresa quando entrei lá. A torneira do lavatório não tinha água, tinha só a descarga, mas o vidro estava quebrado. Também não tinha papel toalha para secar as mãos. Um total desleixo. Está muito largado e os idosos sofrem.”

Sobre a situação, o secretário de Saúde de Itapetininga, Denilson Rodrigues, afirma que serão deslocados profisisonais de serviços gerais para fazer a limpeza do local. "Fomos acionados sobre a dificuldade que é decorrente da inexistência de determinados profissionais de serviços gerais. Em termos de prazos legais, estamos providenciando a realização de uma chamada de profissionais para serem contratados definitivamente. Enquanto isso não ocorre, outros profissionais que estão em outras áreas também vão atuar na farmácia municipal."

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