
CLIPPING - 08/06/2015
Assessoria de Comunicação do CRF-SP
Remédio antimonotonia
07/06/2015 - O Globo
Na corrida por ativar o desejo sexual feminino, a droga que parece sair na frente é a que age no cérebro das mulheres. A flibanserina, que poderá ser aprovada nos EUA, regula os níveis de neurotransmissores do humor. Já o Viagra e seus similares atuam contra a impotência, vascularizando a área genital e, apenas indiretamente, aumentando o desejo sexual, por aumentar a autoestima e a sensação de poder a partir da ereção.
O desejo sexual feminino ainda é pouco conhecido pela ciência, e há nítidas diferenças em relação ao do homem. Enquanto no caso deles, o desejo é geralmente espontâneo, o delas é mais complexo e depende de fatores externos ao ato sexual, como saúde física e emocional, condição socioeconômica e vínculo afetivo.
Além disso, relacionamentos longos têm impactos diferentes no desejo do homem e da mulher. Um estudo da Universidade de Hamburg-Eppendorf, na Alemanha, analisou 2.500 casais e mostrou que novos casais heterossexuais têm níveis parecidos de libido. Mas um ano após o início da relação, esses níveis começam a se distanciar: mantêm-se estáveis no caso do homem e vão caindo no das mulheres. Alguns grupos de pesquisa afirmam que esta diferença é inata à biologia, que homens têm um impulso sexual mais forte. Mas não há consenso, outros preferem explicar o fenômeno a partir da cultura.
Coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Universidade de São Paulo (USP), Carmita Abdo reforça que a falta de desejo em relacionamentos longos é mais comum às mulheres do que aos homens. No início da relação, ambos têm um desejo espontâneo, que “brota”, segundo ela. Nas relações mais longas, o padrão se modifica, e, ao contrário do homem, a mulher passa a ter um desejo chamado “responsivo”, ou seja, que responde a um estímulo, não surge espontaneamente.
A mulher então passa a precisar de um estímulo externo maior, como um afago, um convite explícito ou uma fala erotizada, para que ela se mobilize na atividade sexual. Para que a mulher seja uma candidata ao novo tratamento, é preciso que ela apresente uma disfunção sexual e já não responda a esse estímulo mais forte.
– A droga pode ajudar a mulher que está feliz com seu parceiro e que não tem a libido baixa por problemas como depressão, alto nível de estresse ou alteração hormonal – afirma Carmita. – Antes de mais nada, ela tem que estar saudável, ter um parceiro interessante e vontade de colocar sua vida sexual em movimento... Ou não haverá pilula que dê jeito.
TESTES COM MULHERES EM RELAÇÕES ESTÁVEIS
A flibanserina foi testada em mulheres com diagnóstico de transtorno do desejo sexual hipoativo, aquelas que têm redução ou ausência de desejo sexual e que sofrem com esta condição. Fizeram parte dos estudos clínicos mais de 11 mil mulheres com média de idade de 35 anos e que estavam em relações estáveis e monogâmicas.
A substância já foi rejeitada duas vezes pela agência reguladora de remédios americana, a FDA, sob o argumento de que sua eficácia era muito modesta em comparação ao placebo. No início dos testes, mulheres relatavam de duas a três relações sexuais satisfatórias por mês e, após o início do uso do remédio, passaram a ter uma a mais.
Após forte lobby e uma campanha que ganhou um tom ativista, foi dado, semana passada, o primeiro sinal verde rumo à aprovação da droga. Uma comissão de especialistas da agência votou, por 18 a 6, a favor da entrada do remédio no mercado, com a ressalva de que sejam tomadas medidas para assegurar que pacientes estejam conscientes de seus efeitos colaterais, que incluem desmaios, sonolência, enjoo, tonturas e diminuição da pressão arterial. A decisão final sobre a liberação ou não do medicamento será dada até agosto. Mas as recomendações dos conselhos são frequentemente acatadas.
A droga começou a ser testada pela Boehringer Ingelheim, que após a sequência de relatórios negativos da FDA, transferiu os direitos à recém- criada Sprout Pharmaceuticals, focada apenas no tratamento da falta de desejo feminino e liderada por mulheres.
– Estamos um passo mais próximo de trazer ao mercado o primeiro tratamento para a mais comum das disfunções sexuais femininas – comemorou a CEO da Sprout Pharmaceuticals, Cindy Whitehead.
A notícia também foi celebrada pelo Even The Score, um grupo que reúne diversas associações médicas e de direitos das mulheres e que vem travando uma campanha pela aprovação do medicamento. O grupo chegou a acusar a FDA de discriminação de gênero, já que o Viagra e outros medicamentos para tratar a disfunção sexual masculina foram aprovados em cerca de seis meses de pesquisa, enquanto que o remédio destinado às mulheres está há mais de cinco anos na fila.
A notícia também foi celebrada pelo Even The Score, um grupo que reúne diversas associações médicas e de direitos das mulheres e que vem travando uma campanha pela aprovação do medicamento. O grupo chegou a acusar a FDA de discriminação de gênero, já que o Viagra e outros medicamentos para tratar a disfunção sexual masculina foram aprovados em cerca de seis meses de pesquisa, enquanto que o remédio destinado às mulheres está há mais de cinco anos na fila.
“O comitê da FDA fez história para a saúde sexual feminina ao escolher respeitar a ciência e se posicionar a favor de milhões de mulheres americanas que sofrem de disfunção sexual abrindo a porta para um tratamento médico”, afirmou o grupo, em comunicado após o sinal verde da agência.
Endocrinologista reprodutivo da Universidade George Washington, James Simon diz que a FDA vinha usando critérios antiquados e masculinos para avaliar terapias voltadas para o público feminino, o que tornava mais difícil para a indústria e para as mulheres terem suas terapias aprovadas.
– Mulheres podem continuar a ter relações sexuais com ou sem interesse. Isto torna mais difícil diferenciar aquelas que têm desejo das que não têm – explica Simon, que também integra o Even The Score.
CUIDADO PARA NÃO CRIAR UMA DOENÇA
Há, no entanto, por parte dos especialistas, a preocupação de que a criação de uma nova droga transforme em disfunção ou doença um comportamento que não necessariamente perturba a mulher.
– O tratamento deve ser feito desde que a mulher se sinta incomodada com a sua falta de libido. Caso contrário, ela não deve se sentir pressionada a procurar um medicamento – alerta Carmita Abdo.
Coordenadora do Projeto Afrodite, do Centro de Sexualidade Feminina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a ginecologista Carolina Ambrogini se diz muito contente com o primeiro passo para a aprovação de uma droga para tratar a libido feminina, mas acredita que uma pílula desse tipo pode decepcionar as mulheres que esperam uma solução milagrosa.
– Esse comprimido não vai ser um Viagra, que tem ação instantânea. Ele é um medicamento que precisa ser tomado todos os dias, com um efeito lento e prolongado. Como toda medicação crônica, ela tem efeitos colaterais, que devem ser acompanhados – ressalta Carolina. – Pode ser uma opção para a mulher em uma relação monogâmica saudável, mas com baixa libido. Mas, se ela não se estimular na sua rotina, com literatura erótica, por exemplo, ou com um parceiro interessado, só o remédio não vai resolver. O mais importante é que estamos, agora, abrindo espaço para pensar a sexualidade feminina também de forma medicamentosa.
Mas nem todos estão aplaudindo o novo recurso. Muitos membros do comitê da agência americana votaram “sim”, mas com grandes ressalvas, por conta dos benefícios modestos do medicamento. Alguns grupos feministas reclamaram que as mulheres “merecem mais” do que a flibanserina, e pedem pesquisas sobre drogas mais eficientes. Outros questionam se a discussão sobre a libido feminina estaria tomando o rumo certo, seguindo em direção aos medicamentos.
– O desejo sexual da mulher é despertado por um série de fatores: um clima envolvente, uma boa desenvoltura erótica, o domínio da mulher sobre o próprio corpo, interesse do parceiro em explorá-lo... Não vejo esses fatores sendo discutidos pela sociedade – comenta Rachel Moreno, psicóloga especializada em sexualidade humana e coordenadora do Observatório da Mulher. – A discussão sobre a libido feminina precisa começar na sala de aula e ir muito além de um frasco de remédio. Afinal, o interesse é tornar o sexo mais prazeroso para a mulher ou vender medicamentos?
O OUTRO LADO DA PÍLULA
08/06/2015 - Veja
A pílula anticoncepcional chegou ao mercado no começo da década de 60 e foi uma das responsáveis pela emancipação feminina. Ao longo dos anos, a ciência aprimorou o método contraceptivo oral. com a redução drástica dos efeitos colaterais, o que levou a resultados estéticos positivos para as mulheres, como a diminuição do inchaço e da oleosidade da pele causados pelos medicamentos mais antigos. Um novo estudo britânico, porém, mostra outro lado da pílula – a sua relação com a trombose, formação de coágulos sanguíneos graves. As mulheres que usam o método contraceptivo, sobretudo os mais modernos, correm um risco até quatro vezes maior de sofrer da doença. Reportagem do site de VEJA ouviu especialistas para esclarecer em quais casos o comprimido pode ser um problema e apresenta uma lista com outros métodos eficazes para evitar a gravidez.
A NATUREZA é o remédio
08/06/2015 - época
Não é incomum que, naquelas manhãs de ressaca, recorra-se ao prosaico chá de carqueja como remédio. Receita de avó. Infalível. A carqueja, planta nativa do Sul e do Sudeste do Brasil, é tão amarga quanto popular no tratamento de dores de estômago e indigestão. Usa-se o chazinho milagroso até para emagrecer. Pesquisadoras da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) hoje se debruçam sobre o enigma da carqueja. Elas pesquisam se a planta tem mesmo em sua composição substâncias capazes de combater o parasita que causa a esquistossomose - doença que, segundo a Organização Mundial da Saúde, afeta cerca de 240 milhões de pessoas no mundo. "Estamos na fase de estudos para verificar se a carqueja é segura", diz Ana Lúcia Ruiz, coordenadora do Departamento de Farmacologia e Toxicologia de um centro multidisciplinar da Unicamp. Se a eficácia da carqueja se comprovar e algum gigante da indústria farmacêutica se interessar em produzir o medicamento e colocá-lo no mercado, completa-se o ciclo ideal da pesquisa com biodiversidade: o conhecimento popular inspira a ciência; a ciência abastece a indústria; e a indústria fornece o medicamento para a população.
No dia 20 de maio, a presidente Dilma Rousseff sancionou uma lei que pode tornar esse ciclo mais viável no Brasil. O marco legal da biodiversidade tenta apaziguar o dilema entre o desenvolvimento científico e a proteção do meio ambiente. A nova lei substitui uma medida provisória de 2001. Pensada com a boa intenção de evitar a biopirataria, a regulação antiga tornou ainda mais difícil boa parte das pesquisas científicas com a biodiversidade brasileira, a mais rica do mundo. Por seu rigor, os cientistas temiam ser acusados de biopiratas. As indústrias deixaram de financiar estudos pela insegurança jurídica e pelas multas pesadas. E as comunidades acreditavam estar sendo roubadas de suas riquezas. Com o marco aprovado no mês passado, o acesso a esse patrimônio fica menos burocrático. Ele não agrada plenamente às comunidades, mas há um consenso de que representa um avanço (leia o quadro ao lado).
Esse ambiente inseguro que havia até aqui deixou um enorme vácuo no campo da medicina. Um vazio de quase cinco décadas. Nos anos 1960, o pesquisador brasileiro Sérgio Henrique Ferreira descobriu as propriedades do veneno da jararaca para o tratamento da hipertensão. Sua pesquisa deu origem ao Captopril, um dos medicamentos mais bem-sucedidos da história nessa área. De lá para cá, quase nada foi desenvolvido nesse sentido. A partir de uma planta, pode-se criar um medicamento que derive de uma substância ou molécula isolada daquele vegetal. Ou pode-se produzir medicamentos fitoterápicos, criados com base nos extratos daquele vegetal. O Brasil avançou na produção de fitoterápicos. Eles vêm sendo usados, inclusive, pelo Sistema único de Saúde (SUS). Isso quer dizer que o chá de carqueja da vovó passa a ser validado por cientistas.
Mas a inovação na criação de fármacos mais complexos esteve praticamente imóvel. "Pelo menos 27% dos remédios no mercado mundial hoje têm uma relação direta com a biodiversidade", diz Adriana Diaferia, vice-presidente do Grupo FarmaBrasil, associação da indústria farmacêutica nacional. "O potencial desse mercado é imenso." Especialmente para os laboratórios brasileiros. Os gigantes multinacionais não estiveram com seus microscópios voltados para isso. De acordo com a consultoria McKinsey, o mercado de biofarmacêuticos movimenta, no mundo, cerca de US$ 163 bilhões, 20% do total. E esse número ainda inclui medicamentos que derivam não da biodiversidade, mas de células humanas, por exemplo. "Por isso, por décadas, a indústria esteve mais interessada em inventar moléculas em laboratórios. Com o boom tecnológico, esse processo era mais rentável. As patentes dessas invenções estão caindo e ela precisa de novas alternativas", diz Maria Behrens, pesquisadora do Instituto de Tecnologia em Fármacos de Farmanguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz. "Os fabricantes de medicamentos estão tendo de voltar a olhar para a natureza, ainda que como fonte de inspiração."
O desenvolvimento de um medicamento inteiramente sintético leva em torno de dez anos. "Para cada molécula que se torna um medicamento, outras 10 mil são pesquisadas sem sucesso", explica Antonio Britto, presidente da Interfarma, entidade que representa laboratórios nacionais e estrangeiros. Quando se estuda a biodiversidade, em vez de adequar a molécula à doença, como acontece com as sintéticas, busca-se compreender as possíveis aplicações daquela molécula natural. O caminho entre as primeiras análises da planta e o medicamento no mercado leva até 20 anos. Demanda investimentos pesados. Com o novo marco, as indústrias e as universidades começam a desengavetar ideias. "Vamos reavaliar 20 projetos com a biodiversidade brasileira, que estavam parados porque não tínhamos segurança para investir", diz Paulo Nigro, presidente do Aché.
O Farmanguinhos, laboratório vinculado ao Ministério da Saúde, desenvolveu não um novo fármaco, mas um outro produto que pode ter efeitos importantes na saúde pública brasileira: um bioinseticida que mata o mosquito da dengue. O veneno, feito à base de bactérias, começou a ser estudado na década de 1990.0 Farmanguinhos passou a tecnologia para uma empresa privada, que aguarda apenas o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para comercializar o inseticida. Com o conhecimento científico em mãos, a iniciativa privada se manifestou. é o intercâmbio que Britto, da Interfarma, acredita ser o mais promissor. "O país precisa definir uma política de longo prazo, decidir que áreas quer pesquisar. Assim, a indústria farmacêutica vai se apresentar para financiar projetos", diz Britto. Para Ana Lúcia, da Unicamp, "a academia brasileira tem cabeças altamente preparadas para levar adiante as pesquisas que podem ser feitas daqui em diante".
O trabalho é imenso. O Brasil é lar de um quarto das espécies de plantas do mundo. E biodiversidade não é só planta. "Não à toa se fala da biodiversidade como sendo a economia do futuro", diz Glauco Kruse Villas Bôas, coordenador do Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde de Farmanguinhos. Villas Bôas trabalha desde 2009, junto com as comunidades locais, as universidades e as indústrias, para montar um portfólio de projetos de inovação em medicamentos da biodiversidade "de baixo para cima". "Isso deve levar uns dois anos para sair do papel. Queremos construir esse caminho, discutindo com toda a cadeia produtiva. Vão ser projetos de toda a sociedade, não só de uma universidade ou de uma indústria. Depois que todo mundo tiver se entendido, a gente apresenta para o governo e pede financiamento, fomento", diz Villas Bôas. Depois de anos de paralisia, o Brasil começa a vislumbrar um ciclo saudável para estudar sua riqueza natural. Mas vale advertir: o otimismo deve ser sempre usado com moderação.
A LUTA POR UM REMÉDIO
08/06/2015 - Istoé
Há dez anos, a professora Denise Maria Bassi Pelogia, 50 anos, vai até a Departamento Regional de Saúde de Taubaté, cidade do interior de São Paulo, para retirar gratuitamente um medicamento a que tem direito pelo Sistema único de Saúde (SUS). Vítima de uma doença crônica, a tronibocitopenia, que se caracteriza pela destruição das plaquetas do sangue, ela gastaria R$ 2,5 mil por mês se precisasse comprar o remédio que controla seu mal. Mas nos últimos meses, ao invés do medicamento, ela recebeu de um funcionário apenas o desejo de sorte na continuidade do tratamento. "Primeiro eles falam que o dinheiro não chegou, depois que não têm como buscar a medicação", diz. "é como se a nossa vida estivesse nas mãos dos governantes que administram esses recursos", afirma a professora, que precisa tomar três cápsulas por dia e gastaria 70% do seu salário se tivesse que comprar a droga. Em meio à urgência para resolver seu problema, Denise não viu outra saída a não ser recorrer à Justiça por seus direitos. A professora está longe de ser um caso isolado. Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostram que em 2011 tramitavam no País mais de 241 mil processos de pessoas de todas as classes sociais que recorreram aos tribunais para conseguirem medicamentos e tratamentos de alto custo. Em junho do ano passado, esse número saltou para 393 mil, representando um aumento de 63%. "Isso tem acontecido pela má gestão do dinheiro público, a verba não chega aos estados porque não foi liberada em quantidade suficiente para atender às demandas da população", afirma Julius Conforti, advogado especialista em Direito da Saúde.
Somente depois de entrar com uma ação judicial contra o Estado, com o auxílio da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), a professora obteve a medicação. Mas, segundo ela, até hoje há lentidão na distribuição. "Desde o início do ano o medicamento atrasou mais de 20 dias em março e abril", diz. De acordo com o Ministério da Saúde, o SUS é responsável pelo fornecimento de 269 medicamentos de alto custo. Apesar do investimento de RS 4,89 bilhões em 2014, o governo federal gastou no mesmo ano R$ 843 milhões em ações judiciais - um aumento de 502% em relação a 2010. As ações judiciais não oneram apenas a União, mas estados e municípios. "Quando cobramos as secretarias estaduais eles afirmam que está faltando verba, que houve diminuição no repasse, o que influencia a compra de medicamentos e aumenta o número de pessoas procurando a associação", afirma Andrea Bento, advogada da Abrale.
Há um ano e meio, a psicóloga Luana Cezar, 30 anos, foi diagnosticada com a doença de Wilson, caracterizada por um elevado nível de cobre na urina. Desde então, ela passou a receber do Hospital das Clínicas de São Paulo o medicamento Trientina. Luana toma quatro comprimidos por dia e teria de gastar por mês RS 10 mil com a medicação. Mas desde dezembro do ano passado, sem maiores explicações, parou de receber. "Entrei com uma ação em março e a juíza autorizou o recebimento com um prazo de cinco dias para o governo fornecer o remédio", diz. "Na Secretaria de Saúde, me disseram que a situação está complicada e, quando pedem a liberação de recursos, o governo fala que não tem verba." Luana foi informada que o medicamento demoraria 80 dias para chegar. Vítima de uma doença rara e grave, a psicóloga tem recebido doações da Associação dos Portadores de Doentes de Wilson para não ficar totalmente desabastecida da substância.
Os processos que se avolumam nos tribunais não são só de pacientes que carecem de remédios constantes na lista do SUS. Há casos de doentes que precisam de medicamentos importados, ainda sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em outras situações, as drogas já possuem registro, mas ainda não foram incorporadas à lista de medicamentos do SUS. "O financiamento do SUS é insuficiente para atender a população e não acompanha a evolução da medicina", afirma Silvio Eduardo Valente, presidente da Comissão de Direito Médico da Ordem dos Advogados de São Paulo. "Se um câncer de mama responde a um novo fármaco, o juiz acaba concedendo o direito ao paciente. Por outro lado, há um alto custo para o SUS, que é feito para oferecer assistência de saúde ao maior número de brasileiros possível." De acordo com o secretário do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa da Silva Júnior, quando os laboratórios pedem medicamentos muito caros, a recomendação é não incorporar. "Não podemos ter insegurança, é preciso esperar até que as tendências científicas se consolidem." Sabe-se também que, por trás de algumas ações judiciais, pode haver a pressão de laboratórios para a introdução de determinados medicamentos na lista.
Diante da alta demanda na Justiça, o CNJ criou núcleos de apoio por todo o País. Neles, os magistrados são assessorados por médicos e enfermeiros para entender a necessidade ou urgência de determinado medicamento. Segundo a conselheira do CNJ Débora Ciocci, o objetivo é fornecer informações para que os magistrados entendam as questões clínicas apresentadas nas ações antes mesmo de abrirem os processos. Apesar disso, a má gestão dos recursos pelo governo federal e a falha na entrega dos remédios a que a população tem direito têm causado prejuízo aos cofres públicos e, sobretudo, à saúde de milhares de brasileiros.
Remédios em alta
08/06/2015 - Istoé Dinheiro
Embora represente menos de l%de seu faturamento de RS 2,4 bilhões, a exportação de medicamentos está sendo comemorada pela Eurofarma. No ano passado. o laboratório registrou um aumento do 17,4% nas vendas para o exterior, contra 3,7% do setor. Agora, a meta é aumentar de 78,4% para 90% a cobertura do mercado latino-americano.
A mais nova revolução no tratamento do câncer
08/06/2015 - Istoé
Vem da Sociedade Americana de Oncologia Clínica um dos mais revolucionários estudos para o enfrentamento dos cânceres de pele e pulmão. Trata-se de uma nova classe de medicamentos que estimulam o sistema imunológico fazendo com que o próprio organismo do paciente combata os tumores - ao contrário da quimioterapia e radioterapia que atuam tentando aniquilar diretamente as células doentes. Uma das medicações é a Nivolumabe que diminuiu em 27% o risco de morte em 60% de enfermos com câncer de pulmão. Associada ao remédio Ipilimumabe, mostrou também eficácia em 30% de casos de câncer de pele.
Paulistano deixa camisinha e 38% fazem sexo até os 15, diz pesquisa
07/06/2015 - Folha de S.Paulo
Um casal de adolescentes olha furtivamente um expositor de camisinhas, escolhe dois pacotes e paga rapidamente antes de ir. Ao lado, senhoras se mostram intrigadas diante de uma maquete com um preservativo feminino. "é molhado, né?", comenta alguém.
Todos saem apressados do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, onde a Barong, ONG de saúde sexual, expõe esses itens. "Viu como foram rápidos? Têm vergonha", diz a presidente da ONG, Marta Britton, naquela tarde. Deixar a camisinha de lado em boa parte das relações é um dos aspectos do comportamento íntimo do paulistano, além de fazer sexo pela primeira vez até os 15 anos (38%) e respeitar as diferentes orientações sexuais (84%). Os dados são de um levantamento inédito da Secretaria Municipal da Saúde e, por isso, não têm base de comparação.
A Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas serve para embasar políticas públicas e foi feita entre 2013 e 2014, com 4.318 entrevistados.
Mais do que questões comportamentais, o levantamento revela que os moradores da cidade assumem riscos no sexo ao não usar preservativos e evitar testes de DSTs.
Para especialistas, essas práticas, combinadas com mais liberdade sexual e maior número de parceiros, ameaçam a saúde dos moradores da capital paulista. Dados nacionais e municipais mostram crescimento dos casos de HIV e sífilis entre jovens.
O fato, dizem médicos e sexólogos, é que o jovem faz mais sexo do que seus avós, mas herdou a displicência de gerações que desconheciam o preservativo. Isso apesar de declararem conhecer sua importância (97%).
Os motivos para não usar o preservativo diferem em cada faixa etária. Para os mais velhos, há o constrangimento de buscá-lo e do homem não conseguir manter a ereção.
Para os mais novos, a falta de experiência os faz acreditar que a parada para pôr a camisinha quebra o clima. Apesar dessas diferenças, eles têm um fator comportamental em comum: os relacionamentos longos.
Em São Paulo, onde 81,8% tiveram parceiros fixos no último ano, se relacionar com a mesma pessoa faz muita gente largar mão da proteção.
A universitária Amanda Pina, 20, passou por isso com seu namorado. Quando ela perdeu a virgindade, aos 14 anos, usou camisinha porque tinha medo de engravidar. Aos 15, começou a namorar e passou a tomar só a pílula.
Depois, com outros meninos, também pulou essa etapa. "Duas vezes foi por confiança. é burrice, mas acontece. A coisa de estar junto há um tempo nos leva a deixar de usar."
A confiança no parceiro é ponto-chave para explicar a resistência. "Vejo o uso do preservativo diminuindo. Quando pega uma certa intimidade, larga mão. Faz o sinal da cruz e vamos nessa", diz a sexóloga Sheila Reis.
Aos fatores emocionais soma-se um mais prático: o acesso. Na pesquisa da Secretaria da Saúde, 46% disseram não ter tido acesso à camisinha no último ano. Esse componente varia de acordo com as regiões da cidade. Na parte sudeste, onde estão Vila Mariana e Ipiranga, 59,4% disseram ter comprado ou ganhado o produto. Na zona leste, foram 49,5%.
Nos bairros ricos, os moradores recorrem às farmácias, onde a compra tende a ser discreta e rápida. Em regiões mais pobres, às vezes a única opção é o posto de saúde, onde a entrega nem sempre é imediata.
Os dados surpreenderam a coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids, Eliana Gutierrez. Ela diz que, ao analisá-los, decidiu aprimorar as políticas de distribuição. "Não precisa gastar mais um centavo para divulgar que o uso é importante. O problema é o acesso, que é baixo."
Mas só a camisinha não basta, diz o infectologista Esper Kallás. é preciso instruir sobre sintomas, diagnóstico e tratamento de DSTs. Na capital paulista, só 35% já fizeram o teste para HIV.
Foi assim que, há dois anos, o consultor em TI Luciano Vettoretti, 30, descobriu que era soropositivo. é na faixa etária jovem que mais cresce a incidência de HIV na cidade.
Ele diz que o sexo desprotegido pode ser consequência das pessoas não temerem a doença, porque confiam no tratamento. "Minha geração não teve medo disso. As pessoas com HIV tomam remédios, podem viver bem."
Outro fator que contribui para os riscos é a duração e a diversidade da vida sexual, que aumentou com o passar dos anos. Segundo a pesquisa, na faixa de entrevistados entre 15 e 24 anos, metade transou pela primeira vez até os 15 anos. Com mais de 50 anos, a taxa cai para 32%.
Diferentemente de seus avós ou bisavós, não há convenção que os obrigue a casar cedo ou perder a virgindade na noite de núpcias. Assim, o sexo não se limita a um único parceiro.
"A realidade dos últimos vinte anos é que cerca de 15 anos da vida sexual ocorre fora de uma relação estável. é muito tempo", diz a coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da USP, Carmita Abdo.
A forma de alertar para os cuidados durante toda a vida sexual é, para Esper Kallás, o acesso à informação e a quebra de barreiras que atrapalhem seu alcance. Ele cita máquinas de camisinhas em igrejas como exemplo. "Acho que precisa ter, mas não vamos começar uma guerra agora. Aos poucos vamos conquistando." Outros especialistas mencionam o modelo da educação sexual como empecilho.
Hoje, na maioria dos colégios, as lições sobre o tema ficam a cargo do professor de ciências. Mas o estudante de biologia Marcos Mortara, 21, diz que aprendeu mais com vídeos pornô na internet. Foi assim que percebeu gostar de meninos.
"Descobri tudo na prática e correndo riscos. Só dizem 'use camisinha e tome pílula'. Falar com pais e professores fica complicado." Ele mostra sua pequena biblioteca sobre o assunto e retira o livro "O Guia dos Curiosos - Sexo", que o ajudou na puberdade.
A confusão em que ficam os jovens não é tão diferente da falta de orientação vivida por gerações passadas. Antes, o diálogo sobre sexualidade era inexistente, mas hoje ele ainda é raro.
"A marca da socialização religiosa e discriminadora não se desfaz tão rapidamente. Ainda vai demorar décadas. Do ponto de vista histórico, os ganhos são maiores, mas não significa que não se conviva com o conservadorismo", diz a professora da Faculdade de Educação da USP Cláudia Vianna.
Para ela, São Paulo tem um ambiente mais aberto nas escolas e um movimento LGBT forte. No entanto, é também uma cidade conservadora.
Apesar de aceitar melhor as várias orientações sexuais, o paulistano carrega preconceitos contra os soropositivos (30% não comprariam verduras de um vendedor com HIV) e lida mal com a liberdade sexual das mulheres.
Estagiária em um banco, Mariana Valentina, 18, diz se sentir julgada ao falar de suas experiências com amigos. "Eles brincam que estou sem limites, que estou perdendo o valor, como se eu fosse uma mercadoria."
Ela vê uma contradição entre a sensação de maior independência e a impossibilidade de falar sobre sexo em casa ou com pares. "Parece que está mais careta do que era. "
DF lançará plano contra superbactérias
08/06/2015 - Brasil Econômico
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal lançará esta semana um plano de enfrentamento à resistência bacteriana para diminuir as contaminações por bacilos multirresistentes, as superbactérias, nas unidades de saúde. O anúncio foi feito após gestores da secretaria se reunirem com representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), na sexta-feira.
Ministério orienta Estados a manter campanha contra a gripe
06/06/2015 - O Estado de S.Paulo
Diante da baixa adesão à campanha,o Ministério da Saúde recomendou que Estados e municípios mantenham a vacinação contra gripe. Oficialmente, a mobilização terminou. Mas o balanço mais recente mostra que só 73% do público-alvo compareceu aos postos para receber a dose do imunizante, bem abaixo da meta.
Quando a iniciativa teve início, o plano era imunizar pelo menos 80% de todos os grupos prioritários, o equivalente a 49,7 milhões de pessoas. O ministério recomenda que a vacina continue a ser aplicada até que essa marca seja atingida. De acordo com dados do governo federal, o único grupo que atingiu a meta de vacinação foi o de mulheres que tiveram filhos há menos de 45 dias. Nessa parcela da população, 92% do público alvo foi vacinado. Entre idosos,a cobertura vacinal foi de 76%. O pior indicador foi entre indígenas: 62,9% receber a imunizante. A análise regional também não é animadora. Apenas cinco Estados atingiram a meta: Amapá (89,4%),Paraná (83,5%), Santa Catarina (82,2%)Espírito Santo (81,8%) e Amazonas (81,4%). A baixa adesão é atribuída ao mito de que a vacina, em vez proteção, pode aumentar o risco de contrair a doença.
Até dia 12. A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo decidiu orientar os municípios paulistas a prorrogar a campanha até a próxima sexta-feira. O mais recente balanço da pasta, de quarta-feira, indica que os municípios paulistas imunizaram 7.593.485 de pessoas, enquanto a meta era chegar a 11,8 milhões. Oficialmente, houve prorrogação também no Estado de Roraima.
Gripe: só 5 estados atingem meta de vacinação
06/06/2015 - O Globo
Balanço do Ministério da Saúde revela que 21 estados e o Distrito Federal não cumpriram a meta de vacinação contra a gripe prevista na campanha deste ano. A janela para a mobilização nacional se encerrou ontem, mas o governo recomenda que a vacinação continue em estados e municípios que não atingiram o público- alvo prioritário. Os únicos cinco estados que cumpriram a meta são: Amapá ( 89,4%), Paraná ( 83,5%), Santa Catarina ( 82,2%), Espírito Santo ( 81,8%) e Amazonas ( 81,4%).
A campanha de vacinação teve início em 4 de maio, com previsão de encerramento no dia 22 do mesmo mês. Mas, como não havia atingido a meta, o governo prorrogou o prazo. Ontem, o ministério informou que não fará nova prorrogação.
Segundo o governo federal, 35,9 milhões de pessoas foram devidamente vacinadas, o que corresponde a 73% do público- alvo. A meta era imunizar, pelo menos, 80% do público prioritário, considerado com mais riscos de desenvolver complicações causadas pela doença.
O único grupo que atingiu a meta até o momento é o das mulheres com 45 dias após o parto – 92% dessas mulheres foram vacinadas. O segundo grupo com maior cobertura é o dos idosos, com 76%; seguido por trabalhadores da saúde, com 72% vacinados ; crianças de 6 meses a menores de 5 anos, com 69,6%; gestantes, com 63,4%; e indígenas, com 62,9%.
– S e forem esgotadas todas as possibilidades de vacinação dos grupos prioritários, cada município define o público que será incluído na campanha – explicou a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues.
A vacina disponibilizada este ano protege contra os três subtipos do vírus da gripe determinados pela OMS para este ano ( A/ H1N1, A/ H3N2 e influenza B).
O custo para aquisição das vacinas foi de R$ 487,6 milhões, por meio de uma Parcer ia para o Desenvolvimento Produtivo entre o Instituto Butantan, que produziu as doses, e um laboratório privado.
META DE 1,2 MILHÃO DE PESSOAS
A Secretaria municipal de Saúde do Rio decidiu prorrogar a vacinação contra a gripe até o dia 12. Segundo balanço divulgado pelo órgão, até a última quarta-feira foram imunizados 78,5% da população alvo.
Ainda de acordo com a secretaria, mesmo estando próximo da meta de 80%, o que representa cerca de 1,2 milhão de pessoas, foi decidido fazer a prorrogação da campanha. A vacina está disponível nas Clínicas da Família e nos Centros Municipais de Saúde, das 8h às 17h.
Aos 60, hospital Albert Einstein lança serviço de terapia a distância
07/06/2015 - Folha de S.Paulo
Ao completar 60 anos nesta segunda (8), o hospital Albert Einstein lança um serviço inédito de terapia on-line para quem deseja parar de fumar, beber ou usar drogas.
O primeiro programa é destinado aos tabagistas. Tem duração de 12 semanas e exige que ao menos duas das consultas psiquiátricas e psicológicas sejam presenciais.
A maior parte do atendimento psicológico (11 sessões) será a distância. A terapia on-line tem aval do Conselho Federal de Psicologia.
O Einstein lançará um serviço semelhante a alcoólatras e dependentes químicos e estuda ampliar a terapia a distância a pacientes oncológicos e que fizeram cirurgias bariátricas, segundo Ana Merzel Kern, coordenadora do serviço de psicologia.
O programa antitabagismo já existia no hospital na forma presencial, mas o índice de desistência era de 50%.
"Muitos pacientes que residem fora de São Paulo ou mesmo na capital, mas distante do hospital [que fica no Morumbi, na zona oeste], acabavam desistindo", diz.
Para a terapia on-line, é preciso instalar no computador (ou tablet) uma plataforma semelhante ao Skype.
No projeto piloto, com dez pacientes, todos pararam de fumar ou reduziram o número de cigarros, segundo Ana. Além da terapia, eles usaram medicamentos controlados.
Pelo programa, o paciente tem direito a mais duas consultas psiquiátricas presenciais. O tratamento custa em torno de R$ 2.500.
Para a cardiologista Jaqueline Issa, responsável pelo programa de antitabagismo do Incor (Instituto do Coração), o atendimento on-line pode facilitar o acesso do paciente ao serviço, mas ela considera "cruciais" consultas médicas presenciais na segunda e quarta semanas- após o início do tratamento- para ajustes da medicação e dosagem do monóxido de carbono no organismo.
O Einstein também é pioneiro no país em telemedicina. Em 1999, fez a primeira cirurgia com transmissão de dados para outros Estados. Hoje usa o recurso para segunda opinião, videoconferências e capacitação.
TELEMEDICINA
Em parceria com o Ministério da Saúde, 15 hospitais públicos estão ligados à telemedicina do Einstein, com foco nos prontos-socorros e UTIs, especialmente nas áreas de trauma, derrames, infarto e sepse. Já são 3.821 atendimentos a distância.
Há médicos 24 horas por dia que realizam, em tempo real, os atendimentos à distância. O serviço já foi usado para atender vítimas do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), e na epidemia de dengue em São Paulo. Segundo Milton Steinman, coordenador da telemedicina, com o serviço, é possível transferir conhecimento a regiões remotas e sem recursos humanos e tecnológicos. "Para o paciente é o melhor dos mundos. Ter um diagnóstico correto, na hora que precisa."
Coreia do Sul registra quinta morte por coronavírus; há 64 infectados
07/06/2015 - Folha de S.Paulo
Autoridades sul-coreanas divulgaram neste domingo (7) a morte de outra pessoa infectada pela Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV), o novo coronavírus. A nova perda aumenta para cinco o número de mortos pela doença.
De acordo com o Ministério de Saúde da Coreia do Sul, um homem de 75 anos morreu no sábado (6) –e a doença só foi detectada após o seu falecimento.
Também foram anunciados 14 novos contágios. Dez dos novos infectados foram expostos ao vírus em visita ao Centro Médico Samsung de Seul, onde um médico foi recentemente diagnosticado com a doença.
"é possível que haja mais casos relacionados a este centro médico, mas prevemos que o raio de contágios diminua depois deste fim de semana", afirmou um porta-voz do Ministério em declarações publicadas pela agência local "Yonhap".
Os quatro novos casos restantes –que elevam para 64 o total de doentes de MERS no país asiático– contraíram a doença em outros hospitais de Seul, acrescentou a mesma fonte.
Grande parte dos contágios aconteceu no Saint Mary Hospital de Pyeongtaek (sul de Seul), onde foi registrado o primeiro caso de MERS no país em 20 de maio: o homem de 68 anos que tinha viajado para o Oriente Médio.
O surto na Coreia do Sul atraiu a atenção da Organização Mundial da Saúde (OMS), que anunciou na sexta-feira (5) o envio à Coreia do Sul do diretor-geral adjunto para Segurança Sanitária, Keiji Fukuda, e um grupo de especialistas para analisar a situação.
Artigo: A 'vacina' do planejamento urbano contra a dengue
08/06/2015 - Folha de S.Paulo Online
Não se deve atribuir apenas aos estoques domésticos de água, feitos pela população paulista para enfrentar a crise hídrica, a eclosão da epidemia de dengue no Estado de São Paulo. A proliferação do Aedes aegypti em recipientes inadequados ou sem o devido lacre para o armazenamento do precioso líquido é apenas uma causa pontual, decorrente de problemas mais amplos, graves e antigos, ligados à precariedade do planejamento urbano no Brasil.
A dengue desencadeou-se em nosso país a partir de 1982, exatamente quando se consolidou a concentração habitacional no meio urbano, onde, segundo o IBGE, passaram a viver 66% dos brasileiros, ante 56%, nos anos 70, 45% nos 60, 36% nos 50 e 31% nos 40. Hoje, são 85%.
O mosquito transmissor da doença, que havia sido praticamente "expulso" do meio urbano pela ação do médico Oswaldo Cruz no combate à febre amarela, no início do Século 20, instalou-se novamente nas cidades.Desmatamento desordenado, ocupação irregular do solo, incluindo áreas de mananciais, favelização, ligações clandestinas de água e seu acúmulo em pneus, garrafas e vasos, falta de orientação das famílias, déficit habitacional e de infraestrutura e precariedade das redes de esgoto constituem um grande caldo de cultura para a proliferação do Aedes aegypti.
Todas essas causas convergem para a falta de planejamento urbano. A ameaça de colapso no abastecimento de água é um claro indicativo disso. A população moveu-se rapidamente do campo em direção de cidades despreparadas para a expansão demográfica. E nenhum governante, ao longo de décadas, parece ter se preocupado com essas transformações.
Somam-se a esse problema, algumas contradições na interpretação e aplicação das legislações, configurando-se um ambiente propício às epidemias, como a de dengue. Refiro-me, por exemplo, à questão legal relativa à ocupação do solo.
Muitas vezes, são barrados judicialmente, sob o argumento da proteção ambiental, projetos de bairros planejados, com a devida preservação do volume de áreas verdes, abastecimento de água, redes de esgoto e coleta de lixo, tudo com padrão de excelência e alinhado aos preceitos de sustentabilidade.
Paradoxalmente, às vezes na mesma área ou adjacências, ocorrem invasões de terras, com total devastação da flora, ausência de saneamento básico e desrespeito a todos os preceitos ambientais. Não são raros os casos em que essas ocupações, muitas delas em áreas contaminadas ou mananciais hídricos, acabam se perenizando, por acomodação ou oportunismo político e sob alegações de benemerência social.
Em muitas dessas localidades, o Estado sequer está presente, pois faltam escolas, unidades de saúde, transportes, segurança, estrutura e fiscalização sanitária. Quando existem, os serviços são pífios. Nessas áreas, o mosquito encontra todas as condições para se reproduzir em larga escala. Estamos errando muito no enfrentamento do problema.
Além da ausência de planejamento urbano, ocupação irregular do solo, desventuras políticas, demagogia, legislação restritiva a projetos sustentáveis e carência de infraestrutura, há ainda o fator educacional: estamos chegando ao absurdo de se cogitar a aprovação de uma lei municipal, na cidade de São Paulo, para obrigar as pessoas a deixarem os agentes públicos inspecionarem suas residências e realizarem ação sanitária contra o mosquito.
Isso está diretamente relacionado à constrangedora 60ª colocação do Brasil, dentre 76 nações, no ranking mundial de educação, que acaba de ser divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Em síntese, esbarramos mais uma vez, no problema crônico brasileiro: falta de políticas públicas de longo prazo. Diante da gravidade da situação, ações desesperadas do tipo "fumacê", um produto altamente tóxico e de serventia duvidosa, pouco ajudam na solução definitiva do problema.
Os hospitais superlotados que o digam! Precisamos de esforços bem mais elaborados de nossos legisladores, para melhorar e até, quem sabe, erradicar esse mal. E, sem medo de errar, aposto que este caminho permeia o contexto do ensino e do marco legal relativo ao uso e ocupação do solo urbano, com propostas mais realistas e menos ideológicas.
Infelizmente, falta às nossas cidades e nosso país a "vacina" do bom senso e do planejamento, os mais eficazes agentes de imunização contra a dengue e outras doenças tropicais infecciosas..
Relação com indústria coloca agência dos EUA em xeque
08/06/2015 - Folha de S.Paulo
A credibilidade dos CDCs (Centros de Controle e Prevenção de Doenças), agência que concentra todas as ações de saúde pública nos EUA, tem sido posta em xeque após revelações de que recebe financiamento da indústria farmacêutica.
Em recente artigo na revista científica "British Medical Journal", a editora Jeanne Lenzer relata como essa relação pode ter afetado decisões da sexagenária organização.
Em 2014, dos US$ 52 milhões levantados pela fundação, US$ 12 milhões vieram de corporações, muitas das quais farmacêuticas. Também em 2014, os próprios CDCs receberam US$ 16 milhões de "doações condicionais", destinadas a projetos específicos, vindas da indústrias e de pessoas físicas.
Por exemplo, em 2012, a Genentech destinou US$ 600 mil em doações à Fundação CDC para a promoção de testes e tratamento das hepatites virais. Tanto a Genentech como a Roche (sua empresa-mãe) fabricam kits de teste e tratamentos para hepatite C.
Segundo Lenzer, várias recomendações dos CDCs consideradas controversas estão associadas a essas "doações condicionais".
é o caso da recomendação feita em agosto de 2012, quando os CDCs emitiram a orientação de que todos os nascidos entre 1945 e 1965 fossem testados para hepatite C.
A agência justifica a recomendação citando drogas antivirais que "podem" "interromper a progressão da doença e proporcionar uma cura virológica" (eliminação viral após conclusão do tratamento) na maioria das pessoas. Dos 34 membros do grupo de trabalho externo, que escreveu e revisou a recomendação dos CDCs, nove já tinham tido relações financeiras com farmacêuticas.
Ao "BMJ", os CDCs disseram que consultores externos não tinham laços financeiros com as indústrias que fabricam testes ou medicamentos para hepatite C e que houve isenção na tarefa.
Outra crítica é ao fato de a agência e sua fundação terem aceitado doação da Roche (fabricante do antigripal oseltamivir) para campanha contra gripe --a agência defende que o uso dos antigripais se baseia em estudos independentes, mas investigações apontaram que os autores tinham laços com as fabricantes.
REPERCUSSãO
Para Marcia Angell, ex-editora do "New England Journal of Medicine", operações financeiras com as empresas biofarmacêuticas podem ameaçar a credibilidade que os CDCs têm entre os médicos e a população.
Adriane Fugh-Berman, professora na Georgetown University e pesquisadora sobre conflitos de interesse, diz que farmacêuticas estão "infiltradas" nos CDCs. "Aceitar dinheiro da indústria e tê-la como parceira compromete a missão da saúde pública", disse à Folha.
O diretor dos CDCs, Tom Frieden, informou que "parcerias público-privadas permitem fazer mais e mais".
Segundo ele, a agência se pauta por valores fundamentais de transparência, respeito e integridade. "Quando surgem possíveis conflitos de interesses, investigamos duro para garantir que as políticas e as diretrizes sejam feitas sem a interferência de doações externas."
Plantão Médico: Um silencioso problema de saúde pública
06/06/2015 - Folha de S.Paulo
Dos benefícios para a gestante e bebê que o atendimento pré-natal oferece, o diagnóstico precoce do diabetes é um dos principais pela possibilidade de prevenir seus potenciais efeitos adversos, como um grande bebê (macrosomia), risco de cesárea e mortalidade perinatal.
O médico Audimar de Sousa Alves e colaboradores referem na "Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil" que no Brasil a prevalência do diabetes gestacional está sendo considerada um problema de saúde pública.
Cerca de 7% de todas as gestações são complicadas pelo diabetes gestacional.
O problema também predispõe a mulher a complicações tardias, com 30% de probabilidade para desenvolver o diabetes tipo 2, se permanecer obesa.
O autores, da Universidade Federal do Vale do São Francisco, em Petrolina (Pernambuco), e do Instituto Professor Fernando Figueira, em Recife, avaliaram 1.340 mulheres de baixa renda e pouca escolaridade que tiveram seus filhos no período compreendido entre abril de 2011 e janeiro de 2012.
A média de idade gestacional quando foi solicitado o exame de glicemia em jejum foi de 14 semanas; a realização do exame aconteceu com 16 semanas; o recebimento do resultado se deu na vigésima semana.