Farmacêutica conta sua experiência de desmedicalização de metilfenidato

Dra. Érica Ventura Marques Dra. Érica Ventura Marques

 

São Paulo, 12 de setembro de 2019

Em 2014, a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo criou a Portaria 986/14 que instituiu o protocolo de uso de metilfenidato, estabelecendo diretriz terapêutica para o emprego deste fármaco no âmbito municipal. O objetivo foi aprimorar o diagnóstico antes de iniciar o tratamento medicamentoso e realizar o monitoramento do quadro clínico de pacientes que faz uso do metilfenidato.

Na ocasião, a farmacêutica Dra. Érica Ventura Marques atuava no Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil (CAPs IJ) de São Mateus, em São Paulo, e teve a iniciativa, a partir da portaria, de iniciar o processo de desmedicalização e de uso racional de medicamentos para os casos de hipótese diagnóstica (HD) de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDHA) por meio de escuta qualificada, orientações e tratamentos na unidade.

Para isso, a farmacêutica foi em busca de alternativas e estratégias para lidar com o processo saúde/doença, buscando “prevenir antes de remediar”, mas com foco no cuidado ao paciente e na desmedicalização de forma segura para que não causasse nenhum prejuízo à saúde.

Foi constituído um fluxo interno na Unidade para que todos os pacientes com hipótese diagnóstica de TDHA (em uso ou não de medicamento) fossem avaliados pela equipe multiprofissional e inseridos em grupos terapêuticos, bem como seus familiares.

“Os pacientes são acompanhados e orientados desde seu acolhimento na unidade até o período de sua alta e permanecem em tratamento por todo o tempo necessário”, explica.

Esse trabalho envolve orientação familiar, terapia cognitiva focal e inclusão social. Semanalmente são realizadas reuniões de equipe para discussão dos casos dos pacientes, nas quais são realizadas avaliações das atividades nos grupos, atendimentos individuais e exames diagnósticos, contribuindo para a reavaliação comportamental e melhor qualidade de vida do paciente.

No ano de 2014, o Consumo Médio Mensal (CMM) no Caps IJ São Mateus era de 2 mil comprimidos por mês de metilfenidato. Após a implantação desse trabalho, esses quantitativos foram decrescendo e, hoje, o estoque é de 200 comprimidos por mês.

Dra. Érica relata que no início do trabalho havia 31 pacientes usuários desse fármaco e que atualmente são apenas dois pacientes em uso.

Ela acredita que esse tipo de ação é essencial para mostrar o real valor e necessidade do farmacêutico nas diversas áreas em que envolve a Saúde, seja ela pública ou privada.

“O farmacêutico tem muito a contribuir com orientações importantíssimas para a prevenção de doenças, uso racional de medicamentos e tantas outras funções que podem desempenhar. Com esse trabalho, conquistei o respeito e admiração da equipe multiprofissional e me sinto valorizada por poder aprender e transmitir os meus conhecimentos aos pacientes e profissionais com quem trabalho”, ressalta.

 

Monica Neri

Departamento de Comunicação CRF-SP

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