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Medicamentos
Vendas dos distribuidores regionais cresceram 20,2% 19/03/2015 - DCI O setor farma que tem perspectivas de dobrar suas vendas nos próximos anos, de acordo com dados da IMS Health, em 2014 alcançou um faturamento de R$ 65,7 bilhões, apresentando crescimento de 13,28% em relação ao ano anterior. Já o faturamento dos associados da Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan), no ano de 2014, alcançou R$ 9,6 bilhões, que representa um crescimento de 20,2% em relação ao ano de 2013. Os associados da Abradilan, são responsáveis pela distribuição de 20% dos medicamentos no Brasil, e 26,8% dos medicamentos genéricos. Além disso, os 138 associados visitam 96% dos municípios e atendem 79% das farmácias do País, estão em 24 estados e empregam 9.800 pessoas diretamente. A Abradilan é a responsável pela Abradilan Farma, a maior feira do setor farmacêutico, que este ano acontece entre os dias 18 e 20 de março no Expo Center Norte, em São Paulo. O evento atraiu mais de 19 mil visitantes no ano passado, em Fortaleza (CE), com mais de 200 marcas. Faltam vacinas nos postos do estado e imunizações atrasam 19/03/2015 - O Globo Postos de saúde no Estado do Rio sofrem escassez de vacinas neste início do ano. As vacinações tetraviral (contra sarampo, caxumba, rubéola e catapora), dupla adulta (contra difteria e tétano) e contra febre amarela estão com atrasos de meses. Já a prevenção para a tuberculose, a BCG, teve sua remessa de estoque reduzida à metade neste mês e o prazo para entrega foi adiado para o dia 20. Os casos mais drásticos ocorrem com as vacinas HIB, que protege contra meningites e doenças respiratórias, e VARH, defesa contra o rotavírus humano, que estão com seus estoques zerados. Porém, a realidade no estado não é isolada. — Um dos grandes desafios é ter uma produção de vacinas suficiente para atender à demanda mundial, não só o Brasil. Temos poucos fabricantes no mundo. E você não faz vacina da noite para o dia. Uma vacina pode, por exemplo, demorar 15 meses desde a sua produção para ser distribuída — afirma Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). O Ministério da Saúde também afirma que a redução na oferta de vacinas está ligada à baixa produção das fábricas. O governo federal, atualmente, mantém acordos específicos com diversas produtoras para a elaboração dos diferentes tipos. — Um problema antigo é a falta da vacina tetraviral. Ela está em falta há muito tempo. Felizmente hoje os critérios de qualidade são muito rigorosos. Um dos lotes dessa vacina teve problemas lá no fabricante. Por conta do problema, um lote inteiro foi perdido. Com a demanda mundial crescente, é necessário ter mais fábricas e isso tudo demora. Inclusive na rede privada — afirma Isabella. FORNECIMENTO ‘RACIONADO’ A redução na quantidade de vacinas se reflete no fornecimento à população. Gestantes e acidentados passam a ter prioridade na aplicação da dupla adulta, enquanto cadastramentos de usuários estão sendo feitos para vacinação da HIB. A imunização contra a febre amarela e a BCG passaram a ser centralizadas em postos específicos e horários determinados. Ainda assim, Isabella acredita que estratégias antigas podem ser recuperadas para este novo cenário: — A gente não espera que as crianças fiquem sem BCG. Os municípios estão se organizando. É importante lembrar que há anos a BCG tinha uma data certa, um dia certo para tomar, porque a vacina é um frasco com 10 doses. Uma vez aberto, tem que ser utilizado em seis horas. Hoje não é mais assim, mas, com a oferta diminuída é importante a população entender que vai precisar se informar sobre o dia em que o posto vai oferecê-la. A BCG deve ser aplicada nos bebês logo nos primeiros dias de vida. Se não for possível, deverá ser aplicada após um mês.
Pesquisa e Desenvolvimento
Saúde
Dieta pode reduzir em um terço risco de enfarte 19/03/2015 - O Globo Um estudo da King’s College de Londres concluiu que seguir uma dieta saudável pode trazer mais benefícios do que um corpo esbelto. Observando 162 pessoas de 40 a 70 anos durante 365 dias, cientistas constataram que mudanças nos hábitos alimentares podem reduzir em até um terço o risco de ataque cardíacos e derrames cerebrais. Entre as medidas adotadas estavam a restrição de sal e açúcar e a substituição de alimentos gordurosos por carnes magras e frutas. França reconhece ligação entre próteses de silicone e câncer 19/03/2015 - O Estado de S.Paulo As autoridades sanitárias da França informaram ontem que uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer francês estabeleceu “vínculos claros” entre implantes de próteses mamárias e 18 casos da câncer de seios. A conclusão fará o Ministério da Saúde do país monitorar pacientes e pode levar à proibição do uso de produtos de fabricantes envolvidos nos casos diagnosticados. Trata-sedo relatório mais importante sobre o tema desde 2011, quando da eclosão do escândalo em torno das próteses da marca francesa Poly Implant Prothèse (PIP), produzidas com silicone industrial. Segundo a investigação dos especialistas do instituto, 400 mil casos de implantes foram apurados – 80% com definições estéticas–, e em apenas 18 foram identificados linfomas anasplásicos de grandes células.O problema: todos estavam associados ao uso de próteses de silicone. “Existe um vínculo claramente estabelecido entre a ocorrência da patologia e o porte de implantes mamários”,diz o relatório. Desses casos de exceção, 100% diz respeito a implantes “texturizados”, com superfície áspera, e 14 deles são relativos a pacientes que portam materiais de um fabricante americano, a marca Allergan. Nem por isso,porém,o governo francês recomenda uma nova cirurgia de retirada ou substituição das próteses.“Nossavigilância é de 100%. As mulheres não devem ceder à inquietude exagerada”, reiterou a ministra da Saúde, Marisol Touraine. A ministra ressaltou que, por ora, ainda não é possível concluir pelo banimento ou pela criminalização de nenhuma fabricante de próteses, ao contrário do que aconteceu em 2011. De acordo com François Hébert,diretor-geral da Agência Nacional de Medicamentos (ANSM), as pesquisas continuarão e, se ficar comprovada a associação entre casos de câncer e um tipo específico de prótese ou fabricante,o órgão recomendará a substituição.“Se tivermos de começar a bani-los, iremos fazê-lo.” Consultado pela agência France Presse (AFP), o fabricante americano envolvido, Allergan, informou estar colaborando com as autoridades durante as pesquisas e recomendou a todas as pacientes que portam próteses de silicone que realizem exames preventivos anuais a partir dos 25 anos de idade. Brasil. A França realiza um monitoramento especial de casos de câncer eventualmente associados às próteses de silicone desde o escândalo PIP, que envolveu a maior fabricante do País e uma das maiores do mundo– com presença forte no Brasil. O vínculo entre a doença e os implantes foi estabelecido pela primeira vezes há cinco anos, em um caso justamente motivado pelo vazamento de silicone industrial –impróprio para o uso médico – no interior do organismo da paciente. Com base nessa constatação,o instituto passou a realizar estudos de grandes proporções para tentar delimitar o problema. Conselho vai exigir apuração de novas denúncias sobre o Mais Médicos 18/03/2015 - Folha de S.Paulo O CFM (Conselho Federal de Medicina) vai exigir a apuração das novas denúncias acerca do programa Mais Médicos, lançado pelo governo Dilma Rousseff (PT) em 2013. Em gravações de um encontro ocorrido entre membros do Ministério da Saúde e da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), uma assessora da pasta dá a entender que o objetivo do Mais Médicos seria atender ao governo cubano. Ainda de acordo as gravações, reveladas pelo "Jornal da Band" (TV Bandeirantes), a abertura para inscrições de médicos de outros países seria uma forma de esconder esse intuito. O CFM divulgou nota informando que a entidade irá cobrar a investigação da nova denúncia junto ao Tribunal de Contas da União e Ministério Público. Para o vice-presidente do CFM, Mauro Ribeiro, a nova revelação não surpreende. "Isso vai de encontro com o que o conselho tem falado desde o lançamento do programa, quando nos acusavam de estarmos sendo corporativistas. O Mais Médicos não tem compromisso com a assistência médica, é um programa eleitoreiro." O secretário de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Hêider Pinto, nega que a pasta tenha tentado esconder a relevância dos cubanos para o Mais Médicos, assim como é sugerido nas gravações. "Está tudo transparente na lei dos Mais Médicos, isso é um assunto ultrapassado que não se sustenta. O nosso termo de cooperação foi celebrado com a Opas. São eles que dialogam com Cuba." O secretário não comentou o conteúdo das gravações reveladas pela TV Bandeirantes, alegando desconhecer a procedência dos áudios. Até dezembro de 2014, dos 14.462 profissionais trabalhando no Mais Médicos, 11.429 –quase 80% do total– eram cubanos. MAIS POLÊMICAS Uma das vitrines eleitorais de Dilma Rousseff na campanha presidencial de 2014, o programa Mais Médicos é cercado por polêmicas desde seu lançamento, em 2013. À época, houve boicote nas inscrições de médicos brasileiros que contestavam a não exigência do Revalida (exame para revalidação de diploma do estrangeiros). A Folha revelou na sexta-feira (13) que o governo cubano está pressionando profissionais do programa federal para que seus familiares (cônjuges e filhos) que estejam no Brasil retornem imediatamente a Cuba. Também neste mês, relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) apontou que quase metade (49%) das primeiras cidades a receber profissionais do Mais Médicos registrou diminuição no número de doutores na rede pública municipal após menos de um ano. Dengue se alastra no Estado de SP; São José dos Campos decreta epidemia 18/03/2015 - Folha de S.Paulo Nesta quarta-feira (18) a prefeitura de São José dos Campos (a 90 km de São Paulo) decretou epidemia de dengue na cidade. De acordo a Secretaria de Saúde, foram registrados 762 casos da doença neste ano no município. A última epidemia de dengue que São José dos Campos enfrentou foi em 2011. Na terça, a prefeitura de Birigui (a 503 km de São Paulo) confirmou que a primeira morte por dengue neste ano na cidade ocorreu no último dia 7. A vítima, de 85 anos, apresentava outras doenças crônicas, como pneumonia, o que a colocava no grupo de risco. Segundo a Vigilância Epidemiológica do município, o paciente foi hospitalizado em 2 de março, com quadro grave de pneumonia e febre e, depois de cinco dias internado, morreu. Em Campinas (a 90 km de São Paulo), a Secretaria de Saúde informou que, até o dia 16, foram confirmados 1.697 casos de dengue, com a morte de um homem de 78 anos. O Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) tem outros 5.050 casos em observação.Na semana passada, foram registradas cinco mortes causadas por dengue no interior paulista. Em Mogi Mirim (a 148 km de São Paulo), onde foram confirmados até o momento 1.995 casos, contra 151 no mesmo período do ano passado, morreram duas mulheres, de 68 e de 28 anos; em Bauru, com 827 casos de dengue no ano, morreram uma mulher de 73 anos e dois homens, de 80 e de 74 anos. Em Sorocaba (a 97 km de São Paulo) há 12 casos de óbitos notificados, sendo cinco confirmados para dengue e sete aguardando resultado de exames. Em Limeira (a 143 km de São Paulo), de acordo com dados do último dia 9, há sete notificações de óbito aguardando confirmação. Na cidade de Marília (a 440 km de São Paulo), foram confirmadas seis mortes. Na capital do Estado, um menino de 11 anos, morador do Jardim Miriam, zona sul da cidade, também morreu por dengue. É a segunda morte que a doença causa neste ano na cidade. Segundo dados divulgados na semana passada, pela Secretaria Municipal de São Paulo, foram confirmados 2.438 casos de dengue na capital paulista entre 4 de janeiro a 28 de fevereiro. A quantidade é quase três vezes mais do que no mesmo período do ano passado. Blitz da dengue em SP tem resistência e constrangimento de moradores 19/03/2015 - Folha de S.Paulo A moradora do sobrado de classe média de Santana, na zona norte de São Paulo, abre as portas para os "guardas da dengue". Mal começam a inspeção do térreo, ela se apressa em retirar os pratos de vasos de plantas do terraço para evitar qualquer flagrante de larvas do Aedes aegypti. Na zona leste, a fiscalização bate na porta de 65 casas, mas em 18 delas não consegue entrar. Em algumas, parece não haver ninguém mesmo; em outras, ruídos ou luzes indicam que moradores não querem receber os agentes. Em meio ao avanço da doença em 2015, quando os casos triplicaram na cidade, moradores que resistem à inspeção ou ficam constrangidos pelo cenário de risco no próprio quintal são comuns diante dos agentes da Covisa (Coordenação de Vigilância em Saúde, ligada à prefeitura). Entre os vilões mais recorrentes que abrigam larvas, conforme duas blitze acompanhadas pela Folha, estão pratos de vasos e baldes usados para guardar água da chuva. Na zona norte, quase metade das visitas achava sinais das larvas. Na leste, em uma a cada quatro ou cinco casas. "A gente enfrenta muita recusa, encontramos de tudo. Tem gente que, mesmo com situação crítica por perto, não quer nem nos ouvir", afirma a fiscal Dulcineia Rocha. "Acham que é desnecessário", diz o agente Luiz Oliveira. A prefeitura tem em torno de 2.500 inspetores da dengue à procura de larvas. O acesso deles aos imóveis é feito, de modo geral, mediante a liberação dos moradores. Em caso de recusa e avaliação de que há risco à saúde pública, a prefeitura diz que pode recorrer à Justiça -mas, na prática, isso nunca chegou a ser feito. Na zona leste, mesmo alertado pelos inspetores devido à presença de criadouros em uma caixa-d'água e um frasco no depósito de sucata, Fernando Brito, 58, responsável pelo lixo reciclável, não revelou preocupação. "Aqui não tem dengue. Se tivesse, eu seria o cara mais dengoso do bairro." As visitas nos bairros de Ermelino Matarazzo e Santana ocorreram porque houve notificações de suspeita. Caso a doença seja confirmada no laboratório, os agentes voltarão aplicando inseticida. Em fevereiro, a Folha mostrou que a ação dos agentes vinha sendo prejudicada na zona norte pela falta de veículos. A prefeitura alegou que havia um processo de troca da empresa responsável pelo serviço, mas que os carros já foram repostos. Evento propõe olhar multidisciplinar a síndrome de Down 19/03/2015 - Folha de S.Paulo Por ocasião do dia internacional da síndrome de Down, no sábado (21), a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo realiza um evento nesta quinta (19) e sexta (20) sobre o tema. A programação inclui palestra do cartunista Flávio Soares. Ele faz crônicas bem-humoradas da rotina com seu filho, que tem a síndrome de Down, no site "A Vida com Logan". Nutrição, ortopedia, fonoaudiologia, educação e inclusão serão abordadas ao longo da programação, que ocorre entre as 17h e 20h nos dois dias. A professora Sandra Cristina Fonseca Pires, responsável pelo evento e integrante do ambulatório de síndrome de Down da Santa Casa, diz que o intuito é estimular o olhar multidisciplinar a esses pacientes. As inscrições podem ser feitas no local do evento, o anfiteatro do Prédio Novo (rua Doutor Cesário Mota Júnior, 112, Vila Buarque). Uma em cada dez cidades já tem epidemia de dengue 19/03/2015 - Folha de S.Paulo Cerca de uma em cada dez cidades brasileiras já tem neste ano índices epidêmicos de dengue, conforme levantamento do Ministério da Saúde a pedido da Folha. Isso significa que, em 511 municípios do país, a incidência de dengue supera 300 casos por 100 mil habitantes --ou seja, acima do parâmetro definido pela Organização Mundial de Saúde para constatar índices altos da doença. Em média, essas cidades apresentam 895 casos a cada 100 mil habitantes, contra a média nacional de 110 casos. Juntas, elas respondem por dois terços dos registros de dengue no Brasil --que soma 224 mil casos desde janeiro, 162% acima do verificado em igual período do ano passado. São Paulo tem 268 municípios em patamar de epidemia, a maior quantidade entre os Estados. Em seguida estão Goiás, com 84 cidades, e Paraná, com 47. O infectologista Marcos Boulos, da coordenadoria estadual de controle de doenças de São Paulo, prevê novo recorde de casos neste ano. "Já há filas de quatro a seis horas para atendimento médico. Estamos preocupados." Ele atribui os resultados da dengue no Estado ao fato de muitas cidades não terem tido contato anterior com a doença --como só é possível contrair os diferentes tipos de vírus uma vez, os moradores desses lugares são mais vulneráveis que os demais. O ministro da Saúde, Arthur Chioro, já disse que não se pode descartar uma nova epidemia no país, embora menor do que a registrada em 2013, quando houve 425 mil casos nesse mesmo período. O secretário de saúde de Goiás, Leonardo Vilela, diz que a situação é preocupante, mas que os casos no Estado começam a estabilizar. No Acre, a preocupação é que as recentes enchentes facilitem a proliferação do mosquito transmissor. "O acúmulo de água pode fazer com que surjam mais casos", diz Eliane Costa, gerente de vigilância epidemiológica no Estado. Giovanini Coelho, coordenador do Programa Nacional de Controle de Dengue, diz que, embora os dados mostrem a alta incidência em 511 municípios, cabe a cada prefeitura enquadrar seu cenário como epidêmico, definir ações para controle e solicitar apoio estadual e federal, caso considere necessário. Em alguns casos, elas podem decretar estado de emergência para obter mais recursos. Das cidades com situação epidêmica, 87% são municípios pequenos, abaixo de 50 mil habitantes. Para Boulos, eles têm maior dificuldade em obter recursos, e, com isso, contratar agentes para combater a doença. A doença da saúde suplementar 19/03/2015 - Folha de S.Paulo Se não mudarmos o modelo de remuneração, as distorções podem até ser minimizadas, mas serão substituídas por outras mais elaboradas. O chamado escândalo das próteses é um tema importantíssimo, mas constitui apenas um dos sintomas nefastos de uma doença maior: o modelo de remuneração de prestadores de serviços médicos, principalmente hospitais. É caso de polícia a indicação que alguns médicos fazem de órteses, próteses e materiais especiais (OPME) sem a devida indicação clínica com o simples propósito de aumentar seus ganhos financeiros. A lógica por trás dessa prática, no entanto, é a mesma que incentiva a indicação de uma enorme quantidade de exames e procedimentos médicos: o modelo atual de remuneração, que estimula o consumo de OPME, de materiais em geral, de medicamentos e de tecnologia como fonte de receita. É importante dizer que, ao concentrar seu ganho no almoxarifado, os hospitais buscam compensar a perda que têm com os valores de diárias, taxas e serviços que vêm sendo comprimidos nas negociações com as operadoras de saúde. Esse modelo cria graves distorções, como a redução do ganho da maioria dos médicos --que age com lisura--, comprimido por gastos crescentes com insumos, que respondem às vezes por 60% de uma conta hospitalar, e a realização de procedimentos desnecessários ou sem a devida comprovação de indicação clínica. Ademais, não há alinhamento com o propósito do sistema, que deveria ser o de alcançar o melhor desfecho clínico com a melhor equação custo-qualidade-efetividade e incentiva o desperdício em um setor que tem uma carência crônica de recursos. Para o consumidor de plano de saúde, essa situação se traduz em mensalidades maiores e insegurança clínica. É um sistema que se alimenta do aumento das receitas pagas pelos beneficiários, e não da racionalidade no uso dos recursos. Se não mudarmos esse modelo de remuneração, as distorções podem até ser minimizadas, mas serão substituídas por outras mais elaboradas. Vão continuar alinhadas a incentivos econômicos que atendem aos interesses de alguns atores da cadeia produtiva, mas não aos daqueles de quem se pretende cuidar. Tanto para hospitais como para operadoras, a mudança de modelo é também desejável. O que sistemas de saúde mais desenvolvidos praticam é a chamada remuneração por pacotes e diárias globais, em que são negociados valores fixos atrelados à condição clínica do paciente e a protocolos balizadores de tratamento. Alguns mais avançados já envolvem um percentual de remuneração condicionado ao sucesso efetivo alcançado para o paciente. O nome do jogo passa a ser o da eficiência: ganha mais quem tem melhor desempenho, e não quem gasta mais. No Brasil, essa mudança no modelo de remuneração ainda encontra resistências. Vem sendo desvirtuada pela discussão a respeito de o governo estender ou não a regulamentação na saúde suplementar para os prestadores de serviço, como hospitais, uma vez que a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) só regula as operadoras de saúde. A própria ANS já tentou patrocinar essa mudança e, por mais de dois anos, manteve um grupo de trabalho para a discussão do tema com representantes de hospitais e operadoras. Esse esforço, infelizmente, não atingiu objetivos práticos. Interesses à parte, é difícil acreditar que o mercado, por si só, será capaz de promover essa mudança. Urge que o Ministério da Saúde, em conjunto com as agências reguladoras e demais órgãos envolvidos, conduza esse processo vital para maior eficiência e sustentabilidade do setor. Essa é uma ação imprescindível e estruturante que irá melhorar a saúde (e o bolso) de mais de 50 milhões de brasileiros. |