XI Fórum de Diretrizes Curriculares discute graduação 100% EAD
São Paulo, 27 de março de 2017.
O CRF-SP promoveu no sábado (25), O XI Fórum de Diretrizes Curriculares, encontro promovido pela Comissão Assessora de Educação Farmacêutica do CRF-SP, que abordou um dos temas mais polêmicos no meio acadêmico farmacêutico e também em outros cursos da área de saúde na atualidade que é a graduação no modelo de ensino à distância (EAD), a qualidade comprometida na formação de futuros profissionais e as consequências para o atendimento à saúde da população.
O dr. Pedro Eduardo Menegasso, presidente do CRF-SP, elogiou o trabalho da Comissão de Educação do CRF-SP, que é referência e tem influência nas entidades que representam as profissões de saúde, e reconheceu que a sociedade atual vive numa época em que a tecnologia faz parte das atividades humanas, mas é preciso ter discernimento e cuidado em sua utilização. “O Brasil é um dos países mais atrasados do mundo em termos de qualidade de educação. Está evidente que quem apoia a graduação 100% à distância não está bem intencionado, muito menos pensando no futuro do país. Se a gente conseguir reunir esforços, vamos conseguir apoio a nossa causa para fazer pressão contra essa ameaça”, disse o presidente.
A dra. Marise Bastos, coordenadora da Comissão Assessora de Educação Farmacêutica do CRF-SP, considerou a situação de extrema gravidade. “É um momento que precisamos nos unir. Isso pode descaracterizar as profissões da área de saúde regulamentadas e reconhecidas no país”, alertou.
O dr. Marcos Machado, diretor-tesoureiro do CRF-SP, lembrou que o assunto foi debatido em Brasília, no Fórum Nacional dos Conselhos de Saúde, e todos se mostraram preocupados com a graduação 100% EAD. “São Paulo é o Estado com o maior número de faculdades, então é necessário que a gente consiga chegar em um consenso para combater esse modelo”, afirmou.
Os debates reuniram docentes de cursos de Farmácia, e contaram também com a participação de representantes de outras profissões, também contrárias à graduação à distância, que relatam os impactos desse tipo de formação em seus segmentos. Cada comissão assessora do CRF-SP também enviou um representante para apresentar uma avaliação sobre o impacto negativo em cada área de atuação farmacêutica.
A dra. Dorisdaia Carvalho de Humerez, conselheira federal do Cofen, foi a palestrante que falou sobre essa modalidade de formação na profissão de enfermagem. Ela lembrou que sua área já enfrenta o problema das graduações à distância desde 2010 e já possui enfermeiros regularmente inscritos que se formaram na modalidade 100% EAD. Ela revelou que as universidades receberam autorização do Ministério da Educação para abrirem 177 mil vagas EAD. “Imaginem como vai ficar o mercado e o salário dos profissionais. Somos contrários a isso, porque não atende a qualidade, as condições legais, os equipamentos são inadequados, o advento de erros e danos ocasionados por imperícia, negligência e imprudência à população serão maiores do que já acontecem com os profissionais formados em cursos presenciais ”, alertou.
O dr. Marco Manfredini, diretor do Conselho Regional de Odontologia (CROSP), fez uma breve participação no debate e destacou que a Associação Brasileira de Formação à Distância (ABED) está fazendo lobby na Assembléia Legislativa em favor dos seus interesses. “Estamos fazendo um grande enfrentamento contra o setor privado de formação na área da saúde, que tem a sua bancada na Câmara dos Deputados, no Senado e na Assembleia Legislativa. Não é apenas uma discussão sobre uma formação profissional, é um enfrentamento de interesse mercadológico e os efeitos deletérios disso na formação dos profissionais”, comentou.
Já a dra. Adriana Brito, diretora do Cress, falou em nome dos profissionais de Serviço Social. Ela revelou que existem faculdades cobrando R$ 50 por mês para formar um profissional à distância. “Não somos contrários ao acesso à informação. Mas essa modalidade de educação não permite a construção de uma formação que prima pelo rigoroso trato teórico e histórico da realidade social, que possibilite uma compreensão dos problemas e desafios que o profissional se defronta no universo de reprodução e produção da vida, não viabiliza a dimensão de ensino, pesquisa e extensão, nega a dimensão ética da profissão na medida que nega a reflexão filosófica, não oferece a possibilidade do convívio e do debate”, enumerou.
A dra. Danyelle Cristine Marini de Moraes, falou sobre o que está sendo realizado em São Paulo sobre o EAD. Destacou as ações dos farmacêuticos e também do Fórum de profissionais de saúde (FCFAS), que reúnem todos os conselhos de profissões da saúde. “Estamos falando de mais de um milhão de profissionais. Isso tem um peso muito grande perante ao poder legislativo contra o EAD”, afirmou.
Para concluir os trabalhos do XI Fórum de Diretrizes Curriculares, reuniu um grupo técnico que discutiu e elaborou um parecer com alguns encaminhamentos, reforçando futuras ações e estratégias para barrar os cursos na modalidade 100% à distância. Dentre as quais, veicular campanhas de esclarecimento para a sociedade, enviar moção de repúdio para as instituições de ensino que adotam ou pretendem adotar os cursos EAD, abaixo-assinado contra a modalidade de educação, enviar documento para a Secretaria de Defesa do Consumidor, ao Ministério Público e ao Ministério da Educação, solicitar apoio parlamentar para a provação do PL 52/2017 (estadual) e PL 5414/2016 (federal) e outras ações junto a entidades e profissionais.
Carlos Nascimento
Assessoria de Comunicação CRF-SP
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