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Medicamentos
Nova geração de executivos impulsiona fusões Alguns anos atrás, as companhias farmacêuticas que dominavam as manchetes de fusões e aquisições tinham nomes conhecidos, como Pfizer Inc., Merck & Co. e Novartis AG. Para manter expansão, fabricante terá de buscar novos segmentos
27/04/2015 - Valor Econômico
De tempos em tempos, todos os tipos de negócio têm de passar por alguma renovação para manter a trajetória de crescimento ou fazer frente a desafios e crises. No caso da indústria farmacêutica, que experimentou taxas de crescimento de dois dígitos no Brasil na última década, é chegada a hora de se adaptar a um novo ritmo de evolução do mercado doméstico de medicamentos e buscar uma nova orientação para as vendas, mostra um estudo recente da McKinsey & Company.
Conforme o documento, o mercado nacional de fármacos seguirá até o fim da década com taxas positivas, porém inferiores às que foram verificadas nos últimos anos. Depois de crescer 14,9% ao ano entre 2005 e 2013, o mercado farmacêutico nacional deverá avançar a taxas de 7% a 10% ao ano até 2020, quando atingirá R$ 107 bilhões em vendas anuais. Diante dessa desaceleração, os laboratórios deverão mirar regiões e segmentos menos tradicionais, o que modificará os canais utilizados hoje pela indústria.
"Haverá mudanças importantes, mas os fatores ainda são favoráveis: a consolidação da classe média, que vê valor em saúde, a evolução da cobertura por planos e o fato de a saúde seguir como prioridade nacional", diz Paula Ramos, uma das co-autoras do estudo da McKinsey. Por outro lado, o atual cenário macroeconômico afeta negativamente todos os mercados, especialmente a liberação de recursos públicos. "As empresas terão maior dificuldade de acessar essas vendas", afirma.
Conforme a McKinsey, as vendas no varejo devem acompanhar a trajetória do mercado farmacêutico, com expansão de 8% a 10% ao ano nos próximos cinco anos, atingindo R$ 75 bilhões no fim da década. Já os negócios na área institucional pública devem mostrar desaceleração importante, de 16,6% ao ano entre 2005 e 2013 para algo entre 6% e 8% ao ano até 2020. Ao mesmo tempo, segmento institucional privado, formado por hospitais e planos de saúde, deve mostrar taxa de expansão de 7% a 9% ao ano, para R$ 8 bilhões em 2020, frente a crescimento médio anual de 15% desde 2005.
"O principal tema é que a indústria tem de ser mais granular, investir mais em segmentação", diz Paula. Regiões e segmentos menos tradicionais e a utilização de canais mais remotos para alcançar o consumidor devem entrar no planejamento dos laboratórios, segundo a especialista. "Se antes a indústria olhava para as compras do governo federal, agora terá de olhar mais para as secretarias de saúde", exemplifica.
Os mercados do Sudeste seguirão como importante praça de negócios para a indústria farmacêutica, em termos de volume, mas, cada vez mais, os laboratórios terão de desenvolver modelos economicamente viáveis para chegar a outros mercados. Municípios com população entre 20 mil e 500 mil habitantes, conforme a consultoria, devem proporcionar as maiores taxas de crescimento nos próximos anos.
De acordo com Tracy Francis, também co-autora do estudo, a nova fase da indústria farmacêutica deve ser marcada por negócios mais enxutos. Segundo ela, o Brasil tende a apresentar produtividade baixa em relação a outros países emergentes e o "novo" modelo de negócios deve contemplar esse gargalo. "Será preciso buscar novos meios de chegar aos médicos, com o reforço, por exemplo, de representantes que tenham formação em medicina", afirma Tracy.
Primeira vacina contra malária tem sucesso parcial em teste clínico
25/04/2015 - O Globo
A primeira vacina contra a malária a chegar aos ensaios clínicos finais teve seus resultados revelados por um estudo publicado ontem, na revista “The Lancet”, véspera do Dia Mundial da Malária. Os dados não são muito animadores, pois o medicamento oferece proteção apenas parcial contra a doença que anualmente mata mais de 500 mil crianças com menos de 5 anos no mundo. Mas especialistas acham que mesmo um “sucesso parcial” pode ser considerado um marco no combate à malária.
A vacina vem sendo desenvolvida há 20 anos, a um custo que já passa de US$ 500 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão). Os resultados das pesquisas desenvolvidas mostram que a vacina funciona melhor em crianças a partir de 5 meses de idade do que em bebês mais novos. Isto é um problema porque a vacinação não poderá ser encaixada junto com a imunização contra difteria, tétano e coqueluche, que começa a ser feita aos 2 meses. Além disso, a proteção oferecida pela vacina enfraquece com o tempo, o que significa que um reforço posterior é necessário.
IMUNIZAÇÃO BRANDA
Durante os testes, cerca de 16 mil crianças em sete países africanos receberam três doses da vacina mais o reforço. O grupo de 5 a 17 meses que recebeu as três doses apresentou 36% menos casos de malária até os 4 anos de idade, em comparação com crianças que não foram imunizadas. No primeiro ano após a vacina, a redução havia sido de 50%. As três injeções não foram suficientes para proteger contra a malária mais grave, mas o reforço resultou em 32% menos casos severos.
Entre os bebês com menos de 5 meses que receberam as três doses, verificou-se uma redução de 26% no número de casos nos três anos seguintes, mas essas crianças não ficaram protegidas contra o tipo de malária mais grave.
Segundo a equipe à frente da pesquisa, a vacina pode reduzir os casos de malária na África em cerca de 30%. Cerca de 1.300 crianças morrem por dia na África subsaariana devido à doença.
A Agência Europeia de Medicamentos vai analisar os dados e, se forem satisfatórios, a vacina poderá ser licenciada. Nesse cenário, a Organização Mundial de Saúde ( OMS) poderia, então, recomendar seu uso já em outubro deste ano.
Brian Greenwood, autor do estudo e professor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, disse que estava “um pouco decepcionado” com os resultados dos ensaios clínicos.
— Não chegaríamos ao sucesso visto em vacinas como contra o sarampo, com 97% de eficácia, mas esperava resultados mais animadores — diz o especialista à frente das vacinações, que aconteceram em Burkina Faso, Gabão, Gana, Quênia, Malaui, Moçambique e Tanzânia.
O pesquisador explica que o parasita da malária tem um ciclo de vida complicado e que, com mais de 50 mil anos de existência, ele aprendeu a “iludir ” o nosso sistema imunológico.
Atualmente, não há vacina licenciada contra a malária, e a proteção à doença é feita com mosquiteiros e repelentes.
A malária ocorre em cerca de cem países em todo o mundo. Estima-se que 207 milhões de pessoas sofreram com a doença em 2012, e aproximadamente 627 mil morreram. Cerca de 90% das mortes foram na África subsaariana e 77% entre crianças menores de 5 anos.
Plantão Médico: Hepatite C e câncer O vírus da hepatite C é oncogênico e seu risco para o câncer hepático é conhecido. Start-ups enviam lembretes médicos para celular de paciente
26/04/2015 - Folha de S.Paulo
Novas empresas querem dar uma ajudinha tecnológica a médicos e seus pacientes para que ninguém esqueça de tomar remédio, controlar a dieta e aparecer na hora marcada para a consulta.
Funcionando há um ano e meio, a start-up (iniciante de tecnologia) Tá Na Hora permite, a partir de sua plataforma Medico.com.vc, que os profissionais enviem mensagens de texto programadas para o celular dos pacientes.
A ferramenta pode ser usada por profissionais de nove especialidades e cada tratamento possui programa de mensagens e preço próprios -para lipospiração, por exemplo, são cobrados R$ 6 por paciente.
O sistema também envia questões simples, como "você teve febre?" ou "está com dor?", para que o médico possa intervir quando necessário, explica o canadense Michael Kapps, 26, cofundador.
Ele diz que a ferramenta ajuda a tirar dúvidas dos pacientes e, com isso, reduz o número de ligações que o médico recebe no consultório.
Outra maneira de fazer a ponte entre médicos e pacientes é proposta pelo aplicativo para celular Dr.Recomenda, criado pela endocrinologista Regina Diniz, 40, e pela economista Luiza Granado, 50.Com lançamento programado para maio, ele tem versão simplificada gratuita que permite o armazenamento de informações sobre a saúde do usuário e de sua família.
Na versão completa, o aplicativo armazena resultados de exames, informações sobre diagnóstico e recomendações médicas.
Ela será disponibilizada em parceria com planos de saúde, laboratórios e indústrias do setor farmacêutico.
Azar genético explica picada do Aedes
26/04/2015 - Folha de S.Paulo
Em testes com gêmeos, cientistas concluíram que odor que atrai mosquito da dengue tem a ver com genes herdados
Pesquisadores querem depois identificar os genes responsáveis pelo cheiro e fabricar repelente em pílula
Enquanto alguns sofrem, outros escapam incólumes. É comum, em qualquer lugar com mosquitos, que algumas pessoas sejam alvos preferenciais das picadas.
Cientistas britânicos resolveram testar a hipótese de que esse fenômeno indesejável tem a ver com a combinação de genes que recebemos de nossos pais.
Já se sabia que o cheiro era o fator que promovia a atração dos mosquitos, mas não se esse odor favorável poderia ser explicado pelos genes que carregamos.
Se isso estivesse certo, gêmeas idênticas atrairiam mosquitos com maior "intensidade" do que gêmeas fraternas (não idênticas).
Para colocar a ideia à prova, cientistas pediram a cada par de irmãs que colocassem uma das mãos cada nas duas extremidades de um tubo em Y --chamado de olfatômetro.
Do outro lado, fêmeas do Aedes aegypti eram liberadas e a quantidade de mosquitos que escolhia cada pessoa pelo cheiro era contada.
O estudo, que foi publicado na revista "Plos One", encontrou uma concordância que oscila entre 62% e 83%.
"Isso significa dizer que a herança genética pode ser responsável por até 83% da atração exercida por algumas pessoas aos mosquitos, um valor alto", explica a professora titular de genética da Universidade Federal de São Paulo Marilia Cardoso Smith.
"Ainda sobram até 38% de participação para outros fatores, como o alimentação e outras influências ambientais", diz Marilia.
Estudos com gêmeos univitelinos (idênticos) e bivitelinos (fraternos) são uma ferramenta importante para o estudo de fatores genéticos de características individuais e mesmo de doenças.
HIPÓTESES
Os cientistas não sabem explicar exatamente como os genes ajudam a atrair ou repelir mosquitos. Pode haver tanto genes que aumentam a atratividade para os insetos quanto genes responsáveis por repelentes sintetizados pelo próprio organismo.
Um dos candidatos é o MHC, uma região do genoma importante para a compatibilidade entre doador e receptor de órgãos e que também influencia a atração sexual, também pela via olfativa.
Segundo Paulo Ribolla, professor do Instituto de Biociências de Botucatu, da Unesp, o estudo serve de marco para que se preste mais atenção aos fatores genéticos, que, assim como as bactérias e os fungos que as pessoas carregam, contribuem para decidir quem será ou não picado.
Genes do MHC, de alguma forma, produziriam moléculas capazes de definir quais bactérias e fungos habitariam nosso organismo. Essa flora é uma das candidatas a responsável direta pela atração ou repulsão dos mosquitos.
O próximo passo da pesquisa é descobrir exatamente quais são os genes responsáveis por esse odor que atrai ou repele mosquitos, diz o entomologista James Logan, que liderou a pesquisa na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
"Se entendermos a base genética da variação entre indivíduos, talvez seja possível desenvolver maneiras de controlar melhor os mosquitos e repeli-los. No futuro, poderíamos até mesmo tomar uma pílula que poderia promover a produção de repelente natural pelo organismo, substituindo cremes e loções."
Gigante em expansão
27/04/2015 - Veja São Paulo
Em 1921, um grupo com 27 mulheres pertencentes a famílias de imigrantes que prosperaram em São Paulo se uniu para criar um hospital privado, batizado conforme a origem de suas participantes: o Sírio-Libanês. O começo da história desse gigante foi conturbado. Após anos arrecadando fundos, erguendo paredes e lidando com a interferência do governo (a sede virou forçadamente uma escola de cadetes na II Guerra), o projeto só foi viabilizado em 1961. De lá para cá. o complexo da Bela Vista teve momentos marcantes, como o infcio de operação da primeira UTI do país. em 1971, e tornou-se. ao lado do Hospital Israelita Albert Einstein, referência nacional na área da saúde.
Na última quinta (23), a administração do Sírio deu um passo importante na ampliaçüo de serviços. A data marcou a cerimônia de inauguração de três prédios. que possibilitam o incremento em número de leitos de 372 para 650. uma expansão de 75%. A estrutura passa de pouco menos de 100000 para 167000 metros quadrados. "Trata-se de um momento quase tão marcante quanto a nossa abertura", diz Vivian Abdalla HannucL presidente da Diretoria de Senhoras, que continua a dar as cartas por ali.
A ocupação, que começou antes da inauguração formal, será gradual, ao longo de dois anos. Dois dos novos prédios (que. por serem coligados, formam juntos a torre D) têm 21 pavimentos. O terceiro. batizado como torre E. possui nove
andares. No atendimento, por consequência, os saltos são vários. Vagas para adultos na UTI: de trinta para 54. Na semi-in-tensiva: de 48 para 96. Salas cirúrgicas: de dezenove para 33. Total de internações anuais: de 20500. em 2014. a estimativa é chegar a 40000. Somando-se os custos das obras (iniciadas em 2009). os gastos de mobiliário e a compra de aparelhos (a agenda prevê que iodos os novos ambientes estarão completamente equipados até 2017). o investimento total é estimado em 1.1 bilhão de reais (boa pane com aporte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES). "Esse crescimento é fundamental para que possamos eliminar as nossas filas", explica o cirurgião Paulo Chapchap. que divide com o sanitarista Gonzalo Vecina Neto a superintendência do centro médico. "Para alguns exames, temos espera de até um mês."
Uma das razões dessa demora é o aumento do número de usuários de planos de saúde (em todo o país. de aproximadamente 45 milhões, em 2010, para 51 milhões, em 2014), motivo pelo qual uma série de outros centros médicos tem apresentado novidades. O Nove de Julho lança no segundo semestre um edifício que aumentará sua capacidade de 300 para 420 leitos. O A.C. Camargo irá de 480 para 580 vagas até 2018. Entre as mudanças previstas no Albert Einstein, está a abertura de um pronto-socorro oncológico (veja o quadro na pág. 50).
No Sírio, além do aumento de espaço. houve modernização do ambiente.A doceria Dulca muda de localização, crescendo de 57 para 118 lugares. Na tentativa de afastar a frieza inerente a hospitais, as alas recém-inauguradas, com chão de mármore crema marfil e paredões de vidro que valorizam a vista de cenários como o do Museu de Arte de São Paulo, lembram um hotel cinco-es-trelas. Enquanto na ala antiga o pé-di-reito médio era de 3,1 metros, na nova é de 4.20. Os apartamentos convencionais passam de 19 para 47 metros quadrados. mas há casos em que a área chega a 70 metros quadrados. Esses espaços mais amplos foram criados para acomodar antessalas ou varandas, aumentando o conforto dos visitantes. Em alguns casos, receberão pacientes com
obesidade gravíssima, que podem ser içados em um cesto até o banho.
Na farmácia, foram implantados os robôs italianos PilIPick e BoxPicker. importados por cerca de 3 milhões de reais, que separam frascos e carteias em doses individuais, com o mínimo contato humano. "Assim, cresce a segurança e cai o desperdício com medicamentos vencidos, pois a distribuição é inteligente", explica Débora Carvalho. chefe do setor. Por fim. uma série de ações visa a diminuir os custos do local, que faturou no ano passado 1.45 bilhão de reais, o dobro de cinco anos atrás. Uma usina a diesel, capaz de prover energia para todo o complexo em caso de apagào. está sendo usada du-
rante quatro horas diárias, o que representará uma redução de 20% na conta de luz do endereço (hoje. na casa de 12 milhões de reais por ano). Ouiro sistema permitirá reaproveitar, após tratamento, 20% da água que escorre pelos ralos no ar-condicionado central. São 3 000 metros cúbicos mensais, o suficiente para abastecer 150 famílias de quatro pessoas. Vidros que barram até 78% do calor e 2000 metros quadrados de telhado verde completam o caráter sustentável da obra. que no auge contou com I 400 operários.
Tudo foi feito sob os olhos atentos da Diretoria de Senhoras, que mantém ao menos uma reunião semanal e é conhecida pelo perfil rigoroso. "Morremos de medo de levar bronca delas quando somos chamados para apresentar algum projeto", confessa um funcionário. As dezesseis diretoras são descendentes das mulheres que fundaram o hospital. "Aqui todas têm raízes", orgulha-se Marta Kehdi Schahin. que deve assumir o cargo de presidente nos próximos dias. A atual. Vivian. que se afastará por completar 75 anos, tem uma herança especial: é filha de Violeta, hoje com 107 anos. ocupante do posto por muitos anos. e neta de Adma Jafet, em cuja casa aconteceu a reuniüo de 1921 que deu orieem a tudo.
Vigiando a genética
27/04/2015 - Carta Capital
O teste de fatores de risco para câncer de mama genético poderá mudar drastica mente quando uma startup do Vale do Silício lançar testes baratos vendidos pelo correio. O anú ncio foi feito ao mesmo tempo que dois grandes laboratórios divulgaram a criação de um banco de dados para ajudar pesquisadores a refinar seu conhecimento sobre o nível de risco apresentado por cer tos genes.
Os dois desenvolvimentos concentra m--se nos genes BRCA1 e BRCA2. Ambos co-mu mente produzem proteínas que suprimem tumores, mas podem indicar um maior risco de câncer de mama e de ovários se sofrerem mutação.
Essas mutações representam entre 5% e 10% de todos os cânceres de mamae 15% de todos os cânceres de ovário, segundo o I nstituto Nacional do Câncer (NCI, em inglês). Os cânceres que afetam as portadoras das duas mutações também tendem a ocorrerem mulheres mais jovens do que os cânceres não hereditários.
O teste dessas mutações genéticas atualmente pode custar entre 400 e 4 mil dólares nos Estados Unidos, dependendo do seguro-saúde da paciente. Desde a adoção da Lei de Acesso à Saúde - conhecida como Obamacare -. todas as compan h ias de segu ro-saúde são obrigadas a cobrir esses testes para mulheres com históricos de "alto risco" de câncer na família.
A Color Genomics, empresa do Vale do Silício apoiada por executivos do Twitter e da Eventbrite, entre outros, está procurando tornar os testes mais acessíveis, com uma simples análise de saliva vendida por correio a 249 dólares.
O teste de 19 genes da Color Genomics e a publicidade que o acompanha concentram-se fortemente nas mutações dos genes BRCA1 e BRCA2. Os dois fatores de risco receberam grande atenção pública desde que a atriz Angelina Jolie citou essas mutações como importantes parasua decisão de se submeter a dupla mastectomia.
"Enquanto o caráter aparentemente aleatório do câncer traz uma profunda sensação de i mpotência, acreditamos que é possível reforçaros indivíduose as famílias com conhecimento que possa lhes permitir compreender e administrar seu risco genético de câncer", disse um primeiro postnoblogdo site.
Enquanto isso, os laboratórios Quest Diagnostics e LabCorp anunciaram que vão reunir informações sobre testes genéticos em um banco de dados para ajudarnapesquisa,chamado BRCAShare. As empresas esperam que o banco de dados promova pesquisas e reduza o número de testes que têm resultados inconclusivos. O banco de dados será gratuito para cientistas que fazem pesquisa.
Especialistas da Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA recomendam que só mulheres com históricos genéticos de predisposição ao câncer façam testes dos genes BRCA1 e 2, e que as crianças não se submetam a esses testes porque não há como atenuar o risco em crianças.
Bebê geneticamente modificado preocupa
27/04/2015 - Folha de S.Paulo
Chineses anunciaram que tentaram, sem sucesso, alterar os genes de 85 embriões, causando críticas de colegas
Se os embriões fossem fertilizados, o novo DNA seria transmitido a todas as gerações futuras, com riscos imprevisíveis
DO "THE NEW YORK TIMES"
Cientistas chineses divulgaram que tentaram editar genes de embriões humanos. A técnica permitiria alterar permanentemente o DNA das células --ou seja, as modificações seriam passadas para todas as gerações seguintes.
Tais experimentos causam grande apreensão na comunidade científica, que aponta limitações de segurança e ética em tais procedimentos.
O caso chinês reforçou a noção do que mexer no DNA humano pode levar a mutações perigosas. Eles tentaram modificar os genes de 85 embriões. Em todos os casos, fracassaram: ou o embrião morreu, ou o DNA acabou não sendo alterado com sucesso.
"O estudo mostra que é preciso impedir qualquer profissional que acredite que pode erradicar doenças genéticas durante a fertilização in vitro", afirma George Daley, especialista em células-tronco de Harvard. "Esse procedimento não é seguro agora, e talvez nunca seja."
David Baltimore, biólogo molecular do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e ganhador de um Prêmio Nobel, afirma que o experimento mostra "como esta ciência ainda é imatura".
A grande preocupação dos pesquisadores é que as pesquisas sigam ocorrendo, especialmente em lugares como a China, e que elas acabem originando bebês geneticamente modificados. Isso poderia acontecer muito antes de que houvesse debate e consenso sobre a segurança de tais procedimentos.
O que os cientistas da Universidade Sun Yat-sen tentaram fazer foi tentar "limpar" o DNA dos embriões de um gene que, quando passa por mutações, causa beta talassemia, uma doença hereditária que leva à produção anômala de hemoglobina no sangue. Eles não queriam produzir bebês, apenas testar a técnica.
O professor de biologia do Massachusetts Institute of Technology (MIT) Rudolf Jaenisch afirma que, mesmo em casos de doenças genéticas graves, editar o DNA pode levar a problemas.
Ele cita o caso da doença de Huntington, que leva o paciente à falta de coordenação motora. Ela deriva de um único gene mutante herdado --e, se o paciente tem esse gene, a chance de desenvolver a doença é de 100%.
Mesmo nesse caso extremo, afirma Jaenisch, há problemas éticos. Se o pai ou mãe tiverem a doença de Huntington, apenas metade dos embriões gerados por eles a herdarão. O problema é que o procedimento para alterar o DNA, excluindo o gene defeituoso, tem de começar cedo, bem antes de ser possível saber se aquela versão do gene é mutante.
Isso significa que, em metade dos casos, o gene seria alterado sem necessidade. "Para mim, é inaceitável mexer em embriões normais", afirma Jaenisch.
Dois artigos recentes nas principais revistas científicas do mundo trataram do tema.
Na "Science", um grupo de pesquisadores pediu uma moratória a pesquisas nesse campo. Na "Nature", Edward Lanphier, da empresa de biomedicina Sangamo Biosciences, da Califórnia, lembra que eventuais barbeiragens genéticas seriam herdadas pelos descendentes dos "bebês mutantes" criados. "Com as tecnologias atuais, os resultados são imprevisíveis."
Saúde
Bauru registra aumento no número de casos de sífilis 27/04/2015 - DCI
No Brasil, a sífilis atinge quase um milhão de pessoas sexualmente ativas, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS). Em Bauru, pelos registros da Secretaria de Saúde, em cinco anos os casos de sífilis tiveram um aumento significativo, passando de quatro (2010) para 325, no ano passado. Em gestantes o aumento ultrapassou 100%, passando de 30 para 72 casos notificados e, como consequência, o número de crianças infectadas também cresceu, foram 11 casos em 2010 contra 106 em 2014. A incidência de sífilis em parturientes no País é quatro vezes maior que a da infecção pelo HIV, aponta o Ministério da Saúde. Na avaliação da médica infectologista infantil do Departamento de Saúde Coletiva de Bauru, Renata Toledo Masoti Arcelis, as pessoas perderam o medo da Aids porque a doença hoje tem tratamento, e assim deixaram a prevenção de lado, o que fez com que outras doenças voltassem. "O problema é que a sífilis voltou, na população geral. O pessoal relaxou no uso de preservativos. Temia-se o HIV, mas a doença hoje tem tratamento." Não vá para a cama com eles
26/04/2015 - O Globo
Usuários que se cercam de smartphones, tablets e notebooks na hora de dormir perdem horas preciosas de sono, alertam médicos. No curto prazo, o hábito leva ao cansaço e a lapsos de memória; no longo, prejudica o coração. Durante a semana, o ritual da professora Julia Barros, de 36 anos, é sempre o mesmo antes de ir dormir. Por volta das 22h, ela beija o marido, lhe deseja boa noite, deita na cama e, ao invés de fechar os olhos para descansar, liga o smartphone. Ali, Julia se informa sobre o dia, conversa com amigas pelo WhatsApp, liga para a mãe por Skype, e verifica o Facebook até adormecer, por volta de 00h30m. Às 6h da manhã ela já está de pé, certa de que poderia ter tido uma noite melhor de sono não fosse a agitação causada pelo celular — o que não a impede de repetir o hábito.
O caso da professora é emblemático em mostrar como a crescente importância da tecnologia pessoal, com smartphones, tablets e computadores de telas luminosas e hiperconectadas, vem impactando o sono das pessoas. As consequências disso, afirmam especialistas, são claras: a curto prazo, menos horas e pior qualidade de sono, cansaço, problemas de memória; já a longo prazo, propensão a problemas cardíacos e diversas outras doenças.
— Passamos o dia todo trabalhando, envolvidos em mil coisas. Ao pararmos para descansar, normalmente na hora de dormir, é quando temos tempo para verificar o que está acontecendo no mundo — afirma Julia.
A professora conta que já se acostumou com as broncas do marido por causa do hábito — e ele mesmo desistiu de fazê-la mudar.
— Ele até passou a deixar a luz acesa por minha causa. Sei que isso me deixa agitada, o que faz com que eu demore a pegar no sono, mas estaria mentindo se dissesse que já tentei mudar. No máximo, tenho tentado diminuir o tempo que fico com o smartphone na cama.
PROBLEMA GLOBAL
Julia não está sozinha nessa tendência. Uma pesquisa realizada em 2013 pela Fundação Nacional do Sono dos EUA com 1.500 adultos selecionados no país, no Canadá, no México, no Reino Unido, na Alemanha e no Japão indica que mais da metade dos americanos, canadenses e ingleses, e pelo menos dois terços dos japoneses, usam algum tipo de dispositivo eletrônico ao menos uma hora antes de ir para a cama.
Não à toa, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês) classifica a insuficiência de sono como uma epidemia de saúde pública desde 2011.
E o problema não é apenas comportamental. Conforme explica Rosa Hasan, neurologista da Associação Brasileira do Sono (ABS), smartphones, tablets e computadores têm um impacto fisiológico real em nosso organismo:
— Ao manterem esses dispositivos perto da cama, as pessoas simplesmente não conseguem relaxar, por causa das notificações. Mas há um fator fisiológico também: a luz desses aparelhos inibe a produção de melatonina pelo nosso corpo, um hormônio que nos ajuda a regular o sono.Em paralelo a essa constatação, pesquisadores investigam há muito se a exposição prolongada à radiação emitida por celulares poderia aumentar as chances de câncer em usuários — algo que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), ainda não foi cientificamente comprovado.
A designer Priscilla Moulin, de 23 anos, é outra que admite trocar diariamente horas de sono por visitas a sites e redes sociais, além de partidas em jogos eletrônicos. Como consequência, ela normalmente vai dormir 1h da manhã, tendo que estar de pé às 6h30m.
— Sou uma pessoa muito agitada, e não gosto de chegar tarde em casa do trabalho e já ter que terminar o meu dia. Então, fico com essa sensação de que preciso aproveitar o tempo que me resta ao máximo, fazendo outras coisas que não dormindo — afirma a designer, que diz já ter desistido de mudar o hábito. — Cheguei a procurar médicos, mas não adiantou.
CONSEQUÊNCIAS FUTURAS
Neurologista do Instituto do Sono, em São Paulo, Luciano Ribeiro reconhece a dificuldade de conscientizar as pessoas, principalmente os mais jovens, sobre os problemas de uma rotina de sono de menos de seis horas por noite, já que muitos não sentem os problemas a curto prazo desse hábito. No entanto, ele alerta que as pessoas devem ter em mente as possíveis consequências futuras desse hábito:
— Diversos estudos mostram que as pessoas que sofrem uma privação crônica de sono acabam sofrendo maior incidência de problemas cardiovasculares, envelhecimento precoce e doenças mentais. Em alguns casos, esses problemas começam a aparecer apenas dez anos depois do início dessa rotina de sono reduzido.
Por isso, Ribeiro recomenda autocontrole na hora de ir para cama: aparelhos eletrônicos devem ficar desligados ou longe do quarto para evitar interrupções, as pessoas devem ter hora para dormir, e a temperatura do ambiente deve ser confortável. Ele ainda alerta que que de nada adianta dormir pouco todos os dias e tentar tirar o atraso nos finais de semana.
— A cama deve ser um espaço de descanso, sem que as pessoas levem trabalho ou aparelhos para ele, pois, se o fizerem, estarão sinalizando para o corpo que, ao deitar, ele não deve relaxar — afirma o neurologista. — Além disso, é importante ter um horário regular para deitar e levantar, aliado à prática de exercícios. Dormir mais no final de semana para compensar o tempo perdido nos outros dias não é jeito de combater a privação crônica do sono.
APPS E PULSEIRAS: CETICISMO MÉDICO
Apesar do papel de vilão da tecnologia pessoal na manutenção de uma boa rotina de sono, o mercado de eletrônicos vem tentando mudar essa má fama nos últimos anos. Num fenômeno recente, diversos aplicativos e acessórios têm sido lançados com a promessa de permitir que seus usuários monitorem melhor os seus hábitos para que se sintam estimulados a levar um estilo de vida mais saudável.
O jornalista Rômulo Almeida, de 27 anos, é um dos adeptos da tendência. Há cerca de um ano ele adquiriu uma pulseira inteligente e, desde então, conta que vem percebendo uma melhora significativa na qualidade do seu descanso.
— Ela tem uma série de sensores que monitoram o meu sono e outras atividades físicas. Esses dados são mostrados por meio de um app, e, a partir dele, consigo saber o quanto tenho dormido, quanto tenho caminhado, e a que horas preciso ir para a cama para cumprir minha meta de descanso — explica ele. — Por isso, desde que comecei a usar a pulseira, tenho me sentido mais motivado a ter hábitos mais regrados.
No entanto, a neurologista da ABS Andrea Bacelar diz ver com ceticismo o surgimento desses apps e dispositivos.
— Esses aplicativos que prometem informar se você está tendo um sono profundo ou leve não são precisos. As pulseiras até podem ser melhores, mas ainda sou cética quanto aos seus resultados — afirma ela. — Essas tecnologias podem funcionar como um estímulo, mas as pessoas precisam querer melhorar para ter resultados efetivos. E, para isso, ainda vale consultar um médico.
A hora e a vez do açúcar
26/04/2015 - O Estado de S.Paulo
O açúcar apareceu como protagonista de dois interessantes artigos na última semana. As principais conclusões: o que engorda nos dias de hoje é a má alimentação e não o sedentarismo, e é tão difícil parar de comer doces porque essa pode ser uma importante via de controle do estresse.
O primeiro trabalho, publicado no British Journal of Sports Medicine, revelado pelo site da BBC Brasil, traz a visão de pesquisadores do Reino Unido, África do Sul e dos Estados Unidos de que o açúcar seria hoje o grande responsável pela epidemia de obesidade que o mundo enfrenta.
Para eles, a política de marketing da indústria alimentícia de defender que a atividade física compensaria calorias adicionais e efeitos negativos da má alimentação é incorreta.
O exercício teria um papel moderado na perda de peso, ao passo que uma dieta de qualidade seria uma medida muito mais efetiva para alcançar esse objetivo. Segundo os pesquisadores, calorias provenientes de açúcar e carboidratos provocariam maior risco de depósito de gordura e gerariam ainda mais fome, enquanto calorias que se originam em alimentos gordurosos trariam maior sensação de saciedade.
Mas nem todo mundo concordou com o artigo. Para boa parte dos especialistas, a associação entre atividade física e boa alimentação ainda é a melhor receita para quem quer perder peso e se manter saudável. Para eles, a visão de que o açúcar teria um papel mais importante do que a vida sedentária na epidemia de obesidade seria bastante parcial.
Doce e estresse. O segundo artigo tenta mostrar por que muita gente come doces para aliviar tensões. O açúcar reduziria os níveis do hormônio cortisol, liberado em situações de estresse. Já se suspeitava que essa via metabólica funcionava em roedores e a nova pesquisa teria conseguido demonstrar que ela pode atuar também em nós.
Cientistas da Universidade da Califórnia (EUA) avaliaram grupos de mulheres que tomaram, durante duas semanas, bebidas adoçadas com aspartame (um adoçante artificial) ou com açúcar. Eles mediram o nível de cortisol na saliva delas e analisaram imagens do cérebro com exames de ressonância magnética, em momentos em que elas faziam testes matemáticos muito difíceis, potencialmente geradores de estresse.
O trabalho, publicado no Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, trazido pelo jornal The New York Times, mostra que, antes da dieta, todas as mulheres tinham níveis de cortisol semelhantes. Depois das duas semanas, o cortisol diminuiu no grupo que recebeu açúcar, mas não no que recebeu aspartame. A ressonância magnética também mostrou menor fluxo de sangue para áreas do cérebro relacionadas ao medo e ao estresse nas mulheres que consumiram açúcar.
Longe de indicar que as pessoas deveriam consumir açúcar e carboidratos para reduzir a ansiedade, a pesquisa sugere porque pode ser tão difícil parar de comer doces. Ao reduzir sensações desagradáveis geradas pelo estresse, alimentos com açúcar trazem algum grau de conforto e sensação de prazer. E mudar isso pode ser bem complicado!
Como o consumo exagerado de açúcar e o estresse crônico são hoje questões importantes de saúde pública, já que ambos podem contribuir para um aumento da obesidade, é importante pensar em estratégias e tratamentos que tenham como objetivo dissociar essa combinação. Mesmo que se leve em conta que a atividade física tem um papel central no controle da obesidade, não seria nada mal que as pessoas percebessem que é importante comer cada vez menos açúcar, mesmo sabendo que ele pode fazer com que a gente se sinta mais calmo e feliz. Difícil, não?
Dores nas costas: rápida evolução postural do homem pode ser culpada
27/04/2015 - O Globo
Problemas de coluna têm a ver com a rápida evolução do homem para a condição de bípede, revela estudo. Um dos problemas de coluna mais usuais, causa de dores nas costas, pode estar ligado à similaridade entre algumas vértebras humanas e as de primatas. É o que afirma uma recente pesquisa, publicada no jornal “BMC Evolutionary Biology”. O estudo, da Universidade Simon Fraser, no Canadá, sugere que a rápida evolução do ser humano para a condição bípede teve impacto na saúde do homem moderno.
Uma das explicações médicas do fato de sermos comumente afetados por doenças da coluna vertebral seria o estresse causado pela locomoção sobre duas pernas. A pesquisa dá força a essa teoria.
Causa comum de dores nas costas, a hérnia de disco pode atingir de 20% a 78% de uma população, de acordo com a região. Ela é causada pela mudança de posição do disco intervertebral. Quando relacionadas à condição vertical da coluna, as hérnias são caracterizadas por desvios de cartilagem chamadas de nódulos de Schmorl. O estudo sobre o sistema vertebral em homens, chimpanzés e orangotangos buscou justamente entender a ligação entre a postura, a forma de locomoção e a aparência dos discos vertebrais nos seres humanos e nos outros animais.
Os pesquisadores compararam as colunas de 141 pessoas, 56 chimpanzés (primatas quadrúpedes) e 27 orangotangos (primatas que costumam fazer escaladas e usam os quatro membros como mãos) e encontraram diferenças significativas em suas formas. Segundo eles, é possível explicar como os diferentes modos de locomoção contribuem para entender a evolução humana até o bipedalismo.
Entre as colunas vertebrais humanas estudadas, 54 tinham nódulos de Schmorl, indicadores esqueléticos de hérnia de disco. E os pesquisadores perceberam que as vértebras com esses nódulos ficavam parecidas com as um chimpanzé.
Isso sugere que a hérnia de disco afeta mais frequentemente as pessoas com vértebras mais próximas de nossas formas ancestrais. Esses indivíduos não seriam tão bem adaptados ao bipedalismo e sofreriam mais com os problemas correlatos da espinha dorsal.
PROPENSÃO REVELADA
Segundo a pós-doutoranda e coordenadora da pesquisa, Kimberly Plomp, o estudo “é o primeiro a usar métodos quantitativos para descobrir por que as pessoas são tão comumente afetadas por problemas nas costas em comparação com os primatas.”
— As descobertas têm implicações importantes na pesquisa clínica e indicam porque alguns indivíduos são mais propensos a essas doenças do que outros. Os resultados podem ajudar na prevenção por identificar individualidades, como é feito com os atletas, e verificar quem está correndo mais risco — explica.
Os autores afirmam que suas descobertas podem ser usadas para a interpretação de exames, bem como para ajudar a diagnosticar a suscetibilidade a hérnias de disco.
A identificação de que a influência ancestral na forma da coluna está relacionada à ocorrência de doenças comuns nas pessoas sustenta e reforça a ideia de que a rápida evolução humana para a forma bípede impactou significativamente na saúde do homem atual. Os autores, porém, não deixaram de observar que o estudo tem limitações, tais como a pequena dimensão da amostragem, incluindo a dos seres humanos — todos provenientes de populações inglesas remontando a antepassados medievais e pós-medievais. Pesquisas futuras pretendem incluir amostras maiores e múltiplas populações humanas, de diferentes origens ancestrais. Também pretendem incluir a análise de tomografias para estudar hérnias horizontais, que não deixam evidências sobre o osso, e capturar a forma 3D de dados de primatas e humanos, a fim de aprofundar as descobertas.
Consumidor terá ajuda na compra via web de itens de saúde
27/04/2015 - DCI
O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançaram na sexta-feira (24) o projeto Click Saudável. A ideia é auxiliar o consumidor na tomada de decisões mais seguras, conscientes e saudáveis durante a compra de produtos na internet.
A iniciativa conta com uma página onde são abordados assuntos como alimentação, medicamentos, tabaco, produtos químicos, saúde e beleza. O site realiza ainda enquetes sobre o perfil de comportamento e consumo dos usuários da internet.
Na cerimônia, foi assinado um termo de cooperação com a plataforma MercadoLivre, um dos maiores sites de comércio eletrônico no País, para inserção de 12 milhões de anúncios publicitários com informações de utilidade pública do Click Saudável. Também foi lançado edital para que outras empresas de comércio eletrônico possam aderir.
O diretor-presidente da Anvisa, Jaime Oliveira, avaliou que a proposta tem um aspecto preventivo e de mudança de atitude. "Um consumidor informado sabe fazer valer o seu direito e sabe fazer melhores escolhas."
Surto de dengue traz prejuízo a comerciantes e autônomos em SP
26/04/2015 - Folha de S.Paulo
Doente, psicóloga perdeu 10% da renda mensal; taxista teve que ficar duas semanas parada
Dona de sorveteria na zona norte fechou o local por 10 dias em pleno período de calor após contrair o vírus
Não bastassem as dores, o incômodo e a preocupação, a dengue ainda tem trazido prejuízos financeiros consideráveis para vítimas da doença.
Os dias não trabalhados deixam no vermelho profissionais autônomos ou donos do próprio negócio --e não há a quem recorrer, reclamam.
Até 11 de abril deste ano já foram confirmados 20.764 casos da doença na capital paulista. Nessas horas, até bate uma vontade de ter carteira assinada, conta a psicóloga Lilian Nozzolillo, 36.
Acometida pela doença por mais de uma semana, ela agradece por ter tido um feriado no período, minimizando o prejuízo.
A psicóloga calcula ter deixado de ganhar R$ 600, 10% de sua renda mensal e quase o mesmo montante que desembolsa mensalmente com o convênio de saúde (R$ 680).
"Até peguei atestado para comprovar para os meus pacientes que não estava mentindo, mas não adianta nada. As despesas e o azar são só meus", lamenta.
No caso da gerente administrativa Shirlei Mazo, 36, a doença atacou por diferentes frentes. Sua mãe, adoentada, não tem conseguido cuidar da neta, obrigando-a a voltar para casa duas horas mais cedo do que de costume.
Por outra frente, um funcionário faltou ao serviço após contrair dengue, deixando de obter R$ 5.000 ao dia para a distribuidora de fermentos de sua família, em Pirituba (zona norte de SP).
"Vai nos atrapalhar na hora de fechar as contas. Estamos meio sem saber que direção tomar", relata Shirlei.
Além do prejuízo financeiro, a dengue freou os ímpetos empreendedores de Rosângela Anunciado, 60.
Meses depois de abrir sua sorveteria, na Freguesia do Ó, na zona norte, ela precisou fechar as portas por dez dias --nos quais o calor teria acelerado as vendas, acredita.
O faturamento cairá 30%, calcula. "No começo, tudo é difícil. Parar logo de cara não é nada bom", reclama.
Rosângela queria ampliar os produtos oferecidos na loja, mas, por ora, suspendeu os planos. Ela estima que só no próximo verão será possível repor o prejuízo. "Meio que desanimei", diz.
As contas da taxista Marisa de Sousa Oliveira, 45, estão atrasadas. Depois de duas semanas de cama, ela ainda não quis sentar para calcular o tamanho do prejuízo.
Com um faturamento médio de R$ 200 por dia, a taxista diz que ainda não pôde pagar o cartão de crédito. E, para completar, seu filho, que ajuda com as contas, também ficou com dengue. Resultado: abril demorará a acabar.
Desastre aéreo estimula debate sobre depressão e trabalho
27/04/2015 - Valor Econômico
Há um mês, Andreas Lubitz, um copiloto que já tinha sido diagnosticado com depressão grave, deliberadamente lançou o voo 9525 da Germanwings, uma empresa da Lufthansa, contra os Alpes franceses, matando a si próprio e outras 149 pessoas.
O terrível acidente coloca em discussão se uma pessoa com depressão pode assumir posições de grande responsabilidade. De forma precipitada, o jornal "Daily Mail" perguntou "Por que diabos ele tinha permissão para voar?". O "The Sun" preferiu "Piloto assassino sofria de depressão: por que ele estava voando?".
Será que o choque provocado pela tragédia, além do caro processo que a Lufthansa parece estar esperando, levarão os empregadores a evitar pessoas com históricos conhecidos de problemas mentais, especialmente no recrutamento para funções importantes? Como os empregados com tendências suicidas ou homicidas serão ajudados antes de provocarem algum mal a si mesmos ou a outras pessoas?
Presumir que uma pessoa depressiva, ou mesmo suicida, é também um homicida é algo sem fundamento, diz Sue Baker, diretora da "Time to Change", uma campanha que luta pela melhoria da saúde mental no ambiente de trabalho, da instituição de caridade Mind. "Deduzir que alguém não oferece segurança por ter depressão não ajuda em nada."
Desde 2011, 325 empregadores do Reino Unido se comprometeram a enfrentar o estigma e a discriminação envolvendo a saúde mental. "Existem companhias que fazem muitas coisas construtivas e positivas visando a saúde mental e o bem-estar de seus funcionários. Nossa preocupação é que haja um retrocesso no progresso já obtido", diz.
Mandy Rutter, psicóloga clínica-chefe da consultoria Validium, especializada em saúde ocupacional, tem companhias áreas entre seus clientes. Ela diz que aumentou, após o acidente da Germanwings, o número de organizações que a procuram para se informar sobre políticas mais apropriadas envolvendo saúde mental. "Empregar alguém com depressão está sendo visto como uma coisa terrível", afirma. Para ela, o problema maior é que agora as pessoas com problemas mentais vão escondê-los de seus patrões, temendo uma caça às bruxas.
Uma pesquisa feita pela seguradora Axa PPP, realizada em fevereiro, constatou que 61% dos trabalhadores não diriam aos seus patrões que têm problemas de estresse, ansiedade ou depressão - e 25% dos pesquisados dizem ter medo de serem julgados por isso. A resposta dos gestores pareceu ter confirmado esse temor: 20% disseram que ficariam preocupados com a capacidade de um funcionário de fazer seu trabalho se algum problema de saúde mental fosse revelado.
Mark Winwood, diretor de psicologia clínica da Axa PPP e psicólogo, diz que pacientes executivos jamais falariam sobre seus problemas de saúde mental no local de trabalho. "Eles temem ser vistos como incapazes de lidar com as pressões de seus setores."
No entanto, os perigos de não se falar sobre isso são ainda maiores. Promotores afirmam que Lubitz ocultou a reaparição de sua doença da Lufthansa, rasgando um atestado médico. Sue Baker lembra dos suicídios ocorridos no setor financeiro após a crise econômica, envolvendo pessoas que tiraram suas vidas no local de trabalho.
A melhor resposta é usar a crise para ter uma conversa positiva e construtiva. Em sua opinião, acontecimentos extremos geralmente abrem as portas para medidas de prevenção para o quadro de funcionários, e não o contrário. "Sempre haverá muitos pilotos que tiveram depressão, que passaram por tratamento e com os quais é absolutamente seguro voar. Já tivemos parlamentares que falaram sobre seus problemas de depressão, além de condutores de trens, cirurgiões, entre outros. Muitas pessoas realizam tarefas que envolvem vidas, e fazem isso de forma bem-sucedida", afirma.
Especialistas temem uma reposta mal informada à tragédia da Germanwings, mas também acreditam que o acidente poderá estimular o debate sobre o tema no alto escalão das empresas e na política. Com uma em cada quatro pessoas sofrendo de depressão em algum momento de suas vidas, não é possível - ou legal - empregar apenas aquelas que estão no auge da saúde mental.
A única maneira de os empregadores diminuírem os riscos é ter uma cultura aberta e honesta, em que os funcionários podem buscar apoio antes, durante e depois dos episódios de doença mental. "Eles precisam ter uma voz mais ativa", diz Mandy Rutter.
A crise mexe com a cabeça do brasileiro
27/04/2015 - IstoÉ
O brasileiro anda vivendo dias difíceis. No trabalho, a pressão por bons resultados é intensa e a ameaça de perda do emprego, constante. Quem foi demitido sofre a angústia de tentar se recolocar profissionalmente e se deparar com portas cada vez mais fechadas. Nos jornais, a avalanche de más notícias econômicas e políticas desenha um cenário asfixiante, de perspectivas pouco animadoras para os próximos meses. Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria captou em números a sensação da maioria da população: o medo do desemprego cresceu 32% de dezembro a março e o índice de Satisfação com a Vida caiu 8% em relação a dezembro. É o menor índice da série histórica.
Essa atmosfera tão pesada começa a produzir repercussões na saúde mental dos brasileiros. Nos consultórios médicos, os últimos meses têm sido marcados pelo aumento no número de pessoas em busca de ajuda para lidar com sintomas de ansiedade e de depressão desencadeados pelas incertezas e aflições da crise que vive o País. "Só tinha visto algo parecido logo depois do 11 de setembro", afirma o psiquiatra carioca Leonardo Gama Filho, que atende em sua clínica no Rio de Janeiro desde 1992. "O total de pessoas com queixas relacionadas à situação atual se elevou exponencialmente", diz. Também no Rio de Janeiro, a psiquiatra Rita Jardim contabiliza maior busca por auxílio, inclusive no serviço público. "Desde o início do ano passei a atender no mínimo 16 pacientes por dia. Antes, eram 12", conta a médica, que atende no Hospital Psiquiátrico Municipal Jurandyr Manfredini. A psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da seção brasileira da International Stress Management Association - associação internacional dedicada à pesquisa científica e à prevenção do estresse - observa panorama semelhante em seu consultório em Porto Alegre. "Nas últimas semanas houve acréscimo de 30% na busca por informações sobre o atendimento e de 15% nos novos pacientes por causa da crise", conta.
A maioria dos indivíduos chega na frente do médico com queixas de insónia, irritabilidade, dificuldade de concentração, apatia, cansaço. Na origem dos sintomas estão o medo de perder o emprego, a ansiedade em saber se será possível encontrar um novo trabalho e a continuidade de notícias ruins sobre o País, sem perspectiva de que isso mude a curto prazo. "A crise traz uma situação de alerta a todos, que gera insegurança", explica Ana Lúcia Mandelli de Marsillac, do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina. Além disso, o clima atual também pode recrudescer a manifestação da ansiedade e da depressão em pacientes já diagnosticados. "Nesses indivíduos, em tratamento e sabidamente predispostos, o noticiário negativo leva ao agravamento dos sintomas", explica o psiquiatra Márcio Bernik, coordenador do Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas de São Paulo. Não é à toa, portanto, que os pacientes que procuram o psiquiatra Leonardo Gama Filho, do Rio de Janeiro, saem com a recomendação de evitar assistirem aos telejornais.
A associação entre crises e doenças psiquiátricas é algo indiscutível aos
olhos da ciência. A última grande lição sobre como uma coisa leva inexoravelmente à outra veio com o crash financeiro no qual os Estados Unidos e a Europa mergulharam em 2008, com consequências ainda desastrosas para muitos países. Nas nações mais fortemente afetadas, como Grécia e Espanha, boa parte da população sofreu pesadamente de ansiedade e pressão. Um levantamento realizado por pesquisadores espanhóis, por exemplo, demonstrou que entre os anos de 2006 e 2010 houve, na Espanha, 19% de aumento no número de casos de transtornos de huinor, 8% no atendimento a crises de ansiedade e de 5% de doenças associadas ao abuso de álcool.
Ansiedade e depressão são enfermidades diferentes mas passíveis de serem desencadeadas em tempos complicados. Isso porque são resultado de uma combinação que inclui desde mecanismos desenvolvidos pelos homens ao longo de sua evolução até folhas na construção da resiliência - a capacidade de cada um de resistir às pressões. No caso da ansiedade, trata-se de um estado necessário à sobrevivência. E ela que ajuda o corpo a se preparar para uma situação adversa, ameaçadora. Por isso, vem marcada fisicamente por respostas que deixam o organismo
pronto para reagir: aumentam a pressão arterial e o batimento cardíaco e deixam o cérebro em alerta.
O problema é quando esse estado de prontidão não se desarma. Desta forma, a possibilidade de haver um remanejamento na empresa ou de não conseguir pagar a próxima prestação do carro é capaz de acionar de novo e de novo o esquema, trazendo um sofrimento tão grande e tão freqüente que a pessoa tem dificuldade para viver sua vida normalmente. É o que os médicos chamam de ansiedade disfuncional. Ou seja, ela perdeu sua função principal, a de ajudar o corpo a responder, e passou a ser uma doença.
Na depressão, a reação é outra. Duas das marcas da enfermidade são a apatia e a extrema dificuldade de enxergar novas perspectivas, a luz no fim do túnel. Circunstâncias difíceis - como as experimentadas atualmente no Brasil - engrossam o caldo propício à manifestação ou ao agravamento de ambas as características.
Um ponto comum no desencadeamento da ansiedade e da depressão é um processo fisiológico que tem por trás o estresse crônico - algo que tende a se acentuar em dias como os atuais. São cada vez mais evidentes as constatações científicas de que submeter a mente ao estresse durante períodos mais extensos promove mudanças no cérebro que deixam as pessoas mais vulneráveis às duas enfermidades. Uma delas é o aumento no surgimento de células produtoras de mielina (bainha que recobre as fibras nervosas) e menor produção de novos neurônios. Isso provoca uma
quebra no delicado equilíbrio do sistema de transmissão de informação entre um neurônio e outro, predispondo o cérebro a apresentar falhas em seu funcionamento que podem resultar nas duas enfermidades.
Como não se tratam aqui de questões simples de serem resolvidas, para as quais exista apenas uma saída, o tratamento das duas doenças exige medidas diversas. Do ponto de vista médico, elas incluem o fornecimento de medicação e psicoterapia. Os remédios são os antidepressivos e os ansiolíticos. Os primeiros atuam sobre o sistema de serotonina, umas das substâncias que faz a comunicação entre os neurônios e que está envolvida, entre outras funções, no processamento das emoções. Eles não causam dependência e alguns são indicados também para casos de ansiedade. Já os ansiolíticos impedem a ação do GABA, substância presente no sistema nervoso central que também age na comunicação entre os neurônios. Desta maneira, reduz a velocidade do funcionamento do sistema, atenuando os efeitos da ansiedade. Alguns podem causar dependência de acordo com a dose e o tempo de uso. Por isso, o ideal é que sejam usados em baixa dosagem e por curto espaço de
tempo (entre três e quatro meses).
A opção pelo medicamento é uma atitude que deve obedecer a critérios claros. "Há situações nas quais não é preciso remédio", explica o psiquiatra Miguel Jorge, professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "O momento adequado de indicar um remédio é quando a pessoa está vivendo a situação com sofrimento intenso e/ou quando ela está afetando seu dia a dia", completa.
É consenso entre os especialistas também que a abordagem psicoterápica é fundamental. "Não é incomum, por exemplo, que uma pessoa que tenha quadro de pânico, mesmo sem crise há dois anos, não consiga ir ao cinema. Esse medo não passa com remédio. É preciso trabalhar a parte psico-
lógica", explica Miguel Jorge.
A modalidade de terapia mais indicada é a cognitivo-comportamental. Como diz o nome, ela atua nas esferas cognitiva, dos pensamentos, e de suas manifestações comportamentais. O objetivo é ajudar o paciente a identificar pensamentos que estejam associados ao aparecimento de sintomas, encontrar formas de neutralizá-los ou de transformá-los e mudar os comportamentos que normalmente estão a ele vinculados. Na prática, significa, por exemplo, auxiliar um paciente a dar nova avaliação a uma situação que considera ameaçadora. "Muitas vezes a pessoa hiper valoriza os riscos mas não enxerga os recursos que tem para superá-los", explica a psiquiatra Gisele Gus Manfro, professora do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
O terapeuta estimula o indivíduo a perceber que está focando apenas no lado mais sombrio e o incentiva a encontrar maneiras mais positivas de analisar a questão. "Muitos indivíduos se depreciam, com pensamentos do tipo 'não sou bom o suficiente para o mercado atual'. Isso potencializa a chance de apresentar ansiedade e estresse", diz Allessandra Ferreira, especialista em gestão de pessoas e coaching. Uma das formas de evitar armadilhas como esta é aumentar a resiliência. "Em uma situação na qual muita gente já está perdendo emprego e vai receber o fundo de garantia, o que a pessoa pode fazer? Pode mapear o que tem de melhor e começar uma nova carreira. Um momento terrível pode ser um momento de libertação. A pessoa pode desenvolver uma vocação", explica a psicóloga Mônica Portella, do Rio de Janeiro.
Opções como a prática da ioga e da meditação também têm respaldo científico de eficácia. Na Unitesp, há o estudo do mindfulness, prática que, por meio de exercícios de respiração, ajuda as pessoas a voltar a atenção para o presente, reduzindo a ansiedade em relação ao futuro. "Na rotina de traba-
lho agitada, as pessoas focam a atenção nas expectativas, no futuro, e não o que fazer no momento presente", explica a psicóloga Isabel Weiss, pesquisadora da instituição paulista.
Uma ampla análise feita pela Organização Mundial de Saúde a respeito do impacto da crise europeia sobre a saúde mental apontou que medidas sociais também são importantes para amenizar os efeitos. Entre elas estão a instalação de programas de assistência a desempregados, de apoio às famílias com portadores de ansiedade e depressão e serviços que ajudem na renegociação de dívidas. Além disso, a entidade sugere o aumento no preço das bebidas alcoólicas.
‘Se a família não liberar, a doação não acontece’
27/04/2015 - O Globo
Rodrigo Sarlo, nefrologista Coordenador do Programa Estadual de Transplantes (PET) e do Módulo de Órgãos da Pós-Graduação da Associação de Medicina Intensiva Brasileira
“Tenho 31 anos, sou casado e tenho um filho de sete meses. Sou o único médico da família. Acho que vivemos hoje uma realidade positiva no Rio de Janeiro no quesito doação de órgãos e transplante, mas precisamos do apoio da sociedade. Temos que desmistificar muitas questões neste processo.”
Conte algo que não sei.
A pessoa, mesmo que deixe um documento em vida mostrando interesse em ser doadora de órgãos, depende do aval da família para que isso aconteça. Ou seja, de acordo com a nossa legislação, este tipo de documento não tem valor legal. Se a família não liberar, a doação não acontece.
Qual é o maior desafio que existe hoje para que haja a doação de órgãos?
É justamente nessa questão de lidar com o ser humano. A primeira dificuldade é com o diagnóstico da morte encefálica. É complicado os familiares compreenderem que isso é praticamente morte, e é nesse momento que as decisões devem ser tomadas. A gente também esbarra um pouco nas questões religiosas de cada família. Além disso, existe um mito ainda de que não é preservada a integridade do corpo depois da retirada dos órgãos.
Por que existia, então, um incentivo para que as pessoas manifestassem a vontade de ser ou não doadoras?
O que aconteceu é que em 1997 houve uma campanha para que a população colocasse na carteira de identidade caso não quisesse doar os órgãos. Na verdade, isso gerou um prejuízo, porque as pessoas passaram a achar que se elas dessem entrada em algum hospital, alguém poderia retirar os órgãos delas. Isso não foi bem compreendido.
Se os documentos deixados em vida não têm valor para ser doador, por que fazer uma campanha para as pessoas manifestarem essa vontade?
Porque isso gera o debate. A nossa campanha DOE VIDA tem a intenção de provocar a discussão do assunto entre as famílias. Estamos nos mirando no exemplo da Lei Seca. Era algo distante, que virou debate e hoje mudou a cultura das pessoas. Doação e transplante não podem ser tabus. Fazem parte da nossa vida e podem ajudar outras tantas.
Como está o Rio de Janeiro hoje em relação à doação de órgãos?
Desde 2010, quando foi criado, o PET já salvou mais de 5,2 mil vidas com cirurgias de transplante de órgãos e tecidos no estado do Rio. Na época, eram cinco doadores por milhão de pessoas. Só no primeiro trimestre de 2015, já chegamos a 19 doadores por milhão. Se pensarmos que na Espanha, que é o país referência no quesito doação, existe uma média de 35 doadores por milhão, mostra que estamos no caminho certo. Os hospitais e os profissionais especializados do Rio fazem um trabalho incrível.
Se você precisasse de um transplante, ficaria relativamente tranquilo de que conseguiria fazer o procedimento?
As pessoas que precisam de órgãos ficam em uma lista. Há uma prioridade. Se existe um doador dentro da cidade do Rio, estes órgãos vão para quem mora dentro do município. Por causa do tempo. Uma cirurgia de transplante não é simples e não é qualquer hospital que a realiza. Para se ter uma ideia, são mais de 50 profissionais envolvidos desde a notificação da morte cerebral de um paciente até a retirada do órgão, e é sempre uma corrida contra o tempo. Existem hoje duas mil pessoas na lista de espera de transplantes no estado. Então, se a pessoa vive dentro da cidade do Rio, que é o local onde há mais possibilidades, as chances são maiores.
Com total de 222 mil casos, dengue bate recorde em S. Paulo
27/04/2015 - Folha de S.Paulo
Já são 125 mortos no Estado, mas 90 óbitos ainda estão sob investigação e podem ser atribuídos à doença
Só existem 31 cidades paulistas sem nenhuma pessoa infectada, contra 169 municípios anteriormente
O número de casos confirmados de dengue no Estado de São Paulo, até o dia 22 de abril, é o maior já registrado na série histórica disponível, iniciada em 1986.
São 222.044 vítimas da doença em 645 cidades, segundo o último boletim do Centro de Vigilância Epidemiológica estadual, órgão que tabula os resultados, divulgado no final de semana.
O recorde de contaminados pela doença era de 2013, quando 209.052 pessoas se infectaram durante o ano em todo o Estado. Em 2014, foram 204.236 confirmações.
Outro resultado negativo próximo de ter o recorde batido na epidemia deste ano em São Paulo --são mais de 300 casos por 100 mil habitantes, o que configura situação epidêmica-- é o número de mortes confirmadas.
Já são ao menos 125 óbitos contra 141 de 2010, ano com mortes por causa da doença no Estado, segundo dado do Ministério da Saúde.
O agravante é que outras cerca de 90 mortes ainda estão tendo a causa de dengue checada em laboratório.
Municípios do noroeste do Estado que tiveram surtos fortes da doença, como Bauru, Marília, Botucatu, Araçatuba e Bebedouro, que enfrentam a dengue desde janeiro, começam a ter uma desaceleração das confirmações.
Por outro lado, a doença ainda segue em ritmo forte de contaminação em cidades da Baixada Santista, da Grande São Paulo e da região de Campinas, por exemplo.
CONCENTRAÇÃO
Trinta cidades paulistas, todas com mais de 1.200 confirmações de dengue, detêm 62% dos casos do Estado. Até meados de março, essa concentração era maior, 66%.
Em números absolutos, Campinas, Sorocaba, São Paulo, Sumaré e Catanduva, todos com mais de 6.400 registros de infectados, são os municípios que somam mais doentes por dengue.
Até o dia 20 de março, 169 cidades estavam imunes à dengue. O número desabou para 31 no último balanço.
Pesquisadores e autoridades de saúde ainda não conhecem as razões para uma ação de ação do mosquito Aedes aegypti, mas a forte presença do vírus tipo 1 da dengue (um dos quatro existentes) neste ano, aliada à baixa imunidade de parte da população a esse sorotipo, é um dos fatores em análise.
Diversas prefeituras do Estado, como a da capital, onde já há epidemia em 13 distritos, pediram auxílio de homens do Exército para ajudar na contenção dos focos da dengue. Cerca de 80% deles ficam dentro das casas.
A Secretaria de Estado da Saúde montou uma operação de auxílio aos municípios para tentar controlar as contaminações. A pasta investiu R$ 6 milhões na contratação de novos agentes e na compra de equipamentos.
O pico de infestação da dengue deve se dar agora, entre a última semana de abril e o começo de maio.
Com menos chuvas e temperaturas mais baixas, as condições de proliferação do mosquito devem minguar.
Em fase final de testes, a perspectiva é que, até o ano que vem, o país passe a contar com uma vacina eficaz contra os quatro sorotipos do vírus da dengue.
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