USP concede título de Doutora Honoris Causa à Dra. Maria da Penha Maia Fernandes

 

O reitor da USP, Prof. Dr. Carlos Gilberto Carlotti Junior; a vice-reitora, Profª Dra. Maria Arminda do Nascimento Arruda; o presidente do CRF-SP, Dr. Marcelo Polacow; e o diretor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, Prof. Dr. Humberto Gomes FerrazO reitor da USP, Prof. Dr. Carlos Gilberto Carlotti Junior; a vice-reitora, Profª Dra. Maria Arminda do Nascimento Arruda; o presidente do CRF-SP, Dr. Marcelo Polacow; e o diretor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, Prof. Dr. Humberto Gomes Ferraz

São Paulo, 22 de março de 2023.

Na tarde de terça-feira (21), o presidente do CRF-SP, Dr. Marcelo Polacow, participou da solenidade híbrida para outorga do título de Doutora Honoris Causa da Universidade de São Paulo (USP) à farmacêutica Dra. Maria da Penha Maia Fernandes, em reconhecimento a sua luta em defesa das mulheres vítimas de violência.

A indicação foi uma iniciativa do diretor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, o Prof. Dr. Humberto Gomes Ferraz, que, durante a cerimônia, afirmou: “A Lei 11.640 de 7 de agosto de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha, hoje é um marco na proteção dos direitos das mulheres e até hoje é considerada uma das mais avançadas do mundo no que tange ao combate à violência doméstica. Prevê medidas de proteção às vítimas e punições mais rigorosas aos agressores, além de ações preventivas para evitar esse tipo de violência”.

Ele ainda elogiou ações como a campanha Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica criada pela Associação de Magistrados Brasileiros (AMB) em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2020, e que conta com o apoio do CRF-SP. A iniciativa consiste em oferecer treinamento aos trabalhadores das farmácias – farmacêuticos e balconistas – no sentido de acolher vítimas e acionar a polícia.

“Prover suporte à sociedade é um dos pilares da profissão farmacêutica. No nosso caso, especificamente, fornecemos informações sobre medicamentos, que é uma atribuição exclusiva do farmacêutico. Isso faz com que estejamos muito perto do paciente, sendo assim, as mulheres têm acesso a um canal interessante para denunciar e buscar ajuda da sociedade. Então, a campanha é mais uma possibilidade para auxiliá-las no combate à violência doméstica”, comentou o farmacêutico.

'Perdi o movimento das pernas, mas ganhei asas'

A farmacêutica Dra. Maria da Penha Maia Fernandez participou da cerimônia de entrega do título de Doutora Honoris Causa de forma remota; solenidade ocorreu na Sala do Conselho Universitário da USP, na capitalA farmacêutica Dra. Maria da Penha Maia Fernandez participou da cerimônia de entrega do título de Doutora Honoris Causa de forma remota; solenidade ocorreu na Sala do Conselho Universitário da USP, na capital

Graduada em Farmácia-Bioquímica pela Universidade Federal do Ceará em 1966, a Dra. Maria da Penha veio para São Paulo na década de 1970. Concluiu o mestrado em Parasitologia em Análises Clínicas na USP em 1977.

Em 1983, foi vítima de uma tentativa de feminicídio e ficou paraplégica em consequência de um tiro nas costas, disparado pelo então marido. Para conter as agressões, recorreu à Justiça brasileira, mas não obteve sucesso. O agressor foi condenado a oito anos de prisão, em 1991, mas saiu em liberdade graças a recursos interpostos pela defesa.

Foi então que o caso ganhou uma dimensão internacional. Em 1998, a Dra. Maria da Penha, o Centro para a Justiça e o Direito Internacional (Cejil) e o Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem) denunciaram o caso para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).

A partir desse momento foi recomendado que o governo brasileiro desenvolvesse uma legislação específica sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher. Isso levou à criação da Lei 11.640, de 7 de agosto de 2006, que ficou conhecida como Lei Maria da Penha.

Ontem, ela recebeu, em ato realizado a distância (Dra. Maria da Penha não pôde comparecer à homenagem por problemas de saúde), das mãos do reitor da USP, o Prof. Dr. Carlos Gilberto Carlotti Junior, o título de Doutora Honoris Causa da maior universidade do país, uma honraria concedida a personalidades nacionais ou estrangeiras que tenham contribuído, de modo notável, para o progresso das ciências, letras ou artes; e também aos que tenham beneficiado de forma excepcional a humanidade, o país, ou prestado relevantes serviços à Universidade.

Em transmissão de vídeo durante a solenidade, a Dra. Maria da Penha disse, emocionada, se sentir profundamente agradecida por ser homenageada pela mesma universidade da qual fez parte e que sua luta não simboliza apenas uma vitória pessoal contra seu agressor.

“Carrego comigo uma responsabilidade muito grande por estar viva e dar nome a essa lei, uma lei que é tida como uma das mais respeitas em todo mundo pelo que ela representa. Seu conteúdo está diretamente relacionado à luta do meu instituto pelos direitos humanos, por um mundo com mais dignidade humana e mais solidariedade. Costumo dizer que perdi o movimento das minhas pernas, mas criei asas”, declarou.

Para o presidente do CRF-SP, Dr. Marcelo Polacow, foi uma honra prestigiar a entrega do título de Doutora Honoris Causa da USP à Dra. Maria da Penha. “Uma farmacêutica que sobreviveu para lutar pelos direitos das mulheres e que inspirou uma lei que leva seu nome! Compartilhar da mesma profissão de alguém com uma história de vida tão inspiradora e de resiliência é motivo de orgulho para todos nós, farmacêuticos”.

A cerimônia teve transmissão ao vivo e pode ser conferida na íntegra: https://www.youtube.com/live/15E5gBxPKyQ?feature=share

 

Renata Gonçalez (com informações do CFF)

Departamento de Comunicação CRF-SP 

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