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CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 31/05/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

Alibaba diz a fornecedores para interromperem a venda de remédios online

30/05/2016 - DCI Online


A gigante chinesa de comércio eletrônico Alibaba disse a fornecedores no site Tmall para sustar a venda de remédios, afirmando que um regulador local emitiu uma regra "urgente" sobre venda de medicamentos em plataformas terceirizadas.

A Alibaba citou uma circular da China Food and Drug Administration (CFDA) na província chinesa de Hebei sobre "medidas de controle urgentes relacionadas a medicamentos". A empresa não entrou em detalhes sobre os motivos.

A nova regra surpresa vem enquanto o governo promove vendas de medicamentos no mercado de balcão, com a expectativa de usar a tecnologia para resolver várias questões como preços altos de remédios e longas filas nos hospitais. Atualmente, as vendas de medicamentos são dominadas pelos hospitais públicos.

A regra aplica-se apenas às vendas de remédios em sites de mercado, disse a Alibaba. Esses sites, no entanto, geralmente proporcionam o maior volume de tráfego para farmácias e laboratórios farmacêuticos que vendem online.

"A partir de hoje, por favor não vendam ou despachem nenhum desses tipos de produtos", disse Alibaba. A orientação não se aplica a outros produtos médicos.

Um porta-voz da empresa disse à Reuters que o site de produtos médicos da Alibaba Yao.Tmall.com estava "cooperando e em conformidade com a nova política do governo para parar a venda de drogas online em plataformas de terceiros".

O CFDA de Hebei se recusou a comentar.

Comunidade científica alerta para riscos à competitividade brasileira

31/05/2016 - O Globo


Alarmada com a penúria no Inmetro, a comunidade científica alerta para o risco de prejuízos à confiabilidade dos produtos brasileiros e à competitividade das nossas exportações. A crise no instituto levou a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) a enviarem, no mês passado, uma carta conjunta ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), ao qual o instituto é subordinado. Na carta, endereçada ao então ministro, Armando Monteiro, os cientistas apontam, ainda, preocupação com a reestruturação interna que está sendo realizada na instituição desde o fim de 2015, com o afastamento de técnicos.

O presidente da ABC, Luiz Davidovich, disse que os cortes no orçamento levaram a uma redução brutal das atividades de pesquisa e desenvolvimento em metrologia. Na carta enviada ao ministério, as entidades destacam que o Inmetro tem, por exemplo, o laboratório de microscopia eletrônica mais moderno do Hemisfério Sul. Esse laboratório permite investigar a composição de um material para saber se está de acordo com os padrões internacionais.

— Essas certificações internacionais são uma vitrine para o produto brasileiro, dando confiança sobre a sua qualidade — destaca Davidovich. — Muitas pessoas só lembram do taxímetro e de brinquedos quando se fala do Inmetro. Mas ele é um instituto de vital importância para o país. Os investimentos, de cerca de R$ 120 milhões nos últimos dez anos em equipamentos altamente sofisticados, levaram o Inmetro a atingir patamares de excelência igual a outros institutos internacionais de metrologia. E os padrões da metrologia são muito sofisticados e exigidos no comércio internacional.


SEM PAGAR LUZ E TELEFONE


A presidente da SBPC, Helena Nader, disse que as mudanças internas poderiam resultar em perda da qualidade dos trabalhos desenvolvidos pelo Inmetro:

— Tenho recebido várias informações de desmonte de áreas que estaria acontecendo no Inmetro.

A carta das entidades cita demissões “injustificadas” de técnicos qualificados. O presidente do Inmetro, Luís Fernando Panelli Cesar, afirma que as mudanças internas visam a dar um “choque de gestão” e a buscar resultados positivos, apesar da falta de recursos. Segundo Panelli Cesar, duas diretorias do instituto foram unificadas. Em outra diretoria, houve uma substituição, mas o novo diretor é do quadro do Inmetro.

— Nossos problemas orçamentários são brutais. Estamos com problemas de manutenção nos prédios, alguns com infiltrações, problemas em aparelhos de ar-condicionado. Aparelhos quebram e, muitas vezes, não há recursos para consertar. Estamos com pagamentos no exterior atrasados, e há três meses sem pagar as contas de água, luz e telefone. Estamos agonizando, literalmente. O estrangulamento do orçamento é muito forte. Temos que nos concentrar nas atividades fins do Inmetro, as pesquisas continuam em todas as áreas, mas é preciso fazer uma acomodação. O consumo seguro, justo e equilibrado depende da atuação do Inmetro — diz Panelli Cesar.




UnitedHealth divide gestão da Amil em três negócios

31/05/2016 - Valor Econômico


Maior empresa de planos de saúde com 5,7 milhões de usuários, a Amil reorganizou sua estrutura e dividiu a companhia em três áreas de negócios: operadora de saúde e dental, hospitais e tecnologia. Cada uma dessas áreas será liderada por executivos mais jovens e o fundador da Amil, Edson Bueno, passa a ser o CEO da UnitedHealthcare Brazil.

Até agora Bueno era CEO da Amil, que abrigava todos negócios do grupo. Na prática, com o novo cargo, as atribuições de Bueno não mudam. A manutenção do seu nome pretende evitar uma transição abrupta, segundo fontes ouvidas pelo Valor. Em 2012, quando a Amil foi comprada pela UnitedHealth ficou acertado que um executivo na casa dos 40 anos iria sucedê-lo até setembro de 2017. No entanto, a Amil não confirma se Bueno deixará o cargo até essa data, mas sabe-se que houve uma busca intensa por um executivo de mercado para substitui-lo. Mais de dez profissionais da área da saúde foram convidados a conversar com o fundador da Amil.

Ainda segundo fontes do setor, o nome que mais agrada aos americanos é do pneumologista Sergio Ricardo Santos, que está há dez anos na Amil. O médico, de 44 anos, foi escolhido para ser o CEO da operadora de planos de saúde e dental e futuramente pode vir a ocupar o atual posto de Bueno. Até então, Santos era o diretor-executivo da One Health, plano de saúde voltado para o público premium da Amil, e antes esteve à frente dos hospitais e da expansão para outras praças fora do Rio de Janeiro.

A nova estrutura organizacional contempla um braço de negócio exclusivo para os 32 hospitais próprios que hoje atendem, principalmente, os usuários do convênio médico. Para liderar essa área foram designados o médico Charles Souleyman e o administrador de empresas Vinicius Ferreira da Rocha. Outro cotado para compor essa equipe é Luiz de Luca, presidente do Hospital Samaritano, de São Paulo, adquirido pela Amil em dezembro por R$ 1,3 bilhão.

Uma das estratégias do grupo é usar o Samaritano como plataforma de expansão, com aquisições ou crescimento orgânico. Uma possibilidade aventada pelo mercado é que a Amil fará um 'spin-off' com os hospitais. As grandes redes hospitalares são cobiçadas por investidores estrangeiros. Em janeiro de 2015, a legislação passou a permitir aportes de investidores de outros países no setor.

O terceiro braço de negócio da Amil é a Optum, empresa de tecnologia voltada à saúde da UnitedHealth que é administrada por um executivo americano. A Optum ainda passa por um processo de integração com a Amil, mas tem uma forte atuação em outros países. No primeiro trimestre deste ano, o faturamento da Optum foi de US$ 18 bilhões, o que representa quase metade da receita total de US$ 44,5 bilhões da UnitedHealthcare.

A fim de tornar esse processo de transição mais suave os quatro principais gestores da Amil - - Renato Manso, Cristina Mendes e Gilberto Costa que estão na empresa há mais de 20 anos - irão compor um comitê para assessorar a nova equipe.

Com uma receita de R$ 14,6 bilhões no ano passado, a Amil acumula prejuízo desde 2013. Em 2015, a perda foi de R$ 107, 5 milhões, mas representou uma queda de 63% sobre 2014. Boa parte do prejuízo deve-se a mudanças na contabilização das provisões, cujas regras são bem mais rigorosas entre as empresas americanas.




Hospital Albert Einstein registra superávit 28% maior em 2015

30/05/2016 - Valor Econômico / Site


O Hospital Albert Einstein encerrou o ano passado com um superavit de R$ 224,5 milhões, o que representa um aumento de 27,6% quando comparado a 2014. A receita líquida avançou 10,5% para R$ 2,2 bilhões, enquanto os custos e despesas operacionais aumentaram 9,2% para R$ 2 bilhões.

O superávit foi impactado positivamente pelo resultado financeiro que cresceu 33%. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 300,7 milhões, o que equivale a uma alta de 11,5% no período. O endividamento do hospital equivale a 1,3 vez o Ebitda.

No ano passado, o Einstein investiu R$ 274,8 milhões em programas voltados ao SUS. Por ser filantrópico, o hospital reverte a isenção tributária em ações do Ministério da Saúde.




Mercado Aberto: Propriedade...

31/05/2016 - Folha de S.Paulo


Propriedade...

O tempo médio para registrar patentes é de sete a dez anos, dizem 63% dos executivos ouvidos pelo Inpi (instituto do setor) e pela câmara americana de comércio.

...intelectual

Outros 30% dos empresários afirmam que o prazo é superior a dez anos. O tempo para análise de processos foi criticado por 43%.

Lei Antifumo reduziu em 12% mortes por infarto em São Paulo

31/05/2016 - DCI


Pesquisa desenvolvida pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor) mostrou uma redução de 12% nas mortes por infarto com a adoção da Lei Antifumo. O estudo feito pelo Incor, que é vinculado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, indicou ainda uma queda de 5% nas internações hospitalares ligadas ao infarto.

Para análise dos dados do Sistema Único de Saúde foi usado um modelo estatístico que leva em consideração a influência de outras variáveis, como temperatura e poluição.




Câncer exige política de Estado

31/05/2016 - Correio Braziliense


O conceito de medicina personalizada é um dos paradigmas da oncologia. Um dos melhores exemplos é o Câncer de Mama HER2 positivo. Além de identificar um alvo molecular específico, foram desenvolvidos tratamentos dirigidos a esse alvo, com melhor controle da doença e cura de mais pacientes. Desde 1998, o medicamento anti-HER2 Trastuzumabe é aprovado pelo FDA (EUA) para o câncer de mama metastático e desde o ano 2000 vem sendo usado no Brasil. Em 2005, foi adotado na doença mais inicial, para reduzir o risco de recidiva.

As autoridades brasileiras que controlam a gestão da saúde não permitiram o acesso de Trastuzumabe às pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) até janeiro de 2013, questionando a veracidade do benefício, mesmo com as inúmeras tentativas da SBOC e de entidades do terceiro setor, como o Instituto Oncoguia e a Femama, de sensibilizar gestores públicos a rever essa posição. Centenas de ações ainda sobrecarregam o Judiciário para pleitear o acesso. Quando finalmente o SUS incorporou, proibiram o tratamento para as pacientes com doença metastática, o que ainda tira em 2016 o acesso ao medicamento.

A OMS atualizou em 2015 a cesta básica de medicamentos essenciais, incluindo o Trastuzumabe para todas as suas indicações.No Brasil, a Comissão do SUS (Conitec) segue negando o benefício na doença mais avançada. Prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida não parece uma prioridade para o governo. No SUS, a sobrevida mediana esperada para os casos avançados é de cerca de 22 meses, no cenário privado, 56 meses.

Fizemos uma estimativa (eu e o professor dr. C. Barrios, da PUC-RS, publicada em 2015 no J. Clin Oncol — Brasil) conservadora do impacto da ausência desse medicamento. No cálculo, consideramos o número de casos novos, a proporção de pacientes atendidas pelo SUS, o percentual de pacientes que poderiam receber o medicamento em caráter (neo)adjuvante (i.e. antes ou após a cirurgia) e o fato de que 20% são HER2 positivas. Utilizando os dados internacionais, chegamos à estimativa de que, para cada ano no qual a medicação não foi oferecida no SUS, 696 brasileiras morreram ou ainda devem morrer em virtude da falta do tratamento. Estima-se que 4.872 mulheres morreram no Brasil pelo fato dessa intervenção ter-lhes sido negada durante sete anos.

Embora esses cálculos sejam limitados, eles nos aproximam de uma triste realidade: um número expressivo de brasileiras com câncer de mama morreu de 2005 a 2012 por não ter acesso a tratamento curativo. Reiteremos que na doença metastática, o SUS segue negando o acesso ao melhor tratamento, e o que sabemos é que a diferença está aumentando, pois nos últimos anos foram incorporados: Lapatinibe, Pertuzumabe, T-DM1. As pacientes do SUS vivem menos e com pior qualidade de vida. Uma nova estimativa corrobora esta tese e será publicada em breve no Journal of Global Oncology. Com o tratamento padrão SUS, de cada 2 mil mulheres tratadas apenas 808 chegam vivas ao fim de 2 anos de acompanhamento e na Saúde Suplementar com o tratamento correto, cerca de 1.500 conseguem completar esses 2 anos...uma triste realidade destes dois brasis.

Quem seria o responsável por essas mortes e por estas vidas encurtadas? Na minha opinião, provavelmente todos temos uma parcela de culpa. Alguns por questionar o benefício claro e incontestável do tratamento, outros por não fazer o diagnóstico correto da situação, e outros ainda por aceitar passivamente este quadro. Saúde é um direito de todos e um dever do Estado. É um desafio ainda mais agora com a crise econômica. Devemos (poder público, gestores da área da saúde, farmacêuticas, pacientes e sociedades médicas) discutir como incorporar tecnologias de alto custo, mas são mais de 13 anos de atraso...o preço pago em vidas é (e foi) alto demais.

Em tempos de fosfo-histeria, um dos maiores sucessos da oncologia vem sendo ignorado pelos nossos gestores há anos, e neste exato momento muitas brasileiras vem lutando para sobreviver por mais tempo. No SUS, perdem-se meses na espera para o diagnóstico, a cirurgia, a quimio e a radioterapia, e no caso específico do câncer de mama HER2 positivo, sofrem a ausência de medicamentos. Sobreviver ou viver mais tempo, é quase um milagre. O Brasil, referência mundial em tratamento de Aids, hepatite e vacinação, não poderia ser referência em câncer? Câncer tem que ter uma política de Estado e não de governo.




Dieta para equilibrar o sistema imunológico

31/05/2016 - Correio Braziliense


Inchaço, queimação, febre e dor. Por mais que os sintomas da inflamação incomodem, eles são sinais de que o corpo se recupera de um corte ou de uma pancada, ou está combatendo invasores, como vírus e bactérias. Existe, no entanto, um tipo de inflamação que não segue esse roteiro. Na forma crônica, os sintomas permanecem, mesmo que a lesão tenha sido curada e o invasor, eliminado — ou, até mesmo, nunca tenham existido.

Esse tipo de inflamação surge porque o sistema imunológico passa a atacar o próprio organismo e a destruir células saudáveis, num distúrbio ainda não totalmente compreendido pela ciência. Com o passar dos anos, essa situação desgasta o organismo, podendo provocar uma série de problemas. De acordo com estudos recentes, essa condição contribui, por exemplo, para o desenvolvimento dos males de Alzheimer e de Parkinson, da insuficiência cardíaca, do diabetes e do câncer, entre outras enfermidades.

Enquanto não se esclarece a origem desse mal, pesquisadores buscam formas de amenizar o quadro inflamatório para evitar que essas doenças graves surjam ou, no caso de pacientes que já as manifestam, se intensifiquem. Entre as apostas, está a mudança no cardápio tradicional, passando, especialmente, pelo consumo de alimentos ricos em polifenóis, que são compostos antioxidantes, anticancerígenos e anti-inflamatórios. Um estudo das universidades de Liverpool, na Inglaterra, e da Califórnia, nos Estados Unidos, sugere, para esse fim, a ingestão de itens como cebola, cúrcuma-da-índia (ou açafrão), uva (roxa, vermelha e preta), maçã, açaí e chá-verde.


CITOCINA


Segundo a equipe de cientistas, cujos resultados foram publicados na revista especializada British Journal of Nutrition, os polifenóis são capazes de equilibrar a citocina, uma molécula que desempenha importante papel na regulação do sistema imunológico, responsável pela comunicação entre células e estimulação do processo inflamatório. Essas moléculas são liberadas pelos linfócitos T, glóbulos brancos que fazem a ronda pelo sistema circulatório em busca de qualquer anormalidade. De forma geral, pessoas com inflamação crônica possuem elevado nível de citocina, verificado normalmente nos chamados testes da proteína C reativa, o que sugere um distúrbio nos glóbulos brancos. Ao testar em laboratório um grupo de 31 tipos de polifenóis em um modelo humano de citocina produzida por linfócitos T, os cientistas observaram que esses compostos inibem a proliferação da molécula.

Outra descoberta do estudo foi o efeito anti-inflamatório dos ácidos fenólicos (um tipo de polifenol) após serem absorvidos pelo sistema digestivo, o que havia sido pouco investigado até então. De acordo com os pesquisadores, os resultados indicam que o grupo de polifenóis analisado é benéfico, ao prevenir e tratar a inflamação crônica. “Pessoas idosas são mais suscetíveis à inflamação crônica; então, seriam os principais beneficiados ao suplementar em suas dietas alimentos que são fonte de moléculas de polifenóis”, escreveram os autores no estudo.


HÁBITOS SAUDÁVEIS


Somada à recomendação de uma dieta que inclui os compostos anti-inflamatórios, especialistas alertam para a necessidade de manter atividades físicas regulares e sono reparador como forma de intensificar os cuidados contra os males da inflamação. “Dietas como a ocidental, rica em gordura, acompanhadas de insônia, estresse e sedentarismo, são fatores que elevam o risco de inflamação crônica. Por isso, não basta mudar os hábitos alimentares”, enfatiza o nutrólogo Leandro Minozzo.

A mesma recomendação é destacada por Paulo Barboni, químico e pesquisador no desenvolvimento de analgésicos. “Os alimentos favorecem o equilíbrio do corpo, mas eles não são suficientes. É preciso fazer exercícios físicos, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo, enfim, ter uma vida saudável é essencial.”




Nova visão sobre a metástase

31/05/2016 - Correio Braziliense


Quando o câncer se espalha pelo resto do corpo e se torna metastático, muitos pacientes — e até mesmo profissionais e gestores da saúde — têm a percepção de que o diagnóstico é sinônimo de morte rápida. No entanto, segundo Gilberto Amorim, do grupo Oncologia D’Or, essa visão é equivocada. “Nem todos os pacientes metastáticos são terminais”, afirma. “É uma visão obsoleta e discriminatória, pois, em muitos casos, é possível conviver por muitos anos após uma recidiva e, principalmente, com melhora dos sintomas e da qualidade de vida”, completa.

Ele menciona o caso dos pacientes com um tipo de câncer de mama chamado HER2 positivo. “O tratamento do SUS já acumula mais de 15 anos de atraso em relação aos pacientes da Saúde Suplementar, estes, com sobrevida três anos maior, em média”, afirma. Estudo feito por um grupo de especialistas brasileiros e que será publicado no Journal of Global Oncology mostra que, em casos metastáticos desse tipo da doença, para cada 2 mil pacientes tratadas, mais de 750 morrem precocemente no fim de dois anos no SUS em comparação àquelas tratadas na rede suplementar.

A diferença entre os tratamentos é que, na rede pública, é usada apenas a quimioterapia. Já na saúde complementar, esse método é aliado aos medicamentos biológicos trastuzumabe e pertuzumabe. No entanto, eles não foram incorporados pelo SUS, apesar de até mesmo o Instituto Oncoguia já ter feito o pedido à Conitec. Rafael Kaliks, do instituto, reconhece que o gasto com esses tipos de tratamento é alto e a organização, complexa, uma vez que muitos dos pacientes precisam de cuidados paliativos que seriam melhor ministrados em casa. “O governo olha para a doença metastática incurável como um gasto apenas, e não como um investimento”, observa. “Mas isso tem levado a erros catastróficos, porque existem, hoje, doenças consideradas crônicas, em que o paciente pode viver muito, trabalhando e com boa qualidade de vida.”

Em nota, o Ministério da Saúde informou que o trabalho da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) garante que sejam selecionadas as melhores opções de tratamento. Em relação aos pacientes com câncer metastático, a pasta informa que os hospitais credenciados pelo SUS não fazem restrição ao acesso desses doentes.


CUIDADOS


Os cuidados paliativos têm como objetivo principal aliviar os sintomas causados pelo câncer em estágio avançado, e não necessariamente curar a doença. Segundo a OMS, esses tratamentos podem reduzir problemas físicos e psicológicos em até 90% dos pacientes com metástase. Para Gilberto Amorim, tanto o SUS quanto a saúde suplementar pecam por não oferecer esse apoio de forma sistemática. “No nosso país, esse cuidado não é oferecido, ou é de forma muito precária e fragmentada, sem integração. Quando não podemos curar, temos a obrigação de aliviar o sofrimento.”




Histórias de superação

31/05/2016 - Correio Braziliense


O sofrimento causado pelo câncer também dá lugar a histórias de superação e de solidariedade de pessoas que encontraram forças para lutar contra a doença. Evelin Scareli foi diagnosticada com uma neoplasia de mama aos 23 anos. Seguiu o tratamento sem se abater e, a cada etapa, tentava ressignificar o papel da doença na vida dela. O primeiro passo foi criar um blog, em que trocava experiências com diversas pessoas. Percebeu que não estava sozinha.

Depois que conseguiu vencer a doença, não sabia o que fazer com os vários lenços que havia usado em razão da queda do cabelo, causada pela quimioterapia. Surgiu a ideia de doá-los a outras pacientes, embrulhados para presente e com direito a carta manuscrita. Foi um sucesso. “Uma das pessoas me disse que a sogra deu um grande sorriso quando ganhou o seu, o que não acontecia há dois meses, desde que havia iniciado o tratamento”, conta.

Anos mais tarde, a mãe dela foi quem recebeu o diagnóstico de câncer de mama. Evelin diz que a sensação de ser acompanhante é pior do que a de paciente: um sentimento de impotência. “O maior aprendizado é deixar de focar no que se está perdendo e focar no que se está ganhando. Em vez de sofrer a perda de um seio, comemorei o implante de prótese de silicone”, relata.


EXPERIÊNCIA NO SUS


Juliana Carelli, 36 anos, foi atendida na rede pública de saúde. Ela teve câncer de ovário aos 29. O tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento ficou dentro dos 60 dias previstos em lei. “Sei que tenho muito que agradecer, pois minha situação foi bem rápida”, relata.

Ela sentiu falta apenas de um médico de referência, pois, em alguns retornos, deparava-se com profissionais diferentes, o que dificultava o apoio em momentos de insegurança ou para esclarecer dúvidas, por exemplo. Mas o tratamento foi suficiente para que superasse a doença.

Hoje, ela se diz outra pessoa. “Com certeza o câncer me tornou uma pessoa melhor. Digo que ganhei um par de óculos para ver a vida de outra forma. Hoje, valorizo muito mais as pessoas do que as coisas”, conta Juliana. “Descobri que tenho ao meu lado um marido maravilhoso, que escolheu passar comigo pela doença, e aprendi a viver um dia de cada vez”, complementa.

80%

Percentual de pacientes que afirmam que a dor afetou o desempenho no trabalho

52%

Entrevistados que atribuíram à persistência da dor o surgimento de outros problemas de saúde, como depressão, ansiedade e obesidade

Quando questionados sobre qual palavra descreveria melhor a convivência com esse sintoma

os resultados foram:

40,4%
Desânimo

35,6%
Angústia

17,5%
Desespero

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