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CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 02/06/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

Mercado Aberto: Com remédios mais caros, farmácias têm receita 13% maior neste ano

02/06/2016 - Folha de S.Paulo


A alta dos preços de medicamentos impulsionou a receita das grandes redes varejistas de farmácias, segundo a Abrafarma, que reúne 28 empresas do setor.

Nos quatro primeiros meses deste ano, o faturamento das associadas teve alta nominal de 13% em relação ao mesmo período de 2015, enquanto o número de unidades vendidas subiu 3,6% no período.

O crescimento foi acima da inflação, que foi de 9,34% no acumulado de 12 meses encerrados em abril.

Os medicamentos foram os maiores responsáveis pelo resultado, afirma Francisco Deusmar de Queirós, fundador da rede Pague Menos e novo presidente da associação.

A alta foi, em média, de 6% em abril do ano passado e de 12% neste ano, diz ele.

O tíquete médio total das compras, que inclui produtos de higiene e beleza, subiu 9,3% no período.

A venda de genéricos também deixou de crescer acima da média da comercialização dos medicamentos em geral -ambos subiram cerca de 13%. "Com a crise, a migração ao remédio mais barato segue, mas já não é tão forte."

O comércio de produtos de higiene e beleza faturou 13,2% a mais. "Os itens vendidos nas farmácias são básicos, não têm uma queda tão forte."

A diversificação de produtos e serviços será uma das metas centrais da nova gestão, afirma Queirós.

"Além das vacinas, queremos resgatar o atendimento personalizado dos farmacêuticos, o que também ajuda a fidelizar o cliente."




Novo teste aponta que ‘pílula do câncer’ retarda tumor

02/06/2016 - Folha de S.Paulo


Testes conduzidos a pedido do governo federal mostraram que a fosfosetanolamina, suposta “pílula do câncer”, é capaz de retardar o crescimento de tumores em camundongos—embora o faça com menos eficácia do que um quimioterápico que já é usado por pacientes humanos há décadas.

Trata-se do primeiro sucesso da substância nos ensaios conduzidos por equipes independentes a pedido do MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) desde o fim do ano passado. Análises anteriores haviam indicado que a “fosfo” na verdade seria composta por diversas substâncias, além de não ter efeito contra o câncer em ensaios feitos tanto in vitro (com células tumorais em tubo de ensaio) quanto in vivo (com roedores com câncer).

Os dados contradizem o que afirmam os pesquisadores que estudam a “fosfo”, liderados por Gilberto Chierice, químico e professor aposentado da USP. Eles publicaram alguns trabalhos mostrando eficácia da substância in vitro e em cobaias. Chierice também distribuiu a pílula por décadas a pacientes, muitos dos quais afirmam ter obtido resultados positivos.

Com base no clamor popular pela liberação do uso da fosfoetanolamina,o governo federal e o do Estado de São Paulo resolveram financiar testes para avaliar a utilidade clínica da molécula.

No estudo recém-divulgado, pesquisadores do Centro de Inovação e Ensaios Clínicos, em Florianópolis, trabalharam com 40 camundongos que receberam implantes de células de melanoma humano, câncer que normalmente afeta a pele. Os animais foram divididos em quatro grupos iguais: dois deles, receberam a “fosfo” em concentrações diferentes, outro recebeu apenas soro fisiológico e o último, injeções de cisplatina, droga usada na quimioterapia desde 1970.

Os roedores foram acompanhados ao longo de 36 dias. Em todos eles, o tumor cresceu, mas o aumento foi bem maior (da ordem de 13 a 14 vezes) nos bichos que receberam soro ou a concentração mais baixa da “fosfo”.

Quando a pílula foi dada na concentração mais alta (500 mg por quilo de peso), o crescimento do tumor foi 35%menor; no caso do quimioterápico, esse crescimento foi cerca de 70% menor.

É esperado que diferentes tumores respondam de forma distinta a medicamentos, já que o câncer pode surgir por diferentes mutações no DNA.

Os testes devem continuar, inclusive envolvendo seres humanos, em São Paulo.




Discussão sobre sistema nacional para rastrear medicamentos será adiada

01/06/2016 - Folha de S.Paulo / Site


A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu adiar nesta quarta-feira (1º) a avaliação sobre uma nova proposta de regulamentação para a criação de um sistema nacional de rastreabilidade de medicamentos.

A decisão por adiar os debates foi tomada após o diretor-presidente, Jarbas Barbosa, pedir vistas do processo. O tema estava pautado para reunião nesta quarta, quando os diretores avaliariam a possibilidade de que uma nova proposta fosse colocada em consulta pública.

Conforme a Folha publicou nesta quarta-feira, o sistema nacional de rastreabilidade de medicamentos, projeto que visa controlar o caminho dos remédios da indústria até o consumidor e previsto inicialmente para ser implementado neste ano, deve ficar mais tempo no papel.

Até então, uma resolução anterior da agência definia que o sistema, conhecido como "RG" dos remédios, começasse a funcionar em dezembro deste ano. Agora, a agência estuda uma nova regulamentação do tema, o que deve adiar o início do sistema.

Proposta preliminar, a qual a Folha teve acesso, sugere que a implementação ocorra em três etapas.

Na primeira delas, empresas teriam mais um ano para apresentar três lotes-piloto de medicamentos rastreáveis para testes. Em seguida, a Anvisa teria oito meses para avaliação do processo e correção de impasses. Após as duas primeiras etapas, o setor teria três anos para a implementação do sistema.

Com isso, caso a nova proposta seja aprovada pela agência, a estimativa é que o início do sistema possa ficar apenas para 2021. Diretores, no entanto, ainda podem sugerir alterações após as contribuições de consulta pública ou novas propostas.

O novo prazo em estudo é semelhante a um projeto de lei do Senado, de 2015, e que hoje tramita na Câmara.


RASTREABILIDADE


Criada por meio de uma lei federal de 2009, a rastreabilidade prevê que cada embalagem de remédio contenha um código bidimensional e um número único de identificação, próximos à data de fabricação e do número do lote, o que permite obter o monitoramento dos produtos.

A estimativa é que 3,9 bilhões de embalagens circulem por ano no país e sejam atingidas pela medida, que ajudará a evitar falsificação e contrabando, além de agilizar o recolhimento de produtos em caso de falhas. O controle dos dados deve ser feito pela Anvisa.

Essa não é a primeira vez que o sistema de rastreabilidade dos remédios é adiado. Inicialmente, a previsão era que fosse implementado três anos após a lei, mas o processo foi suspenso.

Em 2013, a agência editou uma nova resolução que definia que o sistema passaria por testes em 2015 e começaria a funcionar em 2016.

Parte da indústria e varejo, no entanto, alega que o prazo é insuficiente diante dos custos necessários para investimento nos testes.

Após pressão do setor, a primeira etapa acabou suspensa. O prazo final, no entanto, ainda era mantido.

Segundo o diretor Ivo Bucaresky, relator da proposta, a necessidade de contratação de um banco de dados público, o que evitaria o compartilhamento de informações, uma das principais preocupações do setor, já torna inviável que o sistema comece a funcionar ainda neste ano.




'Medicamento não é bala mágica', critica especialista em HIV/Aids

01/06/2016 - O Globo / Site


Embora o número de mortes relacionadas à Aids tenha caído 26,7% nos últimos cinco anos, como mostra o relatório divulgado na terça-feira pelas Nações Unidas, a taxa de novas infecções no mundo permanece quase a mesma. Em 2010, ocorreram 2,2 milhões infecções, e em 2015, foram 2,1 milhões. Para especialistas, isso evidencia que o grande gargalo no combate à epidemia de Aids é a prevenção.

A queda na mortalidade se deve, segundo a ONU, a um aumento expressivo no número de pessoas tratadas com terapias antirretrovirais. Se em 2010 apenas 7,5 milhões de pessoas com HIV recebiam medicamentos — o equivalente a 22,5% da população infectada na época —, em 2015 a cobertura chegou a 17 milhões, isto é, 46% dos infectados. A marca ultrapassou em dois milhões a meta da ONU para o ano.

No entanto, a queda no índice de mortes poderia ser bem maior caso novas infecções tivessem sido evitadas nos últimos cinco anos. O coordenador de projetos da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), Veriano Terto Jr., critica o fato de o relatório do Unaids, Programa das Nações Unidas para a Luta contra a Aids, incentivar que parte expressiva dos investimentos globais seja no tratamento, e não na prevenção do vírus.

— Se as políticas públicas enfatizarem apenas o tratamento, deixando os programas de prevenção como secundários, não será possível controlar a epidemia de Aids em 2030, como a ONU estipula — afirma ele. — Não se pode achar que o medicamento é uma bala mágica, que resolverá todos os problemas. É preciso educação sobre DSTs (doenças sexualmente transmissíveis).

Ele faz uma analogia com a situação da sífilis no Brasil. Os casos da doença não param de crescer, apesar de já existir medicamento poara tratá-la desde 1927.

— Não é a existência do medicamento, pura e simplesmente, que fará as pessoas não contraírem a doença e não sofrerem com ela. É preciso fortes políticas públicas de prevenção para combater doenças como a sífilis e a Aids — avalia Terto Jr.


DESIGUALDADE DE GÊNERO


Segundo o relatório, o grupo de maior risco para o HIV é o de jovens e adolescentes, sobretudo entre a população feminina. Mulheres de 15 a 24 anos representaram 20% das novas infecções em 2015, apesar de serem apenas 11% da população contaminada. De acordo com o Unaids, desigualdade de gênero, pobreza, violência e obstáculos para educação das mulheres e para o acesso a serviços de saúde reprodutiva estão na raiz dessa vulnerabilidade maior.

O objetivo da ONU é alcançar, até 2020, o modelo conhecido como “90-90-90”: diagnosticar 90% dos infectados pelo HIV, oferecer terapias antirretrovirais para 90% dessas pessoas, e alcançar supressão viral em 90% dos pacientes que recebem o tratamento.


BRASIL: 12 MIL MORTES em 2014


Um mecanismo de prevenção que deve ser aprovado ainda este ano para uso no Brasil é a profilaxia pré-exposição (PrEP), uma pílula que reúne dois antirretrovirais — o tenofovir e a emtricitabina — e que pode ser tomada diariamente ou antes de uma relação sexual para evitar a contaminação pelo vírus. A ideia é que ela seja indicada para pessoas que se relacionam com quem tem HIV e para homens que fazem sexo com homens, grupo que reúne a maior parte dos infectados no país. Essa pílula já é aprovada nos EUA e na Europa.

— Há estudos indicando que a PrEP chega a ser mais eficaz do que a camisinha, mas quem for tomá-la precisa de acompanhamento médico, porque pode provocar efeitos colaterais — diz Paulo Abrão, professor de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O Brasil registrou 40 mil novos casos e 12 mil mortes em 2014, último ano com dados divulgados. Ambos índices se mantêm estáveis em comparação com 2010. Para José Valdez Madruga, coordenador do Comitê Científico de HIV/Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o estigma ainda é uma das principais barreiras no país.

— Existe muito preconceito com a testagem, o que acaba atrasando o diagnóstico e, assim, o início do tratamento.

Em evento, Kassab é cobrado por cientistas e defende fusão de pastas

02/06/2016 - Folha de S.Paulo


Em seu primeiro evento oficial como ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Gilberto Kassab ouviu cobranças e preocupações por parte de cientistas reunidos na USP, especialmente em relação aos recursos minguantes do setor,e defendeu o ministério recém-criado como forma de “fortalecer” a pasta.

Órgãos que representam a comunidade científica do país têm se articulado para exigir que a fusão do antigo MCTI com o Ministério das Comunicações seja revertida.

“Existiu num primeiro momento a preocupação de que a fusão poderia enfraquecer o campo da ciência e da pesquisa, mas tenho uma visão diferente. Com menos ministérios, fica mais fácil despachar com o presidente”, disse Kassab a uma plateia em que estavam reunidos nomes importantes da área como José Goldemberg, presidente da Fapesp (órgão paulista de fomento à pesquisa), e a geneticista Mayana Zatz.

“Só o tempo vai mostrar que o tema ciências vai ser valorizado com um ministério fortalecido”, afirmou depois a jornalistas.

Kassab disse também que não vê possibilidade de mudança à frente, como houve no caso do Ministério da Cultura.

“Pelo contrário, vejo demanda da sociedade para cortar mais ministérios.” A fusão, afirmou, traz eficiência ao governo e economia na administração. “Agora só tem um chefe de gabinete, um só coordenador de imprensa. Eram sete secretarias e agora são cinco. Em todas as áreas que houver oportunidade de enxugar vai haver redução sensível”, disse.

O ministério afirma que ainda está concluindo o processo de fusão e não sabe afirmar o tamanho da economia.

Elogiado por sua gestão à frente do ministério de 2005 a 2010, o físico Sérgio Machado Rezende, da Universidade Federal de Pernambuco, disse à Folha que a suposta economia de recursos públicos oriunda da fusão é pequena.

Para ele, não faz sentido falar em cortes porque o orçamento do MCTIC já é praticamente irrelevante diante da dívida pública brasileira.

Ele também não vê com bons olhos o desempenho do ministério nos dois mandatos de Dilma, em especial pela troca constante de ministros —foram seis em cinco anos— e pela falta de continuidade em projetos. “O ministério perder seu status independente pode parecer algo simbólico, mas na verdade é importante justamente por nós não termos uma cultura consolidada de ciência, tecnologia e inovação”, diz.

“Fomos os que mais sofreram cortes, o que mostra que a importância da pesquisa científica para a economia do país não está sendo reconhecida”, afirma Helena Nader, presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).

A mobilização contra anova configuração do ministério ganhou corpo na UFRJ, mais importante universidade federal do país, na qual foi criada a Frente Contra a Extinção do MCTI.

“Dois pontos importantes para nós são a falta de compatibilidade entre os dois ministérios, que nunca conversaram muito, e a possibilidade de uma redução ainda maior de recursos”, explica uma das integrantes da frente,Jussara Miranda, do Instituto de Química.

Segundo ela, representantes de outras instituições, como a UFMG e a USP, estão se aproximando da frente.

Kassab, por sua vez, disse que não há incompatibilidade em termos de agenda e recursos.

“Há afinidade temática. Comunicações dependem de muita tecnologia e essa convivência vai ser muito saudável pra todos”, disse.


PLATEIA


No evento na USP, pedidos e cobranças por mais recursos foram comuns.

A reitora da Unifesp, Soraya Smaili, reclamou que Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e CNPq (principal órgão federal de apoio à pesquisa) estão com repasses atrasados.

O ex-presidente do CNPq Glaucius Oliva disse ainda que vê com preocupação a situação do órgão. “Perdeu a capacidade de expandir bolsas e assim compromete o futuro de jovens cientistas.” “A política científica não pode ser inventada em Brasília e comunicada aos cientistas.

Não queremos receber um ‘prato feito’”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, pedindo mais participação.

Kassab respondeu às falas dizendo que não há demanda mais significativa do que a de recursos e que se empenhará em aumentá-los.

“Eles virão primeiro da recuperação da economia. Havendo essa aceleração, o peso político do ministério será outro fator.” No evento, o ministro também defendeu mais parcerias internacionais. Questionado depois pela Folha sobre a continuidade do programa Ciência sem Fronteiras, de internacionalização de alunos, disse que “como todos os programas, tem que ser aperfeiçoado”.

“Não conheço com profundidade ainda. Acho um programa louvável que tem muitos acertos e seus problemas vão ser enfrentados para que seja aperfeiçoado.”




Alimentos devem ter advertência no rótulo para alérgicos a partir de julho

01/06/2016 - Folha de S.Paulo / Site


A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu nesta quarta-feira (1º) manter o prazo para que a indústria de alimentos e bebidas tenha que informar, nos rótulos dos produtos, a presença de ingredientes que possam causar alergias.

A norma que prevê a advertência nos rótulos foi aprovada pela agência em junho do ano passado e está prevista para entrar em vigor no dia 3 de julho deste ano.

O pedido de adiamento era feito por representantes da indústria a pouco menos de 40 dias para o fim do prazo que as obrigaria a fazer a alteração nos rótulos.

Cerca de 35 associações de empresas enviaram pedidos para prorrogar o prazo por até mais um ano e seis meses, de acordo com a Anvisa. A indústria alegava que o prazo inicial, de um ano, havia sido insuficiente para adequação das embalagens dos produtos.

Segundo a resolução, todas as embalagens de alimentos e bebidas deverão exibir o alerta "alérgicos: contém..." ou "alérgicos: pode conter" em letras maiúsculas e em negrito logo após a lista de ingredientes, ao lado do já conhecido "contém glúten".

Leite, ovos, trigo, peixe, crustáceos, soja, diferentes tipos de castanha e látex natural –alguns dos ingredientes mais relacionados a alergias alimentares– devem ser informados nos rótulos. Antes, a crítica era que a presença destes componentes não era divulgada ou que eles eram informados com nomes técnicos.

A decisão pela manutenção do prazo ocorreu por unanimidade, após reunião da diretoria colegiada da agência nesta quarta. Para o diretor Renato Porto, relator da proposta, a adoção de etiquetas para serem inseridas em cima dos rótulos originais é uma solução que pode ser adotada pela indústria até a alteração completa das embalagens.

"Estamos regulando mais que um alimento, mas também a consequência social do consumo desse alimento", disse, ao defender a manutenção do prazo. "É imprescindível que a sociedade brasileira saiba qual alimento que está comprando. Isso é um direito cada vez mais consolidado no mundo", disse o diretor-presidente da agência, Jarbas Barbosa.


PROTESTOS


A possibilidade de prorrogação gerou protestos do movimento Põe no Rótulo, formado por centenas de mães de crianças com alergias alimentares e uma das principais incentivadoras da campanha pela mudança das embalagens.

O movimento alega que as advertências são imprescindíveis para proteção da saúde de pessoas com alergias e que o setor produtivo já tinha conhecimento, desde 2013, de que o tema seria regulado.

"A indústria, pasmem, não conhece o que ela produz. Doze meses não foi necessário para informar o que ela mesmo fabrica?", questionou durante a reunião Cecília Cury, do Põe no Rótulo. "Isso é muito preocupante", completa.

Já a indústria afirma haver dificuldade na obtenção de informações junto aos fornecedores sobre componentes que podem causar alergias –casos em que há risco de contaminação cruzada ou na separação dos alimentos, por exemplo.

"A adequação dos rótulos não depende apenas das empresas, mas de informações de terceiros sobre as quais as empresas não têm controle", afirmou, na reunião, Ignez Novaes de Goés, da Abia (Associação Brasileira da Indústria da Alimentação).

"Uma possível prorrogação no prazo não significaria um retrocesso. Apenas seria uma possibilidade de superar o gargalo do mesmo prazo de adequação para fornecedores e os produtos finais", disse.

Após a decisão, a associação divulgou nota em que diz que "a Abia e suas empresas associadas continuarão realizando todos os esforços para o cumprimento da resolução no prazo estipulado".

Mesma posição tem a Abiad (Associação de Alimentos para Fins Especiais). "Cumprir vai ser cumprido. No mínimo vamos colocar 'Pode conter' tais e tais alimentos. O que fico preocupado é uma informação tão abrangente pode gerar uma desinformação, diminuindo o número de produtos disponíveis para aqueles consumidores", afirmou o vice-presidente da entidade, Carlos Eduardo Gouvêa.


JÁ NO RÓTULO


Apesar do pedido de prorrogação, já é possível encontrar em mercados diversos produtos com a nova exigência –alguns até com uma etiqueta colada sobre o rótulo antigo, atualizando as informações. Estimativa da Abia aponta que 65% das empresas já se adequaram à norma.

Para o Põe no Rótulo, a existência de produtos que já cumprem a exigência mostra que é possível fazer a mudança dentro do prazo proposto.

"A vida das pessoas não pode estar atrás da falta de planejamento da indústria", criticou a advogada Cristiane Lucena, mãe de uma criança com alergia. "Passei noites em claro porque meu filho consumiu alimentos e a indústria me sonegou a informação de que ali havia ingredientes que causam alergias", relata.




Ministério da Ciência não acabou, diz Kassab

02/06/2016 - O Estado de S.Paulo


Apesar dos crescentes protestos da comunidade científica contra a fusão dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e das Comunicações, a decisão vai “valorizar e fortalecer a ciência, a tecnologia e a academia”, de acordo com Gilberto Kassab, titular da nova pasta. Segundo ele, “o MCTI não foi extinto”. “Foi extinto o Ministério das Comunicações.”

O ministro participou ontem, a convite do reitor da Universidade de São Paulo (USP), Marco Antonio Zago, de uma reunião com alguns dos mais importantes cientistas do Estado de São Paulo. Kassab tentou tranquilizar os pesquisadores, depois de uma reação negativa da comunidade científica brasileira à fusão dos ministérios.

Entidades como a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro já haviam se manifestado contra a fusão. No dia 25, uma centena de pesquisadores lançou a Frente Contra a Extinção do MCTI, na Coordenadoria de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe), da UFRJ. “Respeito as opiniões divergentes. Mas, em relação à fusão, há cada vez mais conscientização da comunidade científica de que o MCTI não foi extinto e sim o Ministério das Comunicações. A estrutura de Comunicações é que foi incorporada ”, disse Kassab ao Estado.

O ministro afirmou que a reunião de ontem na USP é um indício de que os cientistas estão mudando de ideia sobre a fusão. A reportagem acompanhou o encontro, de cerca de duas horas. Diversos pesquisadores fizeram perguntas e comentários, mas não abordaram o tema da fusão. “Acho que só o tempo vai mostrar que a ciência, a universidade e a pesquisa serão valorizadas por um ministério fortalecido. As preocupações são legítimas, mas só o tempo mostrará que foi uma decisão correta.”

Segundo Kassab, embora tenha contribuído para “enxugar a máquina”, a fusão dos ministérios não teve como objetivo principal economizar recursos, mas aumentar a eficiência na gestão do governo federal. “Estamos em um regime presidencialista, o que torna fundamental a proximidade entre o ministro e o presidente. Com 40 ministérios, isso era inviável. Agora, com 23, a proximidade será muito maior. Com Comunicações, o ministério terá mais peso político. Isso trará desdobramentos positivos para termos melhores resultados nas nossas ações”, declarou.

Kassab afirmou que os investimentos em ciências foram incipientes nas últimas duas décadas e caíram ainda mais nos últimos cinco anos. Ele prometeu aos cientistas que lutará por mais recursos, apesar da crise econômica. “Vivemos em uma conjuntura econômica muito desfavorável. Vamos trazer mais apoio político para que o ministério possa enfrentar a crise. Cabe a nós fortalecer o direcionamento de recursos e parcerias com a comunidade científica”, disse. “Meu empenho será muito grande para conseguir mais recursos. Meu papel é político. Não vou dominar todos os assuntos (de ciência), mas vou me cercar de uma boa assessoria e dialogar com a comunidade científica”, acrescentou o ministro.


EMPRÉSTIMO


Segundo Kassab, o ministério está aguardando a aprovação de um empréstimo de US$ 1,4 bilhão com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), solicitado em abril pelo então ministro do MCTI Celso Pansera. “Mas primeiramente tem de ser aprovado pela área econômica do governo e pelo Senado”, disse. O ministro afirmou que está traçando um plano diretor para o ministério. “É um instrumento básico de gestão. Pedi à equipe que preparasse uma proposta, que deverá ficar pronta na próxima semana.”

Para ex-ministro, ‘a ciência está desprestigiada’

A fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com a pasta das Comunicações enfraquece a ciência brasileira e compromete o futuro do País, segundo o ex-ministro Sérgio Rezende, professor e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

“A economia de recursos é irrisória, praticamente nula”, diz o físico, que comandou o MCTI de 2005 a 2010, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Já o desestímulo para se investir em ciência, tecnologia e inovação é enorme, segundo ele, sinalizando “mais uma vez” que o setor não é visto como prioridade.

“Nos últimos dois anos, o orçamento de ciência e tecnologia caiu muito. Vários programas foram interrompidos, congelados, e não acredito que vai haver melhora, porque a situação é ruim e a ciência está desprestigiada”, disse Rezende, em entrevista ao Estado.

Ele cita a recente suspensão da Lei do Bem, que permitia a empresas abater do Imposto de Renda os investimentos feitos em inovação. “É um tiro no pé”, afirma Rezende. “Quando você não investe em ciência, tecnologia e inovação, você está comprometendo o futuro.” O resultado, segundo Rezende, é um ambiente de desânimo que ameaça fomentar a fuga de cérebros para o exterior, além de desestimular a entrada de jovens talentos nas carreiras acadêmicas e científicas.

Um dos grandes problemas na gestão de Dilma Rousseff, segundo Rezende, foi a troca constante de ministros – seis em apenas cinco anos e meio. “Não há como ter continuidade dessa forma.” Para ele, uma medida importante do ministro Gilberto Kassab, portanto, seria manter as lideranças das principais agências de fomento da pasta: a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). E obter recursos para elas.

Em greve, hospital da USP sofre desmonte

02/06/2016 - Folha de S.Paulo


Com médicos em greve desde o início da semana, o HU (Hospital Universitário) da USP enfrenta um desmonte nos últimos anos, com demissão de profissionais, fechamento de leitos e o consequente recuo no número de atendimentos à população.

A reivindicação dos médicos em greve não é salarial.

Eles exigem contratações para recompor as equipes da unidade, localizada no Butantã, zona oeste da cidade.

As consultas ambulatoriais caíram 30%, de 138 mil, em 2013,para 96 mil, em 2015. As urgências recuaram 24%, o que representa 65 mil casos a menos no período. Já nas internações, houve queda de 21% no mesmo período. Procedimentos cirúrgicos, por sua vez, minguaram 25%.

Os dados obtidos pela Folha são do serviço de Estatística do HU. O impacto nos atendimentos é resultado, segundo servidores, do desmonte do hospital.

A crise no HU começou em 2014, quando a reitoria aprovou um PDV(Plano de Demissão Voluntária) na universidade.

A medida foi uma das tentativas de combate à crise financeira da instituição.

Saíram do hospital desde então 43 médicos. Uma redução de 15% —o HU tem hoje 253 médicos. Além disso, 195 servidores administrativos se desligaram da unidade.

Na mesma época, a reitoria propôs transferir o hospital para a Secretaria Estadual de Saúde. Houve resistência dos servidores, e o processo está parado até agora.

Como a USP congelou a partir de 2014 as contratações na universidade, o HU teve de reduzir 21% dos leitos. Foram fechados 49 e o hospital trabalha hoje com 184 leitos.

Para o vice-diretor do HU, Gerson Salvador, a reitoria quer “se livrar” do hospital.

“A situação é reflexo do desmonte da USP, mas a população é a maior prejudicada”.


MENOS ATENDIMENTO


Nos últimos anos, a redução dos procedimentos é maior em algumas modalidades.

Nas urgências de oftalmologia, o HU registrou 11,8 mil atendimentos em 2013, contra 1,2 mil no ano passado.


UMA QUEDA DE 89%.


Os casos urgentes de ginecologia passaram de 11,1 mil para 6,8 mil, um recuo de 39%.As internações nesta especialidade recuaram 37% (foram de 435 para 274).

O atendimento a crianças também foi reduzido. As internações na área caíram 17%. Sem pessoal, o HU cancelou o serviço de pediatria à noite em março de 2015.

Quem consegue ser atendido enfrenta condições ruins. O pronto-socorro tem 12 macas nos corredores, sem equipamentos de monitoramento, conforme a Folha flagrou.

Outras 11 macas (monitoradas) ficam no local.

A mãe da servidora pública Janice da Silva, 50, está desde domingo nessa sala.

“Não tem espaço para todo mundo e é sempre muito cheio”, diz. “Eu senti que os médicos têm feito o melhor, mas eles não dão conta.” O HU é o único hospital de referência na região. Segundo o Conselho Gestor de Saúde do Butantã, 600 mil pessoas dependem dele.

“É uma região de vulnerabilidade, com 54 favelas no entorno. São pessoas sem outra opção”, diz Mario de Souza Filho, ligado ao conselho.

Mesmo em greve, os atendimentos de casos graves estão mantidos.

Parte das atividades dos alunos de Medicina têm sido prejudicadas.

A reitoria não comentou a queda de atendimentos e as condições de atendimento.

Ressaltou que, apesar da paralisação, o funcionamento não foi interrompido.




Hospital de câncer ameaça fechar unidade no interior

02/06/2016 - Folha de S.Paulo


Referência no tratamento da doença, o Hospital de Câncer de Barretos ameaça fechar sua unidade em Fernandópolis (a 555 km de São Paulo).

A instituição, que culpa atrasos no repasse de R$ 30 milhões do governo Geraldo Alckmin (PSDB), divulgou um comunicado nesta quarta (1º) dizendo que o fechamento ocorrerá em 30 dias se os recursos não chegarem.

O atraso é negado pela gestão tucana, que diz ter dado à fundação gestora do hospital cerca de R$ 700 milhões desde 2013 pelos atendimentos em suas unidades, incluindo a de Fernandópolis.

A Secretaria da Saúde do governo Alckmin afirma que, desse total, R$ 178 milhões foram repassados “de forma voluntária para ajudar a cobrir o subfinanciamento federal” e que até o fim do ano serão mais R$ 36,5 milhões.

“Não há qualquer dívida com a entidade”, diz a pasta.

Maior instituição oncológica do país, o Hospital de Câncer de Barretos tem oito unidades.

Se a de Fernandópolis for fechada, os pacientes serão remanejados para a unidade de Jales —que, segundo a instituição, também tem dívidas e corre risco de desativação até o fim do ano.

Inaugurado em 2013, o instituto de Fernandópolis realiza exames preventivos de câncer de colo de útero, de pele, de próstata e de boca.

São no total mais de 3.000 atendimentos por mês.

Com 3.000 m² de área construída, a unidade tem um centro cirúrgico para pequenas operações e biopsias.

Possui estrutura que comporta 50 mamografias e 40 ultrassons por dia, além de 20 biopsias semanais.




OMS recomenda oito semanas de sexo seguro após visitar áreas com zika

01/06/2016 - Folha de S.Paulo / Site


A OMS (Organização Mundial da Saúde) reviu nesta terça-feira (31) a lista de recomendações às pessoas que viajam a áreas afetadas pelo vírus da zika, responsável por um grande número de casos de microcefalia –má-formação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada.

Os viajantes que retornarem dessas áreas deverão se abster, segundo a organização, de ter relações sexuais ou proteger-se durante "pelo menos oito semanas", e não apenas quatro.

Em suas novas recomendações para a prevenção da transmissão sexual do vírus da zika, a OMS diz que as pessoas deverão esperar "seis meses, se o parceiro masculino apresentar sintomas da doença". Esse é "o tempo estimado para garantir que a infecção foi eliminada do corpo e que o vírus não poderá ser transmitido (...) para o parceiro", explicou à imprensa o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier.

O vírus da zika está associado na América Latina a uma explosão de casos de microcefalia, uma má-formação grave e irreversível caracterizada por um tamanho anormal do crânio do feto, assim como doenças neurológicas em adultos, incluindo a síndrome de Guillain-Barré.

O mosquito Aedes aegypti é considerado o principal vetor de transmissão do vírus da zika, mas "evidências cada vez maiores apontam que a transmissão sexual é possível", afirma a OMS. Os cientistas ainda não sabem quanto tempo o vírus pode sobreviver no sêmen. O vírus foi detectado 62 dias após a cura de um homem de 68 anos, o período mais longo observado até à data.

A OMS mantém suas recomendações sobre o risco de transmissão sexual do vírus da zika. Os parceiros sexuais de mulheres grávidas que vivem em áreas onde a transmissão local do vírus da zika é conhecida ou que tenham retornado destas regiões devem "adotar práticas sexuais mais seguras ou abster-se de atividade sexual durante o período da gravidez".

Além disso, todos os pacientes infectados e seus parceiros sexuais (em particular as mulheres grávidas) devem receber preservativos e ser informado "sobre as medidas de contracepção e práticas sexuais menos arriscadas", ressalta a OMS.

A organização apela também para que as mulheres que tiverem relações sexuais desprotegidas e que não desejam engravidar por causa de preocupações relacionadas com o vírus da zika tenham um "acesso fácil a serviços de contracepção de emergência". O vírus está ativo em 60 países, mas o Brasil, que receberá em breve os Jogos Olímpicos de 2016, é o país mais afetado no mundo.




EUA têm nascimento de 1º bebê com microcefalia

02/06/2016 - O Estado de S.Paulo


Um bebê com microcefalia provocada pelo vírus da zika nasceu anteontem em New Jersey, nos Estados Unidos. A menina é filha de uma hondurenha de 31 anos que foi infectada no início da gravidez quando viajou para seu país. A criança nasceu prematura, por meio de uma cesárea.

Nos Estados Unidos já foram registrados mais de 500 casos de pessoas com zika contraída no continente.




Vírus infecta e ataca tumor cerebral

02/06/2016 - Correio Braziliense


Os gliomas de alto grau (GAGs) são um tipo agressivo de tumor no cérebro, com baixa expectativa de vida e tratamento sofrido. Os pacientes sofrem de convulsões, edema na cabeça, tromboembolismo, fadiga, disfunção cognitiva e depressão até sucumbirem poucos meses após o diagnóstico. Apesar dos avanços terapêuticos, esse câncer se mantém um passo à frente dos médicos. Mas não por muito tempo, sugerem pesquisadores da Universidade da Califórnia ( EUA). Na última edição da revista Science, eles detalham como utilizaram um vírus de laboratório para atacar o tumor, aumentando a sobrevivência e reduzindo os efeitos colaterais da quimioterapia em 45 pacientes.

A tecnologia desenvolvida pela farmacêutica Tocagen consiste em utilizar o vírus injetável Toca 511 (vocimagene amiretrorepvec) para infectar, seletivamente, tecidos cerebrais com câncer, mas sem provocar danos às estruturas saudáveis. Uma vez no interior das células tumorais, o Toca 511 comporta-se como uma espécie de cavalo de Troia, matando o inimigo de dentro para fora, sem expor o organismo aos níveis elevados de toxicidade da quimioterapia. Ao invadir o tumor, o vírus decodifica uma enzima derivada da levedura, chamada citosina deaminase (CD).

Desse momento em diante, a CD será expressa pelas células cancerosas. Nelas, permitirá a ativação de um pró-fármaco — classe de drogas que só agem após metabolizadas — chamado Toca FC, que é uma versão oral da 5-fluorocitosina (5-FC). Em sua forma original, a 5-FC é ineficaz contra o câncer, sua ação combinada ao de outros medicamentos é voltada para o tratamento de micoses. No entanto, administrada oralmente em humanos, a Toca FC é absorvida e consegue transpor a barreira sangue/cérebro para alcançar as células tumorais que expressam CD.

A interação com a enzima converte a Toca FC em um novo composto, o 5-FU, esse com efeitos anticâncer e um duplo mecanismo de ação: além de matar diretamente as células cancerosas infectadas e as suas vizinhas, aniquila células imunossupressoras que dificultam que o sistema imunológico ataque o tumor. A imunidade do paciente é ativada, posteriormente, por antígenos e proteínas virais liberadas pelas células tumorais quase mortas. Ou seja, os sinais virais indicam aos anticorpos exatamente quais células devem ser combatidas.


SEGURANÇA


Nos testes clínicos de fase I, Michael Vogelbaum mostrou que o tratamento foi seguro em 45 pacientes que haviam se submetidos a cirurgias contra o tumor. “Pessoas que usaram Toca 511 e Toca FC tiveram quase o dobro de melhorias em comparação às tratadas com um quimioterápico muito usado. Elas tiveram sobrevida de 13,6 meses, que é quase o dobro da sobrevivência média”, conta Vogelbaum. Além disso, a análise genômica de amostras do tumor desvendaram assinaturas de micro-RNAS — que ajudam a regular a expressão dos genes — associadas à sobrevivência dos pacientes, o que pode, potencialmente, prever a resposta de cada indivíduo ao tratamento.

“Nossas análises moleculares reforçam a heterogeneidade dos tumores GAG e da metilação deles, que é um fator que pode sensibilizar as células doentes à ação do 5-FU. Os resultados indicam a importância de se obter análises de diversas amostras de tumores, especialmente quando prognósticos podem, potencialmente, afetar as decisões de tratamento. O prognóstico e as características moleculares que contribuem para a sobrevivência podem identificar indivíduos com maior probabilidade de se beneficiar de Toca 511 e Toca FC, sugerindo caminhos para melhorar ainda mais a estratégia”, completa Vogelbaum, acrescentando que os resultados reforçam a viabilidade de testes de fase II e III.


CAUTELA


Oncologista clínico e diretor médico do Centro de Câncer de Brasília (Cettro), Fernando Vidigal considera inteligente a estratégia de utilizar retrovírus para induzir enzimas que ativam quimioterápicos, além de estimular a reação local e sistêmica da imunidade contra o tumor. Outros tratamentos na mesma linha, voltados para combater tumores sólidos, apresentaram resultados igualmente animadores. No entanto, o médico pondera que estudos com um número maior de pacientes devem ser conduzidos, especialmente para comparar os benefícios da técnica viral com outras terapias aprovadas para o tratamento de tumores cerebrais.

“O estudo é animador, porém não deve ser entendido como prática de tratamento a ser incorporado de maneira imediata. A comprovação definitiva de eficácia virá de estudos maiores, que já estão em andamento. Existem boas perspectivas baseadas nos resultados obtidos nos estudos iniciais. Infelizmente, existe um longo caminho a ser percorrido até a liberação de tratamentos oncológicos por estudos científicos e órgãos regulatórios internacionais. Talvez, a grande necessidade de estratégias mais eficazes no tratamento dos tumores cerebrais recorrentes acelere o processo”, acautela Vidigal.


AMBIENTE DECISIVO


Pesquisadores do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, nos Estados Unidos, descobriram que não são características do glioma em si que influenciam na resposta limitada dele ao tratamento, mas o microambiente em que está inserido. Cerca de 30% da massa tumoral é composta por macrófagos, células envolvidas na imunidade e responsáveis por “devorar” elementos estranhos e potencialmente nocivos ao organismo. No entanto, em muitos cânceres como o glioma, a concentração dessas células é associada ao mau prognóstico do paciente. Por isso, a presença delas representa uma abordagem terapêutica atraente. Os achados foram publicados, no mês passado, também na revista Science.

"Pessoas que usaram Toca 511 e Toca FC tiveram quase o dobro de melhorias em comparação às tratadas com um quimioterápico muito usado. Elas tiveram sobrevida de 13,6 meses, que é quase o dobro da sobrevivência média”


Michael Vogelbaum


líder do estudo e pesquisador da Universidade da Califórnia

Palavra de especialista

60 anos de tentativas

“Há mais de um século, já se observava que alguns tumores entravam em remissão após infecções virais. Os relatos inspiraram médicos da década de 1950 a 1960 a iniciarem pesquisas mais aprimoradas, mas os primeiros resultados foram desanimadores porque o efeito era devastador para o tumor e o paciente. Somente em outubro de 2015, a Food and Drug Adminstration (FDA), dos EUA, aprovou o primeiro tratamento com vírus modificado por engenharia genética, o talimogene laherparepvec (T-VEC), para o melanoma. Os pesquisadores reduziram a atividade patogênica e aumentaram a afinidade para células doentes. Muitos vírus infectam células tumorais, mas elas conseguem suprimir a resposta viral normal e, algumas vezes, as mutações que causam o câncer também aumentam a suscetibilidade para infecções. Existem algumas dezenas de estudos similares com vírus ‘oncolíticos’ e a comunidade científica mundial entende que, nos próximos anos, teremos mais novidades na área. Há espaço para aprimoramentos, sem dúvida, quando conseguirmos controlar o sistema imune do paciente para que não gere uma resposta imunológica contra o vírus modificado e, dessa forma, não reduza a ação terapêutica dele.”


Stephen Doral Stefani


oncologista e pesquisador do Hospital do Câncer Mãe e Deus, em Porto Alegre




Descoberto gene da esclerose múltipla

02/06/2016 - Correio Braziliense


Embora a esclerose múltipla (EM) seja recorrente em algumas famílias, até agora, nenhum gene específico associado à doença degenerativa havia sido identificado. Pesquisadores da Universidade de British Columbia (UBC), no Canadá, relatam, na revista Neuron, a mutação de um gene diretamente ligada ao surgimento da enfermidade. “Pouco se sabe sobre os processos biológicos que levam ao aparecimento da doença, e essa descoberta tem enorme potencial para o desenvolvimento de novos tratamentos que combatam as causas subjacentes, não apenas os sintomas”, diz Carles Vilariño-Güell, pesquisador-sênior.

Cerca de 10% a 15% dos casos de EM parecem ter uma componente hereditário, mas análises genômicas só encontram associações fracas entre o risco para o desenvolvimento da esclerose múltipla e variantes genéticas particulares. A mutação encontrada pela equipe de Vilariño-Güell no gene NR1H3, por outro lado, indica 70% de chance de surgimento da doença, caracterizada pelo ataque do sistema imunitário à mielina, capa que protege as fibras do nervo, perturbando o fluxo de informação entre o cérebro e o corpo. A mutação interfere na função da proteína LXRA, que é produto do NR1H3 e está presente em uma a cada mil pessoas com EM.

“Fazendo análise da associação, descobrimos variantes mais frequentes no mesmo gene que são fatores de risco para a esclerose múltipla progressiva”, diz Vilariño-Güell. “Assim, mesmo se o paciente não tiver a mutação rara, os tratamentos que focam essa via provavelmente poderiam ajudá-lo”. Os pesquisadores dizem que a descoberta permitirá o desenvolvimento de modelos celulares e animais para pesquisas focadas no combate à EM. Os achados também colaborarão com o desenvolvimento de drogas para aterosclerose, entre outras doenças, visto que a LXRA regula genes envolvidos na homeostase de lípidos, na inflamação e na imunidade inata.




Mais um passo rumo à vacina universal contra o câncer

02/06/2016 - El País (Brasil)


O câncer não é uma invasão de corpos estranhos como as bactérias e os vírus. A doença é uma espécie de contrário maléfico de nós mesmos, nossas próprias células enlouquecidas, o que a transforma em um inimigo muito difícil de se combater. Durante décadas, a opção medicinal mais frequente contra a doença consistiu em envenenar todas as células do corpo com a esperança de que as cancerosas sofressem mais do que as saudáveis (a quimioterapia). Nos últimos anos, entretanto, apareceram novas opções mais eficientes e menos tóxicas.

Um desses métodos, cada vez mais generalizado e menos experimental, consiste em ajudar o sistema imunológico a identificar as células cancerosas para que ele as destrua. A mais comum dessas imunoterapias consiste em desmontar as estratégias moleculares utilizadas pelo câncer para se confundir entre as células normais. Dessa forma, os glóbulos brancos são capazes de detectá-las e atacá-las.

Durante muitos anos, os cientistas tentaram utilizar contra o câncer o sistema de imunoterapia mais eficiente que conhecemos: as vacinas. Essas substâncias introduzem no corpo algo que se assemelha ao micróbio que se pretende combater. Dessa forma o sistema imunológico é preparado para reconhecer uma ameaça contra a qual a princípio não estava preparado. Mas as células tumorais se parecem muito com as saudáveis e os antígenos que costumam servir ao sistema imunológico para detectar os objetivos que devem ser aniquilados são expressados em ambas de forma semelhante.

Nesta semana, em um artigo publicado na revista Nature, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Mainz (Alemanha) explica como conseguiu desenvolver um sistema que pode ser o primeiro passo para se criar uma vacina universal contra o câncer. Os autores tentaram chegar às células dendríticas do sistema imunológico, capazes de provocar uma resposta contra os tumores e, para consegui-lo, juntaram RNA (as moléculas que permitem ao DNA produzir proteínas) com lipídios e injetaram a mistura em ratos. O envoltório de lipídios conservou o RNA, que normalmente teria sido decomposto pelo organismo, e lhe permitiu chegar às células dendríticas e aos macrófagos (um tipo de glóbulos brancos) presente no baço, nos nódulos linfáticos e na medula óssea. Lá, o RNA se transformou em um antígeno específico para o câncer, dando o sinal necessário para o início de uma resposta imunológica dirigida e potente contra a doença.

Os pesquisadores testaram o sistema em vários modelos de tumores em ratos observando uma intensa reação dos glóbulos brancos ao antígeno injetado nos animais. Além disso, em um pequeno teste com três pacientes com melanoma também observaram que o mecanismo teve os efeitos esperados e o sistema imunológico produziu uma resposta. Na opinião dos autores, o fato de que quase qualquer antígeno pode ser codificado no RNA faz com que esse tipo de vacina possa ser adaptado a qualquer tipo de câncer para provocar um efeito imunitário contra o câncer que se pretende combater. “O desafio técnico é que cada tumor é diferente e tem outros traços característicos, de modo que não é possível utilizar uma vacina idêntica para cada paciente”, diz Ugur Sahin, diretor da TRON, uma organização de pesquisa biofarmacêutica da Universidade de Mainz dedicada a buscar novos remédios contra o câncer. Mas, acrescenta o especialista, “o enfoque da vacina é como um envelope no qual é possível colocar qualquer informação vacinal”. E explica: “O envelope transporta essa informação às células dendríticas que extraem a informação e a utilizam para treinar outras células imunológicas. Isso significa que podemos personalizar e até mesmo individualizar a vacina utilizando esse conceito universal”.

Marisol Soengas, chefa do Grupo de Melanoma do CNIO (Centro Nacional de Pesquisas Oncológicas), diz que, apesar da ideia inicial não ser nova, o grupo da Universidade de Mainz “consegui realizar seu objetivo de uma forma muito simples”, um conceito que “é interessante”. Sobre a universalidade de um tratamento como esse para atacar os tumores, apesar de considerar a possibilidade, ela não acredita que “os dados obtidos pelos pesquisadores” sejam suficientes para poder afirmar que será possível conseguir uma vacina universal contra o câncer.

Os autores do trabalho publicado pela Nature agora irão testar a técnica em mais pacientes e querem ampliar o uso de sua vacina a outros tipos de câncer. Como explica Sahin, estão “preparando testes clínicos em melanoma, câncer de mama triplo negativo [os de pior prognóstico], câncer de cabeça e pescoço em 2016, e em 2017 queremos realizar testes clínicos de maior envergadura para vários tipos de câncer”.




Cirurgia bariátrica é eficaz no controle do diabetes tipo 2

01/06/2016 - Veja Online


Um novo estudo concluiu que a cirurgia bariátrica é um tratamento altamente eficaz e duradouro contra o diabetes tipo 2 em pessoas obesas — e superior à terapia baseada em medicamentos. A pesquisa, apresentada durante encontro anual do Colégio Americano de Cardiologia, em Chicago, demonstrou que o procedimento permite que a maioria dos pacientes viva sem insulina e outras drogas usadas para controlar o diabetes pelo menos cinco anos após a operação.

O diabetes tipo 2 ocorre quando o organismo de uma pessoa torna-se resistente à insulina, o hormônio que controla os níveis de glicose no sangue. O excesso de peso é um fator de risco importante para a doença.

“Nossos resultados mostram a durabilidade contínua do controle glicêmico após a cirurgia metabólica, perda de peso persistente, além da redução do uso de medicamentos para doenças cardiovasculares após cinco anos.”, disse Philip Schauer, principal autor do estudo.

O trabalho, feito pela Clínica Cleveland, nos Estados Unidos, é considerado o maior e mais completo sobre o assunto. Foram analisadas três terapias diferentes e os pacientes foram acompanhados por cinco anos. Participaram do estudo 150 pessoas com sobrepeso e diabetes descontrolada, que foram divididas em três grupos: o primeiro recebeu um tratamento à base de medicamentos; o segundo foi submetido à cirurgia com o bypass gástrico; e o último à gastrectomia vertical.

Ao final dos cinco anos de acompanhamento, 88% dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica conseguiram controlar o diabetes sem o uso de insulina. Também houve redução da necessidade de medicações para hipertensão e colesterol. Aqueles submetidos à operação também perderam mais peso, em comparação com os que apenas fizeram a terapia medicamentosa.

Em relação às duas técnicas cirúrgicas analisadas, os pacientes com bypass gástrico mantiveram maior perda de peso e uma taxa mais alta de remissão do diabetes tipo 2, em comparação àqueles submetidos à gastrectomia vertical.

Apesar dos resultados, os autores ressaltam que é preciso analisar os riscos e benefícios da cirurgia de acordo com o perfil de cada paciente. O estudo contou com o apoio da Ethicon Endo-Surgery, do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) e da Associação Americana de Diabetes.


CIRURGIA COMO TRATAMENTO


A cirurgia gástrica deveria ser uma opção de tratamento padrão para pacientes com diabetes, é o que sugere uma diretriz publicada recentemente na revista Diabetes Care. O documento, assinado por 45 entidades mundiais, entre elas a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), aponta a operação como mais uma opção a ser considerada no tratamento do diabetes tipo 2 para pacientes com IMC entre 30 e 35. Atualmente o procedimento é indicado apenas para pacientes com IMC igual ou maior 35, com doenças associadas.

“O tratamento do diabetes com a cirurgia metabólica é uma tendência mundial. No Brasil, representa uma alternativa eficaz para 5% a 15% dos 13,5 milhões de diabéticos existentes no país. Combatendo o diabetes podemos diminuir a possibilidade de surgimento das doenças associadas como os problemas renais, de visão, circulatórios, entre outros”, explica Ricardo Cohen, único brasileiro a participar da elaboração do documento.


NÚMEROS ALARMANTES


Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de adultos com diabetes quadruplicou nas últimas quatro décadas, passando de 108 milhões de pessoas em 1980 para 422 milhões atualmente.

No Brasil, a porcentagem de pessoas com a doença passou de 5% para 8,1% no mesmo período. Em 2014, foram 71.700 mortes causadas no país pela doença.

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