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CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 29/09/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

Relator no Supremo admite remédio sem o aval da Anvisa

29/09/2016 - O Estado de S.Paulo


Depois de se posicionar contra o fornecimento de remédios sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello recuou ontem e alterou seu voto durante o julgamento sobre as responsabilidades do poder público na distribuição de medicamentos de alto custo à população. A manifestação do ministro foi feita durante o julgamento de dois processos de sua relatoria que trazem para o centro do debate o modelo do sistema público de saúde. Pedido de vista de Teori Zavascki suspendeu a análise dos casos.

No dia 15, Mello se posicionou a favor de o Estado fornecer à população medicamentos de alto custo não incorporados pelo Sistema Único de Saúde, mas condicionou a distribuição ao registro na Anvisa. Ontem, Marco Aurélio mudou de posição, votando no sentido de permitir o uso de medicamentos não registrados na Anvisa, desde que comprovada a sua indispensabilidade para a manutenção da saúde do paciente – mediante laudo médico e a existência de registro do medicamento em seu país de origem.

“Nessas situações, o produto somente é encontrado em país de desenvolvimento técnico científico superior, sendo que à míngua não deve e não pode ficar o paciente, com ou sem autorização da Anvisa”, disse Marco Aurélio, ressaltando que cabe ao Estado viabilizar a importação do medicamento em caráter excepcional. O ministro ainda evocou o conceito de solidariedade familiar, alegando que o fornecimento deverá ser justificado não só pela situação financeira do paciente, mas também pela falta de “espontaneidade” da família no custeio.


FAMÍLIA


A primeira ação foi movida pelo Estado do Rio Grande do Norte contra uma paciente pobre que conseguiu na Justiça o direito de ter remédio para o tratamento de hipertensão arterial pulmonar. Já o segundo gira em torno de outra paciente que foi à Justiça para garantir o recebimento de medicamento não registrado na Anvisa para o tratamento de doença renal crônica. “Infelizmente não há solução juridicamente simples nem moralmente barata aqui. Nenhum país do mundo oferece todo tipo de medicamento e todo tipo de tratamento a todas as pessoas. Há escolhas trágicas a serem feitas, mas inexoráveis. O populismo não é a solução, mas parte do problema”, disse o ministro Luís Roberto Barroso.

Na avaliação dele, o Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos não registrados na Anvisa por decisão judicial, já que o registro “constitui proteção à saúde pública”. Barroso defendeu o fornecimento de remédios sem registro na Anvisa em caráter absolutamente excepcional, quando o pedido de registro já tenha tramitado na agência por prazo superior a 365 dias. Além disso, propôs que o medicamento não deverá ter um substituto terapêutico já registrado na Anvisa e deverá possuir o registro concedido por renomadas agências regulatórias nos Estados Unidos, Japão ou União Europeia.

Quanto ao papel da família do doente, de ajudar no custeio do tratamento, Barroso discordou de Marco Aurélio. “Penso que traria um complicador para as relações humanas e familiares a necessidade de demonstrar a incapacidade e a recusa de um membro da família contribuir para o custeio da compra de medicamentos”, ponderou Barroso.


BARROS


Já o ministro da Saúde, Ricardo Barros, defendeu que o julgamento levasse em conta não apenas o cidadão que precisa de medicamentos, mas o que paga impostos. De acordo com ele, a judicialização custa ao Estado R$ 7 bilhões por ano.




Busca por medicamentos é principal motivo para ações judiciais na saúde.

28/09/2016 - G1 - Bom dia Brasil


Uma pesquisa mostra que quase a metade das ações judiciais na área da saúde é proposta por doentes tentando exigir, do governo ou dos planos, o pagamento por tratamentos. A maioria dos pedidos é para conseguir medicamentos, que às vezes nem foram incorporados pelo SUS. São Paulo é o campeão desta judicialização da saúde.

Segundo a pesquisa feita pela Interfarma, das quase 15 mil ações na área da saúde em São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais, quase a metade é de judicialização da saúde, quando a ação é para obrigar o poder público ou o plano de saúde a pagar por tratamento, hospitalização e medicamentos.

Os remédios lideram estes pedidos: 64% das ações são para consegui-los. A Justiça concede liminar em pelo menos 87% dos casos. O estudo cita como causas para a judicialização da saúde os cortes no orçamento e a demora para incorporar novas drogas no SUS.




SUS terá novo medicamento contra HIV/Aids a partir de 2017

28/09/2016 - Folha de S.Paulo / Site


O SUS (Sistema Único de Saúde) passará a ofertar, a partir de janeiro de 2017, um novo medicamento contra HIV/Aids para usuários que iniciam o tratamento e aqueles que têm resistência a outros antirretrovirais.

A decisão, anunciada nesta quarta-feira (28) pelo Ministério da Saúde, incorpora o antirretroviral dolutegravir na chamada "primeira linha" de tratamento, ou seja, para novos pacientes. Além disso, o remédio também passa a ser ofertado na "terceira linha", direcionada a pacientes que não responderam aos tratamentos anteriores.

Segundo a diretora do departamento de HIV/Aids do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, a previsão é que 100 mil portadores do vírus HIV recebam o novo tratamento a partir do ano que vem.

A incorporação muda o atual modelo de tratamento disponibilizado a novos pacientes no SUS, composto pelos medicamentos tenofovir, lamivudina e efavirenz disponibilizados em um só comprimido –conhecido como "3 em 1".

Com a mudança, o dolutegravir passará a ser indicado no lugar do efavirenz, associado à pílula do agora "2 em 1": lamivudina e tenofovir. A oferta do novo antirretroviral para novos pacientes no SUS ocorre diante da atualização do protocolo clínico de diretrizes para o manejo da infecção para o HIV e recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde).

Para Benzaken, o medicamento pode estimular mais pessoas a aderirem ao tratamento. "O dolutegravir é visto como mais vantajoso para as pessoas vivendo com HIV, porque tem potência bastante alta, menor percentual de efeitos adversos e é apenas um comprimido por dia, o que facilita a adesão. E pelo fato de não levar com mais frequência à resistência do que os outros tratamentos, vai ter provavelmente maior durabilidade enquanto droga incorporada no SUS", afirma.

Segundo ela, há uma limitação da empresa em produzir os medicamentos, daí a previsão de ofertar o medicamento apenas para parte dos pacientes –hoje, são 483 mil pessoas em tratamento no SUS. A previsão é que a entrega do novo antirretroviral também ocorra de forma gradativa no próximo ano.

Para Georgiana Braga-Orillard, da Unaids, a incorporação do novo medicamento é uma medida importante diante da necessidade de ampliar o número de pacientes em tratamento no país. "Os países já desenvolvidos oferecem, mas oferecem muitas vezes saindo do próprio bolso. Ofertar no SUS é uma inovação ousada", afirma. Além do Brasil, o dolutegravir já é utilizado em países como, Portugal, Espanha, Canadá e Estados Unidos.

egundo o Ministério da Saúde, a oferta do dolutegravir no SUS ocorre após a pasta obter descontos de até 70% no preço do medicamento, o que não deve aumentar os gastos do governo, informa. Hoje, o orçamento da pasta para aquisição de antirretrovirais é de R$ 1,1 bilhão.


JULGAMENTO NO SUPREMO


No evento de anúncio do novo tratamento, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou ainda que o STF (Supremo Tribunal Federal) "terá o desafio" nesta quarta-feira (28) de "encontrar a harmonia" entre direitos constitucionais que hoje estão em conflito.

Ele se refere ao julgamento que irá avaliar se os Estados devem oferecer medicamentos de alto custo fora da lista do SUS ou sem registro no Brasil a pacientes que recorrem à Justiça para obtê-los.

"Há o direito constitucional de acesso à Justiça, há o direito da universalidade [de acesso à saúde] e o da limitação da capacidade de pagar impostos. Temos de um lado o cidadão que precisa de assistência e de outro o que paga impostos. O governo é só um meio para que o imposto ser arrecadado e aplicado", afirma.

"As decisões que atingem R$ 7 bilhões neste ano em ações judiciais não geram dinheiro novo, mas deslocam o recurso de uma atividade programada, como vacinação ou atenção básica, para outra atividade que foi priorizada pelo Judiciário e que tem que ser atendida. Isso desestrutura o planejamento que foi feito", diz.




Ministros do STF voltam a julgar fornecimento de medicamento

29/09/2016 - Valor Econômico


O Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a julgar ontem dois recursos com repercussão geral sobre a obrigação do Estado de fornecer medicamentos. Um deles envolve remédios de alto custo e que não constam na lista do Sistema Único de Saúde (SUS). O outro discute a liberação de medicamentos não registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Até agora, três ministros votaram.

Só para a União, o impacto de uma derrota em todos os processos em andamento no Judiciário sobre o fornecimento de medicamentos e tratamentos médicos não listados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) seria de R$ 2,08 bilhões, de acordo com o anexo "Riscos Fiscais" da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2015.

Os votos proferidos até agora foram no sentido de que os medicamentos de alto custo só podem ser concedidos em caráter excepcional e desde que preencham certos requisitos. Porém, há divergências sobre as premissas a serem seguidas.

Com relação ao fornecimento de medicamento sem registro na Anvisa, o ministro Marco Aurélio decidiu ontem ajustar seu voto. Entendeu que o Estado pode fornecê-lo, desde que comprovada a sua indispensabilidade para a manutenção da saúde do paciente mediante laudo médico e a existência de registro do medicamento no seu país de origem.

O ministro Luís Roberto Barroso, que apresentou ontem seu voto-vista, entendeu pela impossibilidade de o Poder Judiciário obrigar o Estado a custear medicamentos não registrados na agência. Já o ministro Edson Fachin votou pela concessão em casos excepcionais.

Após a exposição de Fachin, o ministro Teori Zavascki decidiu pedir vista. Afirmou que, até agora, há um certo consenso de que limites devem ser impostos à concessão desses medicamentos de alto custo, mas há divergências com relação às premissas. E prometeu analisar os votos e elencar quais seriam as divergências para tentar arrumar uma solução.

O caso que trata do fornecimento de medicamento de alto custo envolve o Estado do Rio Grande do Norte e uma paciente sem condições financeiras, que conseguiu na Justiça o direito de receber citrato de sildenafil (Viagra) para o tratamento de hipertensão arterial pulmonar. A ação foi movida em 2007. O governo argumenta que os gastos para custear os tratamentos de alto custo impactam os recursos direcionados à coletividade.

Já o segundo processo, que trata da entrega de remédio não registrado na Anvisa, foi ajuizado contra o Estado de Minas Gerais. No caso, uma mulher buscou a Justiça para garantir o recebimento de cloridrato de cinacalcete (Mimpara), voltado para o tratamento de uma doença renal crônica. A Defensoria Pública alegou no processo que a liberação do medicamento foi calçada na burocracia e no tempo que se leva para a incorporação de novos medicamentos pela Anvisa - que seria maior do que levam as agências de outros países.

Ambos os casos, porém, já foram solucionados na prática. O medicamento de alto custo solicitado já foi incluído na lista do Sistema Único de Saúde e o remédio sem registro acabou posteriormente autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.




Ministros do STF propõem critérios para acesso a remédio sem registro

29/09/2016 - Folha de S.Paulo


Em nova etapa do julgamento que avalia se os governos devem ser obrigados a dar remédios de alto custo fora da lista do SUS e sem registro no Brasil, três ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) defenderam a possibilidade de medicamentos avalizados apenas fora do país serem fornecidos a pacientes, mas em caráter de exceção.

Eles sugeriram a adoção de critérios na análise das ações judiciais que pedem acesso aos remédios —indicando que pacientes poderão conquistar esse direito, mas mediante novas condições.

A sessão do STF foi suspensa nesta quarta (28) depois de pedido de vista do ministro Teori Zavascki. Não há data definida para a retomada — outros oito ministros votarão.

O julgamento no STF é um marco na discussão sobre a judicialização da saúde. Estados esperam um freio nos processos, devido ao impacto nas contas públicas para atender demandas individuais. Já pacientes esperam a ampliação do acesso a medicamentos.

O ministro Marco Aurélio Mello mudou parte de seu voto anterior: manteve avaliação de que os governos devem custear tratamentos de alto custo e acrescentou que poderão arcar até com a importação de produtos sem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Mello fixou condições: desde que não haja similares no Brasil, que esse remédio seja ofertado em outros países e que o paciente apresente laudo para atestar que é indispensável à sua saúde.

O ministro defendeu que os Estados possam requerer a solidariedade familiar no custeio de tratamentos caso se constate a capacidade financeira de parentes do doente.

Embora avalie, de modo geral, que os governos não podem ser obrigados a disponibilizar remédios fora da lista do SUS, o ministro Luís Roberto Barros o defendeu exceções, com base em cinco critérios: 1) a comprovação de que o paciente não tem como arcar com os custos; 2) que o medicamento não tenha sido recusado em análise da comissão que avalia a oferta de remédio no SUS; 3) que não haja outra alternativa disponível;4)que tenha segurança e eficácia comprovadas;5) que o custeio seja feito pela União, e não só por Estados ou municípios.

“Não há sistema de saúde que possa resistir a um modelo em que todos os remédios, independentemente do seu custo e impacto financeiro, possam ser oferecidos a todas as pessoas”, afirmou.

Em relação a remédios sem registro na Anvisa, Barroso defendeu que a exceção valeria só para medicamentos “com segurança comprovada e testes concluídos”, e diante de “irrazoável” demora (mais de um ano) para a agência apreciar um registro.

A adoção de critérios foi defendida pelo ministro Edson Fachin, para quem deve ser observado se houve “falha ou demora” na incorporação do remédio na rede pública.

Fachin disse que a Justiça não pode, como regra, autorizar medicamento não registrado, mas pode determinar que a agência reexamine um registro e, “em última hipótese”, autorizar o fornecimento.

Após a suspensão do julgamento, pacientes com doenças raras e familiares fizeram um ato em frente ao STF.

Alta tecnologia e muita curiosidade dão fôlego à saúde

29/09/2016 - Folha de S.Paulo / Site


O bom uso da tecnologia e da criatividade se traduz em diagnóstico e tratamento mais precisos e eficientes nos serviços de saúde. Para isso, é necessário unir boa formação, pesquisa e recursos de ponta, interativos e digitais.

"O profissional deve estar atento a esse universo, saber explorá-lo e entender como pode garantir ao paciente maior acesso à saúde de qualidade", diz José Otávio Costa Auler Jr., diretor da faculdade de medicina da USP.

Os aparelhos são sofisticados, como as impressoras 3D que criam próteses perfeitas e réplicas de órgãos e fetos, além de robôs que simulam reações, como dor e febre.

Óculos de realidade virtual transportam especialistas e pacientes para dentro do corpo humano e ajudam em exames e outros procedimentos. Aplicativos e jogos são tendência para a promover boas práticas médicas e engajar o paciente no tratamento.


INTERPRETAÇÃO


"É preciso se envolver com pesquisa, ir a congressos e ter muita curiosidade para compreender a fundo essas tecnologias", diz Jorge Lopes, coordenador do laboratório Next, da PUC-Rio, que desenvolve equipamentos e serviços médicos de ponta.

O desafio é interpretar a relevância de informações e equipamentos e traduzi-la em custo-benefício para a empresa de saúde e seus pacientes, na visão do radiologista Marcelo Félix, 45.

Consultor em novas tecnologias do Hospital Israelita Albert Einstein, Félix considera fundamental o estreitamento entre saúde e tecnologia. "A interface entre os dois mundos aumenta o valor médico dos produtos de inovação e possibilita o desenho de algoritmos para a melhoria da prática médica."

Além da medicina, o radiologista estudou física e processamento de dados. A formação híbrida em saúde e tecnologia, tendência fora do Brasil, começa a aparecer por aqui. "O especialista que fala as duas línguas encontra um terreno muito fértil para crescer, porque um técnico não sabe avaliar a importância médica de um produto inovador", diz.

O neurologista Enrico Ghizoni, professor da Unicamp, também vê a área de saúde cada vez mais multidisciplinar. "O profissional tem de estar preparado para lidar com outros setores e saber se comunicar com especialistas de diversas formações."

Ghizoni fez parte da equipe responsável pela primeira reconstrução de crânio feita no Brasil com peça de titânio impressa em 3D. A cirurgia ocorreu depois de seis anos de pesquisa de médicos, físicos e engenheiros.

O profissional pode complementar uma boa graduação em saúde com cursos de extensão ou especialização em exatas, como matemática e tecnologia de informação.

"Ainda na universidade, dá para visitar a física ou a engenharia e conversar com colegas em busca de boas soluções para a saúde", indica Ghizoni.


SAÚDE


ONDE ESTUDAR: Centro Universitário São Camilo, Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, PUC-PR, UnB, Unifesp, Universidade de Mogi das Cruzes

DURAÇÃO De 1 a 2 anos

O QUE FAZ: O profissional de saúde focado em tecnologia analisa e interpreta dados para embasar decisões e procedimentos médicos, como a realização de alguns exames e condutas de tratamento. Também avalia custo-benefício de equipamentos e serviços que podem fazer parte do hospital ou da clínica onde atua

SALÁRIO INICIAL: R$ 2.700 (enfermeiro responsável técnico) a R$ 12.000 (médico)

PERFIL DESEJADO PELAS EMPRESAS: Compreensão de dados da área e dos equipamentos disponíveis

ONDE HÁ VAGAS: Hospitais, grandes clínicas e indústria de equipamentos para saúde

VISÃO DE QUEM FAZ: "Sem profissionais de saúde com visão de tecnologia, as empresas ficam estagnadas. A medicina está sendo potencializada pelos algoritmos e pela inteligência artificial, que dão suporte para decisões sobre diagnóstico e tratamento, especialmente em casos complexos. Temos muita oferta de produtos e precisamos saber onde realmente há valor", Marcelo Félix, 45, consultor em novas tecnologias para o Hospital Israelita Albert Einstein.




Revendo o papel das agências reguladoras

29/09/2016 - Valor Econômico


Nesse momento de mudança de governo, os sinais estão na direção do abandono das políticas intervencionistas e populistas para a adoção de medidas pró-mercado, com o intuito de atrair investidores de qualidade para o segmento de infraestrutura. Nesse sentido, torna-se fundamental uma discussão sobre o papel das agências reguladoras.

Nos governos do PT, as agências foram capturadas pelo Executivo e usadas como moeda de troca com os políticos, transformando-as num braço de um governo centralizador para a execução de tarefas que, na maioria dos casos, nada tinha a ver com a sua verdadeira função. Na realidade, se confundiu a posição política dos ministérios, que precisa ser fortalecida, com a posição técnica das agências reguladoras.

Isso acabou causando uma enorme judicialização de processos que, em vez de serem resolvidos no âmbito das agências, passaram aos tribunais, o que consequentemente ampliou o risco regulatório e a insegurança jurídica. No fundo, as agências, empregadas como instrumento de um governo de cunho populista, sempre analisavam os pleitos dos investidores com desconfiança, na medida em que foram aparelhadas e transformadas numa espécie de Procon.

A missão de promover o equilíbrio entre os interesses do investidor e do consumidor foi deixada de lado. Agora, o desafio consiste em reduzir o risco regulatório e jurídico e isso passa pela adoção de medidas que deixem claro o real papel e as obrigações das agências reguladoras.

Em primeiro lugar, é preciso restituir o foco de atuação original das agências. A discussão do papel das agências não pode ser encarado como a retirada de autonomia ou independência. Ao contrário, quando se limita a sua função, sua atuação se fortalece, removendo as gorduras, criando musculatura e estabelecendo condições reais para que a sociedade possa cobrar os resultados.

Ao longo do tempo, as agências passaram a exercer papéis como o de formular editais de licitação, escolher modelos de concessão e planejar políticas setoriais. Tudo isso desviou o foco da sua atuação e enfraqueceu não só seu papel como também o da própria máquina pública brasileira, provocando tomadas de decisões e interpretações por vezes equivocadas. Isso trouxe prejuízos aos investidores e aos consumidores. Do lado dos investidores, os prejuízos resultaram de decisões que culminaram em um desequilíbrio econômico-financeiro dos contratos, obrigando os concessionários a buscar a defesa de seus interesses na justiça. Pelo lado dos consumidores, esses desequilíbrios nos contratos causaram a perda de qualidade no serviço prestado pela concessionária.

O papel principal das agências é zelar pelo contrato de concessão. Essencialmente, as agências exercem o papel de fiador entre o poder concedente e o concessionário. Os direitos do consumidor devem estar contidos nos deveres do concessionário, estabelecidos no contrato de concessão. Na medida em que as agências passam a ser responsáveis por formular os editais e contratos, fica difícil e até constrangedor exercer com total autonomia e independência a regulação e fiscalização de possíveis pleitos dos concessionários. Por exemplo, como aceitar questionamentos dos concessionários sobre algum erro, se as regras teriam sido elaboradas pela própria agência?

Esse tipo de problema só será corrigido a partir do momento em que a elaboração do edital passar a cargo dos ministérios, responsáveis por definir a política de investimento de cada segmento da infraestrutura.

Outra mudança que deveria ser implantada refere-se aos mandatos dos diretores e suas remunerações. Da mesma forma que todos vêm questionando a validade e os benefícios de reeleições para cargos no Executivo, sugerimos que, no caso das agências reguladoras, os diretores tivessem seus mandatos alongados para cinco anos, sem o direito de recondução e mantido o atual critério de fim de mandatos não coincidentes.

Quanto à remuneração, é necessário entender que ela não está de acordo com a responsabilidade nem com as obrigações assumidas quando se toma posse na diretoria da agência. O salário deveria guardar alguma relação com os pagos no mercado de atuação da agência. Não advogamos total similaridade aos do mercado, porém, não deve haver um distanciamento tão grande. Caso contrário, fica difícil atrair para a direção de uma agência profissionais cuja competência técnica seja reconhecida pelas empresas a serem reguladas e fiscalizadas.

Quanto ao funcionamento das agências, o ponto que precisa ser abordado é o modo de realização das audiências públicas, que não têm conseguido atingir o objetivo de diminuir as assimetrias de informação. Atualmente, as audiências públicas são realizadas com a agência apresentando ao mercado uma minuta de resolução sobre um determinado tema. Essa minuta é colocada no site da agência e os agentes têm um período de tempo para enviar suas sugestões. O próximo passo é uma audiência presencial na sede das agências para a discussão da minuta. Por fim, o texto definitivo da resolução é publicado pela agência.

A reclamação do mercado está no fato das suas sugestões e reivindicações serem pouco consideradas pelas agências. Assim, as audiências públicas seriam um evento, como diz o ditado, para inglês ver. Portanto, a sugestão é uma inversão no processo. A agência anunciaria uma audiência pública sobre um tema, sem minuta, com um prazo para a manifestação dos agentes. Em seguida, de posse das sugestões, a agência marcaria a data da audiência para apresentar a minuta da resolução. Ao inverter o processo, a agência escreve a minuta a partir das sugestões do mercado, ao invés de apresentar um texto sem contribuições dos agentes.

Outra ideia é que as audiências públicas sejam itinerantes, ou seja, realizadas em várias cidades do Brasil. Seria uma forma de regionalizar as audiências, usando como critério a escolha da região mais afetada pela resolução em discussão.

Sem critérios, desigualdade em saúde tende a aumentar

29/09/2016 - Folha de S.Paulo


O julgamento no STF sobre o direito a remédios não disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde) é só o início de uma discussão muito maior que o Brasil tem evitado fazer: diante da limitação orçamentária, o que é possível oferecer em saúde? Ainda que a saúde seja um direito constitucional do cidadão e um dever do Estado, não há como impor ao SUS a responsabilidade pela oferta ilimitada de terapias.

Uma lei federal de 2011 tentou disciplinar isso (condicionando a oferta de novas drogas no SUS à aprovação de uma comissão do Ministério da Saúde), mas o Judiciário a ignora em suas decisões— que, na maioria dos casos, são favoráveis aos pacientes.

Os gastos da União com a judicialização da saúde cresceram 797% em cinco anos (de R$ 122,6 milhões, em 2010, para R$ 1,1 bilhão em em 2015). Se somados os custos de Estados e municípios, a soma chega a R$7 bilhões.

Estudos apontam que, além de desestabilizar as políticas de saúde, isso aumenta a iniquidade, porque quem recorre à Justiça, em geral, são pessoas mais favorecidas.

Países desenvolvidos com sistemas públicos de saúde, como Inglaterra, Alemanha e Canadá, possuem regras mais claras para definir o que é “justo” em saúde. Há critérios que avaliam o impacto real de cada novo produto sobre a saúde do paciente em relação ao que já existe.

Essa é tida como a melhor forma para evitar que os interesses comerciais prevaleçam sobre os interesses públicos e do paciente.

Nesses países praticamente não existe judicialização.

Medicamentos não aprovados pelos órgãos reguladores, por exemplo, não são fornecidos —só se fizerem parte de protocolos de pesquisa.

Já o acesso às drogas para doenças raras é um problema no mundo todo. Segundo Octávio Luiz Motta Ferraz, professor de direito na Universidade de Warwick (Reino Unido), mesmo com incentivos econômicos para que as farmacêuticas desenvolvam drogas nessa área, elas são caras e superam o limite máximo estabelecido pelas agências que avaliam a incorporação de novas tecnologias.

Na Inglaterra, o limite fica entre 20 e 30 mil libras (R$ 84.110 e R$ 126.165) por QALY (Quality Adjusted Life Years), que significa quantos anos de vida saudável a tecnologia pode propiciar.

Mas como o preço dos remédios sempre supera esse limite, o governo tem um programa especial e um orçamento separado para eles.

Isso tudo ocorre longe dos tribunais. Quando raramente o caso vai parar na Justiça, o paciente tende a perder, porque o juiz não se sente legitimado para interferir na decisão da autoridade de saúde.

O caso mais famoso, na Inglaterra,—Child B—envolveu uma doença rara com tratamento experimental caro. O sistema de saúde inglês se negou a oferecê-lo, e os juízes respeitaram a decisão.

São decisões sempre difíceis e que precisam estar amparadas por critérios claros, objetivos e consensuais, considerando que é dever do Estado alocar os recursos da saúde de forma equitativa.




Paciente sobrevive a complexo transplante de múltiplas vísceras

29/09/2016 - Folha de S.Paulo


“Toda hora que tocava o telefone, eu achava que era a minha vez”, lembra Roseli Machado, 41, de Cordeirópolis (SP). A perda de apetite, os enjoos frequentes e o crescimento da barriga deram o alerta de que algo não ia bem com a sua saúde.

Em pouco tempo, ela descobriu ter ascite (ou barriga d´água), que é o acúmulo de líquido no abdome. Por meio de uma amiga, conseguiu uma consulta no hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Não havia dúvida: era necessário um transplante multi visceral —“troca” de vários órgãos do paciente com o de uma pessoa falecida. O “pacote” a ser recebido por Roseli deveria incluir fígado, intestino, estômago e pâncreas.

Era preciso esperar. “Os médicos me deixaram ir para casa, mas me fizeram prometer que, quando ligassem, eu iria para o hospital”, lembra com bom humor.

Dos seis procedimentos até então realizados no Brasil, ninguém sobreviveu. “Depois do choque inicial, decidi, sim, fazer. E falei que seria a primeira a permanecer viva”.

Em julho, o telefone finalmente tocou: “Seu doador chegou; venha já”, pediu o hospital. “Fui para a cirurgia tranquila e feliz. Não tive medo e em nenhum momento achei que fosse morrer”, lembra Roseli, que teve alta depois de 80 dias internada.

“Sei a dor que é a perda de um ente querido, mas a família teve uma atitude linda, maravilhosa para a vida de alguém que estava esperando”.

De acordo com Ministério da Saúde, não há registro oficial para as pessoas se declararem doadores de órgãos no Brasil —a única alternativa é a autorização da família.

“Vou cuidar bem de tudo que concederam. E, quando morrer, se puder aproveitar meus órgãos, pode doar tudo”, diz Roseli.

Diferentemente de Roseli, em alguns casos, o órgão vem de alguém vivo e saudável.


ENTRE VIVOS


É o caso de Sophia, de 10 meses, que, mesmo com o pouco tempo de vida, já precisava de um novo fígado.

Como o pai era muito velho para doar e a mãe tinha tipo sanguíneo incompatível, a saída foi recorrer à fila de doação, ordenada pela gravidade dos pacientes.

Sophia conseguiu o órgão de uma criança que havia morrido, mas, no dia D, alterações nos exames inviabilizaram o procedimento. “O fígado acabou indo para o próximo da fila”, lembra a mãe, Isleila Vieira,35. Foi aí que uma tia, compatível, se ofereceu. O problema era o peso da mulher, que precisava emagrecer para se submeter à cirurgia.

“O transplante intervivos é feito com fígado parcial. Tira se um segmento pequeno do fígado do doador para colocar no bebê. Normalmente, esse segmento representa um terço do órgão do doador, o suficiente para um transplante de sucesso”, diz João Seda Neto, cirurgião pediátrico do hospital Sírio-Libanês.

Enquanto a tia perdia peso, o estado de saúde da bebê se agravava. Mas a história teve final feliz. A tia conseguiu emagrecer. O desafio de Isleila agora é escrever um livro para tranquilizar outras mães.

Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO),o ano de 2016 registrou aumento no número de doadores efetivos de órgão nos dois primeiros trimestres do ano —de 13,1 por milhão de habitantes para 14 por milhão.

Mas esse número ainda está abaixo do esperado para o período, de 16 por milhão.

Já a quantidade de transplantes realizados caiu no 2º trimestre, ao passo que o número de brasileiros na fila por um órgão aumentou, se comparado aos dados do 1º semestre de 2015, de 32 para 33 mil. Os transplantes mais aguardados são os de córnea, rim, fígado, coração, pulmão, pâncreas e intestino.




Ativo contra o câncer

29/09/2016 - O Globo


Mais da metade da população global teve acesso a imagens ou informações da Olimpíada, segundo o COI. Mas terão os feitos esportivos motivado as pessoas a se exercitarem?

Uma série especial publicada recentemente na “The Lancet” aponta que a inatividade física se tornou uma pandemia global. Os adultos caminham pouco, realizam o mínimo de esforço físico e ficam sentados durante longos períodos no trabalho. Quatro em cada cinco adolescentes, muitos adeptos de videogames, não atingem o mínimo de atividade física recomendado. O gasto enérgico ocupacional vem caindo desde a década de 60.

Os estudos reuniram dados de mais de 90% dos países. O custo da inatividade física no mundo, entre despesas diretas e indiretas, foi de US$ 67,5 bilhões em 2013, sendo de R$ 3,3 bilhões no Brasil, a maior parte drenada do sistema público de saúde. Além de representar um risco de morte, a inatividade física também impacta o bolso do contribuinte.

O jargão sitting is the new smoking (em inglês, “sentar é o novo fumar”) entrou em voga na comunidade científica. O entendimento, propagado por pesquisadores como James A. Levine, da Mayo Clinic, é que permanecer sentado por longos períodos é o mal do século XXI e representa um risco para o desenvolvimento de doenças crônicas comparáveis ao consumo do tabaco no século XX.

Enquanto a mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias regrediu nas últimas décadas, a das doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, câncer e diabetes, continua aumentando. No Brasil, o câncer deve se tornar a principal causa de morte em 2020. A inatividade física é um dos principais fatores de risco para alguns tipos de câncer mais incidentes em nossa população, como mama, cólon e reto e endométrio, além de doenças cardiovasculares e diabetes.

A boa notícia dos estudos é que se exercitar por uma hora ao dia, em intensidade moderada, pode anular o risco de morte atribuído aos longos períodos sentados.

A atividade física não é só importante na prevenção. Estudos do Instituto Nacional de Câncer (Inca) visam a identificar a relevância da prática esportiva por pacientes na redução de complicações do tratamento oncológico, melhora da qualidade de vida e aumento da sobrevida. O Inca tem um projeto para criação de um ginásio esportivo para pacientes.

Como o Brasil poderia virar o jogo contra o sedentarismo? Programas como Academia da Saúde e Agita São Paulo são boas iniciativas. Apesar de toda a visibilidade dos grandes eventos esportivos, não se debate a massificação da prática esportiva entre os jovens. O modelo, em vigor há décadas nos países desenvolvidos, consiste em fazer de cada escola um centro esportivo. Construir ginásios, campos e piscinas em escolas país afora, contratar equipes técnicas, organizar torneios interescolares e criar uma nova cultura esportiva para além do futebol requerem investimentos altos, porém ínfimos se considerarmos os custos da inatividade física e os benefícios para a saúde dos nossos jovens.




Médicos se negam a fazer aporte na Unimed.

29/09/2016 - O Globo


Agência reguladora diz não haver decisão sobre liquidação extrajudicial da cooperativa (foto) Os cooperados da Unimed-Rio se negaram, em assembleia na noite de terça-feira, a fazer um aporte de R$ 500 milhões para sanar parte das dívidas da cooperativa de saúde, e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) teria notificado a empresa para apresentar outro plano de capitalização sob pena de sofrer liquidação extrajudicial, segundo informou o colunista do Ancelmo Gois, em seu blog. A decisão agrava a crise da Unimed-Rio, que está sob direção fiscal da ANS desde o ano passado. Oficialmente, a agência reguladora diz que não há qualquer decisão sobre o futuro da cooperativa. A Unimed-Rio tem passivos (dívidas e outros compromissos) que totalizam R$ 1,9 bilhão, já seus ativos somam R$ 1 bilhão.

Na assembleia, que se estendeu das 20h de terça-feira até a 1h de ontem, 2.340 cooperados rejeitaram a proposta do rateio dos R$ 500 milhões. Mas, segundo nota da UnimedRio, foi aprovado um desconto de 30% na produção dos médicos. A cooperativa, não informou o que isso representa em valor mensal, nem esclareceu se o percentual era o que já vinha sendo descontado para pagamento de débitos referentes ao Imposto Sobre Serviços (ISS). A operadora havia explicado anteriormente que pagou os tributos em nome dos associados entre 2012 e 2015 e havia sido aprovado, em assembleia, o ressarcimento dos valores pelos médicos, via desconto nos pagamentos dos serviços realizados, até a quitação do montante.


OPOSIÇÃO PEDE VENDA DE ATIVOS


De acordo com a médica Ana Clara Sande, do grupo de oposição 3ª Via, a proposta de aporte foi rejeitada pela unanimidade dos presentes. Ana Clara afirma que o desconto de 30% citado pela direção da cooperativa seria o que já é feito mensalmente sobre a produção de cada médico e teria aportado, em três meses, R$ 37 milhões para a cooperativa.

— A verdade é que a grande maioria dos cooperados não tem condições de aportar mais recursos. Vamos aguardar a decisão da ANS em relação à proposta aprovada na assembleia. A atual diretoria só apresentou uma proposta de aporte que castiga ainda mais o cooperado, e não discutiu a possibilidade de venda de ativos como as sedes da Barra, do Centro, de Benfica e o hospital, que poderiam render entre R$ 750 milhões e R$ 800 milhões. É preciso saber o tamanho real da dívida para se buscarem soluções concretas — diz a médica.

Segundo fontes próximas à Unimed-Rio, depois do anúncio do risco de uma liquidação extrajudicial, alguns dos 5.400 cooperados já teriam procurado a empresa e se manifestado favoravelmente ao aporte.

Em nota, a Unimed-Rio informou ontem que, em paralelo ao desconto no valor de produção dos médicos, aprovado na assembleia, a cooperativa avalia outras alternativas para viabilizar a entrada de novos recursos. A Lei das Cooperativas, segundo o diretor financeiro William Galvão, não permite que o aporte seja feito por um investidor externo.

Ele informou, em reportagem publicada no GLOBO no último sábado, que o aporte dos cooperados, além de ajudar a pagar parte da dívida, possibilitaria que a Unimed-Rio continuasse funcionando.

— Se houver um processo de liquidação, a dívida vai ser cobrada por inteiro e teremos que parar de operar. Mas não tenho dúvida de que a empresa é viável. Tem uma carteira de quase um milhão de vidas e receita anual de R$ 5 bilhões — afirmou o diretor.


MINISTÉRIO PÚBLICO, DEFENSORIA E ANS SE REÚNEM


Na semana passada, Galvão informou ainda que tinha fechado acordo com prestadores de serviços, como a Casa de Saúde São José, e com a Federação do Estado do Rio das Unimeds para garantir o atendimento aos cerca de um milhão de usuários e o intercâmbio com as demais cooperativas do sistema. Pelo acordo, explicou o diretor, os valores presentes serão pagos à vista e os atrasados, em dez parcelas. Além disso, ele disse que reduzira o comissionamento das corretoras, como outra forma de ajustar as contas da cooperativa de saúde.

— Todo mundo entende a situação da companhia e o fato de que todos estamos entrelaçados. Estamos reformulando a administração, o que a está tornando mais eficiente e menos dispendiosa. Ganhamos o contrato com a Aeronáutica, o que representa a entrada, de imediato, de oito a dez mil vidas — destacou Galvão, na ocasião.

Em entrevista publicada no último domingo no GLOBO, o presidente da ANS, José Carlos Abrahão, ressaltou a importância da cooperativa para o sistema Unimed e para a saúde suplementar como um todo. Abrahão informou ainda que o plano de recuperação da empresa estava sendo ajustado e ressaltou que quanto mais o tempo passa, maior será o aperto necessário para reequilibrar a cooperativa. O presidente da agência reguladora disse que considera a empresa viável.

Os Ministérios Públicos estadual e federal e a Defensoria Pública do Estado do Rio, que, junto com a ANS, acompanham o processo de recuperação da empresa, devem se reunir com a agência reguladora na semana que vem para debater a situação da Unimed-Rio sem o aporte dos R$ 500 milhões pelos médicos. Todos os órgãos envolvidos no plano já haviam citado como ponto fundamental para a viabilização da recuperação da cooperativa que os cooperados fizessem uma injeção de recursos na empresa.




Judicialização da saúde atrapalha planejamento do governo, diz ministro

28/09/2016 - G1 - Bem Estar


O ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou nesta quarta-feira (28) que o Supremo Tribunal Federal (STF) terá que “garantir a harmonia” entre direitos constitucionais na votação prevista para esta quarta na Corte, que deve decidir sobre o fornecimento gratuito de remédios de alto custo não previstos na política de assistência do Sistema Único de Saúde.

Segundo o ministro Ricardo Barros, decisões judiciais em saúde custam R$ 7 bilhões para o Brasil e a judicialização da área "desestrutura" o planejamento do governo federal.

“De um lado, o cidadão precisa de assistência, e de outro, [está] o cidadão que paga imposto”, afirmou o ministro, ao destacar que os recursos do Estado são limitados.

“Os processos [judicializados] deslocam um recurso de uma atividade programada de vacinação, por exemplo, para outra atividade que foi priorizada pelo Judiciário. Ou seja, desestrutura o planejamento para os estados, os municípios e a União", disse Ricardo Barros.

Até julho deste ano, o Ministério da Saúde já cumpriu 16,3 mil ações que tratam do fornecimento de medicamentos. De 2010 a 2015, houve aumento de 727% nos gastos referentes à judicialização dos medicamentos.

No dia 15 de setembro, o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, votou favoravelmente ao fornecimento, pelo poder público, de medicamentos não previstos na política de assistência do SUS. No entanto, ele votou contra o fornecimento de remédios ainda não registrados na Anvisa.


SESSÃO NO STF


A sessão no supremo discute a responsabilidade dos 26 estados e do Distrito Federal de prestar assistência no fornecimento de medicamentos de alto custo para pacientes de doenças raras e graves. O recurso extraordinário que deu origem à discussão no Supremo foi interposto pela 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte.

O tribunal do estado nordestino determinou o fornecimento de medicamento de alto custo e o “financiamento solidário” de 50% do valor pela União para uma paciente potiguar que tinha hipertensão pulmonar e dependia de um remédio que não estava na lista de medicamentos fornecidos pelo SUS.

O Estado alega ao STF os recursos do estado seriam o limite para a concessão de medicamentos; que o direito à saúde se mostraria como direito social, que deve ser apartado dos direitos fundamentais por depender de concessão particularizada do legislador infraconstitucional, dependendo de reserva orçamentária; e que no caso do medicamento requerido não estar previsto na relação do Programa de Dispensação de Medicamentos em Caráter Excepcional, o ônus recairia unicamente sobre o ente da federação demandado, entre outros argumentos.

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