Farmacêuticos inovam com trabalho de orientação de alta hospitalar voltado para a pediatria

Dra. Rhaíssa Tenório Lima dos Santos, farmacêutica responsável técnica do Complexo de Saúde - Hospital de Urgência de São Bernardo do Campo, entre mãe e paciente orientados com relação à administração de medicamentos (Foto: acervo pessoal)Dra. Rhaíssa Tenório Lima dos Santos, farmacêutica responsável técnica do Complexo de Saúde - Hospital de Urgência de São Bernardo do Campo, entre mãe e paciente orientados com relação à administração de medicamentos (Foto: acervo pessoal)

 

São Paulo, 27 de julho de 2022.

Um projeto de orientação de alta hospitalar voltado para a pediatria, idealizado pela equipe farmacêutica que atua em um hospital público municipal de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, vem se tornando referência na promoção da segurança na terapia medicamentosa domiciliar, bem como na promoção à adesão ao tratamento medicamentoso e na orientação do responsável quanto à possibilidade de aquisição do medicamento na rede de saúde. Confira a seguir o depoimento da Dra. Rebeca Dias Batista, farmacêutica responsável técnica do Complexo de Saúde – Hospital de Urgência de São Bernardo do Campo, que detalha como se deu a iniciativa e os resultados obtidos até aqui.

“Enquanto profissionais, sabemos que as populações de faixas etárias extremas são as mais suscetíveis a eventos adversos. Logo, temos de ter um olhar diferenciado para este público. Diante dessa condição, o Serviço de Farmácia Clínica do Hospital de Urgência evidenciou a necessidade da orientação farmacêutica no momento da alta hospitalar, tendo em vista que atendemos na instituição pacientes e acompanhantes em sua maioria com baixo grau de instrução e dificuldade de entendimento com relação ao manejo seguro de medicamentos.

Estávamos amadurecendo a ideia dessa implantação quando fomos surpreendidos pela pandemia. Devido à facilidade de transmissão do coronavírus, optamos por postergar este projeto.

Durante a pandemia já estávamos no Hospital de Urgência, que foi inaugurado para este fim, inicialmente. A equipe de Farmácia Clínica atuou de forma bastante incisiva no decorrer da pandemia. Trabalhamos em parceria com o corpo clínico e com a equipe de enfermagem. Um ponto muito importante de nossa atuação foi com relação ao manejo das sedações e bloqueadores neuromusculares. Realizávamos todas as conferências de dose, diluição, tempo de infusão e avaliação das reações adversas. Auxiliamos os enfermeiros com relação ao preparo dos medicamentos e também orientamos com relação aos insumos importados – que foi outro desafio: o uso racional de medicamentos e materiais para que não houvesse desassistência aos nossos pacientes.

Em 2022, quando já evidenciamos uma redução dos casos de infecção por coronavírus, retomamos a ideia da orientação farmacêutica na alta hospitalar. Diariamente a farmacêutica clínica Dra. Rhaíssa Lima, referência da unidade pediátrica – hoje com 53 leitos ativos, sendo dez de terapia intensiva – participa da visita multiprofissional na qual os pacientes são discutidos para definição de planos terapêuticos seguros e eficazes. O objetivo é a desospitalização precoce e segura. Ao término da discussão. a farmacêutica identifica os pacientes com alta programada.

Após a equipe médica emitir o receituário para continuidade da terapia medicamentosa domiciliar, a farmacêutica desenvolve o material para orientação de forma ilustrativa. O intuito é um trabalho lúdico de modo que tanto o responsável quanto a criança participem do momento e compreendam a importância da adesão ao tratamento para recuperação.

Segue exemplo: recentemente orientamos um paciente de 9 anos portador de insuficiência renal crônica. Ele recebeu alta hospitalar com um receituário contendo cinco medicamentos, sendo três anti-hipertensivos. Devido à dificuldade de entendimento da mãe, montamos uma caixa plástica com as ilustrações e os horários que os medicamentos devem ser administrados. Inserimos também os dias da semana. Envolvemos a criança em todo o processo. O resultado foi bastante positivo.

Mãe e paciente compreenderam a forma de administração e a necessidade do tratamento nos horários adequados.

Já orientamos também um paciente proveniente da Síria. A mãe pouco se comunicava em português. Com o auxílio de um aplicativo e da própria criança, realizamos a escrita em árabe para que a mãe compreendesse a terapia. Essa orientação foi acompanhada de muita humanização!

Ficha de orientação de alta hospitalar de paciente proveniente da Síria com informações no idioma árabe; como a mãe não se comunicava bem em português, equipe recorreu a aplicativos de tradução e à própria criança para facilitar o entendimento e garantir a adesão da terapia medicamentosaFicha de orientação de alta hospitalar de paciente proveniente da Síria com informações no idioma árabe; como a mãe não se comunicava bem em português, equipe recorreu a aplicativos de tradução e à própria criança para facilitar o entendimento e garantir a adesão da terapia medicamentosa

Outra estratégia já utilizada foi colorir seringas para uma mãe que estava com dificuldade em identificar a quantidade de mL que deveria ser aspirada na seringa para administração na criança. Como se tratavam de medicamentos anticonvulsivantes, era fundamental que houvesse precisão na dose.

Sou farmacêutica há 14 anos e sempre atuei na área hospitalar. Esse tipo de intervenção é bastante gratificante, pois realmente enxergamos que nossa atuação é de grande importância para o sucesso do tratamento medicamentoso. Sou pós-graduada em Farmacologia Clínica, Farmácia Clínica em Oncologia, Auditoria e Compliance em Saúde e MBA em Gestão de Saúde.

Este projeto de orientação farmacêutica na alta hospitalar foi idealizado por uma de nossas farmacêuticas clínicas e todos os demais farmacêuticos se envolveram com entusiasmo. Nossos profissionais clínicos são todos pós-graduados em Farmácia Clínica e/ou Atenção Farmacêutica.

Estamos em constante aperfeiçoamento através de cursos de atualização. O próximo passo é expandir esse projeto para demais unidades de nossa instituição. ”

 

Renata Gonçalez

Departamento de Comunicação CRF-SP

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