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CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 01/07/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

IBGE: 11 milhões usam remédios para dormir

01/07/2016 - O Globo


Mais de 11 milhões de brasileiros — o equivalente a 7,6% da população — usam medicamentos para dormir. O índice é um dos destaques do último volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgado ontem pelo IBGE, e revela o mesmo percentual de pessoas em depressão. Especialistas entrevistados pelo GLOBO acreditam que existe uma relação entre estes dados.

Diretora da Associação Brasileira de Sono, Andrea Bacelar ressalta que o brasileiro dorme cada vez menos. Um adulto deveria repousar por até oito horas, segundo ela, mas descansa menos de seis.

— A privação de sono gera cansaço, compromete a produtividade, aumenta a chance de acidentes e a irritabilidade — enumera. — A longo prazo, torna os indivíduos mais sujeitos a doenças como depressão, hipertensão, diabetes e obesidade.

O levantamento, realizado entre pessoas com 18 anos ou mais, separou os entrevistados em três categorias: ocupados, desocupados e fora da força de trabalho, grupo formado majoritariamente por idosos, mas também por estudantes e pessoas que não estão procurando emprego.

Uma em cada dez pessoas fora da força de trabalho tem diagnóstico de depressão. O mesmo registro foi realizado em 7,5% das desocupadas e em 6,2% das ocupadas. Já os medicamentos para dormir são consumidos por 12,6% dos indivíduos que não procuram emprego, 5% dos empregados e 4,3% dos desempregados. VULNERABILIDADE A OUTRAS DOENÇAS Os dados sobre depressão foram coletados a pedido do Ministério da Saúde. Fátima Marinho, diretora do Departamento de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis da pasta, sublinha os efeitos do transtorno mental sobre outras enfermidades:

— A depressão é uma das maiores motivadoras da perda de saúde, seu efeito sobre o sistema imunológico nos deixa vulneráveis a outras doenças — explica. — Nos últimos anos, tornou-se a principal causa de aposentadoria no Brasil, as pessoas estão deixando o mercado ainda em idade produtiva, e suas consequências também atingem o sono: os deprimidos dormem mais rápido, mas acordam no meio da noite.

Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva destaca que 10,1% das mulheres entrevistadas revelaram ter depressão — o contingente é ainda maior a partir da meia idade —, enquanto apenas 3% dos homens admitiram ter a doença.

A mulher, por questões hormonais, tem maior vulnerabilidade à depressão, e também costuma procurar tratamento. O homem tem preconceito — compara. — Ainda assim, a subnotificação é expressiva em ambos os gêneros, porque as pessoas acreditam que combatem seus problemas tomando medicamento para sintomas como insônia e ansiedade.

O IBGE também contabilizou a ocorrência de outras doenças. De acordo com a pesquisa, 15,7% das pessoas com emprego têm hipertensão arterial, quase o dobro do número registrado entre os desempregados (8,2%). E um em cada dez ocupados afirmaram ter taxa alta de colesterol, mesmo problema declarado por 7,1% dos indivíduos desocupados. Já as dores crônicas nas costas, uma das principais causas para ausências no trabalho, afligem 16,3% dos brasileiros ocupados e 12,2% dos desocupados, segundo a pesquisa.

Diretor científico da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor, Paulo Renato Fonseca diz que os problemas lombares têm relação com vários males.

— Existe relação com sedentarismo, obesidade, trabalhos que exigem a força bruta por mais de dois terços do tempo — conta. — Entre os idosos, está vinculada à artrose e à perda da massa muscular.

Segundo Fátima Marinho, a maior incidência de enfermidades em indivíduos ocupados, comparada à vista em desocupados, é fruto do acesso facilitado das pessoas inseridas no mercado de trabalho a exames médicos:

— Nossa meta não deve ser apenas que a população viva mais. A longevidade deve ser acompanhada de qualidade de vida.




Promotoria aponta falta de remédios na rede pública

01/07/2016 - Folha de S.Paulo


Farmácias públicas municipais e estaduais em São Paulo sofrem com falta generalizada de medicamentos, aponta o Ministério Público.

Investigação do órgão feita em maio encontrou desabastecimento de cerca de 100 remédios, numa lista de 400 —algumas das medicações chegam a ficar seis meses sem serem oferecidas.

Após receber reclamações, a promotora Dora Strilicherk visitou cinco unidades da prefeitura, que fornecem medicamentos básicos, e uma do Estado, responsável por medicação de alto custo.

Segundo a promotora, a amostra é representativa das duas redes na capital.

Foi constatada carência de antibióticos, antitérmicos, antialérgicos e anticonvulsivos, considerados “básicos e essenciais” pela Promotoria por serem de uso frequente de crianças e idosos.Os itens estão sob responsabilidade da gestão Haddad (PT).

Também faltavam itens como imunoglobulina anti-hepatite Bemorfina, sob responsabilidade do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

O governo estadual diz que discorda da metodologia da promotora e nega que haja desabastecimento em sua rede.

Segundo o Estado, a farmácia não precisa ter medicamento o tempo todo. A prefeitura diz que a reposição de itens sofreu atrasos e que já os repôs (leia mais abaixo).

A autônoma Miriam Kunis, 44, é uma das pacientes com dificuldades de encontrar remédios.

Ela precisa de prednisona, corticoide utilizado por pacientes transplantados (ela tem pâncreas e rins transplantados),a ser oferecido pelo município. Há seis meses ela não encontra o item.

“Oque eles alegam é que o medicamento está sendo comprado, mas nunca tem”, afirma. Sema oferta gratuita, ela compromete parte de suas economias para comprar o produto. A falta da medicação pode causar a rejeição do órgão transplantado.


GESTÃO


De acordo com o inquérito civil aberto pela promotora (primeiro passo de investigação), há mais problema de gestão do que de falta de recursos nos dois sistemas.

As farmácias informam órgãos centrais que haverá falta de medicação, mas a compra não é feita na velocidade adequada, diz a promotora.

“Cabe a quem está acima hierarquicamente pegar essa informação e tomar a providência cabível. Se é sabido que se pode ter problemas com os prazos, é preciso planejar.

Se comprar antes, não vai faltar”, diz Strilicherk.

A paciente Adriana Medina, 29, afirma que ouviu outra avaliação de médicos e funcionários da unidade na zona sul onde procura, sem sucesso, medicamento para tratar seu rim transplantado.

“Dizem que a culpa é da crise.” Ela procura medicação há seis meses.Conseguiu uma doação do produto para atenuar o problema.

A Promotoria também critica a falta de transparência.

De modo geral, os usuários chegam às farmácias sem saber quais medicamentos estão disponíveis. Em caso de falta, não sabem quando serão repostos.

A prefeitura até possui um site que informa a disponibilidade de remédios, por unidade.“O problema é que muitas pessoas não têm condições de acessar a internet”, afirma a promotora.




Estado nega falta e prefeitura diz ter reposto itens

01/07/2016 - Folha de S.Paulo


A Secretaria Estadual de Saúde (gestão Alckmin) negou que haja desabastecimento. Em nota, afirmou discordar da metodologia adotada pelo Ministério Público.

Por sua vez, a Secretaria Municipal de Saúde (gestão Haddad) diz que já repôs os itens que faltavam, “dentro da rotina de abastecimento”. O órgão estadual afirma que “a Promotoria realizou o cálculo como se a unidade tivesse obrigação de fornecer todos os medicamentos, quando a farmácia só deve dispor dos itens em que há demandas de pacientes já cadastrados no programa de medicamentos de alto custo.” “É importante ressaltar que o Estado não tem competência pela compra de todos os itens distribuídos nas farmácias estaduais, uma vez que a compra de certos medicamentos é de responsabilidade do Ministério da Saúde”, diz a pasta de Alckmin. Em nota, a secretaria municipal atribui o desabastecimento a atrasos de fornecedores, afirma ter aplicado multa às empresas e que “exigiu o cumprimento imediato dos prazos”. A pasta diz que esclarecerá a situação ao Ministério Público —ela está dentro do prazo para tal.




Aspirina pode ajudar no tratamento de tumores no cérebro, aponta estudo

30/06/2016 - Zero Hora Online


Um dos medicamentos mais comuns das farmácias pode ser a chave para tratar tumores cerebrais, de acordo com estudo realizado pelo Brain Tumor Research, da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido. Pesquisadores da instituição descobriram que a aspirina em uma versão líquida pode ser até 10 vezes mais eficiente do que as drogas usadas atualmente.

Em laboratório, os especialistas desenvolveram uma fórmula a base de aspirina acrescida de dois ingredientes não revelados em uma versão líquida. Chamado de "IP1867B", o fármaco ajudaria a romper uma barreira de proteção do cérebro que impede os medicamentos de atacarem o tumor. Nos testes realizados, tanto o composto quanto os ingredientes separados se mostraram 10 vezes mais eficientes no combate às células cancerosas de adultos e crianças.

Apesar de não revelar o nome dos outros dois componentes da formulação, os pesquisadores garantem que todos já são aprovados para uso clínico e que eles não afetam as células normais do órgão.

— Este é um potencial divisor de águas para a investigação sobre tumores cerebrais e mostra claramente o que a pesquisa sustentável é capaz de alcançar. É a ciência como esta que nos permitirá, eventualmente, encontrar uma cura para esta doença devastadora que mata mais crianças e adultos com menos de 40 anos de idade do que qualquer outro câncer — disse a diretor do Brain Tumor Research, Sue Farrington Smith.

Novos testes devem indicar se a fórmula poderá ser testada em pacientes que sofrem com a doença.




Teste da 'pílula do câncer' deve ser adiado pela terceira vez

01/07/2016 - O Estado de S.Paulo / Site


Previstas para ter início no primeiro trimestre deste ano, as pesquisas clínicas da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo com a fosfoetanolamina sintética, conhecida como “pílula do câncer”, deverão ser adiadas pela terceira vez por causa de atrasos no envio de informações pelo laboratório PDT Pharma, escolhido pelos criadores da substância como o responsável pela produção do item.

Conforme previsto em contrato com a secretaria, o laboratório deveria produzir a fosfoetanolamina sintética em pó para que ela fosse apenas encapsulada pela Fundação para o Remédio Popular (Furp), unidade pública, e, então, usada nos testes em pacientes recrutados pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).

O pó foi produzido e entregue à Furp, mas o laboratório não repassou à secretaria as informações necessárias para o encapsulamento, como as concentrações da substância no produto em pó e a quantidade de fosfoetanolamina que cada cápsula deve conter, entre outras especificações.

De acordo com o secretário estadual da Saúde, David Uip, o PDT Pharma já descumpriu três vezes o prazo de entrega das certificações. A terceira data combinada com a empresa venceu nesta quarta-feira, 29. “É um negócio que está me preocupando muito, estamos com uma marcação muito próxima no laboratório. A Furp está pronta para encapsular e o Icesp está preparado para começar imediatamente os testes”, disse o secretário.


IMPOSSÍVEL


Uip disse que é “impossível” começar as pesquisas sem essas informações. “Não dá para dar um passo à frente sem essas certificações. Elas são fundamentais e necessárias para a segurança dos voluntários. Você adicionar uma variável sem o devido conhecimento é impensável.”

Enquanto isso, a Furp é alvo de centenas de mandados judiciais de busca e apreensão em nome de pacientes com câncer que querem ter acesso à substância. “Já fomos obrigados a fornecer mais de dois quilos da fosfoetanolamina em pó, sem qualquer critério. Sabemos que há 800 ações em andamento”, afirmou o secretário. Segundo informações da PDT Pharma, dois quilos da substância seriam suficientes para a confecção de 4 mil cápsulas.

Questionado sobre o atraso, o diretor do laboratório, Sergio Perussi, afirmou que o PDT Pharma aguardava um laudo de teor da substância que estava sendo produzido externamente, por uma empresa especializada nesse tipo de análise.

Segundo Perussi, o laudo foi finalizado na quarta-feira, e o laboratório iria informar a Furp e o governo do Estado sobre a conclusão do documento. “Essa substância (fosfoetanolamina) não tem padrão de análise, é inovadora. Isso tem exigido uma série de experimentos novos para o seu entendimento analítico. Assim, não é o PDT Pharma que está atrasando, mas a empresa que analisa a substância. O produto está pronto desde 2 de maio aguardando essas análises para atender às normas da Anvisa para medicamentos a serem usados para estudo clínico. Tudo isso faz parte do processo natural e regulamentar”, afirmou o diretor.

Cimed quer chegar ao topo com aquisições

01/07/2016 - Valor Econômico


Agora no seleto grupo das cinco maiores farmacêuticas do país por vendas em unidades, o grupo Cimed quer chegar ao topo do ranking da indústria e pretende ganhar posições com a compra de outras empresas. "Nosso DNA sempre foi comprar. Mas não queremos um negócio pequeno", avisa o presidente João Adibe Marques. Nessa linha, o grupo tem interesse declarado em pelo menos dois pesos-pesados do segmento de genéricos, Medley e Teuto.

Antes mesmo da aquisição pretendida, a Cimed já subiu várias colocações no ranking da indústria. Nos últimos 15 meses, conta João Adibe, profissionais do grupo farmacêutico e da IMS Health, que audita o mercado farmacêutico, debruçaram-se sobre os números do grupo para contabilizar também as vendas às farmácias feitas via distribuição própria.

Como resultado, houve incremento de mais de 130% no volume vendido considerado pela IMS e a farmacêutica passou da 11ª posição para a 4ª colocação em abril, com 207 milhões de unidades vendidas em 12 meses, atrás de EMS, Hypermarcas e Sanofi. "Já sabíamos do nosso tamanho real.

Mas o mercado, não", diz João Adibe.

A adição desse volume também teve impacto no tamanho do mercado brasileiro de medicamentos, que subiu 3,3% em relação ao número calculado anteriormente, para 3,59 bilhões de unidades comercializadas no varejo em 12 meses até março.

No ranking por receita, calculada pelo preço lista do medicamento (PMB), a Cimed passou de 21ª colocada para 7ª maior, com R$ 2,345 bilhões. O novo cálculo também revelou que o grupo tinha em abril seis produtos entre os 15 mais vendidos no país, com destaque para o antiinflamatório Cimelide, que ocupa a 2ª posição.

O trabalho de auditoria contribuiu ainda para o grupo ajustar sua estratégia comercial. Conforme João Adibe, a análise apurada dos números mostrou que apenas 15% dos negócios da Cimed estão nas redes ligadas à Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). Como essas lojas representam cerca de 60% do mercado de medicamentos, o laboratório vê grande potencial de expansão de vendas nesse canal.

No início de 2014, o grupo, que tem em seu portfólio medicamentos, cosméticos e suplementos vitamínicos, definiu que a principal aposta, dali por diante, seria feita no mercado de medicamentos e lançou a One Farma, que hoje é tratada como divisão farmacêutica. A primeira experiência com a nova empresa foi feita no Nordeste e, em três meses, as vendas de medicamentos se igualaram ao que estava previsto para um semestre. No fim do ano, a One Farma foi lançada nacionalmente. Em 2016, as vendas do grupo vão acumulando alta de 20% na comparação com o primeiro semestre de 2015 e a meta é encerrar o ano com esse mesmo ritmo. Na divisão farmacêutica, o crescimento é de 25%.

Ao mesmo tempo em que dará continuidade à estratégia comercial que proporcionou crescimento de dois dígitos nas vendas, a Cimed quer ganhar escala via aquisições. Hoje, a fábrica do grupo está plenamente ocupada e não poderia absorver a produção de novos produtos. Instalada em Pouso Alegre (MG), a unidade foi ampliada recentemente, como parte do investimento de R$ 60 milhões que incluiu também a inauguração de uma nova gráfica, onde a Cimed produz suas próprias embalagens.

"Não temos receituário, dermocosméticos e genéricos", diz o empresário. ao ser questionado sobre potenciais alvos do grupo. O presidente admite que está olhando o Teuto, sexto maior laboratório em unidades vendidas e fabricante de genéricos que tem como acionistas a família Melo (com 60%) e Pfizer (com 40%). Os sócios já teriam contratado o BTG Pactual e o Goldman Sachs, respectivamente, para assessorá-los na venda - procurados, Pfizer e Teuto informaram que não comentam especulações.

Diz ainda que admira a Medley e poderia buscar uma aproximação com a dona do laboratório, a francesa Sanofi. "Medley é um ativo que interessa, por ser uma marca muito relevante", explica. Conforme João Adibe, até agora, não houve nenhum contato com os franceses. Há duas semanas, quando circularam informações sobre uma possível venda de seu braço de genéricos, a Sanofi disse que em nota que "não confirma que a Medley esteja à venda" e afirmou ainda que a empresa "ocupa papel fundamental nos planos de negócios" no país.

O grupo também quer ter presença em dermocosméticos, via aquisição ou com o lançamento, já em 2017, de uma linha própria de produtos. "Seja como for, vamos entrar nesse segmento no ano que vem", diz João Adibe, cuja família tem tradição na indústria farmacêutica nacional. Ex-piloto da Stock Car, João Adibe é sobrinho dos irmãos Castro Marques donos da Biolab e da União Química, que acabam de resolver um litígio societário envolvendo participações cruzadas nos laboratórios que se arrastou por quase uma década.




Melhores e Maiores: Importar menos e inovar (ainda) mais

30/06/2016 - Exame - Melhores e Maiores


O laboratório Cristália obteve recentemente a autorização da Anvisa para fabricar e vender a enzima colagenase. Até então o insumo utilizado na produção de uma pomada de tratamento de feridas e queimaduras, vendida pela empresa há 40 anos, tinha de ser importado. Os cientistas do Cristália descobriram um modo de obter colagenase abastecendo micro-organismos com proteína vegetal encontrada em solo brasileiro. O que distingue a nova enzima da que tem sido usada no mundo inteiro é o fato de ela ser isenta de proteína animal e, por isso, livre do risco de contaminação pela doença neurológica da vaca louca. Além de não precisar mais importar colagenase. o Cristália poderá vendê-la a outras farmacêuticas. O insumo biológico potente e puro também é capaz de isolar células nos estudos de terapia celular e de células-tronco. "Isso é inovação incomum. Não é drágea que mudou de cor ou xarope que mudou de sabor. É modificação essencial com conteúdo", diz o médico Ogari de Castro Pacheco, presidente e fundador do Cristália.

Se por um lado predomina no setor farmacêutico brasileiro a formulação de medicamentos com matéria-prima importada, a história da colagenase demonstra que a estratégia do Cristália é outra. Ela está enraizada nas atividades de farmoquímica. que produz in-sumos. e de biotecnologia, que concebe moléculas complexas para elaborar medicamentos biológicos mais sofisticados e eficientes do que os convencionais sintéticos. Um time de 400 pesquisadores é dedicado a projetos de inovação. O objetivo é reduzir importações e desenvolver mais remédios a partir do zero. A autonomia da empresa é bastante significativa em termos de princípio ativo, a matéria-prima que faz o remédio "funcionar". Enquanto o setor importa 90% dos princípios ativos, o Cristália produz 53% dos que são usados em seus produtos. E eles também são vendidos para outros fabricantes no Brasil e no exterior.

Fundado em 1972 em Itapira, no interior de São Paulo, o Cristália é o maior produtor de anestésicos da América Latina e importante fornecedor de medicamentos para aids no Sistema Único de Saúde. Exporta para 30 países, está presente em 35 000 pontos do varejo e atende 95% dos hospitais brasileiros — que respondem por 70% de suas vendas. No ano passado, sua receita cresceu 5,3%, para 366 milhões de dólares, e gerou lucro de 91 milhões, resultados que colaboraram para o destaque como melhor empresa do setor farmacêutico.

A reputação do Cristália extrapola a atuação em medicamentos. A Embrapa desenvolveu um inseticida biológico de combate ao mosquito transmissor de dengue, zika e chikungunya e há possibilidade de o Cristália produzi-lo. "O Cristália tem uma equipe técnica excelente e capacidade de investimento", diz José Manuel Cabral, chefe da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. O médico e empresário Pacheco está entusiasmado. "Controlar o Aedes aegvpti é controlar uma série de doenças." Bom para a medicina, bom para o negócio.




Melhores e Maiores: O escritório do futuro

30/06/2016 - Exame - Melhores e Maiores


Em 2014, os cerca de 600 funcionários da indústria química Dow foram monitorados durante oito meses. Conclusão: um quarto deles aparecia no escritório apenas oito vezes por mês. No restante do tempo, estavam visitando clientes ou em home office, já tradicional na companhia. A constatação norteou uma ampla reforma na sede da empresa em São Paulo, o que consumiu 5 milhões de dólares ao longo de 15 meses. Mesas ociosas cederam lugar a mais espaços de convivência. Entre as que restaram 20% não têm mais dono — podem ser usadas por quem chegar primeiro. Objetos de uso pessoal passaram a ser deixados em armários. Até o refeitório foi adaptado para permitir encontros de trabalho, com a instalação de tomadas e monitores. No saldo final, os locais para reunião aumentaram de 32 para 45.

A nova configuração acabou com as baias exclusivas e quase dobrou o número de assentos disponíveis no escritório, que agora comporta até 1150 pessoas. A multiplicação dos lugares no mesmo espaço fará com que o investimento inicial seja pago em dois anos e meio, considerando as economias feitas com aluguel. "O escritório acomoda mais funcionários do que temos, o que dispensará novas reformas ou o aluguel de mais espaço no futuro", diz Daniel Pedrozo, líder de projetos de facilities da Dow.

A nova configuração aumentou a produtividade da equipe. Achar uma sala de reunião era uma tarefa que levava, aproximadamente, 15 minutos. Hoje não passa de 5. Com outros exemplos assim, os funcionários ganharam mais 28 dias de trabalho por ano. Após a experiência pioneira no Brasil, a Dow já replicou o modelo no México e na Argentina.

Antes da mudança do escritório para um novo endereço, em novembro de 2015, os diretores da consultoria EY colocaram na ponta do lápis dois cenários. Se mantivessem a mesma quantidade de mesas e salas para os 2 700 funcionários da companhia no Brasil, seria preciso ocupar 11 andares do novo prédio para abrigar a sede da companhia em São Paulo. Se migrassem para o modelo flexível que já funciona em outras 55 subsidiárias da EY no mundo, poderiam ocupar apenas cinco. Ficaram com a segunda opção. Resultado: uma economia de 9 milhões de reais na montagem do escritório, e menos 700 000 reais por mês em custos de manutenção.

Hoje, a consultoria tem 3000 funcionários e apenas 1340 estações de trabalho. Ainda assim é comum que até 100 mesas permaneçam vazias por dia. Mais da metade dos consultores está constantemente em compromissos externos ou trabalhando em casa. Ninguém mais tem uma mesa para chamar de sua. Áreas livres com cadeiras, bancos ou sofás compõem espaços para encontros que não necessitam de confidencialidade. Sócios e diretores ainda têm direito a salas, mas antes precisam reservá-las, e o uso não é exclusivo — os demais funcionários podem ocupar o espaço para realizar reuniões, se estiverem disponíveis.

Para evitar que os funcionários percam tempo procurando uma mesa vazia, existe hoje um sistema virtual para a reserva de salas ou mesas. A agenda pode ser acessada a qualquer momento pelo notebook — em casa ou no trabalho — ou em totens disponíveis em todos os andares da empresa. O esforço para mudar hábitos — como deixar a mesa vazia no final do dia — começou já no prédio antigo, quatro meses antes da mudança. "Teve gente que precisou levar 30 caixas de livros e outros objetos pessoais para casa", afirma Luiz Sergio Vieira, presidente da EY no Brasil.

Os executivos da indústria farmacêutica Pfizer pensaram em mudar o escritório para um edifício maior após a aquisição da rival Wveth em 2011. Mas, com a venda do departamento de saúde animal, no mesmo ano, o problema diminuiu. No saldo final, a empresa passou de 450 para 650 funcionários. A decisão foi continuar no mesmo prédio de quatro andares que ocupavam antes, na zona sul de São Paulo, e investir numa reforma para acomodar mais gente. O investimento, na época, chegou a 10 milhões de dólares. Em contrapartida, a companhia não parou de contabilizar ganhos. Em março de 2015,70 profissionais da área de consumo que trabalhavam num escritório alugado foram para o prédio próprio. com uma redução de custo de 1,2 milhão de dólares por ano.

O escritório brasileiro foi o sexto da Pfizer a receber a novidade no mundo. No novo espaço, somente os diretores têm mesas fixas e há pouquíssimas salas. Atualmente, existem 660 estações de trabalho compartilhadas por 750 empregados, num espaço com capacidade para um acréscimo de até 5% desse total.

Antes havia apenas quatro salas de reunião — hoje são 40. Foram criados também 19 pontos de encontro com sofás e pufes para reuniões que não exigem confidencialidade e 33 cabines telefônicas para o funcionário que busca silêncio absoluto.

Cada um dos quatro andares foi alterado por vez, de cima para baixo. Para minimizar o transtorno, a mudança acontecia nos fins de semana e contava com dois plantonistas nos dias seguintes para resolver eventuais problemas, como falta de conexão à internet e telefone. Muitos funcionários ficaram ressabiados. "Alguns acharam que seriam demitidos ou que perderiam sua mesa", afirma Cristiano Mantovani, gerente de facilities da Pfizer. Para quebrar a resistência, foram produzidos vídeos e boletins digitais que explicavam o conceito e a nova forma de trabalho no escritório.

Para saber se a medida fez efeito, a companhia aplicou a mesma pesquisa um mês antes e três meses depois da mudança. O resultado mostrou que 85% dos funcionários estavam mais satisfeitos. Além disso, houve melhora de 22% na comunicação entre os colegas, 15% na colaboração e 14% na redução do tempo para encontrar um espaço para reunião.




Aché compra laboratório Tiaraju, do RS

01/07/2016 - Valor Econômico


O Aché fechou a compra do Laboratório Químico Farmacêutico Tiaraju, do Rio Grande do Sul, na segunda aquisição em menos de três meses. O negócio, cujo valor não foi revelado, inclui ainda o direito de acessar os desenvolvimentos do Tiaraju em cosméticos e nutracêuticos e está contemplado no orçamento de R$ 160 milhões em investimentos para 2016.

De controle familiar, o Tiaraju vai transferir ao Aché sua operação químicofarmacêutica e garante exclusividade sobre os produtos desenvolvidos em nutracêutica e cosméticos. "Não são aquisições de empresas grandes, mas especializadas, que complementam e trazem valor ao portfólio", disse o presidente do Aché, Paulo Nigro.

Com a compra, o Aché vai incorporar registros de 12 fitomedicamentos, um mercado de R$ 1,1 bilhão no ano passado, e ganhar fôlego para disputar a liderança, hoje da Takeda. "Somos o segundo, mas acredito que será possível atingir a liderança", afirmou.

O Aché já tem tradição nesse mercado. É do laboratório o primeiro fitomedicamento com pesquisa e desenvolvimento integralmente nacionais, o antiinflamatório Acheflan. Há duas semanas, o produto obteve registro de medicamento no México e será lançado no mercado local ainda neste ano.

Os produtos já registrados do Tiaraju, conforme Nigro, serão lançados gradualmente nos próximos anos. Para 2017, devem ser três lançamentos na área de fitomedicamentos e oito nutracêuticos, dos quais cinco nutricosméticos. "Esses produtos abrem uma nova avenida de negócios para o Aché", comentou, acrescentando que, em conjunto, os lançamentos vão adicionar de R$ 30 milhões a R$ 40 milhões ao faturamento. No ano passado, a receita líquida do laboratório alcançou R$ 2,3 bilhões, com alta de 9,3%.

Em abril, o Aché comprou a paranaense Nortis Farmacêutica, reconhecida pelos antibióticos cefalosporínicos, usados no tratamento de infecções bacterianas. A Nortis tem capacidade de produção mensal de 1,2 milhão de blísteres e 400 mil frascos e é responsável por cerca de 50% do mercado desse tipo de antibiótico no Brasil.




Arma genética natural pode ajudar a combater a malária

01/07/2016 - Folha de S.Paulo


Cientistas acharam um “gene da masculinidade”que pode ser fatal para fêmeas — mas, no caso,apenas do mosquito transmissor da malária.

A pesquisa do Instituto Pirbright, em Surrey, no Reino Unido,identificou o gene Yob no cromossomo Y do mosquito da espécie Anopheles gambiae,o mais letal vetor da doença na África.

A descoberta pode facilitar o controle da transmissão da doença ao selecionar sexualmente e matar as fêmeas — machos não se alimentam de sangue humano. Já as fêmeas têm esse vampiresco hábito, durante o qual transferem parasitas e vírus para os picados.

Os pesquisadores notaram que o gene Y obé ativado cerca de duas horas após os ovos de mosquito serem postos, e antes de outros genes associados à determinação do sexo.Nestas primeiras horas de vida do inseto, o sexo é determinado por um sinal genético que ativa uma verdadeira “cascata” de genes.

O estudo consistiu em sequenciar —determinar letra por letra do alfabeto genético—todas as mensagens químicas produzidas por embriões, machos e fêmeas, do mosquito. A comparação revelou que apenas os machos tinham os fragmentos correspondentes ao Yob.

O que veio em seguida foi particularmente encorajador: o Y ob revelou-se um matador de fêmeas por meio dos seus “transcritos”.Na transcrição, um trecho de DNA é copiado na forma de RNA mensageiro (mRNA).

Embriões fêmeas injetados como mRNA transcrito do Yob não sobreviveram, assim como embriões machos privados do gene.O Y obé ativo durante toda a vida do macho.

Segundo os cientistas, o Yob também tem outra função importante, a de “dosar” o nível de transcritos de genes localizados no cromossomo X. Nos machos isso produz uma grande expressão gênica, de forma a compensar por só ter uma cópia do cromossomo. Nas fêmeas, com dois cromossomos X, a presença do Yob leva a uma transcrição exagerada dos dois, com resultados fatais.

Em comentário sobre a pesquisa,Steven Sinkins, da Universidade Lancaster, afirma que apesar de o uso do Y ob como mecanismo transgênico de controle ser possível,o custo seria um problema para o uso em toda a África.

Mas a descoberta pode ajudar a produzir mosquitos incapazes de transmitir o parasita, ou causar uma crise populacional ao desequilibrar a relação entre os sexos. “Talvez seja a probabilidade mais excitante no controle da malária”, afirma Sinkins.




Depressão atinge 10,2% dos brasileiros desempregados

01/07/2016 - DCI


Estudo que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem indica que, em 2013, 10,2% dos brasileiros com 18 anos ou mais que estavam fora do mercado de trabalho (um em cada dez) sofriam de algum tipo de depressão, de um total de 61,8 milhões de pessoas que não trabalhavam nem procuravam emprego - em um universo de 93 milhões de empregados. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional de Saúde 2015 - Indicadores de Saúde e Mercado de Trabalho, que contabilizava, na época, 160 milhões de pessoas integrando a População em Idade Ativa (PIA) do País, em um universo de 200,6 milhões de pessoas, conforme Censo 2010.

Quando se analisa os brasileiros em idade ativa desocupados (5,7 milhões fora do mercado, mas procurando emprego) em 2013, o percentual cai para 7,5%. Já entre as pessoas fora (que não trabalhavam, nem procuravam emprego, embora em idade ativa), o total passa a 7,6%, o equivalente a 11,2 milhões. O percentual menor de trabalhadores com depressão foi verificado entre a população ocupada: 6,2%. O levantamento abrange pessoas acima de 18 anos e indica, ainda, que 12,6% da população fora do mercado tomavam algum remédio para dormir.




Terapia melhora o tratamento da retina

01/07/2016 - Correio Braziliense


Terapias com células-tronco são esperança de pacientes com doenças degenerativas relacionada à idade, por exemplo aquelas ligadas à perda de visão. Nesse caso, porém, os benefícios desse tipo de intervenção são ainda bastante limitados: a combinação da idade avançada com tecidos adoecidos gera um meio infértil para as células usadas, que não conseguem aderir ao sistema ocular. Na revista Science desta semana, cientistas do Instituto Buck de Pesquisa em Envelhecimento, nos Estados Unidos, mostram que a abordagem pode ter um futuro mais promissor apenas com ajuda de um mecanismo natural do organismo. Se calibrado de maneira correta, ele pode potencializar o tratamento.

Outras equipes de pesquisa já conseguiram transplantar, com sucesso, células-tronco da retina em ratos. Em humanos que têm doenças nessa membrana ocular, contudo, os benefícios são discretos: apenas 1% das células transplantadas sobrevive e consegue se integrar ao olho ao longo do tempo. “Queremos mudar essa estatística”, diz Deepak Lamba, pesquisador-sênior do novo estudo norte-americano. A ferramenta para alcançar as ambições, diz ele, chama-se fator neurotrófico mesencefálico derivado astrócitos (FNMDA).

“Identificamos esse sistema de modulação imunitária que ordena a interação entre células doentes da retina e células imunes para promover a reparação do tecido. Ele causa ativação alternativa das células imunológicas, reparação de tecidos, neuroproteção aumentada e maior sucesso de terapias com substituição de fotorreceptores”, acrescenta Lamba. Na pesquisa, o FNMDA foi injetado com fotorreceptores em ratos com cegueira congênita. Os animais tratados com a substância apresentaram melhor aderência das células-tronco ao tecido nativo e se recuperaram mais rápido.

Os cientistas notaram que o fator fez com que as células do sistema imune recrutadas para gerar a inflamação funcionassem, ao contrário do que foram programadas, como agentes anti-inflamatórios. Essas estruturas são, sobretudo, os macrófagos. Heinrich Jasper, coautor da pesquisa, acredita que, além de auxiliar terapias com células-tronco, o FNMDA pode evoluir para tratamentos preventivos nos estágios iniciais de doenças, de forma que os sintomas não evoluam.

No estudo, o FNMDA foi empregado também para proteger os olhos de três ratos com degeneração de fotorreceptores — cones, que distinguem as cores; e bastonetes, que são sensíveis à luz e participam da visão noturna. “Focar na modulação do sistema imunitário para promover um reparo e uma resposta saudáveis do tecido prejudicado em vez de tratar os processos inflamatórios deletérios é uma nova fronteira na pesquisa do envelhecimento”, acredita Jasper.


AÇÃO ALTERNATIVA


O FNMDA foi, anteriormente, descrito como um fator neurotrófico que pode proteger a retina; isto é, um elemento associado à sobrevivência neuronal e à comunicação dos sistemas nervosos periférico e central envolvido também na visão. Pesquisas com moscas sem hemócitos, um tipo de anticorpo específico dos insetos, mostraram que o FNMDA não conseguiu reparar tecidos lesionados. O mesmo foi detectado em retinas de mamíferos sem células do sistema imune inato ou que continham macrófagos ineficientes.

“Nós propomos, então, que o papel do FNMDA em promover a ativação alternativa de células do sistema imune seja central para a sua função regenerativa”, diz Lamba. A primeira vez que os autores se depararam com os efeitos desse fator ocorreu durante experimentos com moscas de fruta, cujo sistema imune secretava uma substância especial em resposta a danos na retina: era o FNMDA. Ele atuava em células infamatórias que, após a intervenção do fator, ganhavam características anti-inflamatórias e curativas, promovendo, então, o reparo da retina das cobaias lesionadas.

O mesmo experimento foi realizado em ratos e resultados semelhantes, detectados. Os pesquisadores acreditam que a identificação da ação do FNMDA nas células imunes pode acelerar a descoberta de mais vias de ação da substância. “Estudos mostraram que esse fator tem efeitos anti-inflamatórias em animais com Parkinson, que tem como característica a inflamação neurotóxica. É possível que os efeitos protetivos do FNMDA nessa doença sejam os mesmos que observamos nas retinas. É tentador especular que esse fator seja amplamente requisitado em vários contextos para auxiliar na conversão de macrófagos inflamatórios em macrófagos anti-inflamatórios, que ajudam na reparação dos tecidos”, ressalta Lamba.

Os cientistas admitem que os achados são iniciais e que mais estudos são necessários para determinar a contribuição específica de macrófagos e de outras células em mediar os efeitos curativos do FNMDA. Isso significa que, até chegar à prática clínica, um longo caminho deverá ser percorrido. “Embora nossos achados apontem para a função do macrófago como mediador, não se exclui a possibilidade de outras células estarem envolvidas no processo”, especula o pesquisador-sênior.

"Estudos mostraram que esse fator tem efeitos anti-inflamatórias em animais com Parkinson, que tem como característica a inflamação neurotóxica. É possível que os efeitos protetivos do FNMDA nessa doença sejam os mesmos que observamos nas retinas”


PALAVRA DO ESPECIALISTA


Aposta também em biomateriais

“O transplante de células-tronco pode ser a única esperança de reparo e restauração da função visual de indivíduos quando outras opções de tratamento não estão disponíveis. Enquanto progressos significativos foram feitos na geração de neurônios da retina a partir de diferentes fontes celulares; protocolos de transplantação, integração funcional e sobrevivência das células transplantadas na retina ainda precisam ser adequados e formulados. Esses procedimentos podem carecer de suporte estrutural para promover a sobrevivência de longo prazo, além da integração celular. O caminho apontado pelos autores é promissor, e outra estratégia que desponta como opção são os biomateriais. A aplicação potencial dessas estruturas inclui superfícies que promovem a adesão celular e sua diferenciação, além de suporte estrutural para facilitar a aplicação, a integração e a sobrevivência das células. Isso pode ser feito em conjunto com agentes farmacológicos ou até mesmo com fatores como o do estudo para que induziam a regeneração e o reparo da retina.”




‘Pâncreas artificial’ deve estar disponível até 2018

01/07/2016 - O Globo / Site


Um dispositivo que monitora os níveis de glicose no sangue em pacientes com diabetes tipo 1 e, automaticamente, ajusta os níveis de insulina injetados no organismo, deve estar disponível comercialmente até 2018, afirma artigo publicado nesta quinta-feira na revista científica “Diabetologia”, mantida pela Associação Europeia para o Estudo do Diabetes. Para que o “pâncreas artificial” seja liberado, faltam apenas pequenos ajustes, como a velocidade de ação da insulina usada, confiabilidade, conveniência, precisão dos monitores, além da segurança cibernética para proteção do aparelho contra ataques hackers.

Atualmente, as tecnologias disponíveis permitem que bombas de insulina façam injeções nos pacientes após a leitura dos monitores glicêmicos, mas os dois componentes não são conectados. De acordo com os autores do experimento, Roman Hovorka e Hood Thabit, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, é a união desses dois dispositivos que fecham o circuito e formam o “pâncreas artificial”.

“Em testes até o momento, os pacientes fizeram avaliação positiva sobre como o uso do ‘pâncreas artificial’ permite um descanso do controle do diabetes, já que o sistema gerencia os níveis de açúcares no sangue de forma efetiva, sem a necessidade de monitoramento constante”, afirmam os autores.

A maior dificuldade encontrada pelos pesquisadores é a variação da necessidade de insulina pelos pacientes, que depende de uma gama de variáveis, como a dieta e os níveis de atividade física. Outro problema é a velocidade de ação da insulina, que não alcança o seu pico antes de 0,5 a 2 horas após a injeção, com o efeito durando entre 3 e 5 horas, o que torna difícil o monitoramento preciso das necessidades imediatas do medicamento.

Existem alternativas para o tratamento do diabetes tipo 1, como o transplante de pâncreas e e células-beta, responsáveis pela produção de insulina. Entretanto, o primeiro procedimento envolve cirurgia e ambos necessitam do uso de drogas imunossupressoras para evitar a rejeição. Dessa forma, o “pâncreas artificial” se coloca como uma solução com menos riscos. Inúmeros testes clínicos estão em andamento, e muitos demonstraram controle glicêmico tão bom ou melhor que o feito com as tecnologias atuais.

“Testes clínicos prolongados, com 6 a 24 meses, e estudos piloto estão em andamento ou em preparação para adultos e crianças. E como esses aparelhos podem ser vulneráveis a ameaças cibernéticas como interferências com protocolos wireless e acesso não autorizado aos dados, a implementação de protocolo de comunicação seguro é essencial”, dizem os pesquisadores.

Já existe um equipamento em análise pela FDA, agência americana responsável pela liberação de medicamentos e alimentos, com aprovação prevista para o início do ano que vem. Um estudo recente do Instituto Nacional de Pesquisas em Saúde do Reino Unido informou que sistemas automáticos devem aparecer no mercado europeu até o fim de 2018.

“Este cronograma será dependente das aprovações regulatórias e da garantia de que a infraestrutura e apoio estarão prontos para os profissionais de saúde”, dizem os pesquisadores. “Dados os desafios para o transplante de células-beta, essas tecnologias estão, com a inovação contínua, destinadas a fornecer alternativa viável às atuais terapias com bombas de insulina ou de múltiplas injeções diárias”.




Manteiga não faz mal ao coração, diz estudo

01/07/2016 - Veja Online


Manteiga não faz mal ao coração e nem aumenta o risco de doenças cardiovasculares. É o que diz um estudo publicado recentemente no periódico científico PLOS ONE. De acordo com a pesquisa, o consumo regular de manteiga está associado a um leve aumento no risco de morte prematura e a uma ação protetora contra diabetes tipo 2. Para chegar a essa conclusão, pesquisadores americanos revisaram nove estudos já publicados, totalizando 636.000 pessoas, de 15 países diferentes, que foram acompanhadas entre 10 e 23 anos. Neste período, 28.271 pessoas morreram, 9.783 foram diagnosticadas com doença cardíaca e 23.954 com diabetes tipo 2. A quantidade média de manteiga consumida pelos participantes variava entre 1/3 de uma colher de sopa até três colheres de sopa diariamente. Os resultados mostraram que uma porção (14 g ou uma colher de sopa) de manteiga por dia estava associado ao aumento de 1% no risco de morte. Por outro lado, a mesma quantidade foi relacionada a uma redução de 4% no risco de diabetes tipo 2. Os autores não encontraram associação entre o consumo do alimento e o diagnóstico de problemas cardíacos. De acordo com os pesquisadores, esses resultados classificam a manteiga como um alimento no “meio do caminho”. Ou seja, é improvável que seu consumo faça muito mal à saúde, mas as pessoas podem reduzir seu risco de problemas cardíacos ao optar por gorduras mais saudáveis como azeite extra virgem e óleo de soja ou de canola.

Os males associados ao consumo de manteiga se originaram na crença de que gordura saturada faz mal à saúde e, por muito tempo, os especialistas recomendaram que seu consumo fosse evitado. Entretanto, os especialistas estão repensando o foco excessivo no impacto de um macro nutriente específico para a saúde, como é o caso da gordura saturada, e olhando para o todo. Segundo essa linha de pensamento, a combinação de todos os nutrientes presentes em um alimento pode ter diferentes impactos na saúde de uma pessoa. Por exemplo, laticínios como iogurte e queijos têm propriedades metabólicas que ajudam a prevenir contra o diabetes tipo 2, apesar de serem ricos em gordura saturada. Para Laura Pimpin, uma das autoras do estudo, o grande problema da manteiga são os alimentos com os quais ela é consumida, que geralmente são ricos em carboidratos refinados ou com alto índice glicêmico, como pão branco e batata. “Em geral, nossos resultados sugerem que a manteiga não deve ser demonizada nem considerada um caminho para a boa saúde. Mais pesquisas são necessárias para entender melhor o benefício deste alimento em relação ao desenvolvimento de diabetes.”, disse Dariush Mozaffarian, um dos autores do estudo.

Sob risco de infecção, hospital trata degeneração macular com remédio de câncer

30/06/2016 - O Globo / Site


Há remédios próprios para combater degeneração macular. Mas o serviço público de saúde no Rio costuma usar um outro, o Avastin (Bevacizumabe), medicamento contra câncer metástico no colo do útero, no reto, de mama e até de pulmão, mas que, com jeitinho, é adaptado para o tratamento da DMRI. O motivo? É mais barato do que o Lucentis (Ranibizumabe), também usado na rede pública, e o Eylea (Aflibercept), que são os indicados contra a doença nos olhos. Só que essa substituição tem um agravante: pode causar a infecção endo ocular e, com isso, a perda da visão.

A informação é do oftalmologista João Alberto Holanda de Freitas, presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), em resposta a um questionamento da Defensoria Pública da União - veja trechos do documento abaixo.

Segundo o especialista, o problema está no fracionamento do remédio, já que o frasco contém mais do que uma dose. No documento, Holanda de Freitas diz que nenhum fracionamento é confiável.

- A prática de injeção intra-ocular é de uso único, isto é, uma vez colocada na seringa a quantidade certa a ser injetada, o restante do líquido contido no frasco deve ser desprezado e jamais reutilizado - explica o presidente da SBO.

O oftalmologista Mário Motta, chefe de setor Retina e Vítreo do Hospital dos Servidores, sabe deste risco e explica que a unidade federal adota medidas para evitar as infecções.

- O Avastin é um remédio genérico, e a manipulação do remédio leva à contaminação do líquido. Mas o Hospital do Servidores tem farmácia própria de manipulação, e a aplicação do remédio é feita em vários pacientes de uma vez para usar o frasco todo. Contudo, o mais seguro é usar o Lucentis - avalia Motta.

O coordenador da área de Saúde da Defensoria Pública da União do Rio, Renan Vinicius Sotto Mayor, que acompanha casos de pacientes que tentam conseguir o tratamento na Justiça, lembra que, em 2012 e 2014, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) se manifestou e o Ministério da Saúde decidiu pela não incorporação do Ranibizumabe. A justificativa era que havia uma "suposta alternativa terapêutica mais econômica, o Bevacizumabe (Avastin)".

- Entretanto, analisando os pareceres da Conitec, percebe-se clara incoerência, pois a suposta alternativa terapêutica - o Bevacizumabe - não está incorporada ao SUS nem poderia ser incorporada para o tratamento de DMRI, pois o citado medicamento não foi desenvolvido para tratamento de doenças oftalmológicas. Portanto, a única alternativa existente, na verdade, é incorporar o Ranibizumabe ao SUS - defende Sotto Mayor, da DPU do Rio.

Enquanto os frascos de Eylia e Lucentis custam entre R$ 3,8 mil e R$ 5 mil, o de Avastin pode ser comprado por R$ 1,6 mil. Usá-lo, com todos os cuidados a mais, é a forma encontrada para atender aos pacientes que correm risco de perder a visão central.

E o uso do Avastin no tratamento da DMRI ainda requer boa vontade de outros funcionários da unidade. A assessoria de comunicação do Ministério da Saúde confirmou que "o tratamento (... ) usa os medicamentos Lucentis e Avastin".

E o Blog Emergência apurou que para usar o Avastin, o Serviço de Oftalmologia do Hospital dos Servidores teve que fazer um pedido especial para o Serviço de Oncologia da unidade ceder o medicamento. Ou seja: parte do remédio comprado para um setor é usado em outro.




Auxílio-doença pode ter pente-fino do governo

01/07/2016 - O Estado de S.Paulo


BRASÍLIA - O ministro interino do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmou que o governo vai organizar uma perícia médica em pessoas que recebem auxílio-doença do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para verificar eventuais fraudes e equívocos nos pagamentos. "Vamos observar uma despesa de R$ 13 bilhões por ano e verificar se ela está adequada", disse em coletiva de imprensa ao lado dos ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Eliseu Padilha (Casa Civil).

Segundo Dyogo, essa espécie de pente-fino é necessária para que sejam identificados possíveis abusos, no entanto, o objetivo do governo de Michel Temer "não é retirar o direito de ninguém". "É uma ação de governo bem alinhada com as perspectivas de redução de gastos", afirmou.

O ministro disse ainda que o pente-fino no auxílio doença será "o primeiro produto deste trabalho iniciado pelo governo". "Estamos implementando esse tipo de análise não só para esse como para diversos tipos de programa", disse.

Segundo Dyogo, o trabalho em relação ao auxílio-doença ainda está começando e os beneficiários serão devidamente comunicados caso precisem comparecer a perícias. "Não há necessidade de ninguém procurar o INSS, nem fazer esse movimento. As pessoas serão devidamente comunicadas", afirmou.


SERVIDORES


Questionado se não seria uma contradição o governo conceder reajuste salarial aos servidores públicos enquanto recursos da Saúde e Educação são limitados, Dyogo discordou. Segundo ele, é preciso ter recordação que os projetos de reajuste já estavam há bastante tempo no Congresso, foram fruto de negociação, e são aumentos inferiores à inflação. Para ele, a área social estará preservada. "Você não pode requerer apenas aos servidores públicos que eles arquem com todo o ajuste fiscal", disse.

Meirelles ressaltou que os aumentos concedidos ao funcionalismo estão em linha com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece um teto para os gastos públicos. "É compromisso desse governo e nosso propósito é que é que seja aprovada pelo congresso e seja cumprida", disse.




Pesquisa investiga ação de vírus de gado em bebês com microcefalia no Nordeste

01/07/2016 - O Estado de S.Paulo


BRASÍLIA - O surto de microcefalia registrado no Nordeste pode ter outras causas além da contaminação do feto pelo zika durante a gestação. Pesquisadores brasileiros encontraram em amostras de fetos com microcefalia provocada por zika traços de um outro vírus, o BVDV, um agente que até hoje se imaginava afetar rebanhos animais, como bovinos.

Os indícios, embora ainda tenham de ser comprovados com testes mais específicos, foram considerados relevantes pelos cientistas. Por precaução, eles comunicaram o Ministério da Saúde antes mesmo da publicação do trabalho em revista científica, em reunião de emergência feita na semana passada.

A pesquisa foi feita por integrantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pelo IPESQ, Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto. Diante das suspeitas, uma série de medidas foi adotada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) foi comunicada e nesta quinta-feira, 30, foi realizada uma reunião com o Ministério da Agricultura para avaliar medidas de proteção do gado, caso a hipótese seja mais tarde confirmada.

Um grupo do Ministério da Saúde foi destacado nesta semana para ajudar a estudar o caso. Equipes foram enviadas a campo, na Paraíba, para tentar buscar ligações entre as mulheres que tiveram seus embriões com suspeita de contaminação por BVDV.

Embora intrigados com resultados, pesquisadores que participam do estudo ouvidos pelo Estado mostram-se cuidadosos. Eles dizem ser precipitada qualquer conclusão.

Os trechos do BVDV foram encontrados em três amostras, um número ainda considerado pequeno para fazer alguma afirmação categórica. O grupo agora concentra esforços para fazer o sequenciamento do vírus. Uma tarefa que é cara. Justamente por isso, buscaram auxílio do Ministério da Saúde.

“Essa é uma peça importante dentro desse quebra-cabeças. Nunca foi descartada a possibilidade de que, além do zika, outro vírus estivesse relacionado ao aumento de casos de bebês com problemas neurológicos”, disse um integrante da força-tarefa destacada para avaliar o caso, que atua em Pernambuco.


NOVO


O BVDV é um vírus presente no rebanho de vários países, incluindo o Brasil. Da mesma família do zika (Flaviviridae), ele causa no gado uma série de doenças, como diarreias e problemas respiratórios. O que chama mais a atenção, no entanto, é a grande quantidade de casos de abortos e de más-formações provocadas por esses vírus no gado. Entre os problemas encontrados, está a artrogripose, uma síndrome que provoca má-formação em articulações, já identificada em alguns bebês com microcefalia.

Foi justamente essa semelhança na forma do ataque do vírus na formação do feto de gado e dos bebês com microcefalia associada ao zika que despertou o interesse dos pesquisadores. Assim como acontece com bebês, a literatura mostra que o impacto do BVDV na formação do feto bovino muda de acordo com o período de infecção.

“Abortos e más-formações são mais comuns no primeiro trimestre da gestação dos bovinos”, afirmou o professor do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da Universidade Federal de Santa Maria, Eduardo Flores. Assim como de humanos, o período de gestação no gado é de 9 meses.

O professor afirma que, embora muito presente no rebanho brasileiro, até hoje não houve relato sobre a transmissão do BVDV para seres humanos. Também não há registros sobre contaminação do vírus no meio ambiente. Uma das hipóteses de pesquisadores é de que o fato de o zika e o BVDV serem da mesma família possa aumentar a possibilidade de interação. “Talvez isso ajude a explicar a forma como o zika rompe a barreira placentária e ataca o feto”, diz um representante do governo de Pernambuco.

Essa interação poderia também ajudar a explicar um fato que intriga autoridades sanitárias e a comunidade científica em geral: por que algumas regiões do Nordeste brasileiro foram muito mais afetadas pela síndrome provocada nos bebês pelo zika do que outros Estados ou outros países? A resposta ouvida até agora era de que a epidemia de zika em outras regiões do País é muito recente e que, por isso, seria preciso esperar alguns meses até que bebês com a síndrome congênita começassem a nascer.

“O tempo está passando e a epidemia de grandes proporções esperada no Sudeste não está acontecendo”, afirmou o representante. O último boletim do Ministério da Saúde sobre a microcefalia mostra que há 1.417 casos confirmados no Nordeste e 106 no Sudeste.




Ministério da Saúde diz que tomou medidas por precaução

01/07/2016 - O Estado de S.Paulo


BRASÍLIA - O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Alexandre Santos, afirmou que as medidas adotadas até o momento sobre o vírus BVDV são feitas por precaução. “Existem indícios. Técnicos foram enviados para ajudar na investigação. A notificação da OMS faz parte do regulamento sanitário.”

Um dos pesquisadores envolvidos no estudo disse que a tarefa, neste momento, é identificar o vírus inteiro do BVDV. “Encontramos trechos de fragmento de genoma. É preciso mais. Seria uma leviandade afirmar de forma categórica que o BVDV está associado à síndrome das crianças.”

Casos de infecção do gado provocada pela Diarreia Viral Bovina (BVDV) são identificados no Brasil desde a década de 60. Estudos mostram que o vírus é encontrado em várias partes do País e afeta, principalmente, o gado leiteiro. “Não é uma doença de notificação compulsória. A vacinação também não é feita de forma regular. O fato é que há muitos rebanhos contaminados”, afirma o professor do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da Universidade Federal de Santa Maria Eduardo Flores.

A contaminação pelo vírus pode acontecer por meio das secreções (como durante a alimentação no cocho) e pelo sêmen. O ponto-chave para o controle da doença está na identificação e no controle de animais portadores do vírus, mas que não apresentam sintomas. “Esses bezerros geralmente são contaminados na última fase da gestação. Eles clinicamente são normais, mas excretam vírus continuamente.”

Rebanhos com grande circulação do vírus, disse o professor, trazem grandes perdas reprodutivas. “Abortos, natimortos e más-formações”, conta.

A dúvida de pesquisadores é por que um vírus presente há tanto tempo no País e em outras partes do mundo agora está sendo associado a uma doença tão grave? Há várias hipóteses. Embora até hoje não haja registros de contaminações ambientais, uma das possibilidades avaliadas é de que o vírus entre em contato com humanos por meio da água contaminada pelas fezes do animal. “A região afetada sofre com desabastecimento de água. Poços geralmente estão próximos de locais onde o gado pasta”, disse o pesquisador. Há também a possibilidade do consumo de leite cru. Tais fatores de risco, no entanto, sempre existiram.

“A diferença é que agora entra em cena o zika, que poderia de alguma forma se associar com BVDV”, diz um integrante do Ministério da Saúde. “Mas são hipóteses. São necessários ainda estudos para comprovar alguma relação.” Santos afirma que, no momento, não é preciso adotar nenhum cuidado extra. “São as recomendações de sempre: comer carne cozida, usar leite pasteurizado.”




Governo estuda novos critérios para identificar danos do zika em bebês

30/06/2016 - Folha de S.Paulo / Site


O Ministério da Saúde avalia novas mudanças nos critérios utilizados para identificar os casos de microcefalia e outros efeitos do vírus da zika em bebês recém-nascidos.

Agora, a ideia é que sinais e sintomas de possíveis danos neurológicos sejam também incluídos como critérios de triagem de bebês, mesmo que não haja suspeita de microcefalia.

A alteração ocorre após um estudo publicado na revista "Lancet" nesta quarta-feira (29) mostrar que um em cada cinco bebês com infecção "provável" ou confirmada pelo vírus da zika e com danos neurológicos não tinham microcefalia –quadro definido pelo perímetro menor da cabeça do que o esperado ao nascer.

A pesquisa analisou dados e resultados de exames de 1.501 recém-nascidos investigados pelas secretarias de saúde entre novembro de 2015, mês com o maior número de notificações de suspeitas de microcefalia, e fevereiro deste ano. Destes casos, 899 foram descartados para possíveis danos neurológicos e infecções por zika. Outros 602 ganharam novas classificações em categorias como definitiva, altamente provável, provável e pouco provável para o zika.

Alertado em outubro pela secretaria de saúde de Pernambuco sobre o aumento de casos de microcefalia, o Ministério da Saúde decidiu inicialmente adotar o critério de 33 cm para identificar casos suspeitos de microcefalia. Com isso, bebês que tinham perímetro cefálico igual ou menor do que essa medida entraram na classificação e passaram a ser investigados. Meses depois, o critério foi alterado. Passou a 32 cm e, em seguida, para igual ou menor que 31,9 cm, no caso de meninos, e menor ou igual a 31,5 cm, no caso de meninas.

Segundo a pasta, a adoção de definições "mais sensíveis" em um primeiro momento foi o que permitiu verificar na pesquisa que até 20% dos bebês classificados como confirmados ou prováveis para a chamada "síndrome de zika congênita" apresentavam a medida da cabeça em padrões considerados normais.

"Há um grande percentual que não tem a cabeça pequena. Isso muda um pouco essa ideia de que zika é só microcefalia", diz o pesquisador Cesar Victora, da Ufpel (Universidade Federal de Pelotas), um dos autores do estudo.


NOVO PROTOCOLO


Para o ministério, que participou da pesquisa, o estudo confirma que os critérios hoje utilizados –que incluem a suspeita de microcefalia pela medida da cabeça e relatos de manchas vermelhas na gestação– são "insuficientes" para identificar as consequências de uma possível infecção pelo vírus. Seria preciso, assim, alertar os profissionais de saúde para verificar sinais de problemas neurológicos durante o desenvolvimento do bebê.

"Com base neste achado, o Ministério da Saúde já está estudando a adequação do atual protocolo de vigilância e resposta à ocorrência de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central", diz a pasta, em nota.

Outra possibilidade, diz Victora, é ampliar a oferta de exames oferecidos aos bebês em municípios com alto número de casos de infecção por zika.

A pesquisa aponta ainda que infecções pelo zika no terceiro trimestre da gravidez, ou seja, mais próximas ao fim da gestação, também podem estar associadas a alterações no cérebro de bebês, muitos com tamanho normal da cabeça.

Desde o início das investigações, em outubro de 2015, até o dia 25 de junho, já foram notificados 8.165 casos de suspeita de microcefalia no país.

Destes, 1.638 já foram confirmados para microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central, segundo balanço divulgado pelo ministério nesta quinta-feira (30). São casos que, além de apresentarem alterações no cérebro em exames, sugerem uma infecção ainda na gestação.

O ministério diz considerar que a maioria dos casos esteja relacionado a uma infecção pelo vírus da zika.

Outros 3.466 casos foram descartados após exames. Os demais permanecem em investigação.




Brasil já registra 161,2 mil casos de suspeita de zika

01/07/2016 - O Estado de S.Paulo


O Brasil já registrou neste ano 161,2 mil casos suspeitos de zika, segundo o mais recente boletim do Ministério da Saúde, com dados até o dia 28 de maio. Do total de notificações, 64,3 mil já foram confirmadas e 13,5 mil eram de mulheres gestantes.

O ministério afirma que o período de pico da doença neste ano já passou. O ápice no número de infecções aconteceu na terceira semana de fevereiro, quando 16 mil casos foram reportados. Na última semana de maio, o número caiu para 12. No acumulado do ano, os Estados de Mato Grosso, Bahia, Rio e Tocantins apresentam as maiores taxas de incidência da doença.

O boletim do ministério revela ainda que o País acumula também 122,7 mil casos e 17 mortes por chikungunya. Em relação à dengue, já são 1,2 milhão de registros e 288 óbitos, números inferiores aos do mesmo período ano passado.




“O governo precisa parar a bagunça e trabalhar”, diz pesquisador de vacina antizika

30/06/2016 - Época Online


O vírus zika é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma emergência global em saúde pública pelos efeitos prejudiciais que sua infecção causa no sistema neurológico humano, como a microcefalia e a síndrome de Guillain-Barré. O desenvolvimento de uma vacina segura e eficaz para conter a disseminação do vírus é uma prioridade para os pesquisadores e tem sido incentivado por órgãos de saúde de todo o mundo. No Brasil, três grupos trabalham no desenvolvimento de uma vacina, em parceria com instituições americanas: o Instituto Evandro Chagas, no Pará, o Instituto Butantan, em São Paulo, e o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP).

Nesta semana, o ICB-USP, junto à Universidade Harvard, nos Estados Unidos, apresentou os primeiros resultados do teste de uma vacina contra o zika em animais. Por enquanto, é o mais longe aonde já se chegou. O estudo, publicado na revista científica Nature, na terça-feira (28), é animador. Os camundongos que receberam dois tipos de vacina, uma feita com vírus morto e a outra produzida com proteínas de superfície do vírus, foram imunizados. Agora, a equipe, que inclui o virologista brasileiro Paolo Zanotto, enfrenta os desafios das próximas etapas: testes em primatas e, depois, em seres humanos. Ele diz que parte importante do desenvolvimento da pesquisa no Brasil depende do governo federal. “O governo federal precisa se organizar, parar a bagunça e começar a trabalhar”, diz Zanotto. “Os pesquisadores brasileiros estão trabalhando o tempo todo para resolver uma crise de saúde e precisamos de apoio.” Leia a entrevista completa a seguir.

ÉPOCA – Os resultados em camundongos despertam otimismo em relação ao grau de proteção que a vacina vai produzir em humanos?

Paolo Zanotto – Esses resultados são importantíssimos. Estou extremamente contente. Isso mostra o potencial dessa tecnologia. Agora, estamos esperando pelos resultados em primatas. Esta próxima fase de testes será feita nos Estados Unidos, porque eles têm condições de arcar com os custos elevadíssimos de criar esse tipo de animal para pesquisa. Para os vírus que sofrem mutações muito rápido é difícil haver uma vacina porque sempre vai ter uma variante contra a qual a vacina não protege. No caso da dengue, uma vacina é mais complexa porque são quatro sorotipos e a imunização deve ser contra todos eles. No caso do zika, existe um fator que talvez facilite nossa vida. As variantes são limitadas em relação à diversidade genética. É muito provável que todas sejam controladas pela mesma vacina. Isso é algo extremamente encorajador. Temos uma boa chance de ter uma solução para esse problema no contexto vacinal e talvez mais rápido do que a gente imagine.

ÉPOCA – Na última reunião da Organização Mundial de Saúde foi sugerido que os intervalos entre as fases de pesquisa sejam encurtados para acelerar a aprovação de uma vacina contra o zika em até três anos. Há agum risco em acelerar as fases de pesquisa?

Zanotto – O perigo é relativo. O perigo é não haver vacina e existir milhares de crianças nascendo com microcefalia. Com os ensaios pré-clínicos e clínicos, nos próximos dois ou três anos, dá para ter uma boa ideia se é possível surgir alguma reação adversa que a gente não consegue prever neste momento. Em uma situação de emergência, as primeiras vacinas desenvolvidas não serão necessariamente as melhores nem as que serão usadas para sempre. Mas podem significar um avanço enorme na proteção em uma situação em que pessoas estão expostas em locais de surto de uma doença.

ÉPOCA – No Brasil, há outros dois grupos pesquisando uma vacina contra o zika. Existe uma competição?

Zanotto – Não é uma competição em que o vencedor leva tudo. Não é assim que funciona. É uma forma de interação em que todo mundo ganha. O que um grupo descobre é muito útil para os outros grupos que também estão desenvolvendo vacinas saber o que funciona e o que não funciona. É lógico que os cientistas têm a preocupação de fazer algo antes e publicar em uma revista científica conceituada. Mas em uma situação como esta, de crise mundial tão grande, o que importa é que as informações sejam obtidas. Isso é importantíssimo porque vai acelerar as pesquisas dos outros grupos. O desenvolvimento de vacinas tem de ser feito por vários grupos simultaneamente. Não se pode correr o risco de apostar somente em um grupo e, mais para a frente, o que esse grupo está fazendo não funcionar e voltarmos à estaca zero.

ÉPOCA – Os três grupos brasileiros trabalham em parceria com instituições americanas. Seu grupo, da USP, com a Universidade Harvard, o Evandro Chagas, com a Universidade do Texas, e o Butantan, com o Barda, órgão do governo americano para pesquisa biomédica. É impossível para o Brasil desenvolver uma vacina sozinho?

Zanotto – As pesquisas estão avançando rápido e partes importantes desse trabalho estão sendo desenvolvidas por equipes brasileiras em nível global. O quanto disso será desenvolvido no Brasil vai depender das autoridades brasileiras. Elas precisam ter responsabilidade e entender que a pesquisa científica é importante. Os pesquisadores brasileiros já demonstraram que são sérios. O que a gente precisa ver agora é seriedade por parte do governo. O governo federal tem de se organizar, parar a bagunça e começar a trabalhar. Há uma demanda de investimentos para pesquisa em campos que são importantíssimos para a sociedade brasileira. Temos de ter vacinas para o zika. Temos de ter sistemas de controle para o chikungunya. E a vacina de dengue, que está em desenvolvimento, tem de ir em frente, não pode parar. Os pesquisadores brasileiros estão trabalhando o tempo todo para resolver uma crise de saúde e precisamos de apoio.

ÉPOCA – Informações de mercado sugerem que grandes empresas farmacêuticas, como Glaxo, a Merck & Co. e a Johnson & Johnson, não parecem estar com muita pressa para entrar na corrida por uma vacina contra o zika. Elas suspeitam que o negócio não será tão grande e rentável. Desenvolver vacinas para doenças que afetam mais países em desenvolvimento continua a ser uma tarefa apenas de governos?

Zanotto – Ainda é um momento de incerteza em relação ao zika. Não sabemos o tamanho da encrenca que ele pode causar, mas estamos percebendo que pode ser uma coisa bem grande. A indústria, de maneira geral, tem dificuldade de fazer uma estimativa de custo-benefício em um momento em que se tem pouca informação. Isso tende a dificultar decisões de investimento. Temos conversado com indústrias interessadas. Vários grupos estão avaliando o custo-benefício de fazer um investimento desse tipo. É a academia que está procurando essas respostas, levantando dados para entender o que o vírus faz, como ele faz, onde ele está. Vemos a universidade executando essa função mesmo em situações adversas, de falta de recursos.

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