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CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 21/07/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

Pesquisa ameaçada

21/07/2016 - O Globo


-SÃO PAULO E RIO- Às vésperas do início dos testes com a fosfoetanolamina sintética, conhecida como “pílula do câncer”, o governo de São Paulo já recebeu 800 mandados de busca e apreensão determinando o fornecimento da substância a pacientes com a doença. De acordo com o secretário estadual de Saúde, David Uip, isso pode até mesmo inviabilizar as pesquisas para verificar a eficácia do composto, que ainda não foi testado de forma sistemática em humanos. Segundo ele, o estado já precisou entregar a pacientes cerca de dois quilos (em pó) do produto.

— Estamos recorrendo a tudo, mas busca e apreensão tem que ser cumprido. Isso porque avisei, desde o início, que o estado comprou a substância para cumprimento de protocolo, para testes. Se não parar (de chegar mandado), como faço? — desabafou Uip ao GLOBO.

O secretário contou que aguarda aval da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Conselho Nacional de Saúde (Conep) para o início dos testes clínicos, mas demonstrou preocupação com a quantidade de liminares obrigando o governo estadual a distribuir o estoque de fosfoetanolamina adquirido para realizar os estudos, encabeçados pelo Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp):

— Isso é absolutamente descabido e enlouquecido, porque o que nós encapsulamos é para o protocolo, não para distribuição. Se tirar a pílula do Icesp, não teremos como fazer a pesquisa. O compromisso do estado é comprar o número necessário de pílulas para cumprir o protocolo.

Sem autorização para encapsular o composto, função que ficou a cargo da Fundação para o Remédio Popular (Furp), o laboratório PDT Pharma, em Cravinhos, interior de São Paulo, que sintetizou e forneceu ao estado a fosfoetanolamina que será utilizada nos testes, está entregando a substância em envelopes lacrados e em quantidades determinadas pelos juízes, relatou seu diretor administrativo, Sérgio Perussi:

— Os mandados de busca e apreensão começaram há mais ou menos 15 dias. Agora, eu sinceramente não sei como as pessoas estão fazendo para tomar se a substância é em pó.

Não é a primeira vez que a Justiça determina a distribuição do composto, que ficou conhecido devido a relatos não comprovados de pacientes de que a pílula reduziu seus tumores. A substância vinha sendo distribuída informalmente por funcionários da USP em São Carlos até junho de 2014, quando a universidade decidiu interromper o fornecimento. Em meados do ano passado, no entanto, uma paciente do Rio conseguiu da Justiça autorização para obter o composto. Logo depois, centenas de outros pacientes obtiveram liminares obrigando a USP a entregar a fosfoetanolamina.

Já no início deste ano, a presidente afastada Dilma Rousseff sancionou lei aprovada pelo Congresso que autorizava a distribuição da “pílula do câncer” mesmo antes de estudos adequados sobre a sua eficácia e segurança, o que foi duramente criticado pela comunidade científica. A lei, porém, foi suspensa liminarmente pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em maio. Mesmo assim, alguns juízes continuam concedendo liminares para pacientes.

— Se ficarmos no rigor do Direito, os pacientes não podem mais utilizar o medicamento. Mas, assim como verificamos em outros casos, vários juízes não acataram esta decisão por envolver a questão mais delicada de todas, que não está prevista nem em nossa Constituição: o direito à esperança de vida. É justo negar essa pílula se ela for a última esperança de uma pessoa? — considera o advogado Nelson Wilians. Já o advogado Sérgio Niemeyer discorda: — A decisão do STF que suspendeu a lei não é vinculante. O amparo legal destas decisões é constitucional, já que a Constituição traz garantias aos direitos à vida e à saúde. Como o câncer é uma doença que pode condenar à morte, não se pode tirar de uma pessoa o acesso a um tratamento, por mais que ele ainda não tenha um protocolo aceito pelas comunidades médica e científica ou registro. Estamos todos sujeitos a desenvolver câncer e neste caso cada um de nós gostaria de poder ter acesso a um medicamento mais promissor como este.


ANÁLISES REPROVARAM SUBSTÂNCIA


Testes em andamento com a fosfoetanolamina financiados pelo governo federal e conduzidos na Universidade Federal do Ceará, entretanto, já apresentaram resultados negativos. Segundo os estudos, o composto não mostrou eficácia na redução de tumores em roedores em laboratório. Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Gustavo Fernandes recomenda cautela e avalia que o melhor é esperar os resultados das pesquisas para saber se se deve ou não administrar a substância.

— A verdade é que não sabemos se estamos deixando de ajudar ao não administrá-la ou atrapalhando ao fazê-lo — pondera. — Mas também não se pode inviabilizar as pesquisas, pois sem elas não vamos ter uma resposta a esta dúvida. Elas são o único caminho.

Greve afeta entrega de insumos de medicina nuclear

21/07/2016 - O Estado de S.Paulo


Responsável pela produção de 95% dos radiofármacos usados nos hospitais e clínicas do País, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) suspendeu parcialmente a entrega desses produtos após funcionários do órgão decretarem greve, na última segunda-feira. Cerca de 340 exames ou procedimentos que usam esse tipo de insumo, a maioria para diagnóstico ou monitoramento de câncer, foram cancelados ou adiados.

O Ipen está localizado dentro da Universidade de São Paulo (USP) e é vinculado ao governo do Estado, mas gerido e financiado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

Segundo o superintendente do instituto, José Carlos Bressiani, a paralisação teve como motivo um erro no projeto de lei que definia os reajustes salariais e demais regras de remuneração de servidores públicos. No texto, aprovado pelo Senado na semana passada, não foi incluído o reajuste e as gratificações para as carreiras de técnico e auxiliar técnico do Ipen.

“Temos cerca de 300 técnicos e parte deles está na área de produção, onde a maioria dos funcionários aderiu à paralisação. Estamos tentando honrar a entrega dos produtos convocando funcionários em férias ou servidores de outros setores, mas estamos tendo alguns atrasos”, diz Bressiani.

Sem a inclusão da previsão das gratificações no projeto de lei, os funcionários do Ipen teriam uma redução de cerca de 30% em suas remunerações, porcentual do salário correspondente a esse benefício.


PREJUDICADOS


De acordo com o superintendente, uma das áreas mais prejudicadas pela greve foi a de produção do radiofármaco flúor-18, necessário para a realização do exame PET-CT, procedimento que faz um rastreamento completo do corpo do paciente com o objetivo de investigar o tamanho e o estágio de tumores, além de possíveis metástases.

Seis hospitais que haviam feito encomendas do insumo para a realização do exame na terça-feira, 19, só receberam o material nesta quarta, 20. Pelo menos 37 exames tiveram de ser cancelados por causa do atraso.

De acordo com Bressiani, entre as unidades de saúde prejudicadas estão o A.C. Camargo Cancer Center, o Hospital Estadual de Heliópolis, ambos na capital, o Hospital da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Hospital Amaral Carvalho, em Jaú. O atraso na produção de iodo e gálio-68 podem ter cancelado ou atrasado outros 300 exames.

A principal dificuldade de substituição do fornecedor desses produtos é que quase a totalidade da produção no País é feita pelo Ipen, sem possibilidade de importação dos itens, pois os radiofármacos perdem eficácia rapidamente, tendo de ser utilizados poucas horas após a produção.

A suspensão do fornecimento do gálio-68 impediu que a gerente Luciana Souza, de 34 anos, passasse por um PET-CT nesta quarta-feira, 20, no Hospital Sírio-Libanês, outra unidade que confirmou ter cancelado exames por causa da greve do Ipen. No caso de Luciana, o resultado do teste é fundamental para a realização da cirurgia de retirada de um tumor, agendada para o próximo sábado. “Sem passar pelo exame, não posso fazer a operação. É uma angústia”, diz ela.

O superintendente do Ipen diz que a força-tarefa com servidores que não aderiram à greve continuará, mas que o fornecimento só deverá ser normalizado após o fim da paralisação. Na manhã desta quinta-feira, 21, os funcionários do Ipen deverão fazer uma nova assembleia para decidir se mantêm a greve.

Procurado, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações informou que detectou a ausência dos cargos de técnico e auxiliar técnico do Ipen no Projeto de Lei 33/2016 e que já solicitou ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão “a correção da matéria”, para que não haja prejuízo aos servidores.

“Além disso, o MCTIC mantém diálogo com a categoria para solucionar o problema o quanto antes”, informou o órgão, em nota.


CRISE


Além de enfrentar a greve dos técnicos, o Ipen passa por uma crise orçamentária que poderá levar à suspensão completa das atividades. Conforme revelou o Estado no início do mês, o instituto só tem dinheiro para operar até o fim de agosto, de acordo com Bressiani. O orçamento do Ipen para 2016 é de aproximadamente R$ 100 milhões, R$ 50 milhões a menos do que o necessário. Cerca de 6 mil pessoas usam os produtos fabricados pelo órgão diariamente.




Unilever compra startup para desafiar P&G

21/07/2016 - Valor Econômico


A Unilever comprou a Dollar Shave Club, uma startup americana focada em cuidados masculinos com a aparência, por US$ 1 bilhão. O negócio, anunciado ontem, é uma tentativa da companhia anglo-holandesa de desafiar o domínio da Gilette no mercado americano.

A Dollar Shave Club expandiu sua operação de venda direta ao consumidor rapidamente desde sua fundação, em 2012. Graças, principalmente, ao marketing viral, a empresa tem hoje 3,2 milhões de clientes, com um faturamento de US$ 152 milhões.

A aquisição permitirá à Unilever competir com a Procter & Gamble, que detém 59% do mercado americano de lâminas de barbear com a marca Gillette, segundo a empresa de pesquisa Euromonitor. A participação de mercado da Dollar Shave Club foi de 5% no ano passado.

A proposta da Unilever prevaleceu sobre ofertas rivais, feitas por companhias de investimentos em participações, segundo pessoas informadas sobre o negócio.

Martin Deboo, um analista do banco de investimento Jefferies, disse que US$ 1 bilhão foi um preço alto, que representa cinco vezes as vendas projetadas de US$ 200 milhões da Dollar Shave Club em 2016. "Aquisições dessa dimensão na área de produtos de consumo nos EUA, de mais de quatro vezes o faturamento, são raras", observou ele, citando a recente aquisição da WhiteWave, empresa americana de alimentos orgânicos, pela Danone, por 3,2 vezes as vendas anuais.

Esse preço evidencia o sucesso do marketing não convencional adotado pela Dollar Shave Club para seus produtos de cuidados pessoais masculinos - que também incluem itens para os cabelos e a pele - e que são, todos, vendidos por assinatura com entrega em domicílio.

A Dollar Shave Clube envia cartuchos de barbear diretamente aos consumidores por apenas US$ 1 por mês, um modelo [de negócio] atraente para os consumidores fartos de terem de comprar aparelhos de barbear caros.

A irreverente peça publicitária da companhia no YouTube tornou-se viral após zombar do custo de se barbear usando produtos de grandes marcas. Nos comerciais, o cofundador e diretor-presidente da empresa, Michael Dubin, pergunta por que alguém gastaria US$ 20 por mês em produtos recomendados por celebridades, quando US$ 19 vão para astros como Roger Federer. "Você acha que seu aparelho de barbear precisa de uma haste vibratória, uma lanterna, um coçador para as costas e 10 lâminas? Seu avô boa pinta tinha uma só lâmina e poliomielite. Ora, pare de pagar por tecnologia de barbear de que você não precisa".

A Dollar Shave Club ainda não é lucrativa, mas Dubin disse acreditar, em uma conferência feita em maio, que a empresa estará no lucro até o fim do ano.




Farmacêutica Abbott vê receita crescer e lucro cair no 2º trimestre

20/07/2016 - Valor Econômico / Site


A farmacêutica americana Abbott Laboratories registrou lucro líquido de US$ 615 milhões no segundo trimestre deste ano, queda de 21,5% em relação ao mesmo período do ano passado.

A receita líquida da empresa totalizou US$ 5,33 bilhões, crescimento de 3,2% sobre o mesmo intervalo de 2015. Analistas consultados pela Thomson Reuters projetavam uma receita de US$ 5,24 bilhões.

Segundo o diretor-presidente da empresa, Miles D. White, os recentes lançamentos e aprovações para uso de medicamentos, como as lentes intraoculares Symfony para tratamento de cataratas e o medicamento Absorb, usado para tratar doenças coronárias, estão contribuindo para o crescimento da empresa.

No segmento de nutrição, um dos mais importantes da companhia, as vendas subiram 1,4%. Os custos e despesas operacionais da empresa subiram 1,7% no trimestre, para US$ 4,52 bilhões.

A farmacêutica tem enfrentado as pressões de custos por meio do reforço e da melhora do seu poder de negociação e precificação no mercado. Em abril, a Abbott concordou em comprar a concorrente local St. Jude por US$ 25 bilhões, em meio a uma onda de transações do gênero no setor de saúde. A expectativa é que o negócio seja concluído no quarto trimestre.




Reposição hormonal não afeta a memória

21/07/2016 - Correio Braziliense


Fase final da vida reprodutiva da mulher, a menopausa é um período cercado de polêmicas. Questões relacionadas à reposição hormonal são as que mais levantam dúvidas em congressos científicos e consultórios médicos. Uma delas diz respeito às funções cognitivas. Enquanto alguns trabalhos sustentam que o estrógeno — hormônio sexual feminino — pode melhorar a memória, outros sugerem o contrário: a substância teria potencial de danificar cérebro. Agora, pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, acreditam ter resolvido o imbróglio. Eles fizeram o maior estudo até o momento, envolvendo 567 mulheres de 41 a 84 anos, acompanhadas durante cinco anos. O resultado: o hormônio não afeta a memória nem para o bem nem para o mal, sustentam os autores.

De fato, o estrógeno tem múltiplos efeitos sobre a função cerebral, explica o líder do estudo, Victor Henderson, professor de pesquisas de saúde e ciências neurológicas da instituição. “Alguns, mas não todos, desses efeitos são mediados por receptores específicos, encontrados em células nervosas de diferentes regiões do cérebro, que incluem o hipocampo, o córtex e os núcleos de base”, afirma o também diretor do Centro de Pesquisa da Doença de Alzheimer de Stanford. Todas essas estruturas estão implicadas, de alguma forma, com a memória. Da mesma maneira, o estrógeno age sobre o sistema vascular e o imunológico.

Durante a fase reprodutiva, o corpo produz o estrógeno normalmente. Na menopausa, quando a mulher apresenta sintomas como ondas de calor, sudorese noturna e dificuldade para dormir, entre outros, o médico pode receitar a reposição do hormônio. Cerca de 30% sofrem desses problemas. O presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), César Eduardo Fernandes, ressalta que a terapia só é indicada para essas pessoas. “Caso contrário, é como receitar antibiótico para quem não tem infecção”, ilustra.

Alguns pesquisadores acreditam que o estradiol pode melhorar a memória e o raciocínio nas pacientes que começam a tomá-lo imediatamente após o início da menopausa. Da mesma forma, há os que dizem que a reposição tardia pode levar a um efeito contrário. Certos estudos chegaram a associar a terapia hormonal ao risco aumentado de desenvolvimento de Alzheimer. Segundo Fernandes, estudos com ratos mostram que fêmeas castradas, ao serem sacrificadas, exibem conexões neuronais muito menos densas.

“Para ter uma boa cognição, os neurônios precisam se comunicar bem uns com os outros. Nas fêmeas com deficiência hormonal por causa da castração, o prejuízo dessa conectividade foi enorme”, relata o médico, que também é pesquisador e professor da Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo. De acordo com ele, além disso, a síntese de neurotransmissores associados aos processos cognitivos fica reduzida nesses casos. “Também existem trabalhos mostrando que mulheres que iniciam a terapêutica hormonal no início ou mesmo um pouco antes da menopausa, quando já há sintomas, preservam mais a performance de memória e raciocínio”, indica.

Contudo, o presidente da Febrasgo observa que essas pesquisas foram realizadas com um número pequeno de participantes e que, no caso dos roedores, não se pode afirmar, com certeza, que os resultados se extrapolam para humanos. Essas também são observações de Henderson, para quem a ação do estradiol no cérebro, embora existente, não chega a influenciar a performance cognitiva.


PERFIS DISTINTOS


No artigo do pesquisador de Stanford, publicado na revista Neurology, os dados foram extraídos do Women’s Health Initiative Memory Study, um estudo longitudinal dos Institutos de Saúde dos Estados Unidos que faz parte de uma pesquisa muito mais ampla de saúde feminina, lançada em 1993, agregando informações médicas de 161.808 mulheres. Para investigar a influência do estradiol sobre a memória, Henderson trabalhou com mais de 500 participantes, divididas aleatoriamente em grupos: parte recebeu placebo; outra parte, o hormônio. Nem os médicos nem as mulheres sabiam quem, de fato, estava fazendo a reposição hormonal.

Todas as integrantes da pesquisa eram saudáveis. Algumas haviam entrado na menopausa há menos de seis anos, e o restante há mais de 10; justamente para verificar se, no início dessa fase, haveria benefícios para a memória e se, passado muito tempo da cessação da menstruação, a terapia hormonal poderia trazer danos à mente. Os primeiros resultados vieram dois anos e meio após o início da pesquisa, e os seguintes foram avaliados cinco anos depois do começo.

Para verificar o status cognitivo, todas fizeram testes neuropsicológicos, que incluíam questões de memória e raciocínio. Ao fim do tratamento, que durou 57 meses, não houve diferença na performance das mulheres que tomaram placebo e daquelas que, de fato, fizeram a reposição hormonal. Independentemente de terem iniciado a terapia precoce ou tardiamente, o desempenho entre os grupos foi praticamente o mesmo.


CAUTELA


Embora reconheça que o estudo considerou um número maior de participantes e considere a metodologia impecável, César Eduardo Fernandes destaca, porém, algumas restrições no trabalho. Em primeiro lugar, ele observa que as mulheres não foram divididas em grupos assintomáticos e de sintomas moderados e severos. “Uma coisa é uma onda leve de calor. Mas há mulheres que sofrem efeitos tão fortes que não conseguem trabalhar. Alguns estudos mostram claramente que a doença de Alzheimer é muito mais comum naquelas com sintomas intensos”, diz.

Já o médico acredita que, no caso das participantes consideradas em tratamento precoce, o tempo de espera até o início da reposição (até seis anos, com média de três, após o início dos sintomas) foi, na verdade, longo demais. Com isso, elas teriam perdido a oportunidade de se beneficiar do tratamento, no sentido da memória e das funções cognitivas. “É como tratar uma pessoa com pneumonia depois que ela sarou. Não adianta dar antibiótico, não terá nenhum benefício”, compara, ressaltando que nem pacientes nem médicos devem alterar um tratamento com base no estudo.


Duas perguntas para Victor Henderson, professor de pesquisas de saúde e ciências neurológicas da Universidade de Stanford e diretor do Centro de Pesquisa da Doença de Alzheimer da instituição.


Qual a principal implicação do estudo?

É que o estradiol, o principal estrógeno produzido pelas mulheres durante os anos reprodutivos, não afeta a memória e outras habilidades mentais de forma diferente, independentemente da fase da menopausa em que se começa a reposição hormonal. Não há benefício nem risco cognitivo em nenhum grupo. As duas principais mensagens são: primeiro, que mulheres pós-menopausa não devem fazer uso da terapia hormonal só para melhorar a memória; e segundo: mulheres pós-menopausa considerando a terapia hormonal para outras indiciações — por exemplo, para aliviar sintomas de ondas de calor moderados a severos — não precisam se preocupar em pensar que a terapia terá um efeito negativo na memória por até cinco anos de uso (o tempo de avaliação do estudo).

Mulheres com deficit cognitivo foram excluídas do estudo. É possível que esse grupo sspecífico possa se beneficiar, ou sofrer efeitos negativos, da reposição hormonal?

Essa é uma questão importante. Não estudamos mulheres com demência ou comprometimento cognitivo leve que possam representar o início da demência e não podemos responder a essa questão diretamente. Estudos clínicos em mulheres mais velhas na pós-menopausa com doença de Alzheimer não mostraram efeitos benéficos do estrógeno na demência. Há uma preocupação do estudo Women’s Health Initiative Memory que o estrógeno possa piorar o declínio mental em idosas que já experienciam algum tipo de perda cognitiva.




Patentes impedem redução de preços de tratamento de Aids, diz relatório

21/07/2016 - Portal EBC


Relatório divulgado hoje (21) pela organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) mostra que patentes farmacêuticas impedem a redução de preços dos tratamentos modernos de HIV, sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Causador da Aids, ataca o sistema imunológico. Segundo o documento, o preço mais baixo da terapia de resgate é de US$ 1.859 por pessoa por ano, 18 vezes o preço do tratamento de primeira linha e mais de seis vezes o valor mais barato do que o de segunda linha.

A terapia de resgate é destinada a pacientes com HIV que têm sintomas da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (Aids), com infecções oportunistas, por exemplo. O tratamento de primeira linha é o primeiro indicado a quem recebe o diagnóstico de HIV positivo. Já o de segunda linha é para quem não se adaptou ao primeiro.

A 18ª edição do relatório do MSF sobre preços de medicamentos para HIV, Untangling the Web of Antiretroviral Price Reductions, foi lançado na Conferência Internacional de Aids, que está sendo realizada em Durban, África do Sul. O documento defende que acordos comerciais e a pressão da indústria farmacêutica para que a Índia, conhecida como “farmácia do mundo em desenvolvimento”, facilite a concessão de patentes, representam grande ameaça ao acesso a medicamentos.


PREÇOS EM QUEDA


De acordo com o documento, os preços de medicamentos mais antigos para HIV continuam caindo, por conta da competição das fabricantes de genéricos, mas os valores dos remédios mais novos continuam fora do alcance da maioria da população. Isso ocorre, em grande parte, “porque as empresas farmacêuticas mantêm monopólios que impedem a competição de medicamentos genéricos”.

Atualmente, o menor preço disponível para um medicamento de qualidade reconhecida, recomendado pela Organização Mundial de Saúde, para o tratamento de primeira linha, é de US$ 100 por pessoa por ano. Isso representa uma redução de 26% desde a última vez em que MSF registrou o preço mais baixo para o mesmo tipo de medicamento, que era de US$ 136 em 2014.

Para o tratamento de segunda linha, o menor preço disponível atualmente é de US$ 286 por pessoa por ano – uma redução de 11% do valor de US$ 322, de dois anos atrás. Enquanto isso, o preço da terapia de resgate diminuiu 7% em relação a 2014, quando custava US$ 2.006 por ano.

A patente é o direito que fabricantes adquirem do estado de comercializarem um produto com exclusividade por um determinado período. Normalmente, funciona como uma compensação pelo pioneirismo da empresa que desenvolveu o produto. No entanto, as regras para a concessão de patentes em cada país são distintas.

Segundo o relatório do MSF, o papel da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), agência que regula no Brasil, entre outras coisas, o mercado de medicamentos, tem sido importante para garantir o acesso aos remédios. O documento sugere que a agência tem tornado o processo de concessão de patentes na área farmacêutica mais rigoroso.

HC afasta suspeitos de fraude e contesta dados de investigação

21/07/2016 - Folha de S.Paulo


O HC (Hospital das Clínicas) informou, nesta quarta (20), que o neurocirurgião Erich Fonoff foi afastado das funções assistenciais e o diretor técnico Waldomiro Pazin tirou licença da instituição.

Ambos são investigados pelo MPF (Ministério Público Federal) e pela Polícia Federal por um suposto esquema de fraudes em que instruiriam pacientes com mal de Parkinson a procurarem a Justiça a fim de obterem marcapassos cerebrais pelo SUS de maneira mais rápida.

Com decisões judiciais, podiam adquirir equipamentos sem licitação, que custavam cerca de quatro vezes mais que o preço com o certame.

O HC,gerido pela USP e pelo governo Alckmin (PSDB), criou uma comissão para investigar as denúncias, que tem 20 dias para apurar o suposto esquema. O hospital afirma colaborar integralmente com as investigações.

Diretores da instituição, contudo, rebateram a informação dada pelos investigadores de que não houve licitações no período apurado, de 2009 a 2014.

De acordo com a diretora clínica, Eloisa Bonfá, e o superintendente Antonio José Rodrigues Pereira, desde 2009 o hospital comprou 37 marca passos cerebrais: 36 em um lote com pregão internacional, por R$ 23,7 mil cada um, e outro comprado em urgência, sob ordem judicial, por R$ 53,7 mil, em 2013.

Mesmo o neuro estimulador mais caro foi comprado pelo preço de mercado,segundo os diretores. “Isso mostra a dificuldade que a gente tem quando se faz a judicialização,porque você não tem como negociar [preços]”, disse Bonfá.

Nenhum deles foi comprado da empresa investigada, a Dabasons, segundo o HC.

O hospital diz que entre 2009 e 2016 foram feitos 186 procedimentos para implante dos marcapassos, sendo 34 comprados pelo hospital.

A instituição, porém, não informou os dados do período de 2009 a 2014 —segundo a apuração, pelo menos 154 cirurgias foram feitas nesses anos, todas sem licitação.

O MPF afirmou que não vai comentar os dados divulgados pelo HC. A PF disse que as licitações não eram realizadas de modo periódico,o que criava uma “fila paralela”, atendida por decisões judiciais.

Hoje, 47 pacientes estão em tratamento de parkinson no HC. “Esta fila tem que obedecer ao grau de gravidade do paciente.A única exceção que infelizmente temos é a judicialização, que não obedece nenhum critério de gravidade”, criticou Bonfá.


PREVENÇÃO


Para evitar que outros esquemas fraudulentos aconteçam no hospital,a instituição planeja uma base de dados compartilhada com a Secretaria de Estado de Saúde para acompanhar casos de judicialização,monitorando as comarcas de onde saíram os processos e os profissionais responsáveis pelos procedimentos médicos.

As investigações apontam que os pacientes eram orientados a procurar a Justiça em suas cidades e Estados natais.

Foi anunciada ainda a criação de uma comissão de “compliance”, formada por médicos e advogados, que vai regular a relação entre médicos e empresas do setor de saúde. “Queremos que este seja um piloto inovador. Hoje essa norma não é muito clara”, afirma Bonfá.


OUTRO LADO


A defesa do neurocirurgião Erich Fonoff afirma que ele “mantém relacionamento técnico e científico com diversas empresas do segmento neurocirúrgico”, mas que, “nunca deteve poder para influenciar o processo de compra de equipamentos. ” O advogado de Waldomiro Pazin, Paulo Azevedo Marques, diz que só vai se pronunciar após ter acesso aos detalhes da investigação.

A defesa da Dabasons diz que “a empresa não vende produtos superfaturados nem para o SUS nem para qualquer outro órgão público”.




Tratamento preventivo contra HIV deve chegar ao SUS até início de 2017

21/07/2016 - Folha de S.Paulo


O Truvada, medicamento usado para prevenir a infecção do HIV, começará a ser disponibilizado pelo SUS até o início de 2017. O protocolo clínico da PrEP (profilaxia pré-exposição já está em análise no Ministério da Saúde.

“No melhor cenário, no final deste ano. No pior dos cenários, iniciamos em 2017, no começo do ano”, afirmou à Folha Marcelo Freitas, diretor adjunto do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais.

A PrEP consiste na disponibilização de comprimidos antirretrovirais para pessoas que não têm HIV, evitando a infecção pelo vírus.O procedimento é destinado aos grupos de risco de infecção, como homens que fazem sexo com homens e pessoas que se relacionam com portadores do vírus.




Cientistas analisam‘ zonas de microcefalia

21/07/2016 - Folha de S.Paulo


Apesar de todo o avanço que houve no entendimento da ligação entre a infecção pelo vírus da zika e o surgimento de casos de microcefalia, algumas perguntas permanecem sem resposta. Por que os casos estão concentrados no Nordeste? Existe algo que predisponha ou impeça os efeitos mais graves da virose? O problema intriga os cientistas e o governo. A busca por respostas inclui várias frentes, desde o estudo da prevalência de outras infecções (como a dengue) até o mapeamento de fatores genéticos e ambientais.

A identificação de um ou mais cofatores (que atuariam em “parceria” com o vírus da zika) poderia ser chave para a prevenção de futuros casos.

A explicação mais simples é que condições precárias de higiene —e infecções decorrentes— seriam um fator. Para investigar essa possibilidade, seria necessário um mapeamento mais detalhado dos locais com concentração de nascimentos com microcefalia combinado a uma avaliação socioeconômica, afirma o virologista e professor da USP Paolo Zanotto, pioneiro nas pesquisas de zika no país.

“A maioria dos casos acontece com pessoas que vivem em locais com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) muito baixo. O saneamento básico pode ser o problema.

Se for, pode não só incentivar a correção dessa questão de 500 anos mas também fazer a gente se atentar para a relação entre nível socioeconômico e doenças”, diz.

A própria existência desses “clusters”(regiões contíguas) com alto índice de nascidos com microcefalia é questionável.

Não há uma boa estimativa de quantas pessoas tiveram, de fato, a zika.

O motivo disso é a falta de um exame capaz de diferenciar corretamente quem já teve zika ou dengue.

E isso seria importante também por outro motivo: é possível que um dos fatores de risco sejam infecções anteriores de dengue —os anticorpos contra os vírus da dengue poderiam “fortalecer” o vírus da zika e auxiliá-lo na tarefa de invadiras células do organismo e se replicar.

Sabe-se que em várias cidades do Nordeste há alta incidência de casos de dengue, o que poderia justificar a investigação dessa relação.

Na contramão dessa explicação que envolve o vírus da dengue, a proteção contra febre amarela poderia ajudar o organismo a combater o zika.

A ideia de explorar a hipótese foi do epidemiologista Luciano Cavalcanti, da Universidade Federal do Ceará,e de seus colaboradores.

“Nossa análise mostra que há uma coincidência espacial muito grande entre baixa cobertura vacinal contra febre amarela e as más-formações.” Dentro dos “clusters” (veja mapa) estão concentrados 15,2% dos casos confirmados de microcefalia, mas apenas 2,9% da população brasileira.

O próximo passo, diz Cavalcanti, deve será realização de estudos controlados.

Cavalcanti reconhece que é difícil avançar na área. “Com relação a essa epidemia de zika,a gente não sabe quase nada.

Se alguém te disser que sabe do que está falando, é melhor trocar de entrevistado.” Outro problema, segundo Paulo Zanotto, é a “forma atropelada” com que tem sido feita a pesquisa ligada à zika e suas implicações. “Temos de nos reorganizar e começar novas linhas de pesquisa com muita rapidez, e isso é estressante. Sem contar que os recursos financeiros são insuficientes.”


BOI E GÊMEOS


Outro candidato a cofator é o VDVB (vírus da diarreia viral bovina). O virologista e professor da UFRJ A milcar Tanuri estuda a possível relação entre uma infecção em humanos desse vírus (que é parente do vírus da zika e do vírus da dengue) e os casos de microcefalia no Nordeste. No entanto, ainda falta embasamento experimental que permita fazer a associação.

A pesquisa está parada por falta de recursos. Recentemente, Tanuri e cientistas se reuniram com representantes do Ministério da Saúde para pedir apoio para a pesquisa.

Segundo o virologista, o ministério prometeu liberar R$ 900 mil para a investigação.

Em outra frente está o grupo de Mayana Zatz, geneticista e professora da USP que está analisando o material genético de mães e bebês em busca de explicações para a possível “preferência” do vírus por algumas pessoas.

Mas a grande aposta da geneticista é o estudo em gêmeos. “São amostras preciosas”, diz ela. De nove nascimentos de gêmeos de que se tem notícia, Mayana tem amostras de oito pares.Em seis casos, um irmão nasceu com microcefalia e o outro, sem.

O estudo com gêmeos é uma das maneiras mais eficazes de se obter respostas com relação à influência de fatores genéticos ou ambientais para determinadas condições ou comportamentos.

As possíveis variantes genéticas, de proteção ou de suscetibilidade, podem atuar em níveis diferentes, como se fossem “barreiras”. A primeira é a da placenta —algum fator pode facilitar a passagem do vírus por essa barreira e fazer com que ele chegue mais facilmente ao bebê.

Essa explicação não bastaria para explicar casos de gêmeos discordantes. O problema poderia estar na capacidade de os vírus invadirem as células do cérebro ou na interação com genes relacionados à má-formação.

“Se conseguíssemos achar uma variante relacionada à microcefalia, poderíamos fazer um teste genético que nos permitira aconselhar as mulheres em regiões de risco.”




MPF quer fim de embalagens semelhantes de medicamentos para evitar erro médico

20/07/2016 - Estado de Minas Online


O risco de troca de medicamentos administrados em pacientes de dois hospitais de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, levou o Ministério Público Federal (MPF) a entrar com ação civil pública contra três laboratórios. O MPF pede à Justiça Federal que determine mudanças na apresentação dos produtos fornecidos às unidades de saúde pelas empresas Isofarma Industrial Farmacêutica, Farmace Indústria Químico Farmacêutica Cearense e Equiplex Indústria Farmacêutica. O motivo é a semelhança nas embalagens dos medicamentos, que contraria o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pela regulamentação dos produtos e serviços de risco à saúde pública, também é ré na ação. De acordo com o Ministério Público, as três fabricantes, fornecedoras de duas das principais unidades de saúde públicas de Uberlândia, o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia e o Hospital Municipal Odelmo Leão Carneiro, tem usado embalagens com formatos e etiquetas de grande semelhança.

Um exemplo, citado pelo MPF, é o cloreto de sódio 20% e 0,9%, glicose 50% e água para injeção, que apresentam diferenças mínimas. De acordo com o órgão, mesmo em medicamentos de alto risco, há grande semelhanças, o que pode levar a erro na administração e provocar até a morte do paciente.

O Ministério Público Federal ressalta na ação que “a semelhança das embalagens e etiquetas dos medicamentos, em especial os de alerta, é a responsável direta por inúmeros erros médicos decorrentes de falha humana.”

E cita pesquisa da Associação Médica Brasileira, relatando que "um dos pontos descritos como propulsores do erro de dispensação e administração é a semelhança de embalagens e nomes dos medicamentos.”

Para o MPF, a indústria tem um papel fundamental na prevenção e redução dos riscos hospitalares. O procurador da República Cléber Eustáquio Neves, autor da ação, destaca que “embalagens quase idênticas, de uma só cor, mesma forma ou tamanho, podem induzir a erro o profissional de saúde, normalmente sobrecarregado pela carga de trabalho e pela quantidade de pacientes”. Para ele, a Anvisa tem o dever de editar normas para coibir práticas danosas à saúde das pessoas.

Depois de comunicadas, as empresas alegaram ao MPF que comercializam medicamentos conforme normas da Anvisa. A agência, por sua vez, disse que a padronização dos medicamentos, da forma como se encontra, não traria risco algum para os cidadãos.

Na ação, o MPF pede que a Justiça Federal obrigue as empresas Isofarma, Farmace e Equiplex a modificarem as embalagens e etiquetas de todos os medicamentos de risco produzidos por elas, para que tenham formatos e cores distintos uns dos outros e etiquetas visualmente diferenciáveis. E pede ainda que a Anvisa, em cumprimento à legislação, edite norma geral determinando que os fabricantes farmacêuticos produzam embalagens diferenciadas, de modo a evitar possível confusão no momento da utilização dos medicamentos.

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