CRF-SP, Coren-SP e Cremesp lançam campanha em conjunto

 

70% dos profissionais de saúde já foram agredidos durante atendimento

 

Dr. Marcos Machado, presidente do CRF-SP, Dra. Renata Pietro, presidente do Coren-SP e Dr. Lavínio Camarim, presidente do Cremesp. Foto: Elma Santos - Comunicação/CorenSP Dr. Marcos Machado, presidente do CRF-SP, Dra. Renata Pietro, presidente do Coren-SP e Dr. Lavínio Camarim, presidente do Cremesp. Foto: Elma Santos - Comunicação/CorenSP São Paulo, 18 de setembro de 2018.

O CRF-SP, em parceria com os Conselhos Regionais de Enfermagem e de Medicina de São Paulo, apresentou hoje um levantamento inédito sobre a violência sofrida por farmacêuticos, profissionais de Enfermagem e médicos durante o exercício de suas funções. Dos 6.832 farmacêuticos, profissionais de enfermagem e médicos que participaram da sondagem, 71,6% responderam já ter sofrido violência no exercício da profissão. Os profissionais até 40 anos e as mulheres são as principais vítimas das ocorrências. 

Durante a coletiva de imprensa, na capital, o presidente do CRF-SP, Dr. Marcos Machado, ressaltou a dificuldade de o farmacêutico ser inserido no sistema público de saúde. “Não é fácil, temos bons profissionais atuando, fazendo um trabalho maravilhoso, mas muitas vezes acima da sua capacidade, porque como na maioria das profissões, a quantidade de profissionais no serviço público é insuficiente para dar conta de toda a demanda, é assim na enfermagem, na medicina e na farmácia. Essa situação que já era grave porque o sistema de saúde carece de financiamento, se agravou ainda mais já que pessoas perderam os empregos e tiveram que procurar pelo serviço público, o que gerou uma demanda muito maior”.

Dr. Marcos destacou ainda que muitas vezes os pacientes não conseguem passar no médico, ficam em filas de espera, levam meses para realizar uma consulta. “Quando esse paciente não tem receita ele quer que o farmacêutico forneça, isso levou a situação recente da morte de um farmacêutico que não quis fornecer o medicamento controlado e outro caso em que uma farmacêutica foi agredida por não dispensar o medicamento por falta da receita médica. A população não entende essa situação porque quer resolver seu problema de saúde, é preciso que a população entenda que não é um problema dos profissionais, mas de gestão, que afeta a todos e muitos são agredidos de forma verbal, mas muitos fisicamente”.

Dr. Marcos Machado, presidente do CRF-SP destacou a precariedade do sistema público de saúde Dr. Marcos Machado, presidente do CRF-SP destacou a precariedade do sistema público de saúde

Houve o extremo de um farmacêutico ser ameaçado com arma de fogo como foi o caso do Dr. José Wilson Barreto quando trabalhava em uma UBS em Mauá, no Grande ABC. “Por algum motivo disseram que na unidade em que eu trabalhava tinha um determinado medicamento, mas ele estava em falta. Quando o paciente soube, ficou nervoso e depois voltou armado com um revólver e mais duas pessoas. Expliquei que não era responsável pela compra, apenas por solicitar o medicamento. Aos poucos ele foi se acalmando e entendeu a situação”. O episódio se repetiu mais uma vez em um outro caso em que Dr. Wilson foi acusado de maltratar uma paciente, mas nem trabalhava com acesso ao público. Tantas ameaças fizeram com que ele fosse transferido de unidade”.

Dr. Marcos Machado, presidente do CRF-SP, Dra. Renata Pietro, presidente do Coren-SP e Dr. Lavínio Camarim, presidente do Cremesp  Dr. Marcos Machado, presidente do CRF-SP, Dra. Renata Pietro, presidente do Coren-SP e Dr. Lavínio Camarim, presidente do Cremesp

Sete em cada dez médicos e seis em cada dez profissionais de enfermagem disseram ter sofrido a violência em instituição pública, enquanto que, para os farmacêuticos, 70% dos casos de violência ocorreram no setor privado. O principal tipo das agressões sofridas pelos profissionais é verbal - 90% para profissionais de enfermagem, 47% para médicos e 89% para farmacêuticos. A violência física é o segundo tipo com maior incidência, atingindo 21% dos profissionais de enfermagem, 18% dos médicos e 7% dos farmacêuticos.

A violência acontece, em maior incidência, por parte dos próprios pacientes, seguido por familiares e acompanhantes em segundo e terceiro lugares dos que mais agridem os profissionais. As filas e a demora no atendimento são as principais motivações da agressão contra os profissionais, resultando em 66% dos casos de violência contra profissionais de enfermagem, assim como 56% e 53% quando envolvem farmacêuticos e médicos, respectivamente.

Dr. Paulo Cobellis, conselheiro do Coren-SP, Dra. Renata Pietro, presidente do Coren-SP, Dr. Lavínio Camarim, presidente do CRF-SP e Dr. Marcos Machado, presidente do CRF-SPDr. Paulo Cobellis, conselheiro do Coren-SP, Dra. Renata Pietro, presidente do Coren-SP, Dr. Lavínio Camarim, presidente do CRF-SP e Dr. Marcos Machado, presidente do CRF-SP

Para o presidente do Cremesp, Dr. Lavínio Camarim o sistema único de saúde é a maior e grande reforma brasileira nos últimos 50 anos. “No entanto, não temos alguém com compromisso efetivo para implantá-lo como deveria e aí formam-se ilhas de excelência, transplantes, vacinas, acolhimento e tratamento para Aids porque não podemos ter isso em cirurgias eletivas e de urgência e emergência, não podemos ter esse sistema de excelência no sistema como um todo? Esbarramos em dois grandes problemas um deles é o principal, o financiamento. Encontro locais que trabalham com a capacidade reduzida, locais com 4, 5, 6 médicos trabalhamos com dois ou três e não é à toa que a demora do atendimento é o maior causador das agressões contra os profissionais. E o segundo ponto é a gestão se não tem pessoas capacitadas para levar essa gestão a contento seguramente não há financiamento. Se isso não for resolvido no nosso país, que é pobre, emergente em que as pessoas ainda morrem de verminose, sarampo temos um problema muito sério e as autoridades tem que saber que acima de tudo a política de saúde tem que ser de Estado e não de cada governo”.

Os presidentes dos Conselhos ao lado de profissionais vítimas de agressão durante o atendimento Os presidentes dos Conselhos ao lado de profissionais vítimas de agressão durante o atendimento

 

Campanha “Quem cuida merece respeito”

Com esse mote, os três conselhos regionais estão promovendo uma campanha publicitária de combate à violência contra profissionais da saúde. A intenção é sensibilizar a população de que agredir os profissionais só piora a situação, prejudicando o atendimento.

Dr. Marcos Machado durante a coletiva de imprensa Dr. Marcos Machado durante a coletiva de imprensa

A campanha conjunta representando profissionais médicos, de enfermagem e de farmácia está sendo veiculada em jornais, emissoras de rádio, metrô, CPTM, mídia digital e nos veículos de comunicação próprios do CRF-SP, Coren-SP e Cremesp, além da divulgação de cartazes em instituições de saúde.

Dra. Renata Pietro, presidente do Coren-SP, é preciso modificar o cenário. “Precisamos enquanto profissionais de saúde sermos vistos por quem está governando, sendo vistos de maneira diferenciada pela população porque é para ela que estamos prestando assistência. Que essa campanha sensibilize não só a população, mas órgãos governamentais”.

 

 

Thais Noronha (com informações do Cremesp)

Departamento de Comunicação CRF-SP

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