Aumento no número de doutores ainda é insuficiente
06/07/2016 - Valor Econômico
O Brasil está formando mais doutores e mestres. A informação do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, publicada pelo Valor na sua edição do dia 5, é uma boa notícia. Não há dúvidas de que é essencial para o crescimento econômico de um país que sua população tenha uma boa formação - e isso inclui obviamente a oferta de cursos de mestrado e de doutorado.
Segundo esse levantamento, em 2014 o Brasil formou 50,2 mil mestres e 16,7 mil doutores. Na comparação com 1996, o crescimento foi muito expressivo: a expansão de títulos concedidos em mestrado e doutorado nesses 18 anos foi, respectivamente, de 379% e 486%.
Dois aspectos dessa tendência chamam a atenção. Houve uma descentralização geográfica na formação dos pesquisadores: a região Sudeste deixou de ser a única formadora de mestres e doutores do Brasil, graças à expansão de centros acadêmicos pelo interior no país. Entre os 10 Estados que tiveram maior aumento na titulação de pós-graduados, dois são da região Nordeste e sem grande destaque no panorama nacional pela pujança econômica, Rio Grande do Norte e Paraíba. Esse aumento pode ser atribuído à instalação de universidades fora do eixo Rio-São Paul-Brasília e fora também das grandes cidades do interior.
Outro movimento importante detectado pelo estudo mostra que os doutores brasileiros ficaram mais jovens, em torno dos 37 anos de idade; o que significa que eles chegam mais cedo ao mercado de trabalho e têm vida produtiva mais longa.
Esses avanços não indicam, porém, que o Brasil tenha resolvido seus problemas de formação de mão-de-obra altamente especializada e capaz de produzir trabalho criativo e com elevada dose de inovação. Apesar da melhora substancial observada nas duas últimas décadas, como resultado de mais investimentos na formação de pós-graduados, o documento "Mestres e Doutores 2015: estudos da demografia da base técnico-científica brasileira" demonstra que o país continua muito atrás do que ocorre em outras regiões do mundo. Em 2013, por exemplo, a média brasileira foi de 7,6 doutores formados para cada grupo de 100 mil habitantes. Entre os países da OCDE, só México (4,2) e Chile (3,4) apresentaram desempenho inferior ao Brasil.
O número é bem maior em países desenvolvidos, como os Estados Unidos (20,6), a Alemanha (34,4) e Reino Unido (41), e até mesmo em países em desenvolvimento, como a República Eslovaca (39,1), a Estônia (17,6) e a Turquia (11,5), indica o texto da jornalista Ligia Guimarães, do Valor.
O problema, além disso, não é apenas de quantidade de mestres e doutores formados no país. O estudo "Formação de doutores no Brasil: o esgotamento do modelo vigente frente aos desafios colocados pela emergência do sistema global de ciência", de Milena Yumi Ramos e Lea Velho, ambas da Universidade Estadual de Campinas, expõe outras dificuldades mais sérias da formação de cientistas.
As autoras do trabalho apontam que a colaboração internacional tornou-se norma na ciência contemporânea. "Isso decorre da crescente dispersão da capacidade científica e tecnológica pelo mundo e da crescente incorporação de conhecimento pelos setores produtivos. A ciência continua a ser produzida em centros de excelência localizados nas cidades líderes. Desde a década de 1990, o que tem acontecido é o aumento do número e do nível de interconexão entre esses centros, agora em países não tradicionais, tais como países do leste europeu, Coreia do Sul, China, e, em menor grau, Índia e Brasil, caracterizando a emergência do sistema global de ciência."
Com isso, as características exigidas dos pesquisadores se ampliaram - eles precisam "desenvolver novas competências, em adição ao conhecimento científico especializado, que incluem habilidades e conhecimentos mais gerais e transferíveis, como capacidade de negociação coletiva, de coordenação de redes heterógeneas e dispersas de atores, de gestão do processo de pesquisa, de empreendedorismo e resolução de problemas, de apropriação intelectual e comunicação social dos resultados". No Brasil, no entanto, ainda predomina o modelo único de formação doutoral orientado à carreira e ao desempenho acadêmico, indicam as pesquisadoras da Unicamp. Ou seja, além de investir no aumento de doutores e mestres, o país precisa repensar sua formação.
Doutores brasileiros ficam mais jovens e se espalham pelo país
05/07/2016 - Valor Econômico
O número de doutores e mestres no Brasil cresceu expressiva e consistentemente nas últimas décadas, mas ainda está abaixo da média mundial. Os doutores brasileiros ficaram mais jovens, em torno dos 37 anos de idade, o que é boa notícia; eles chegam mais cedo ao mercado de trabalho e têm vida produtiva mais longa.
Houve também uma descentralização geográfica na formação dos pesquisadores: a região Sudeste deixou de ser a única formadora de mestres e doutores do Brasil, graças à expansão de centros acadêmicos pelo interior no país. Em 2014, o Brasil formou 50,2 mil mestres e 16,7 mil doutores, mais que em 2010, ano em que titulou 39,5 mil mestres e 11,3 mil doutores. Na comparação com 1996, o crescimento impressiona: a expansão de títulos concedidos em mestrado e doutorado entre 1996 e 2014 foi, respectivamente, de 379% e 486%.
Os dados integram um estudo inédito do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) que será divulgado hoje, em Porto Seguro (BA), durante a 68ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A pesquisa cruzou as bases de dados da Rais/MTE, Coleta Capes e Plataforma Sucupira/Capes.
A publicação "Mestres e Doutores 2015: estudos da demografia da base técnico-científica brasileira" revela que, apesar do crescimento, o número de doutores no Brasil ainda é baixo em relação a outros países. Em 2013, por exemplo, a média brasileira foi de 7,6 doutores formados para cada grupo de 100 mil habitantes. Entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), só México (4,2) e Chile (3,4) apresentaram desempenho inferior ao Brasil.
O número é bem maior em países desenvolvidos, como os Estados Unidos (20,6), a Alemanha (34,4) e Reino Unido (41), e até mesmo em países em desenvolvimento, como a República Eslovaca (39,1), a Estônia (17,6) e a Turquia (11,5). "Há uma grande distância em relação aos países desenvolvidos, o que nos incentiva a manter e expandir os investimentos", avalia a coordenadora do estudo, Sofia Daher, que destaca, no entanto, que os doutores precisam estar bem colocados para que a inovação chegue às empresas e eleve a produtividade da economia.
Outra novidade revelada na pesquisa é que mudou o mapa dos mestres e doutores do país: antigamente, a maioria absoluta se formava na região Sudeste. Em 1996, apenas São Paulo e Rio de Janeiro eram responsáveis por 58,8% dos títulos de mestrado e 83,4% dos de doutorado concedidos naquele ano. Em 2014, esses Estados responderam, juntos, por 36,6% dos mestres e 49,5% dos doutores formados no país.
"Isso decorre da criação de novas universidades e campi que alcançam áreas que antes eram menos atendidas pelo sistema de pós-graduação", afirma a pesquisadora. O número de títulos de mestrado concedidos na região Norte, por exemplo, passou de 135, em 1996, para 1884, em 2014, um aumento de mais de 1200%. No doutorado, os títulos foram de 21 para 301. "A criação de um grande número de universidades no interior que é um fator fundamental de democratização do desenvolvimento", diz Antonio Carlos Filgueira Galvão, diretor do CGEE, que é economista de formação e especialista em desenvolvimento regional. "Um dos grandes dramas dos municípios menos desenvolvidos era que tudo estava na capital", diz.
Em 2014, a idade média dos titulados em mestrado e doutorado era, respectivamente, 32,3 e 37,5 anos, o que representa uma queda que acontece lentamente há 19 anos. Desde 1996, a idade média dos mestres caiu aproximadamente um ano, enquanto que a dos doutores foi reduzida em de 2 anos. O indicador é importante, de acordo com o estudo, porque mede o custo do pesquisador para o país. "Determina qual é o tempo de vida útil ao longo do qual esses profissionais darão suas contribuições para a economia e a sociedade", diz a publicação.
A publicação do CGEE analisou também como os mestres e doutores se inseriram no mercado de trabalho por seis anos consecutivos. A taxa de emprego formal de mestres e doutores manteve-se estável entre 2009 e 2014, em 66% e 75%, respectivamente. Já o grau de formalidade do emprego da população é em torno de 53%, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Aumentou também, de acordo com a pesquisa, o número de doutores empregados em empresas, tanto públicas quanto privadas. Entre 2009 e 2014, o número de mestres e doutores empregados em empresas privadas cresceu 9,8% e 11,7%, respectivamente.
O mercado de trabalho absorveu mais doutores do que mestres, conforme sinalizam as taxas médias de crescimento anual de doutores (11,3%) e mestres empregados (9,9%). "Não é tão fácil demitir esse profissional, não é fácil substitui-lo", diz Galvão. Nas empresas estatais, o crescimento no mesmo período foi de 9,3% e 9,7%. "Precisa crescer mais. A maioria dos doutores ainda está nas universidades e no setor público", diz Sofia, que diz esperar que o ajuste fiscal não interrompa a trajetória de expansão da pós-graduação no país. "Já vivemos outras crises e isso não ocorreu", afirma a pesquisadora.
EUA aprovam novas armas de combate à obesidade
06/07/2016 - Valor Econômico
A FDA, agência responsável pelo controle de medicamentos e alimentos nos Estados Unidos, aprovou recentemente uma série de intervenções para tratamento da obesidade sem a tradicional cirurgia bariátrica.
Entre as técnicas estão balões que são inflados dentro do estômago e deixam menos espaço para a comida e um tubo que permite que as pessoas drenem parte do conteúdo de seus estômagos depois das refeições.
As novas intervenções não exigem grandes cirurgias e são reversíveis. Várias são destinadas aos cerca de 60 milhões de americanos com obesidade moderada, de índice de massa corporal, o IMC, entre 30 e 40.
Em contraste, a maioria das cirurgias bariátricas tradicionais, como o "bypass" gástrico, ou cirurgia de Capella, envolve a alteração permanente do trato gastrointestinal e é geralmente destinada às cerca de 18 milhões de pessoas com IMC de 40 ou maior ou de 35 se a obesidade for vinculada a doenças relacionadas à obesidade, como o diabetes tipo 2.
Rio 2016 fará distribuição de repelentes por meio de parceria
05/07/2016 - Valor Econômico / Site
A um mês da Olimpíada e no meio de um temor internacional em relação ao vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o Comitê Rio 2016 assinou parceria com a marca de repelentes OFF!, da multinacional americana SC Johnson. O valor do patrocínio não foi divulgado pela empresa, que também distribuirá 115 mil repelentes para os atletas e envolvidos diretamente com o evento esportivo e outras cem mil amostras para o público em geral.
É a primeira vez que o comitê organizador dos Jogos anuncia esse tipo de parceria. Embora a Organização Mundial de Saúde e autoridades brasileiras tenham dado as garantias de que não haverá epidemia da doença em agosto, atletas de ponta cancelaram participação na Rio 2016 com medo do zika. Recentemente, o irlandês Rory Mcllroy, quarto melhor golfista da atualidade, competir no Rio.
Agosto não é um mês de incidência do Aedes aegypti, lembrou a diretora de marketing da OFF!, Tatiana Ganem. A Olimpíada não deve ser um período de forte crescimento nas vendas de repelente, "o objetivo da campanha não é gerar vendas incrementais", disse. A companhia quer, por meio da campanha educativa "Dê sangue para o esporte e não para o mosquito", consolidar a marca como líder de mercado. A OFF! não revelou dados de faturamento.
Os produtos estarão disponíveis nas lojas oficiais do Comitê Rio 2016 e, também, em cerca de 80 mil supermercados e farmácias no país, onde são vendidos regularmente.
De acordo com Tatiana, foi a OFF! que procurou primeiro o Comitê Rio 2016 propondo o patrocínio. Normalmente, o processo de parceria é inverso: os organizadores buscam as empresas. "Sempre implementamos campanhas educativas. É um momento em que as pessoas estão preocupadas, é natural", acrescentou a diretora de marketing.
Antes do surto de zika, segundo a fabricante de repelentes, apenas 6% dos brasileiros declararam usar o produto. Naquele período houve uma corrida em busca de repelentes e por informações sobre o produto. Uma campanha educativa na internet gerou 14 milhões de visualizações dos vídeos, que esclarecem, entre outras coisas, que grávidas podem usar repelente e ele pode ser usado também no rosto.
Gestão Haddad expõe na internet dados de paciente
06/07/2016 - Folha de S.Paulo
A Prefeitura de São Paulo deixou expostos na internet dados pessoais e até mesmo detalhes do prontuário médico de pacientes atendidos pelo SUS e servidores da Secretaria Municipal de Saúde.
As informações se referem aos registros de centenas de milhares de pessoas—podendo alcançar 650 mil, segundo planilhas disponibilizadas.
Estavam abertas informações como nome completo, CPF, endereço e número de telefone.
Em relação às pacientes, praticamente todas gestantes, havia ainda detalhes sobre parto (se foi prematuro) e gravidez (se era de risco ou se houve algum aborto).
Os dados podiam ser encontrados e acessados, sem necessidade de senha ou nome de usuário, por qualquer um que fazia buscas em sites como Google —por exemplo, com as palavras “extranet”, “prefeitura” e “São Paulo”.
Questionada pela Folha na manhã desta terça (5), a gestão Fernando Haddad (PT) retirou as planilhas da internet por volta das 16h. A prefeitura também diz que foi aberto processo para apurar a responsabilidade pela falha.
Ainda não é possível saber se esse problema ocorreu só na gestão Haddad ou se os dados estão expostos no site desde administrações anteriores.
As informações divulgadas foram registradas no período de 2001 a 2007. Segundo as planilhas, elas se referem a até 350 mil pacientes mulheres e até 300 mil servidores e ex-servidores públicos.
Constavam nomes de 15.926 mães que tiveram bebês nascidos com menos de sete meses de gestação, 4.237 com abortos e 181 com mortes de recém-nascidos. Em alguns casos, havia inclusive a data de aborto da mulher registrada no serviço de saúde.
A Folha consultou individualmente os dados de 15 pessoas que aparecem nas planilhas e confirmou a veracidade das informações —com elas, por telefone, ou com outros sistemas oficiais que disponibilizam só parte dos dados gerais (sem CPF e telefone residencial, por exemplo).
O banco de dados, voltado para controle interno da secretaria, estava em endereço referente à intranet da pasta, ambiente digital que deveria ser protegido por mecanismos de segurança digital.
De acordo com uma portaria de 2009 do Ministério da Saúde, os usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) têm direito ao “sigilo e à confidencialidade de todas as informações pessoais, mesmo após a morte, salvo nos casos de risco à saúde pública”.
José Geraldo Romanello Bueno,professor do Mackenzie e especialista em direito médico,diz que os ofendidos pela divulgação dos dados podem pedir indenização.
“Causa constrangimento.” “A pessoa estará muito mais exposta a ataques de variadas naturezas”,diz Wagner Meira Jr.,professor de ciência da computação da Universidade Federal de Minas Gerais e especialista em segurança na internet. “É o que se chama de roubo de identidade.” Outro risco é a divulgação da informação para empresas seguradoras de saúde. “[Os planos] passariam a selecionar os seus clientes com base no histórico médico”, afirma Silvio Romero Beltrão,professor de direito da Universidade Federal de Pernambuco.
Exposição de dados será apurada, diz prefeitura
06/07/2016 - Folha de S.Paulo
A Secretaria de Saúde da gestão Fernando Haddad (PT) afirma que as informações sobre pacientes e funcionários foram retiradas do ar e que foi aberto um processo para apurar a responsabilidade pela exposição desses dados pessoais na internet.
Por meio de uma nota enviada à reportagem, a pasta afirma que “trabalha pela proteção dos dados dos pacientes e funcionários e constantemente avalia seus protocolos de acessoe segurança”.
Segundo a secretaria, os dados expostos fazem parte de um“canal interno”que está “fora de uso desde o início de 2013”, primeiro ano de mandato do prefeito Haddad.
Diz que eles estão hospedados na Prodam (empresa de tecnologia da prefeitura) com outras informações, “todas protegidas por uso de senha e login de acesso restrito”.
Oficialmente, a prefeitura divulga dados sobre sua rede de saúde, como quantidade de atendimentos, mas sem informações pessoais dos pacientes. Em relação aos servidores, o portal da transparência expõe dados como remuneração e cargo, mas não números de documentos ou endereço e telefone residencial.
A Secretaria Municipal de Saúde não respondeu a outros questionamentos feitos pela reportagem. Por exemplo, sobre há quanto tempo os dados pessoais estavam acessíveis na internet e detalhes sobre a segurança dessas informações.
Lactose terá que aparecer no rótulo de produtos
06/07/2016 - Folha de S.Paulo
O presidente interino, Michel Temer (PMDB), sancionou uma lei que obriga as indústrias de alimentos a informarem, no rótulo das embalagens, a presença de lactose na composição do produto.
A medida foi publicada no “Diário Oficial”da União desta terça (5). A nova lei entra em vigor em 180 dias,a partir de 1º de janeiro de 2017.
De acordo com o texto aprovado, rótulos cujo teor original de lactose tenha sido alterado devem informar o teor ainda remanescente.
A proposta de obrigar os fabricantes a informar a presença de lactose —que é um açúcar do leite— já tramitava havia três anos no Congresso, onde foi aprovada em junho deste ano. A justificativa é o aumento no diagnóstico de pessoas com intolerância à lactose no país.
A nova lei não informa, no entanto, em qual parte do rótulo deve constar a informação e de que maneira. Questionada, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)informou, em nota,que irá avaliar a melhor forma de regulamentar o tema por meio da análise das necessidades das pessoas com intolerância à lactose e das normas de rotulagem acordadas no Mercosul.
A previsão é que a medida faça parte da revisão das normas de rótulos de alimentos e de uma portaria de 1998 que define normas de alimentos “para fins especiais”.
No ano passado, a agência aprovou resolução que obriga fabricantes a informarem a presença de ingredientes que podem causar alergia. A norma entrou em vigor no país nesta semana.
Com a medida, leite, ovos, trigo, peixe, crustáceos, soja, diferentes tipos de castanha e látex deverão constar nos rótulos. Antes,acrítica era que a presença desses componentes não era divulgada ou que eles eram informados com nomes técnicos. Além desses casos, a presença de glúten já era de informação obrigatória nos rótulos.
Para o médico José Carlos Perini, presidente da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), a nova lei pode suprir algumas dúvidas quanto aos produtos que, embora contenham leite, não contém lactose —casos em que o alimento é tratado com enzima específica, a lactase, ainda no processo de produção.
Ele lembra que a maior parte dos produtos sem lactose já informam essa característica no rótulo como estratégia para atrair o consumidor. “O que se fez nos últimos anos foi demonizar a lactose. Ela foi transformada em vilã, com ose fosse a responsável por todos os problemas. Não é.” INDÚSTRIA Em nota, associações industriais dizem que vão cumprir a nova medida. A Abia (Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação) diz estar à disposição para contribuir no processo de regulamentação da lei.
A Viva Lácteos (Associação Brasileira de Laticínios) diz apoiar a lei e afirma esperar que a devida regulamentação “permita a inclusão no rótulo de todas as informações necessárias para o total esclarecimento do público”.
Segundo a associação, “mesmo antes da medida, o setor de lácteos já considerava o alerta em rótulos dos produtos com 0%lactose, indicado para intolerantes”.
O efeito Lava Jato chegou à saúde
06/07/2016 - Folha de S.Paulo / Site
Era pedra cantada, em algum momento os efeitos da Lava Jato chegariam ao setor bilionário dos planos de saúde. Nelson de Mello, ex-diretor de relações institucionais da Hypermarcas, empresa que se intitula "campeã nacional de produtos farmacêuticos" vem colaborando com a Procuradoria-Geral da República desde março e revelou parte das relações incestuosas que cultivava com senadores e deputados. Como era de se esperar, caíram na roda o onipresente Eduardo Cunha e seu associado Lucio Bolonha Funaro.
Preso, Funaro tem o que contar. O ex-diretor da Hypermarcas já expôs a negociação de um jabuti na Medida Provisória 627 que, em tese, tratava de matéria tributária. Para azeitar seu interesse, Mello passou a Funaro R$ 2,9 milhões.
Há mais jabutis na forquilha da MP 627. A relação de Funaro com Eduardo Cunha e dele com operadoras de planos de saúde levou o Ministério Público à caixa preta desse mercado bilionário que vive das mensalidades de 70 milhões de brasileiros.
Durante o ano eleitoral de 2014, a MP 627 foi enxertada por 523 contrabandos. Num deles, enfiou-se uma anistia parcial a planos de saúde que descumpriam suas obrigações contratuais. Pela lei, uma operadora que negava um procedimento ao qual o freguês tinha direito poderia ser multada com penalidades que iam de R$ 5 mil a R$ 1 milhão. Quem já pagou multa de trânsito sabe que cada multa é uma multa. O jabuti mudava esse mecanismo. A operadora que tivesse sido multada de duas a 50 vezes pela mesma razão pagaria apenas duas multas. Numa regressão maligna, se as infrações fossem mais de mil, as multas seriam 20. Assim, se uma operadora negasse a mil clientes um procedimento que lhe custaria R$ 5.000 por negativa, em vez de pagar R$ 5 milhões, pagaria apenas R$ 100 mil.
Premiava-se com um refresco calculado em R$ 2 bilhões o desrespeito ao consumidor, estimulando-se a ineficiência de um sistema que está entre os campeões na lista negra dos organismos de defesa dos cidadãos.
O relator dessa medida provisória foi o deputado Eduardo Cunha, então líder do PMDB na Câmara. A MP foi votada em bloco e aprovada com o apoio da bancada oposicionista. Exposta a maracutaia, Cunha informou que discutiu o assunto com a Casa Civil, o Ministério da Fazenda e a Advocacia-Geral da União, mas não deu nome aos bois.
Para desgosto de grandes operadores de planos de saúde, generosos doadores de campanhas eleitorais e simpáticos admiradores de comissários petistas, Dilma Rousseff vetou o artigo.
Como a MP 627 ficou mais conhecida pelo seu aspecto tributário, beneficiando empreiteiras e bancos, o gato das multas parecia dormir no fundo do armazém. A Procuradoria-Geral da República puxou o fio dessa meada, o que significa a abertura de uma nova vitrine na exposição de malfeitorias.
Em geral, os jabutis colocados nas Medidas Provisórias são incompreensíveis e relacionam-se com altas transações financeiras. O gato colocado na tuba de 627 era gordo e escandaloso. Tão escandaloso que durante a negociação para a inclusão do contrabando o próprio Eduardo Cunha teria avisado que aquilo ia dar bolo e chegou a defender que Dilma vetasse o artigo. Em 2014, deu em veto. Bolo, está dando agora.
Audiência sobre Mais Médicos tem protesto contra ministro da Saúde
05/07/2016 - Folha de S.Paulo / Site
Uma audiência marcada para discutir a medida provisória que prorroga a participação de estrangeiros no Mais Médicos registrou protestos e tumulto nesta terça-feira (5).
Seguranças do Senado retiraram cartazes de manifestantes que faziam um discurso no local contra o ministro da Saúde, Ricardo Barros. Um manifestante foi retirado à força por dois seguranças.
A confusão ocorreu pouco antes do início da audiência, por volta das 15h. Ao ver que o ministro chegara à comissão, cerca de dez manifestantes levantaram cartazes em prol do Mais Médicos e iniciaram um discurso conjunto contra mudanças nas políticas do SUS.
Planos de saúde passam a cobrir testes para detectar zika a partir desta quarta
05/07/2016 - Folha de S.Paulo / Site
Os planos de saúde deverão cobrir obrigatoriamente três exames para a detecção de anticorpos do vírus da zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, a gestantes, bebês filhos de mães com diagnóstico de infecção pelo vírus, bem como os recém-nascidos com malformação congênita sugestivas de infecção.
Esses são os grupos considerados prioritário para detecção da zika devido à sua associação com o risco de microcefalia nas crianças, quando o cérebro delas não se desenvolve de maneira adequada.
A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) determinou que os planos devem oferecer cobertura dos testes de PCR (Polymerase Chain Reaction), IgM (imunoglobina M) e IgG (imunoglobina G) a partir desta quarta-feira (6). A medida foi publicada no "Diário Oficial" da União no dia 6 de junho e as operadores de saúde tiveram 30 dias para se adequarem às novas regras.
"A incorporação de exames diagnósticos para zika foi amplamente discutida por técnicos e especialistas visando a melhoria do atendimento a gestantes e recém-nascidos no Brasil", afirma a diretora de Normas e Habilitação de Produtos, Karla Santa Cruz Coelho.
"Mas é importante ressaltar que diversos procedimentos destinados ao acompanhamento de gestantes e bebês já têm cobertura assegurada nos planos de saúde. Portanto, essa medida assegura o diagnóstico mais preciso, melhorando a qualidade na atenção às mães e seus bebês", diz.
A doença, causada pelo vírus da zika, tem como característica a presença de manchas avermelhadas na pele e está associada a casos de microcefalia em bebês e da síndrome Guillain-Barré, transtorno que pode causar paralisia dos membros.
A diretora também destaca que a incorporação dos testes laboratoriais ocorreu de forma extraordinária por se tratar de uma emergência em saúde pública decretada pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
"Portanto, essa é mais uma das ações da agência [ANS] no enfrentamento da atual situação, além do acompanhando atento das diretrizes do Ministério da Saúde para prevenção e o combate ao vírus da zika e as demais doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti", concluiu a diretora.
TESTES
O método conhecido como PCR (Polymerase Chain Reaction), que verifica o genoma do vírus, só é eficaz durante o quadro agudo da infecção –ou seja, quando a pessoa apresenta sintomas da doença. Esse exame é recomendado para gestantes sintomáticas (somente até cinco dias após o surgimento dos primeiros sinais da doença).
Os outros dois testes, que foram aprovados pela agência em fevereiro deste ano, conseguem detectar a presença, por meio de métodos de imunoflorescência, de dois tipos de anticorpos, o IgG (imunoglobina G) e IgM (imunoglobina M), para três doenças: dengue, chikungunya e zika.
O IgM é produzido na fase aguda da doença –com até duas semanas. Ele é recomendado para gestantes com ou sem sintomas da doença nas primeiras semanas de gestação (pré-natal) com repetição desse procedimento ao final do segundo trimestre da gravidez, e para bebês filhos de mães com diagnóstico de infecção pelo vírus da zika, bem como aos recém-nascidos com malformação congênita sugestivas de infecção pelo vírus.
Já o IgG indica se houve uma infecção mais antiga pelo vírus. É recomendado somente para infeção pelo vírus da zika para gestantes ou recém-nascidos que realizaram pesquisa de anticorpos IgM cujo resultado foi positivo.
MICROCEFALIA
O Ministério da Saúde avalia novas mudanças nos critérios utilizados para identificar os casos de microcefalia e outros efeitos do vírus da zika em bebês recém-nascidos.
A ideia, segundo o órgão, é que sinais e sintomas de possíveis danos neurológicos sejam também incluídos como critérios de triagem de bebês, mesmo que não haja suspeita de microcefalia.
A alteração ocorre após um estudo publicado na revista "Lancet" mostrar que um em cada cinco bebês com infecção "provável" ou confirmada pelo vírus da zika e com danos neurológicos não tinham microcefalia -quadro definido pelo perímetro menor da cabeça do que o esperado ao nascer.
Desde o início das investigações, em outubro de 2015, até o dia 25 de junho, já foram notificados 8.165 casos de suspeita de microcefalia no país. Destes, 1.638 já foram confirmados para microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central, segundo balanço divulgado pelo ministério no dia 30 de junho. São casos que, além de apresentarem alterações no cérebro em exames, sugerem uma infecção ainda na gestação.
Hospitais têm verba extra, mas crise continua
06/07/2016 - O Estado de S.Paulo
Em grave crise financeira, os hospitais universitários da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) receberam R$ 4,8 milhões na quinta-feira, conforme divulgado ontem pelo Ministério da Saúde. Os recursos integram o Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais, criado em 2010 para aumentar as verbas destinadas à ampliação e qualificação dos atendimentos prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O Hospital São Paulo, da Unifesp, foi beneficiado com o maior montante – R$ 4,4 milhões –, que poderá ser usado para ações como investimento em pesquisas, realização de reformas ou aquisições de materiais médico-hospitalares. Esse valor, no entanto, não deverá ser suficiente para resolver a crise atual. No ano passado, a superintendência do hospital informou que o déficit mensal do serviço era de R$ 2,5 milhões e o funcionamento de alguns setores estava ameaçado se a situação continuasse crítica.
O problema é um reflexo da situação da Unifesp. Com 20% do orçamento contingenciado pelo governo federal, a universidade informou, há duas semanas, só ter condições financeiras para manter as atividades até agosto.
E o Hospital Universitário (HU-USP) não vive situação melhor. Com as dificuldades financeiras pelas quais a universidade passa, o HU vem perdendo profissionais e interrompendo atendimentos há cerca de dois anos. Fiscalização recente feita pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) no local apontou redução de 20% no número de leitos e sobrecarga de trabalho para os profissionais que ainda atendem na unidade.
O conselho também verificou que os setores de oftalmologia e otorrinolaringologia foram fechados. Segundo o Ministério da Saúde, o HU recebeu cerca de R$ 378,8 mil.
OUTROS HOSPITAIS
No Estado de São Paulo, foi beneficiado ainda o Hospital Federal de São Carlos, no interior paulista.
Também em crise, o Hospital Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), recebeu cerca de R$ 2 milhões. Em todo o País foram repassados R$ 37,5 milhões pelo ministério para os hospitais universitários.
Mais de 12 mil casos de câncer infantil são registrados por ano
06/07/2016 - O Globo / Site
Ao contrário do que ocorre entre adultos, o câncer infantil não costuma receber muita atenção. Devido ao baixo registro, muitas vezes a doença é ignorada no exame médico — seus sintomas são confundidos com fraturas ou enfermidades comuns. Por isso, trata-se de uma das principais causas de morte entre crianças em países desenvolvimentos e no Brasil.
Se o diagnóstico for precoce, as chances de cura são altas. No entanto, em diversos locais do país, falta a infraestrutura necessária para a análise do paciente, além de centros de pesquisa especializados. Um deles é o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc), em São Paulo. Em entrevista ao GLOBO, o diretor técnico da instituição, Sérgio Petrilli, comenta as dificuldades enfrentadas para o diagnóstico da enfermidade.
O câncer infantil é uma doença comum?
Não, é rara. Estima-se que ocorrerão cerca de 12.600 casos novos de câncer em crianças e adolescentes no Brasil por ano em 2016 e em 2017. O progresso no tratamento foi significativo nas últimas décadas. Hoje, em centros de excelência, até 70% dos pacientes podem ser curados, quando há diagnóstico precoce.
Fora destes centros, no entanto, o índice de cura cai para 48%. O que pode ser feito?
Isso acontece devido à falta de infraestrutura de diversas instituições. Faltam equipamentos como o de tomografia computadorizada, o que faz diferença, porque o tumor cerebral é comum entre crianças. Diversos sintomas do câncer podem ser ignorados. Damos assessoria a localidades no Norte e Nordeste, onde este problema é mais grave.
Quais são os principais tipos de câncer?
Entre os que atendemos em 2015, foram os tumores do sistema nervoso central, leucemias e retinoblastoma (câncer ocular que atinge as células da retina). Entre os mais raros atendidos pelo Graacc estão carcinomas e tumores hepáticos.
É mais fácil combater o câncer infantil nas crianças?
Sim, caso haja diagnóstico precoce. Nas crianças, as células cancerígenas se dividem em uma velocidade muito grande, que pode dobrar a cada 48 horas. A quimioterapia, porém, é mais potente do que entre adultos.
Por que o diagnóstico do câncer entre as crianças pode ser demorado?
Um motivo é o fator ambiental. No adulto, a incidência de câncer é maior a partir dos 50 anos. Então, ele desenvolve por décadas sinais que podem acarretar em uma doença no futuro. Se pegou muito sol, tem câncer de pele. Se fumou a vida inteira, de pulmão. Se foi alcoólatra, de boca. Não existe este histórico na criança, onde o câncer se manifesta principalmente a partir dos 7 ou 8 anos.
É comum que o câncer seja confundido com outras doenças?
Sim. Há casos em que uma criança pálida com manchas rosas na pele é diagnosticada como anêmica, ou que se trata apenas do sinal de uma pancada, mas na verdade é uma leucemia. O ortopedista, então, põe um gesso, enquanto o tumor cresce debaixo dele. Já um adbômen proeminente, às vezes tratado como uma parasitose intestinal, pode ser sinal de um tumor. O pediatra não percebe e dá remédio para combater um verme. O desconhecimento da doença provoca um grande índice de mortes.
Como é o trabalho desenvolvido pelo Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc)?
Somos uma referência no tratamento e pesquisa do câncer infantil na América Latina, principalmente em casos de alta complexidade. Nosso trabalho está completando 25 anos e, neste período, conseguimos um hospital próprio, onde realizamos anualmente mais de 29 mil consultas, 1.600 procedimentos cirúrgicos, 16 mil sessões de quimioterapia e 5 mil sessões de radioterapia em parceria com a Universidade Federal de São Paulo.
Qual é a verba necessária para manter este atendimento?
O orçamento estimado para este ano é de R$ 97 milhões, o suficiente para atender mais de 3 mil crianças e adolescentes. Para ter este dinheiro, o hospital conta com contribuições de mais de 200 mil pessoas e instituições.
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