Dra. Danyelle Marini, Dra. Luciana Canetto, Dr. Marcelo Polacow e Dr. Marcos Machado estarão à frente da gestão 2020/2021
São Paulo, 17 de janeiro de 2020.
O ano começou com atualização profissional para os farmacêuticos e acadêmicos de Farmácia que participaram do Encontro Paulista de Farmacêuticos realizado nessa sexta-feira (17), na Unip campus Paraíso, na capital, com o tema “Mercado, tecnologia e pessoas: inovação para sua carreira”.
A vigésima edição do evento reuniu 300 pessoas e foi marcada pela posse da nova diretoria do CRF-SP (gestão 2020/2021). O presidente do CRF-SP, Dr. Marcos Machado, deu as boas-vindas aos participantes e destacou o momento em que a profissão vive. “Gostaria de convidá-los a desfrutar de um ano especial, ano em que nossa profissão tem tudo para continuar a crescer e se fortalecer. Dificuldades? Sim, é possível, mas estamos preparados e vamos enfrentar como fizemos ano após ano, por isso gostaria de contar com o emprenho e o comprometimento de cada farmacêutico durante as atividades do dia a dia, para que nossas ações sejam marcadas pela ética e responsabilidade. O CRF-SP continuará lado a lado com os profissionais para ouvir, trabalhar e, juntos, buscarmos soluções”.
O vice-presidente, Dr. Marcelo Polacow, enfatizou a importância que o CRF-SP sempre deu à atuação clínica do farmacêutico, área que está ascendendo mundialmente. “As Comissões Assessoras sempre enfatizaram muito o trabalho do farmacêutico nessa área, assim como o tema desse Encontro”.
A diretora-tesoureira, Dra. Danyelle Marini, destacou o início de tudo. “É na universidade que se inicia essa grande trajetória de ser farmacêutico, quantas inseguranças tivemos na graduação, sem saber como seria o mercado. Temos que considerar a era da informação, nesse contexto inserimos o CRF-SP, faremos tudo isso em conjunto, pensar na nossa carreira, nos nossos valores, estamos juntos para dar o melhor de nós”.
Com mais de 20 anos de atuação no setor público, a secretária-geral, Dra. Luciana Canetto, enfatizou as ações do CRF-SP na área. “Essa realidade é desafiadora, muito gratificante. Temos sensibilizado os gestores públicos desde 2012, o que resultou no aumento de mais de 200% no número de contratações de farmacêuticos na saúde pública municipal.
Após a realização do juramento diante dos farmacêuticos, a diretoria homenageou os voluntários do CRF-SP, entre eles os membros das comissões assessoras, comitês e grupos técnicos, presidentes de comissões de ética, delegados regionais e conselheiros.
Todo dia 20 uma novidade
Durante o Encontro, dr. Marcos Machado lançou uma novidade na Academia Virtual de Farmácia. Agora todo dia 20 (em homenagem ao Dia do Farmacêutico) haverá novos cursos na plataforma. O acesso é gratuito e pelo portal do CRF-SP, já no próximo dia 20 estarão disponíveis “Cuidado farmacêutico em obesidade”, “Cuidado Farmacêutico em Oncologia” e “Medicamentos de controle especial e antimicrobianos com ênfase no SNGPC”.
Panorama do mercado
Para abrir as apresentações, Eduardo Rocha, diretor-sênior de Relacionamento com Parceiros Estratégicos, América Latina – IQVIA, traçou o perfil do mercado farmacêutico atual com números que retratam a realidade brasileira como a sétima economia farmacêutica no mundo, com tendência a subir de posição em dois anos. “No Brasil há uma farmácia para cada 2,7 mil habitantes, enquanto na Argentina e no Japão a proporção é de 1 para 3,2 mil. Já nos Estados Unidos, onde existem mais de 61 mil farmácias, há uma para cada 5,3 mil habitantes”.
Eduardo destacou que o mercado farmacêutico passou por mudanças e adaptações a esse novo momento, incluindo o empoderamento dos farmacêuticos. O alto índice de desemprego e o impacto dessa crise no setor de saúde são dois motivadores da mudança. “Se imaginarmos que temos quase 80 mil farmácias no Brasil, toda essa estrutura pode atender a população provendo mais do que produtos. Nesse sentido, as grandes redes e algumas farmácias independentes entenderam que poderiam investir na abertura de clínicas, vacinas, ter orientações sobre medicamentos e suas doenças. Isso só foi possível porque o farmacêutico está mudando seu perfil, está entendendo que é o primeiro ponto de contato dos pacientes em muitos casos”.
Cuidado farmacêutico centrados na pessoa
O foco na pessoa foi um dos destaques da palestra da Dra. Lívia Maria Gonçalves Barbosa, coordenadora de Farmácia Clínica do Hospital Sírio Libanês São Paulo e vice- coordenadora da Comissão Assessora de Farmácia Clínica do CRF-SP, que chamou a atenção para a necessidade de olhar no olho diariamente e considerar vários fatores durante o atendimento. “Antes tínhamos a premissa do foco no medicamento, isso precisa ser mudado, o medicamento é um instrumento para um novo modelo de assistência farmacêutica focado no cuidado. Estabelecer uma relação com quem a gente está cuidando, isso coloca o paciente em uma perspectiva real de melhora”.
Dra. Lívia ressaltou que o modelo tradicional não é mais capaz de garantir os melhores resultados. O nosso papel é garantir o acesso, entender a cadeia dos medicamentos, entender que o contexto não é apenas usar o medicamento, mas acompanhar a evolução, o prognóstico, parar de olhar para a prescrição e olhar no olho do paciente. Muitas vezes nem reparamos como é a pessoa que estamos atendendo”.
Esse novo método clínico começou a ser pensado por médicos na década de 1980 no Canadá, hoje é preciso trabalhar mais com menos pessoas, produzir mais com menos recursos. “Esse é o mundo de agora, precisamos saber trabalhar em rede para atingir melhores resultados. Precisamos começar a andar de bicicleta subindo na bicicleta, ou seja, fazemos pós-graduação para atuar em farmácia clínica, mas vamos aprender mesmo na prática”.
Alguns pontos são fundamentais como a coleta de dados, ou seja, entender o que o paciente está tratando, identificar problemas; definir um plano de cuidado, considerar os medos, crenças, valores, contexto familiar. “Se não migrarmos para esse modelo, vamos perder espaço, esse modelo nos conecta com as pessoas.
Como engajar o paciente em tempos de hiperconectividade
Como o farmacêutico pode atuar diante de um momento em que as pessoas cada vez mais têm acesso à informação, redes sociais e estão conectadas de diversas formas foi o centro da apresentação do Dr. Divaldo Lyra Junior, coordenador do laboratório de ensino e pesquisa de Farmácia Social da Universidade Federal de Sergipe.
Dr. Divaldo destacou que hoje o Brasil é um dos dez países que mais consomem internet no planeta, cerca de 90% dos brasileiros fazem uso dessa tecnologia. Porém, a literacidade, que é o entendimento da informação em saúde, é muito baixo no Brasil. E mesmo quando há literacidade, novas informações de saúde são lançadas a todo o momento, o que pode causar muitos problemas, incluindo os relacionados à automedicação.
Outras consequências do uso da tecnologia para a saúde são o aumento da hipocondria, quando por qualquer sintoma, o indivíduo busca informações em aplicativos, redes sociais e internet e o aumento de problemas de saúde mental, principalmente motivado pela necessidade de aceitação social. “O modelo mecânico das farmácias afastou os farmacêuticos dos pacientes. É um modelo desprovido de sentimentos, que existe, não vai acabar e vai se ampliar com a automatização. O que podemos fazer de diferente é engajar o paciente num atendimento humanístico”.
Para engajar esse paciente nessa nova proposta, o Dr. Divaldo apontou ações como: “Se coloque no lugar do paciente; encoraje o paciente a falar de si; conheça crenças, valores e necessidades; motive respeito para gerar respeito; estimule o autocuidado e a corresponsabilização e humanize a conversa, seja empático”.
Vocação em cuidar
O fotógrafo André François e a jornalista Paula Polieto apresentaram aos participantes, em primeira mão, um projeto em parceria com a Neoquímica, que retrata o trabalho dos farmacêuticos nas mais variadas regiões brasileiras. Entre histórias e registros fotográficos, a plateia se emocionou com a atuação de farmacêuticos que, mesmo com dificuldades pessoais, fazem o possível para mudar a realidade das pessoas da comunidade em que atuam. André destacou que sua experiência trouxe outra visão da profissão. “O trabalho do farmacêutico é muito árduo, e quando falamos da importância do cuidado sabemos que é difícil, pois trata-se de um profissional que tem muito o que fazer, cuidar de estoque, trabalho administrativo, mas a minha experiência mostrou até hoje que todos os farmacêuticos que têm o cuidado como premissa mantêm as farmácias cheias”.
Estou no caminho certo?
O Encontro terminou com a pergunta que sempre permeia o profissional. Estou no caminho certo?, a palestra apresentada pelo psicólogo e coach Bedsen Rocha apontou caminhos para equilibrar conflito pessoal à realização profissional.
Entre algumas dicas para encontrar a felicidade, Bedsen chamou a atenção para alguns pontos como: não confundir prazer com felicidade; a importância de atualizar suas competências; eliminar a expressão ‘de repente’ da sua vida e ter cuidado com as experiências desatualizadas.
“É totalmente possível, desde que se tenha clareza dos seus objetivos. Caminho não é o destino”, comentou. Para o especialista, errar nos dias de hoje custa muito caro, pois desperdiça-se muito tempo, investimento, emoções e frustrações. “Ter clareza de quem sou e do meu verdadeiro desejo é fundamental para total engajamento com a vida”.
Sobre a importância do trabalho, o coach destacou que não é o conselho profissional quem valida sua profissão, é você e a sociedade. “É importante ter em mente que pessoas com conhecimento ocupam espaços diferenciados e, por isso, você não pode ser econômico na arte do saber”.
Monica Neri e Thais Noronha
Departamento de Comunicação CRF-SP