ESTABELECIMENTOS REGISTRADOS

PROFISSIONAIS INSCRITOS ATIVOS
CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 31/08/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

Medicamentos: vendas em alta em julho

30/08/2016 - O Globo / Site


A economia anda em baixa e, talvez por isso mesmo, a venda de medicamentos esteja numa boa fase. Os três medicamentos mais vendidos do Brasil, tiveram, em julho, uma alta nas vendas em comparação com junho, de acordo com dados inéditos da IMS Health. Aos números:

*O líder, o descongestionante nasal Neosoro, vendeu 4,6 milhões de unidades no mês passado. Uma alta de 13,4% em comparação a junho.

*O Glifage, medicamento para diabetes, vendeu 2,7 milhões de unidades em julho, 2,8% a mais que no mês anterior.

*A Dipirona, genérico, vendeu 2,6 milhões de unidades em julho. Uma alta de 4,9% ante junho.




Reajuste dos remédios supera a inflação

31/08/2016 - Agora São Paulo Online


Os gastos com medicamentos estão pressionando o orçamento das famílias brasileiras.

Enquanto a prévia da inflação oficial, medida pelo IPCA-15, acumulou alta de 8,95% nos últimos 12 meses terminados em meados de agosto, a inflação dos produtos farmacêuticos chegou a 12,86%.

O reajuste do preço dos remédios é controlado pelo governo, que define um índice máximo a ser aplicado.

Em abril, a Cmed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) autorizou um índice de aumento de até 12,5% neste ano.

Porém, segundo o levantamento do IBGE, alguns medicamentos tiveram altas superiores.

É o caso dos gastroprotetores, remédios para tratamento de gastrite, que ficaram 15,29% mais caros no período.

Anti-inflamatórios, remédios para controle de apetite, vitaminas, analgésicos e antigripais também tiveram altas superiores ao limite permitido.

Cientistas estão mais perto de impedir a metástase do câncer

30/08/2016 - Portal Exame


O câncer por si só já é uma doença assustadora. E a metástase é a sua face mais perigosa - quando um câncer primário cai na corrente sanguínea, pode se espalhar rapidamente por qualquer parte do corpo e se tornar uma ameaça mortal.

Agora, um grupo de pesquisadores alemães acredita ter encontrado o segredo do mecanismo de migração do câncer - que também pode conter a chave para impedir que ela aconteça.

A metástase começa quando algumas células individuais se separam do tumor principal e entram no sistema circulatório. Dali, elas viajam livremente para qualquer parte do corpo, mas também estão mais vulneráveis ao sistema imunológico.

Por isso, para que o câncer se espalhe, as células do tumor precisam entrar e sair da corrente sanguínea de um jeito rápido e eficiente.

Cientistas do Instituto Max Planck e da Universidade Goethe descobriram a estratégia que os tumores mochileiros usam para fugir dos vasos sanguíneos. Eles precisam atravessar a barreira do endotélio, que "forra" o interior dos vasos.

Para isso, eles tiram proveito de um mecanismo natural das células e direcionam o ataque a uma molécula especial, chamada de "Receptor da Morte 6".

As nossas células já são programadas para "suicídios coletivos" - e isso é totalmente normal. Quando sofrem danos no DNA, infecções de vírus ou se tornam obsoletas, elas simplesmente morrem.

Podem fazer isso de um jeitinho organizado e silencioso, chamado de apoptose, ou mais escandaloso, chamado de necroptose, que causa uma resposta inflamatória no corpo.

Algumas moléculas são chamadas de Receptores da Morte porque são elas que recebem o sinal de suicídio programado do corpo.

O que os cientistas observaram em laboratório é que os tumores ativam o Receptor da Morte 6 fora de hora, mas ele faz o seu trabalho mesmo assim: leva à necroptose, um dos tipos de autodestruição das células nos arredores.

E aí a barreira endotelial fica fraca e vulnerável à passagem das células cancerosas para outros órgãos do corpo. O câncer usa essa brecha para se espalhar, concluíram os alemães.

Descobrir um dos "meios de transporte" da metástase já seria um avanço e tanto, mas os pesquisadores também tentaram impedir a movimentação do tumor.

Para isso, eles desabilitaram o Receptor da Morte 6 em ratinhos geneticamente modificados. Deu certo: os animais apresentaram menos necroptose e menos metástase.

Os resultados são extremamente promissores para a batalha contra o câncer. Mas ainda estamos longe de bloquear totalmente a metástase.

Primeiro, os pesquisadores precisam ter certeza que desabilitar o RM6 não vai trazer outros problemas para o corpo. Depois, precisam confirmar se os resultados vistos em ratos se repetem em células humanas.

Por último (e mais importante): o câncer é uma doença inteligente - ele se desenvolve e se espalha de formas terrivelmente complexas.

Mal chegamos perto de entender como funciona a metástase na corrente sanguínea e já aparecem sinais de que os tumores podem se espalhar sem usar o sistema circulatório.

Ou seja: uma solução só não vai resolver todos os casos, mas pode aumentar as chances de sobrevivência de muita gente.




Pátria vai lançar ações da rede Alliar no Novo Mercado

31/08/2016 - Valor Econômico


Fundada há apenas cinco anos pela gestora de private equity Pátria, a rede de medicina diagnóstica Alliar entrou com um pedido de oferta inicial de ações (IPO) na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A abertura de capital não é uma surpresa, uma vez que a Alliar foi criada já com o propósito de ir para a bolsa. Ao que tudo indica, o Pátria vai replicar o modelo de expansão adotado no grupo Dasa, dono de marcas como Delboni Auriemo. O fundo foi acionista da maior companhia de medicina diagnóstica por dez anos, período em que liderou o IPO, fez aquisições e vendeu suas ações. Atualmente, a Dasa pertence ao empresário Edson Bueno, fundador da Amil.

A história da Alliar chama atenção pelo rápido crescimento, impulsionado, principalmente, por cerca de 20 aquisições. O maior negócio foi fechado com o Centro de Diagnósticos do Brasil (CDB) que possibilitou à Alliar entrar na capital paulista há dois anos. A transação, avaliada em R$ 527 milhões, foi paga por meio de troca de ações e os fundadores do CDB, os médicos Sergio Tufik e Roberto Kalil Issa, passaram a deter juntos 40% da Alliar. Os dois médicos é que vão colocar suas ações à venda no IPO com ofertas primárias e secundárias. A fatia a ser negociada na bolsa ainda não está definida, mas será no mínimo de 25% porque o objetivo é listar a empresa no Novo Mercado.

O Pátria, por sua vez, não deve vender sua participação, que hoje é de 25,7%, na oferta pública e pode inclusive colocar dinheiro para não ter sua fatia diluída num aumento de capital. O fundo de private equity quer continuar na companhia por acreditar que o negócio pode gerar mais ganhos, segundo fontes.

Além dos fundos Pátria e Kinea e dos fundadores do CDB, há outros 74 médicos que venderam seus laboratórios e tornaram-se sócios da Alliar. O modelo da rede de medicina diagnóstica contempla a compra de 100% do negócio, sendo que metade é paga em dinheiro e outra parcela em ações da companhia. A cada nova aquisição, a fatia dos acionistas é diluída, mas em troca de uma participação de uma companhia maior.

O dinheiro levantado no IPO será destinado para expansão e amortização do passivo bancário. Segundo informações do prospecto preliminar da Alliar, parte dos recursos levantados na oferta primária será destinada ao pagamento de uma dívida com um dos bancos coordenadores da transação que são o Bank of América Merrill Lynch (BofA), Itaú BBA e o Santander. O nome da instituição financeira que receberá o pagamento não foi revelado.

No primeiro semestre, a Alliar obteve receita líquida de R$ 439 milhões, o que representa um crescimento de 32% em relação ao mesmo período de 2015. Na última linha do balanço, a rede apresentou uma forte melhora ao registrar um lucro líquido de R$ 5,6 milhões ante prejuízo de R$ 46 milhões nos seis primeiros meses de 2015. Essa expansão foi puxada, principalmente, pela aquisição em fevereiro do laboratório Delfin, rede de medicina diagnóstica da Bahia que recebeu aporte do fundo Kinea em 2012.

A Alliar tem mais de 100 unidades em 10 Estados do país que oferecem, principalmente, exames de imagem. Não à toa, a rede tem mais de 100 equipamentos de ressonâncias magnéticas - número maior que o Fleury. Há dois anos, com a compra do CDB, a Alliar passou a trabalhar também com exames de análises clínicas.




Glaxo quer revolucionar tratamento da Aids

31/08/2016 - Valor Econômico


A farmacêutica britânica GlaxoSmithKline PLC está definindo o futuro de sua unidade de remédios para o HIV com uma aposta audaciosa: virar de cabeça para baixo uma estratégia de tratamento que vigora há décadas e que transformou uma doença fatal em crônica.

O tratamento contra o HIV, o vírus que causa a Aids, mudou pouco desde meados da década de 90, quando uma nova classe de drogas melhorou drasticamente a terapia adotada. Os médicos descobriram que uma combinação de tipos mais novos de remédios antirretrovirais com duas drogas já usadas impediam o vírus de desenvolver resistência.

Desde então, um regime de três drogas se firmou como o tratamento padrão e o foco do desenvolvimento de novos remédios continua sendo combinações triplas cada vez mais eficazes.

Agora, os executivos da Glaxo querem mudar isso. Eles esperam que o mais recente comprimido da farmacêutica seja forte o suficiente para debelar o vírus HIV com a ajuda de apenas mais uma droga. Isso, diz o diretorpresidente Andrew Witty, seria uma reviravolta no setor porque o uso de menos drogas produziria menos efeitos colaterais.

A ViiV Healthcare - unidade dedicada a combater o HIV que é controlada pela Glaxo e na qual a americana Pfizer Inc. e a japonesa Shionogi & Co. possuem fatias minoritárias - deu início à longa missão de transformar o projeto em realidade.

A droga em questão, a dolutegravir, pertence a uma classe conhecida como inibidores da enzima integrase, cujo efeito é reduzir rapidamente o nível do vírus HIV no sangue. Ela foi aprovada para uso como parte de uma terapia tripla tradicional e, até agora, não há casos registrados em que o vírus tenha desenvolvido resistência à droga em novos pacientes.

Isso torna o dolutegravir único entre os inibidores da integrase, diz David Hardy, médico especialista em HIV e porta-voz da Associação de Medicamentos contra o HIV, um grupo de defesa dos interesses dos pacientes. Embora o perfil do dolutegravir sugira que o remédio talvez possa suprimir o HIV sem a ajuda de qualquer outro remédio, a Glaxo está adotando uma abordagem mais cautelosa, diz uma porta-voz da empresa.

O benefício mais importante de um tratamento com duas drogas é que ele causa menos efeitos colaterais. Náusea, diarreia, problemas renais e enfraquecimento dos ossos são as razões mais comuns para alterar o tratamento contra o HIV. O uso de só duas drogas também custaria menos.

Rochelle Walensky, professora associada da Faculdade de Medicina de Harvard, estimou que migrar 25% dos pacientes que hoje usam a terapia tripla para uma combinação de dolutegravir e 3TC - um remédio genérico mais antigo - reduziria em mais de US$ 3 bilhões o custo de tratamento do HIV durante cinco anos. A economia é menos clara se as duas drogas do tratamento ainda estiverem sob proteção de patentes.

A Glaxo está pondo "um foco e prioridade tremendos" no desenvolvimento do tratamento com as duas drogas, diz Witty.

Segundo o banco suíço UBS, a oportunidade é significativa: se o tratamento "dual" tornar-se a estratégia preferida dos médicos, a Glaxo pode abocanhar uma fatia bem maior do mercado e substituir a Gilead Sciences Inc. como a principal farmacêutica da área de HIV em três anos.

Em 2015, a Glaxo iniciou uma série de amplos testes clínicos com o objetivo de mostrar que a combinação do dolutegravir com apenas outro remédio contra o HIV funciona tão bem quanto a terapia tripla tradicional.

Um grupo desses testes está testando o dolutegravir com a rilpivirina, remédio produzido pela Janssen Pharmaceuticals, uma unidade da Johnson & Johnson. Outro teste combina o dolutegravir com o 3TC, droga genérica usada na análise de Walensky.

A Glaxo também planeja iniciar um teste de estágio avançado combinando uma versão injetável do dolutegravir com a rilpivirina. Um teste anterior revelou que esta combinação era tão eficaz quanto o tratamento com três drogas quando o vírus já havia sido eliminado por um período inicial de terapia tripla.

Os testes só começarão a produzir resultados em 2017, mas um pequeno estudo realizado pelo médico argentino Pedro Cahn oferece razões para otimismo. No teste de 48 semanas, a combinação do dolutegravir e o 3TC reduziu os níveis de HIV em 18 de 20 pacientes que nunca haviam recebido tratamento.

Mesmo se os testes clínicos mais amplos da Glaxo tiverem sucesso, ela pode enfrentar outro desafio: a inércia. Em 2015, a Gilead lançou uma série de terapias triplas usando uma nova droga contra o HIV, a TAF, que pode ser administrada em doses muito menores que seus antecessores, causando menos danos aos rins.

Christoph Wyen, especialista em HIV do Hospital Universitário de Colônia, na Alemanha, diz que o advento de terapias triplas menos tóxicas reduz o incentivo dos médicos mudarem os tratamentos para outros mais simples. Ele diz que a terapia dual pode ser adotada mais rapidamente entre pacientes mais velhos e mais propensos a complicações de saúde relacionadas à idade.

A Gilead está desenvolvendo um novo inibidor de integrase que, se for similar ao dolutegravir, pode dar a ela uma vantagem importante no mercado de terapia tripla. O pior cenário para a Glaxo ocorreria se suas terapias duais fracassarem e o inibidor de integrase da rival - que, se tiver êxito, deve ser lançado em 2018 - tirar participação de mercado do dolutegravir, embora Witty diga que o dolutegravir estará bem estabelecido quando a concorrência da Gilead chegar.

"Não é uma conclusão garantida que [a terapia dual] funcionará", diz Hardy. Mas "vi o desenvolvimento do dolutegravir por tempo suficiente para entender a razão de estarem tentando fazer isso".




Equidade na saúde

31/08/2016 - Folha de S.Paulo


Cerca de 30% dos planos de saúde, mesmo quando cobrados a ressarcir o SUS por atendimentos prestados a segurados, como determina a legislação, devolveram valores irrisórios, inferiores a 1% da dívida. A proporção das operadoras que cumpriram integralmente com suas obrigações é menor: 24%.

Permanece imensa a dificuldade que o Estado encontra para efetivar o ressarcimento. Um dos motivos é que o tema ainda está envolto em controvérsias jurídicas. As empresas entendem que várias das cobranças são ilegais e recorrem tanto na esfera administrativa como na judicial para não pagar.

Pelos cálculos da ANS, agência reguladora de saúde suplementar encarregada da cobrança, o total de reembolsos identificados desde 2001 chega a R$ 5,5 bilhões, dos quais 80% sofreram algum tipo de contestação pelas empresas. Do total de impugnações, 28% foram aceitas pela própria ANS no âmbito administrativo.

Se os valores parecem modestos, é porque as cobranças mais antigas estavam restritas a procedimentos simples. Foi só a partir de 2015 que a ANS passou a cobrar por tratamentos mais custosos como hemodiálises e quimioterapias.

Aqui começam a surgir alguns efeitos difíceis de administrar. Quanto mais eficiente for a ANS na cobrança, mais o ressarcimento passará a ser um custo significativo para as operadoras. Isso significa que elas os repassarão aos usuários através de aumentos na mensalidade dos planos.

Do ponto de vista do segurado, ele estará pagando mais pela incorporação de procedimentos aos quais já tinha direito, uma vez que o SUS é universal. Do ponto de vista da saúde pública, entretanto, esse pode ser um arranjo necessário para uma distribuição mais equitativa dos recursos.

Como proporção do PIB, o Brasil não gasta pouco em saúde. Em 2013, os dispêndios (públicos e privados) chegaram a 9,7% do produto interno, praticamente o mesmo que nações campeãs do "welfare state" como Noruega e Suécia, que ainda têm população bem mais idosa.

O problema no Brasil é a repartição desses recursos. Enquanto o sistema público, que atende a três quartos da população, fica com mais ou menos a metade da verba, os 25% de usuários de planos consomem a outra metade.

O ressarcimento pelas operadoras, se um dia efetivamente sair do papel, pode ser descrito como um subsídio que os titulares de planos pagarão aos usuários do SUS.

Novo estudo associa surdez em bebês à infecção pelo vírus da zika

30/08/2016 - Folha de S.Paulo / Site


Surdez é a mais nova inclusão na lista de possíveis consequências do vírus da zika para os bebês infectados. A novidade foi publicada em um estudo comandado pelo serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Agamenon Magalhães, do Recife (PE), e divulgado pelo CDC (Centro de Controle de Doenças, dos EUA).

O principal achado é que a surdez aparece em infecções pelo vírus da zika assim como em outras infecções congênitas (como citomegalovírus, sífilis e toxoplasmose), em uma taxa de 5,8% (quatro em 69). A surdez aparece entre 6% e 65% dos outros casos de infecção congênitas

Segundo os cientistas alguma lesão pode ter acontecido tanto na cóclea (na orelha interna) quanto no cérebro, provocando a perda de audição. O estudo foi feito com bebês de 0 a 10 meses de idade.

A amostra é pequena, mas o achado já serve de alerta –é necessário investigar alterações de visão, ortopédicas, na formação cerebral, além no desenvolvimento psicomotor nas crianças afetadas para minimizar as consequências no futuro.

Uma das limitações do estudo, alertam cientista, é o fato de só terem sido analisados bebês com microcefalia. "É possível que o espectro completo da infecção congênita pelo vírus da zika inclua crianças sem microcefalia, mas com déficit auditivo, como ocorre com rubéola e citomegalovírus, nas quais as crianças sem anomalias estruturais aparentes podem ter perda auditiva desde o nascimento ou mais tarde", escrevem os autores.

Também não foi possível estimar a fração dos bebês que terá perda progressiva da audição. Dada a "preferência" do vírus por células nervosas (neurotropismo), não seria surpreendente se uma maior variedade de danos neurológicos forem achados futuramente.

A perda auditiva aconteceu predominantemente em bebês cujas mães tiveram febre com rash cutâneo (exantema) no primeiro trimestre de gestação. Os autores propõem que esse momento de infecção seja um fator de risco.




Os desafios da saúde em São Paulo

31/08/2016 - O Estado de S.Paulo


A Prefeitura de São Paulo deu início, nos últimos meses, a um profundo processo de reestruturação do modelo de gestão das unidades de saúde do Município, estendendo a todo a cidade uma estratégia voltada para a atenção básica. A administração da maioria das unidades e dos serviços continua sendo feita por Organizações Sociais (OSs).

Mas, além de ter havido uma nova seleção de OSs, houve também uma importante evolução na estratégia, com a efetiva divisão da capital em 23 territórios, projetada em 2006, mas que nunca havia alcançado sua totalidade. A partir de agora, os equipamentos municipais de saúde estabelecidos dentro de um território serão administrados por uma mesma OS. Além de garantir a integração e a uniformidade no atendimento, essa decisão contribui para que os usuários possam acompanhar e controlar de perto a gestão da saúde em sua região.


OS DESAFIOS, CLARO, SÃO ENORMES


Tanto para a Secretaria Municipal de Saúde, que vai precisar se adequar ao novo formato, quanto para as Organizações Sociais, que estão iniciando um trabalho de transição para a nova realidade. Será um período de aprendizado mútuo, no qual serão feitos esforços redobrados para que a população paulistana não sofra prejuízo algum.

Até porque a sociedade também está passando por transformações profundas. A crise econômica tirou da formalidade milhões de trabalhadores.

Entre as muitas perdas dessa parcela da população estão os planos de saúde. De uma hora para outra um grande contingente de novos usuários entrou na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Uma migração bem-vinda, já que a Constituição federal qualifica a saúde como um direito fundamental do cidadão e um dever do Estado.

O modelo que está tornando viável o exercício desse direito nasceu na reforma administrativa feita no governo Fernando Henrique Cardoso, com a criação do modelo compartilhado de gestão por meio das Organizações Sociais. As OSs são instituições sem fins lucrativos que assumem a gestão de atividades administrativas do poder público, recebendo repasses de recursos para geri-los de acordo com uma lógica moderna, pautada por eficiência, transparência e controle.

O modelo não pode ser confundido com terceirização, já que a atividade-fim não é simplesmente transferida para as OSs. Tampouco é uma privatização, visto que a gestão é compartilhada e a Organização Social é responsável pela parte burocrática, cabendo ao Estado a gestão estratégica. Na saúde, por exemplo, todas as unidades administradas por OSs fazem atendimento exclusivamente pelo SUS, ampliando o acesso gratuito à população.

Foi no Estado de São Paulo que o modelo começou a se desenvolver plenamente, em 1998. Desde então, outros Estados e municípios adotaram a gestão compartilhada por OSs, com uma melhora expressiva nos resultados. Na capital paulista, o modelo começou a ser implementado na área da saúde em 2006 e vem evoluindo desde então. As mudanças adotadas agora têm como objetivo justamente fazer o modelo evoluir ainda mais.

Entre as Organizações Sociais habilitadas para esta nova etapa, o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas) acredita que tem muito a contribuir. Ao longo dos últimos seis anos, nossa instituição vem atuando no Rio de Janeiro, fazendo a gestão de 70 das 90 Clínicas da Família da cidade (correspondentes às UBSs de São Paulo), 3 das 14 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs 24 horas) e 100% do Programa de Atendimento Domiciliar ao Idoso (Padi).

Desde 2009 as unidades administradas pelo Iabas na capital fluminense já realizaram mais de 4 milhões de atendimentos de urgência e mais de 6,5 milhões de consultas clínicas.

O índice de satisfação dos usuários em nossas unidades, medido por um instituto independente, é de 97%.

A atuação do Iabas no Rio de Janeiro coincide com o crescimento exponencial do atendimento básico de saúde em todo o município, especialmente nas regiões norte e oeste da cidade.

Para se ter uma ideia, até 2009 apenas 3,5% da população carioca estava coberta pela Estratégia da Saúde da Família.


ESTE ANO O NÚMERO VAI SALTAR PARA 70%


Toda essa experiência será usada para a gestão das 69 unidades e dos serviços habilitados para o Iabas pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, nos bairros de Santana, Tremembé, Jaçanã, Tucuruvi e no Centro. Um trabalho de transição que começou dia 1.º de março e foi concluído no dia 1.º de maio.

Assim como no Rio de Janeiro, aqui, em São Paulo, a instituição também está formando uma equipe de primeira linha, absorvendo o maior número possível de profissionais que já estavam trabalhando nas unidades anteriormente e realizando processos seletivos rigorosos, de modo a assegurar quadros realmente capazes de enfrentar os desafios que vêm pela frente.

E ciente de que Rio e São Paulo têm realidades sociais bem diferente, o Iabas sabe que este período será de intenso aprendizado, tanto com os profissionais da Secretaria Municipal de Saúde quanto com os Conselhos de Saúde e com os próprios usuários. Neste ponto, mais uma vantagem da divisão por territórios: as OSs terão um contato mais intenso com a comunidade, já que estarão administrando todos os equipamentos de saúde de uma mesma microrregião. Assim, haverá mais troca de experiências, mais feedbacks e mais oportunidades de crescimento.

Para a comunidade o primeiro momento, naturalmente, é de incerteza, já que os usuários estavam habituados com o trabalho que era realizado pelos gestores anteriores. Mas, assim como aconteceu no Rio de Janeiro, o Iabas está pronto para vencer mais esse desafio e, ao lado das outras OSs habilitadas e da Secretaria Municipal de Saúde, tornar São Paulo referência mundial na gestão pública de saúde. Esse é o nosso compromisso.




OMS muda tratamento de doenças sexuais por resistência de bactérias

31/08/2016 - O Estado de S.Paulo


A crescente resistência de algumas bactérias a antibióticos fez a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançar ontem novos protocolos de tratamento para três das mais comuns doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

Segundo a organização, infecções por clamídia, gonorreia e sífilis “estão se tornando mais difíceis de tratar em razão da má utilização ou uso excessivo de antibióticos”.

Alguns desses medicamentos que, no passado, eram capazes de eliminar as bactérias causadoras dessas infecções, têm agora se mostrado ineficazes.

O pior quadro ocorre no caso das infecções por gonorreia. De acordo com a OMS, antibióticos mais antigos e baratos perderam sua efetividade no tratamento da doença. Pelo novo protocolo, os países devem deixar de usar a classe de medicamentos quinolona, da qual faz parte a ciprofloxacina, um dos mais populares.

No caso da sífilis, a OMS recomenda a utilização de uma única dose de penicilina benzatina, alternativa considerada mais efetiva do que medicamentos orais. Para a clamídia, a organização tem diferentes recomendações de acordo com o grau da infecção e o local afetado.

No Brasil, quase todas as novas recomendações da OMS já são adotadas, segundo informou o Ministério da Saúde. O órgão afirma que representantes do governo federal participaram da elaboração do documento da OMS e, como a resistência aos antibióticos já é notada em estudos nacionais, alguns protocolos foram alterados antes mesmo da diretriz da organização ser divulgada.

A única mudança ainda pendente em alguns Estados é a retirada da ciprofloxacina do protocolo de tratamento da gonorreia.

Isso é feito em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde o ministério já havia identificado a circulação de cepas resistentes ao medicamento. Nos demais Estados, há estudos sobre o tema e o medicamento deverá deixar de ser usado até o fim do ano.




“O governo brasileiro é negligente com o zika”

30/08/2016 - Época Online


Um ano antes de a epidemia provocada pelo zika entrar para o noticiário mundial, em 2014, um time de médicos do sertão – formado por infectologistas, pediatras e obstetras – discutia no grupo de WhatsApp Chickv, a Missão (redução de Chikungunya, uma doença provocada por vírus e transmitida pelo mosquito da dengue) sintomas incomuns encontrados em moradores do Nordeste. As queixas dos pacientes incluíam coceira no corpo, febre baixa e vermelhidão, um quadro que não se encaixava em nenhuma doença conhecida. “Na minha cabeça, só podia ser zika”, disse o infectologista Kleber Luz em entrevista para o recém-lançado Zika, do sertão nordestino à ameaça global, escrito pela advogada e professora de bioética Debora Diniz.

A coleta de sangue começou em janeiro de 2015, mas as amostras enviadas para laboratórios brasileiros voltavam sem diagnóstico. Em abril, o vírus foi identificado. Em 21 de maio, o Ministério da Saúde (MS) validou a descoberta. A primeira geração de gestantes cujo cérebro dos fetos não se desenvolveu como esperado, num drama conhecido inicialmente como microcefalia, é de agosto de 2015. Em novembro, a obstetra Adriana Melo anunciou ter encontrado o vírus zika no líquido amniótico de dois fetos. Doze dias depois, o MS assumiu o protagonismo na descoberta – sem mencionar Adriana. “Se por um lado o Ministério da Saúde mostrou-se cauteloso para checar o que estava acontecendo e refazer os testes, por outro mostrou como é difícil ouvir o barulho do sertão.” E continua: “O zika mostrou que médicos sertanejos de leito, anônimos atentos ao adoecimento de uma multidão, descobriram que um novo vírus circulava no país.” Leia a íntegra da entrevista com Debora, infectada por zika durante a produção do livro.

ÉPOCA – Em seu novo livro, a senhora é dura com o trato do governo brasileiro à epidemia do zika, mas a avaliação da Organização Mundial da Saúde sobre a atuação do Brasil é positiva. Em que se baseiam as críticas?

Debora Diniz – O governo brasileiro é negligente. O causador da epidemia é um mosquito que o governo não combate há pelo menos 40 anos, o Aedes aegypti. Não se trata de uma luta perdida, mas de uma batalha na qual o Brasil nunca entrou. A segunda é falta de apoio às famílias cujos filhos nasceram com a síndrome congênita do zika [conjunto de sintomas comuns aos bebês, incluindo a microcefalia]. Não houve, por exemplo, alteração no benefício de proteção continuada, em que famílias com renda per capita de até R$ 220 podem receber um salário mínimo. Na prática, significa que apenas famílias extremamente vulneráveis, formadas por no mínimo quatro pessoas, têm direito a esse benefício. Com esse dinheiro a família precisa comprar fraldas, remédios, óculos de grau [as crianças têm problema de visão], comida, transporte e etc. O dinheiro não vai para a criança, que nasceu com múltiplas necessidades, mas para a família sobreviver. Além disso, o governo prevê apenas três anos de acompanhamento para as crianças com a síndrome, como se depois desse período elas milagrosamente deixassem de precisar dos tratamentos. Por essas e outras questões, um casal da Paraíba, cuja filha nasceu com a síndrome, entrou com a primeira ação jurídica no Brasil por danos morais.

ÉPOCA – O que sua investigação pelo sertão tem mostrado?

Debora – Nenhuma mãe voltou a trabalhar. Uma recente portaria do presidente interino, Michel Temer (PMDB), fixou que o auxílio materno só deve ser recebido depois do fim da licença-maternidade. O que este governo parece desconhecer é que essas mulheres sabem que não voltarão ao trabalho já na licença, porque é isso o que acontece com as mães de crianças com múltiplas necessidades. Imagine que essa mulher sabe que não retornará ao trabalho, o que vai gerar um impacto financeiro importante na renda da casa, e que ela precisa esperar terminar a licença para, então, entrar com o pedido para receber o benefício – não há garantia se vai ou não acontecer. Quem vai ajudar essa família enquanto o dinheiro não chega? E se o dinheiro não chegar?

ÉPOCA – Uma das bandeiras do governo brasileiro é a eficiência dos centros de referência, as unidades de tratamentos múltiplos nas capitais. A senhora visitou os do Nordeste. Qual é sua avaliação?

Debora – Os centros não comportavam nem as crianças que já eram atendidas, e agora têm essa nova demanda. Para as mães do interior chegar aos centros, não raro, precisam do veículo da prefeitura, que não está disponível apenas para elas. A realidade das mães do sertão é levar de duas a três horas para chegar a um centro, fazer o atendimento de até uma hora e, então, levar o mesmo período para voltar para casa. Alguns exames elas não conseguem liberação para fazer. A lista de medicamentos que não chega ao posto de saúde é gigantesca. A criança que precisa de duas ou três sessões de fisioterapia faz uma. As 150 mães da Paraíba, carentes de atendimento psicológico, por exemplo, contam com uma psicóloga. Essa é a realidade dos centros de referência.

ÉPOCA – A senhora revela, no livro, a história da primeira mãe, a italiana Sofia Tezza, a questionar a ligação entre o zika e a microcefalia. Qual é a importância da dúvida dessa mulher?

Debora – Sofia era casada com um brasileiro, separou-se aos seis meses de gestação e voltou para a Europa. Lá, soube que o desenvolvimento cerebral do feto estava aquém do esperado. Por e-mail, Sofia conversou com um médico brasileiro e fez a pergunta central: um arbovírus, no caso o zika, pode ultrapassar a placenta? Esse e-mail ficou guardado numa caixa postal por muito tempo. Meses depois, quando muitos fetos foram diagnosticados com comprimento cefálico anormal, a obstetra Adriana Melo, do interior da Paraíba, fez o mesmo questionamento. Primeiro perguntou como é que, até aquele momento, não avaliaram os fetos. Então, com aval das pacientes e dos respectivos maridos, colheu o líquido amniótico das placentas e testou ambos para o zika. Com os resultados em mãos, sentiu medo de que desacreditassem numa médica do interior da Paraíba e foi à imprensa divulgar os resultados positivos. O que esse processo mostra? Que as pacientes perderam o medo de confrontar os médicos, e que isso pode ajudar a produzir conhecimento.

ÉPOCA – Qual é o impacto do zika na vida de uma mulher em idade reprodutiva?

Debora – É algo imensurável. Até agora a ciência não pode dizer se o bebê de uma mulher que teve zika antes de engravidar terá problemas, e as mulheres estão em pânico. Também não se sabe por que a epidemia avançou com tanta velocidade no nordeste, inclusive em regiões menos favorecidas economicamente. O zika, aliás, expõe essa outra fragilidade, a geografia econômica da epidemia. O pai do paciente zero, que menciono no livro, pediu que nem o nome dos filhos (são gêmeos, e um tem a síndrome congênita do zika) nem o da mulher fossem divulgados. Ele me disse que o filho dele não é o paciente zero, uma vez que os casos antes do filho dele podem não ter sido notificados. Por quê? Porque ele é um paciente da rede privada. Já os pais do sertão abrem suas casas e suas vidas para o mundo.

ÉPOCA – Semanalmente, o Ministério da Saúde notifica os casos suspeitos de Zika. Menos de um quinto recebeu diagnóstico da síndrome congênita do zika. Significa que os já liberados não terão problemas?

Debora – Não. As publicações mais recentes mostram que os critérios adotados pelo Ministério da Saúde na seleção são frágeis. As caravanas que percorrem o sertão estão mostrando isso também. Todos os bebês deveriam fazer exames de imagens para acompanhar o desenvolvimento cerebral. Estamos falando de mais de 8 mil crianças. Para esses pais, é uma angústia terrível de como a vida será.

Conteúdo acessível em libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro ou Hozana. Conteúdo acessível em libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro ou Hozana.