Febre e o aparecimento de bolhas rosadas são alguns dos sintomas comuns da catapora
São Paulo, 6 de outubro de 2010.
No começo de outubro a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo emitiu uma nota afirmando que a catapora está sob controle no Estado e que não há motivo para alardes, já que o surto atinge apenas algumas cidades.
No entanto, de janeiro a setembro de 2010, foram 10.018 casos no Estado, com 15 mortes. O número é 26% superior ao de 2009 e representa 82% dos registros no país. Em todo o Estado são quase 3 mil casos a mais do que no ano passado.
Na capital, este ano já são 583 casos, 49 a mais que em 2009. Americana, interior de São Paulo, registrou 381 casos neste ano, contra 163 em 2009. Em Campinas, são 134 contra 48 no ano passado. Em Taubaté, o número de casos dobrou de agosto para setembro. Em São José do Rio Preto, já são 847 casos este ano, quatro vezes mais do que no ano passado.
Vacinação
A forma mais eficaz de prevenção da catapora é a vacina, que pode ser tomada a partir do primeiro ano de vida. Ela não faz parte do calendário básico vacinal brasileiro e o governo do Estado só vacina as crianças que estão em creches ou escolas públicas que registraram casos da doença. Recomenda-se que adultos que não tiveram a doença quando criança, também tomem a vacina para evitar as complicações.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, a vacina, que é importada, está em falta, inclusive no mercado internacional. Por isso, as doses deixaram de ser distribuídas para as cidades (principalmente no interior) que enfrentam o surto. Ainda não há prazo para a normalização da entrega da vacina. Faltam doses para se proteger contra a catapora também na rede particular, que oferece como alternativa a vacina tetra viral.
A Secretaria informou também que, das 200 mil doses compradas neste ano, 60 mil foram entregues na primeira remessa, já esgotada, e as outras 140 mil devem chegar no próximo lote – mediante a antecipação emergencial solicitada pela pasta.
O que é a doença?
A varicela, conhecida como catapora, é causada pelo vírus varicela-zoster e é transmitido por um indivíduo doente, pelo ar ou por contato direto com as lesões. O tempo de incubação é de dez a 21 dias, com uma média de 18 dias. Uma pessoa com varicela pode contaminar outras desde dois dias antes das erupções aparecerem até cinco dias depois do surgimento da última lesão. Por isso, o ideal é que as mães só levem seus filhos à escola ou à creche uma semana depois das feridas cicatrizarem.
Causa
A principal causa para o surto da doença é o tempo seco. O vírus da varicela, popularmente conhecida como catapora, é transmitido pela respiração. Com a baixa umidade, ele fica mais tempo suspenso no ar e a transmissão é mais rápida. A expectativa é que a doença pare de avançar com a chuva dos últimos dias no Estado de São Paulo.
Sintomas
Os sintomas mais comuns são febre, manchas vermelhas, coceira e aparecimento de bolhas rosadas. Estas se transformam, quando secas, em crostas escuras que caem depois de um tempo. Surgem entre 250 e 500 lesões em todo o corpo. A orientação é para, em hipótese alguma, arrancar as crostas que se formam.
Tratamento
A catapora é uma doença benigna e a cura se dá por reação do próprio organismo, no entanto, quando já está instalada, deve-se ter acompanhamento médico e nunca automedicar-se. Se o doente usar ácido acetilsalicílico (AAS) pode ocorrer a chamada Síndrome de Reye - insuficiência hepática e coma. Os cuidados básicos de higiene devem ser mantidos, lavando bem as mãos com água e sabonete antibacteriano, além de ingerir líquidos de forma abundante e fazer repouso.
Complicações
A varicela pode ter as seguintes complicações: infecção bacteriana secundária; doença invasiva por estreptococos do grupo A (fasciite necrotizante e síndrome do choque tóxico); pneumonia (causada pelo próprio vírus ou como resultado da infecção bacteriana secundária). Também podem ocorrer complicações neurológicas como a cerebelite e encefalite. Mais raramente, osteomielite, artrite, varicela hemorrágica, glomerulonefrite e a síndrome de Reye.
Suscetibilidade
Algumas situações podem tornar a pessoa mais suscetível às complicações da catapora: portadores de imunodeficiência; quem faz tratamento com imunossupressores (quimioterapia, radioterapia ou corticosteroides em grandes doses); gestantes; crianças menores de 1 ano e adultos. Algumas formas graves da catapora acontecem em recém-nascidos, contaminados por mães que contraíram a doença entre cinco dias antes do parto e dois dias após.
Atenção às grávidas
Se a mulher contrair varicela quando estiver grávida, pode ocorrer a síndrome da varicela congênita. Nesse caso, é possível que a criança apresente baixo peso, cicatrizes cutâneas, alterações oculares, diminuição do tamanho dos membros (hipoplasia de membros), diminuição do córtex cerebral (atrofia cortical) e retardo mental. Esse acometimento ocorre em menos de 2% das crianças cujas mães apresentaram varicela na gestação.
Thais Noronha
Assessoria de Comunicação CRF-SP,
com informações do Ministério da Saúde e da Secretária de Estado da Saúde de São Paulo
