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CRF-SP - Clipping de Notícias

CLIPPING - 30/05/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 

Atos pedem liberação do uso da ‘pílula do câncer

30/05/2016 - O Estado de S.Paulo


Uma manifestação pela liberação do uso da fosfoetanolamina sintética, conhecida como “pílula do câncer”, reuniu cerca de 30 pessoas ontem no portão da unidade da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos, no interior paulista. A fabricação e a distribuição da substância estão suspensas pelo Supremo Tribunal Federal(STF),após ter sido liberada pela presidente afastada Dilma Rousseff (PT). A decisão, que atendeu a pedido da Associação Médica Brasileira (AMB), ainda terá julgamento definitivo no Supremo.

Entre os manifestantes, muitos eram familiares de pacientes e defensores do uso da pílula, desenvolvida pelo Instituto de Química da USP.

Os manifestantes estenderam uma faixa pedindo ao STF que reconsidere a decisão. Houve atos pela liberação da substância também em São José dos Campos, na frente do Fórum, e em outros Estados, como Rio Grande do Sul, Paraná e Bahia.

No Rio, um grupo estendeu uma faixa na Praia de Copacabana dizendo: “Quem tem câncer tem pressa. Liberem a fosfoetanolamina”.

Os defensores do uso alegam que o composto é a última esperança de pessoas que têm câncer em estágio avançado. Não há data para o julgamento definitivo da ação no STF.




Tratamento com remédio ou terapia

29/05/2016 - Correio Braziliense


Vale ressaltar que o medo de verbalizar a infertilidade com amigos e familiares e a preocupação com os gastos próprios dos procedimentos são fatores que contribuem para os efeitos deletérios no esperma. Ou, como descreveu Rheta Keylor, em um estudo anterior ao conduzido por Ana Bártolo, a infertilidade masculina é percebida como um “assalto ao senso de como o homem revive os sentimentos de competição, castração e experiências de trauma de desenvolvimento”. No entanto, a desorganização psicológica pode ser reformada com medicamentos que diminuam a adrenalina. “Mas, ao ler a bula, muitos desistem. Então, costumamos indicar a terapia comportamental, que também chamamos de behaviorista”, diz Telöken.

O professor do Instituto de Psicoanálise de Massachusetts (EUA) frisa que, apesar de poder ser tratada com medicamentos, a ansiedade provocada pela infertilidade não deve ser considerada uma doença. No entanto, são comuns os casos de pacientes com sudorese, tremores nas mãos e sensação de perda de controle. “Os homens gostam de falar que ‘a esposa é que não engravida’, mas em 40% dos casos, é por causa deles que a gestação não ocorre. Eles precisam saber que o problema não é tão raro como gostam de imaginar”, acrescenta Telöken. No geral, fora fatores congênitos, a correção de fatores de risco — por exemplo, o uso recreativo de drogas, a obesidade, o sedentarismo, a insônia e o tabagismo, entre outros — é suficiente para promover uma melhora considerável na qualidade do esperma.

Mythili Ramalingam, do Hospital Ninewells e da Universidade de Dundee, ambos no Reino Unido, acrescenta que, apesar de quase metade dos casos de infertilidade ter origem no homem, os fatores que podem explicá-los são, em grande parte, desconhecidos. “Além disso, em mais de 50% dos casos de infertilidade masculina, a origem permanece obscura e a causa é classificada como espontânea. A avaliação da infertilidade deve ir muito além de uma simples análise do sêmen, que tem de ser complementada com uma história completa e um exame físico. Também precisa de testes endócrinos e genéticos relevantes em conjunto com outras investigações, inclusive psicológicas”, defende. (IO)


EVENTOS DESMEMBRADOS


Essa forma de intervenção é objetiva e oferece resultados mensuráveis. Baseada no behaviorismo radical e na ciência do comportamento, defende que os organismos são ordenados e podem ser estudados cientificamente. A ideia é que psicólogo e paciente encontrem juntos eventos que deram origem e mantenham os comportamentos problemáticos. Nesse tratamento, um transtorno como a depressão é desmembrado em comportamentos distintos, como alterações no sono e apetite, desesperança, choro excessivo e ideação suicida. Cada um deles é analisado sob o foco de acontecimentos da história do paciente que influenciaram as situações presentes. Pensamentos e sentimentos também são considerados comportamentos pelo terapeuta, que pode intervir neles também.




Em busca de agilidade

27/05/2016 - Guia da Farmácia


O primeiro trimestre de 2016 foi agitado para os parlamentares brasileiros e o cenário tende a continuar assim. Decisões que podem definir os rumos político» do País são tomadas todos os dias. Mas em meio ao burburinho causado pela crise econômica e denúncias de corrupção, deputados e senadores seguem apresentando Projetos de Lei que visam promover mudanças na legislação brasileira.

Uma das propostas debatidas mais recentemente foi o Projeto de Lei do Senado (PLS) 727/15, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP), que altera os prazos de concessão de registro de medicamentos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e torna mais transparente a tramitação dos processos. Atualmente, a regra em vigor, baseada na Lei 6.360/76, concede o tempo máximo de 90 dias para a conclusão dos registros, mas, na prática, o prazo é desrespeitado com freqüência.

Para discutir as mudanças propostas pelo PLS 727/15, parlamentares, representantes de entidades do setor farmacêutico e membros da Anvisa se reuniram em uma audiência pública, no mês de março último. Na ocasião, o próprio presidente do órgão de vigilância, Jarbas Barbosa, assumiu o descumprimento do prazo máximo em alguns processos.

"Atualmente, a Anvisa leva 632 dias para concluir o registro de um medicamento novo, 1.062 dias no caso de genérico e 1.225 para medicamento similar." De acordo com Barbosa, trata-se de um tempo menor que o praticado na índia e na China e maior que o exigido por agências reguladoras de mercados mais desenvolvidos, como Europa e Estados Unidos.

Apesar do descumprimento do prazo máximo definido por lei ser uma realidade, o presidente da Anvisa fez questão de ressaltar que foram adotadas medidas para reduzir o tempo de registro de medicamentos e que as iniciativas já surtiram efeito positivo. "As novas drogas para hepatite C, por exemplo, foram aprovadas na Anvisa em um período inferior a quatro meses, para todo o processo, tempo similar ou inferior ao que levou para registro tanto nos Estados Unidos como na Europa."

Barbosa ressaltou ainda que a Agência adotou resolução para agilizar o exame de processos de baixo risco para a saúde pública, que foram separados dos mais complexos, ou seja, aqueles que exigem análises mais detalhadas. Para o presidente do órgão, é essa diferença do tempo requerido entre os diversos tipos de medicamentos que impede o cumprimento dos prazos do que determina a legislação em todos os registros. "É um prazo excessivo para alguns processos e impossível de ser cumprido para outros. Não há lugar no mundo em que um medicamento novo seja registrado antes de 90 dias. A lei caducou, era de outra época", argumenta.


DO OUTRO LADO


Mesmo diante das explicações, o autor do PLS 727/15 segue firme na defesa do encurtamento dos prazos, especialmente para o registro de genéricos. "Os números são assombrosos. Se encurtarmos esses prazos, aumentamos o atendimento e asseguramos a concorrência. Ou seja, preço e acesso. Esse é o propósito essencial do projeto", declarou Serra, durante audiência pública.

A proposta do senador é de que novos prazos máximos sejam estipulados, a depender da categoria do produto. O Projeto de Lei prevê 90 dias para registro de medicamentos classificados como urgentes; 120 dias para os classificados na categoria de determinados como prioritários; e 365 dias para os demais.

Representantes de entidades do setor farmacêutico concordam com a necessidade de reduzir o tempo de espera pelo registro de medicamentos, mas lembram que é preciso ir além de fixar novas datas no papel. "Não adianta criar novos prazos, sem que exista uma estrutura efetiva para cumpri-los", alerta o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini.

De acordo com o executivo, a Anvisa se preocupou em estabelecer um trabalho de alto nível, mas o tamanho da estrutura da Agência não acompanhou o elevado padrão de exigências. O descompasso acabou por sobrecarregar algumas áreas e promover atrasos. Por isso, o executivo julga o PLS 727/15 interessante, mas não a solução definitiva para o descumprimento dos prazos.

"Enquanto não houver vontade política e uma gestão efetiva para resolver, o projeto irá criar mais uma lei que não será cumprida", reforça. "É preciso conjugar alguns fatores. Criar uma estrutura necessária, com pessoas bem remuneradas, dispostas a cumprir suas tarefas, e estabelecer processos claros e bem definidos. Não adianta existirem pessoas e colocar mais gente para trabalhar, sem haver processos. As pessoas vão ficar batendo cabeça", opina Mussolini.

A estrutura insuficiente gera, além de atrasos nos registros dos medicamentos, problemas de relacionamento com as indústrias. Durante a audiência pública, o presidente da Anvisa afirmou que parte do atraso nos registros é de responsabilidade dos fabricantes, que, muitas vezes, não apresentam a documentação completa ao dar entrada no pedido de registro, exigindo que a Anvisa solicite a complementação de informações.

Mussolini rebate, citando, mais uma vez, a necessidade de se estabelecer processos bem definidos, que não deem margem para dúvidas e desentendimentos: "Como não existe uma clareza na legislação vigente, às vezes determinado pedido de registro exige uma complementação que não está na lei. O técnico demanda um teste de bioequivalência que não está previsto na legislação, por exemplo. Cada técnico faz a sua interpretação e exige uma informação a mais que não estava predeterminada. Por isso, digo que se não tivermos um processo claro para todos, dificilmente vamos resolver os problemas."


INICIATIVAS EM CURSO


Ciente da necessidade de aprimorar a estrutura atual, a Anvisa assinou um acordo de cooperação técnica junto ao Movimento Brasil Competitivo (MBC). O objetivo da parceria é realizar ações voltadas para a capacitação profissional dos colaboradores da Agência. O Programa de Formação Aplicada dos Servidores da Anvisa visa desenvolver a capacidade de analisar os impactos das ações regulatórias da Agência nos setores industriais, desenvolve o pensamento crítico sobre os processos de trabalho, assim como as habilidades necessárias para cumprir efetivas ações de melhoria.

Diante de iniciativas como essa, o presidente executivo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Antônio Brito, reconhece que, nos últimos dois anos, a Anvisa tem se esforçado para revisar os processos, reforçar a equipe e, com isso, reduzir os prazos para registro de produtos. "As estatísticas mostram que essa redução já começou a ocorrer. No entanto, o passivo era - e ainda é - tão grande que os prazos continuam sendo absolutamente insuportáveis."

As consequências dos atrasos são graves, tanto para pacientes quanto para a economia da saúde. De um lado, priva os brasileiros de melhores ofertas terapêuticas e, do outro, prejudica o mercado farmacêutico. "Quando você atrasa o registro de um produto novo, impede acesso da população a novas tecnologias que poderiam sanar uma série de problemas. Com relação a produtos antigos, como é o caso de genéricos, está se impedindo a concorrência. No fim do dia, as empresas perdem, pois deixam de participar do mercado, mas quem mais se prejudica é a população", pontua Mussolini.

A necessidade de ajustes é clara e, segundo acredita a Interfarma, a Anvisa está no caminho certo. "Hoje, a Agência tem um espírito muito voltado para a revisão dos processos, para a tentativa de combater a burocracia desnecessária e fazer agora o que deveria ter sido feito desde o início: concentrar a atenção naquilo que realmente envolva risco sanitário", acredita Brito.

Como exemplo dos sinais de mudança, o executivo cita a aprovação das novas regras de pós-registro, ocorrida no fim de março último. "Era um tema que ocupava grande parte do tempo e das pessoas da Agência. Esperamos que tudo isso contribua para que a Anvisa, em pouco tempo, possa ter prazos razoáveis."




Por que a vacina da dengue é tão cara?

30/05/2016 - IstoÉ


Maior esperança no combate à doença no Brasil, a vacina contra a dengue deve custar tão caro que boa parte da população continuará sem usufruir de seus benefícios. Pior, o alto valor pode inviabilizar a adoção do medicamento pelo sistema público de saúde. O que era para ser alívio virou preocupação após o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Jarbas Barbosa, afirmar que cada dose pode chegar a R$ 400. Detalhe: são necessárias três para a imunização, o que dá um total de R$ 1,2 mil. Na esteira da declaração, o então ministro da Saúde de Dilma Rousseff, Agenor Álvares, afirmou que fica “praticamente impossível” incorporar o remédio ao programa nacional de vacinação. “Para o governo, o valor informado foi de 22 euros a dose (cerca de R$ 88). Mesmo com esse preço, o impacto é de R$ 10,5 bilhões ao ano, três vezes o orçamento do programa”, disse o ministro. “Sem dúvida, R$ 400 é impeditivo”, afirmou o infectologista Marcos Boulos, chefe da Coordenadoria de Controle de Doenças de São Paulo, estado campeão de casos de dengue no Brasil. “É caro para o serviço público e muito provavelmente nós não vamos comprar nunca.”

Aprovada pela Anvisa no fim de 2015, a vacina contra a dengue espera a definição da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMed) – órgão composto por cinco ministérios que define o preço máximo dos remédios no País – para ser liberada, o que deve acontecer em meados deste ano. Apesar de o valor final ainda não estar definido, a declaração de Barbosa dá a tônica de quanto poderá ser preciso desembolsar caso se busque proteção contra a doença que mata centenas de brasileiros anualmente. Secretário-executivo da CMed, Leandro Safatle afirma que a precificação desta vacina é mais complicada porque se trata de um produto novo, sem referências. “Estamos desenvolvendo uma metodologia.”

Como o combate ao mosquito Aedes aegypti é muito deficiente no Brasil, a vacina é considerada a melhor chance para vencer a doença. Pesquisa feita pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) calculou que em cinco anos os casos poderiam cair até 81% se fosse feita campanha via Sistema Único de Saúde (SUS) entre pessoas de 9 e 40 anos. Mesmo no cenário considerado mais realista, o de distribuição apenas a jovens de 9 a 16 anos, o número de registros já cairia pela metade. “Mas se o governo não adotar a vacina, a resposta será baixa”, diz o médico Denizar Vianna Araújo, responsável pelo estudo. Com o preço alto, a perda para a dengue se dá não só em vidas, mas também em dinheiro público. O custo da doença para o País pode chegar a R$ 4,7 bilhões por ano, de acordo com levantamento da Universidade Federal de Goiás (UFG) feito em 2015.

Diretora brasileira de planejamento estratégico de dengue da Sanofi Pasteurs, a empresa que desenvolveu a vacina, Amanda Pinho afirma que o laboratório não recebeu um posicionamento oficial da Cmed, mas que prepara um relatório de custo-efetividade com a sugestão de preço do medicamento para venda ao Ministério da Saúde. A pesquisa leva em conta os custos de produção e desenvolvimento do remédio, mas também o quanto ele pode ajudar o governo a economizar no tratamento de doentes. E o valor será “menor” do que os R$ 400 anunciados pelo presidente da Anvisa durante entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. “Continuamos otimistas (na distribuição da vacina pelo SUS) porque sabemos o benefício que podemos trazer para a saúde pública”, diz Amanda. Procurados, tanto o Ministério da Saúde quanto a Anvisa ressaltaram que, apesar da declaração de Barbosa, o preço definitivo ainda não foi estabelecido.

A boa notícia é que outras três vacinas contra a dengue estão em desenvolvimento e, quando começarem a chegar ao mercado (a partir de 2018, de acordo com os responsáveis), a concorrência deve fazer o preço cair, independentemente da avaliação da CMed.

Comprar ou ser comprada?

27/05/2016 - Guia da Farmácia


Turbulências políticas e econômicas à parte, o biênio 2015-2016 será lembrado como um período de importantes fusões e aquisições na indústria farmacêutica mundial. Se olharmos um pouco para trás, o volume de aquisição do biênio 2012-2013 foi relativamente ameno em termos de negociações e dólares movimentados. Esse ritmo mais lento pode ser atribuído a diversos fatores, como a incerteza a que o mercado econômico mundial assistia na época, além da considerável alta das ações das organizações farmacêuticas de capital aberto.

A partir disso, o fluxo de caixa das empresas mais elevado e a maior facilidade no financiamento de dívidas se tornaram fatores mais agressivos na busca pela variedade de produtos e serviços e por mudanças estratégicas.. Chegamos ao grande boom das fusões farmacêuticas, que está diretamente relacionado a aspectos, como os desafios da área de pesquisa e desenvolvimento, as dificuldades encontradas em mercados emergentes e também a questão fiscal dos Estados Unidos e outras potências.

Ao longo da última década, as "Big Pharmas" viram seus blockbusters perderem exclusividade. Além disso, a evolução das drogas de biotecnologia cresceu exponencialmente. Com esse cenário, os principais players se viram forçados a olhar para fora de casa, a fim de complementar a lacuna do seu portfólio, geralmente com foco em terapias para doenças crônicas.

De acordo com pesquisas recentes, estima-se um investimento de cerca de US$ 2,5 bilhões para se obter uma nova droga no mercado. Todavia, apoiados nos avanços tecnológicos, como modelagem molecular e sequen-ciamento de DNA, os pequenos grupos de cientistas conseguem avançar em suas pesquisas nas fases iniciais. Na prática, isso significa que as "Big Pharmas" deixam necessariamente de contar com uma vantagem competitiva. Ainda assim, continuam dispondo de maiores recursos para efetivar o processo de comercialização e distribuição, possibilitando, dessa forma, um acesso mais rápido da população aos seus produtos.

Essa mescla de opções, atrelada à busca de eficiência operacional e financeira, fez com que o mercado de capitais assistisse em 2015 à sua maior transação oriunda do setor farmacêutico, com o acordo entre Pfizer e Allergan, no valor divulgado de US$ 160 bilhões. Até meados de dezembro de 2015, o volume de fusões e aquisições no setor atingiu nada menos que US$ 649,4 bilhões.

Pelo que temos observado no mercado, os próximos meses tendem a manter-se aquecidos com novas fusões e aquisições. A questão que permeia o cenário executivo agora é: comprar ou ser comprada?

A cada 4 minutos, 1 mulher dá entrada no SUS vítima de violência

29/05/2016 - O Estado de S.Paulo


SÃO PAULO - Os atendimentos a mulheres vítimas de violência sexual, física ou psicológica em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) somam, por ano, 147.691 registros – 405 por dia, ou um a cada quatro minutos. A maior procura por serviços de saúde após casos de agressão se dá entre adolescentes de 12 a 17 anos, faixa etária das duas vítimas de estupro que ganharam repercussão na semana passada, no Rio e no Piauí. Especialistas apontam para a necessidade de se encerrar a “lógica justificadora” que tenta lançar para as vítimas a culpa pelos crimes.

Os dados integram o Mapa da Violência – Homicídio de Mulheres, um dos mais respeitados anuários de violência do País. As estatísticas foram reunidas com base no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, que registra os atendimentos na rede do SUS. O relatório mostra que Mato Grosso do Sul, Acre, Roraima, Tocantins e Minas lideram a lista de Estados com as maiores taxas de procura por atendimento.

O registro mais recente do Sinan contém dados de 2014 – o estudo foi concluído no fim de 2015. O cônjuge da vítima aparece como o agressor mais frequente, responsável por 22,5% das ocorrências; outras pessoas próximas de adolescentes e mulheres também são apontadas como responsáveis por ataques, como namorado, ex-namorado, irmão, pai e padrasto. Em só 13% dos casos, a agressão é cometida por uma pessoa desconhecida. No caso do Rio, um dos suspeitos é ex-namorado da vítima de 16 anos que diz ter sido atacada por mais de 30 homens no Morro da Barão.

“A normalidade da violência contra a mulher no horizonte cultural do patriarcalismo justifica, e mesmo ‘autoriza’, que o homem pratique essa violência, com a finalidade de punir e corrigir comportamentos femininos que transgridam o papel esperado de mãe, esposa e dona de casa”, aponta o Mapa da Violência – Homicídio de Mulheres. “Culpa-se a vítima pela agressão, seja por não cumprir o papel doméstico que lhe foi atribuído, seja por ‘provocar’ a agressão dos homens nas ruas ou nos meios de transporte, por exibir seu corpo.”

Ao Estado, Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da pesquisa e da área de estudos sobre violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), reforça a tese e diz ver uma reação conservadora à tentativa de ampliação de direitos pelas mulheres. “Na medida em que se criam condições sociais de proteção, mais violento se torna o agressor. É uma reação conservadora do patriarcalismo machista que persiste no Brasil”, diz Waiselfisz. “E, hoje, estamos assistindo a uma cultura em que se está permitindo esse tipo de violência.”


REINCIDÊNCIA


Os dados do Mapa da Violência mostram também que são as mulheres jovens as que mais voltam para novos atendimentos no SUS após outros casos de violência. “A violência contra a mulher é mais sistemática e repetitiva do que a que acontece contra os homens. Esse nível de recorrência da violência deveria ter gerado mecanismos de prevenção, o que não parece ter acontecido”, diz Waiselfisz.

Para a secretária nacional de Direitos Humanos, Flávia Piovesan, “é fundamental trabalhar em educação e capacitação dos operadores da segurança pública e da Justiça para que entendam que a violência contra a mulher é gravíssima violação dos direitos humanos”.

Ao Estado, ela afirma também que são necessárias três linhas de enfrentamento do problema. “Precisamos adotar medidas eficazes no que se refere ao dever do Estado de investigar, processar e punir essas violações sob a perspectiva de gênero; adotar todas as medidas para dar total e integral apoio e assistência às vítimas; e adotar medidas preventivas, fomentando educação com parâmetros não sexistas e igualitários. Isso é o mais difícil”, diz Flávia.

Para a promotora paulista especialista em combate à violência doméstica Silvia Chakian, a solução passa pelo combate à impunidade dos agressores, mas também exige medidas educativas. “Os criminosos merecem uma punição exemplar, e essa punição tem de ser divulgada para a sociedade para combater a sensação de impunidade.”

Silvia destaca que o crime do Rio foi seguido por compartilhamentos de vídeos na internet por pessoas que faziam “piadas machistas e julgamento moral”. “Que sociedade é essa que um sujeito compartilha a prova do crime e se gaba dela? E quem são as milhares de pessoas que viram e compartilharam esse material, ajudando a perpetuar esse sofrimento?”, questiona.




Unidades de risco

30/05/2016 - O Globo


Dos 43 hospitais públicos da cidade do Rio, só um tem certificado do Corpo de Bombeiros, mostra Toda vez que vai trabalhar num novo hospital, a psicóloga Mayze Machado dos Santos, de 58 anos, quer saber se o consultório onde vai atender fica no andar térreo. A pergunta não é mera curiosidade. A cena da fumaça invadindo o segundo andar do Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, durante um incêndio ocorrido em 14 de outubro de 2010, não sai de sua cabeça. Além das sequelas psicológicas, que ela conhece bem como profissional da área, Mayze não tem como esquecer as marcas físicas. Ao fugir das chamas pulando por uma janela, ela caiu de uma escada de uma altura de cerca de dez metros e quebrou o pé. Hoje, deficiente física, tem que dirigir um carro adaptado.

Depois de passar dois anos em reforma, o Pedro II foi reinaugurado, mas, em 23 de janeiro deste ano, pegou fogo novamente. Desta vez, o incêndio só não foi pior graças aos chuveiros automáticos (sprinklers) que haviam sido instalados. Mesmo assim, até hoje, a unidade não tem o certificado de aprovação do Corpo de Bombeiros, que dá garantias de que o local está preparado para o risco de incêndio e pânico. A pedido do GLOBO, a corporação fez um levantamento para saber que hospitais públicos da capital estão certificados. Com exceção do Evandro Freire, na Ilha do Governador, da rede municipal, nenhum outro cumpre as exigências dos bombeiros. Por lei, deveriam estar interditados.

De acordo com a pesquisa, 28 dos 29 hospitais do município não têm o certificado. Em 2012 e 2013, chegaram a ser notificados e, em alguns casos, receberam multas, não pagas. A situação piora nas unidades da União e do estado. Segundo o Corpo de Bombeiros, os seis hospitais e três institutos federais, além das cinco unidades estaduais de referência no Rio não têm qualquer tipo de documento, nem autuações aplicadas pela corporação.

As 24 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) estaduais, não só na capital como em outros municípios do Rio, também funcionam sem o certificado.

Depois de o fogo ter consumido os edifícios Andraus e Joelma, em São Paulo, em fevereiro de 1972 e 1974, respectivamente, matando 375 pessoas, o Rio publicou o decreto-lei 897, de 21 de setembro de 1976, que dispõe sobre a segurança contra incêndio e pânico. A legislação diz que o Corpo de Bombeiros pode interditar o estabelecimento que não cumprir suas exigências. Antes disso, porém, a fiscalização faz uma notificação e, caso as determinações não sejam seguidas, aplicam-se dois autos de infração, de R$ 664,49 e R$ 1.328,98. A engenheira civil e de segurança do trabalho Valéria Barbosa Gomes, professora da Uerj, explica que o certificado de aprovação do Corpo de Bombeiros é essencial para o funcionamento de um hospital e, se a legislação fosse aplicada ao pé da letra, as unidades teriam que ser fechadas. Ela ressalta que o documento faz parte, inclusive, das exigências da prefeitura para a obtenção do habite-se.

— Não sei como a fiscalização tem sido feita pelos bombeiros, mas acho que ela é mais presente para empresas particulares e condomínios. A cobrança deveria ser maior. Sem dúvida, se houver mais exigência, os hospitais vão tentar se ajustar. Não há falta de dispositivos para fiscalização. Faltam ação e correção por parte dos bombeiros — disse a especialista.


RELATÓRIO APONTA FALTA DE PLANOS DE FUGA


Responsável por uma pesquisa sobre a resistência de materiais ao fogo, o engenheiro civil Alexandre Landesmann, da Coppe-UFRJ, ficou estarrecido com o número de hospitais sem o certificado dos bombeiros.

— Geralmente, as instalações elétricas são antigas e adaptadas. A situação é muito preocupante, uma vez que há pessoas com dificuldades de locomoção nos hospitais. Imagine um incêndio num hospital nos dias de hoje, com corredores repletos de macas obstruindo as saídas? Além disso, dentro das unidades há muito material inflamável. O que as autoridades estão fazendo para evitar que o fogo se alastre num hospital? Isso é de tirar o sono — lamentou Landesmann.

A preocupação do pesquisador é justificada. Um relatório da Diretoria Geral de Serviços Técnicos (DGST), do Corpo de Bombeiros, de outubro de 2012, ao qual O GLOBO teve acesso e feito após uma vistoria nos 29 hospitais municipais, cita vários problemas. Entre eles, estão falta de sprinklers, escadas sem enclausuramento à prova de fumaça (essencial para evitar que um pessoa, ao escapar de um incêndio, fique intoxicada) e inexistência de planos de escape. O documento diz ainda que, no Brasil, as maiores causas de incêndio “têm origem na precariedade e sobrecarga das instalações elétricas”.

Numa visita ao Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro, repórteres do GLOBO constataram a falta de mangueiras de incêndio.

O perigo em hospitais do estado também é iminente. No Getúlio Vargas, na Penha, não é preciso ser especialista para ver que a parte elétrica está comprometida. De uma janela do segundo andar do prédio, é possível ver uma área interna descoberta, onde há aparelhos de arcondicionado com fios remendados com fita isolante. O emaranhado lembra “gatos” de luz comuns em favelas. No mesmo lugar, há duas macas e uma cadeira abandonadas, além de camisolas sujas de sangue no chão. O local serve como vazadouro de lixo.

Pelos corredores do hospital, até a semana passada, havia vários extintores, mas todos com validade vencida em março deste ano. Enquanto isso, largados num canto do estacionamento descoberto, 36 cilindros novos estão amontoados.

Depois do susto com o incêndio no Pedro II, em 2010 — que na época fazia parte da rede estadual —, a psicóloga Mayze Machado passou a ficar mais atenta às saídas de emergência. Para escapar do fogo, ela tentou abrir uma porta que estava trancada com cadeados.

— Foi horrível ver o hospital pegando fogo e nós ali, confinados. Ninguém sabia o que fazer. As pessoa gritavam, tossiam por causa da fumaça. Houve pânico. Só dava para fugir pela janela, mas acabei caindo ao tentar alcançar a escada colocada pelos próprios funcionários, que não chegava ao segundo andar. Fraturei o tálus (principal osso de conexão entre o pé e a perna) e perdi o movimento do pé. Ele incha e sinto dores todos os dias. Quebrei o pé, mas poderia ter quebrado o pescoço e até morrer — lembra Mayze.

A enfermeira X., que também pulou pela janela no dia do incêndio, ficou com trauma de altura. Hoje, trabalha no primeiro andar de uma unidade:

— Não consigo nem ficar no Pedro II. Eu lembro onde o incêndio começou, a janela por onde pulei. O que eu vejo nos hospitais é que as saídas de emergência não são bem sinalizadas e os extintores não ficam acessíveis.

O Corpo de Bombeiros informou por e-mail que, apesar de os hospitais não terem os certificados, a interdição deles causaria “um dano irreparável à população, cuja vida depende do atendimento de saúde”.


PREFEITURA DIZ QUE FARÁ LICITAÇÃO


O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, disse que autorizou uma licitação, a ser realizada em até 90 dias, para a contratação das empresas que farão os projetos de sistemas de segurança contra incêndio para os hospitais. Só assim, eles poderão obter o certificado dos bombeiros. Já foram reservados R$ 8 milhões para o pagamento.

— A falta do certificado é um problema crônico das unidades. Queríamos que o Corpo de Bombeiros fizesse os projetos para os hospitais, como instituição pública que é, mas não houve negociação. Sendo assim, só restou ao município a opção de abrir a licitação para contratar as empresas, ligadas aos bombeiros, para tocarem os projetos básicos — disse o secretário, que vai pedir aos bombeiros uma nova vistoria para verificar, inclusive, o sumiço das mangueiras do Souza Aguiar.

Por nota, o Ministério da Saúde informou que os seis hospitais federais do Rio têm brigadas de incêndio. Segundo sua assessoria, o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia conta com um sistema de detecção e alarme de incêndio.

A Secretaria estadual de Saúde também disse que suas unidades têm brigadistas 24 horas por dia, além de iluminação de emergência e dispositivos de combate a incêndio, como extintores.




Uma vacina em constante mutação

30/05/2016 - O Globo


Todo ano uma vacina inteiramente nova é produzida para combater uma mesma doença: a gripe. E o motivo desse trabalho incessante é a “inteligência” do Influenza, um dos vírus que mais passam por mutações, gerando uma série de subtipos e linhagens, como o H1N1 e o H3N2, ambos pertencentes ao tipo A. Entre um inverno e outro — época em que há mais disseminação dos vírus —, a Organização Mundial da Saúde (OMS) identifica quais foram as três ou quatro estirpes mais comuns em circulação na temporada anterior e, a partir dessas cepas, desenvolve a imunização. Agora, um grupo de cientistas da Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA, defende o uso de sequenciamento genético para encontrar os padrões de mutação dos vários subtipos do vírus da gripe e, assim, preparar a melhor vacina para proteger contra a versão atualizada deles.

Dada a velocidade das mutações do Influenza, é comum surgir uma cepa nova em cima da hora, sem que dê tempo de incluí-la na elaboração da vacina. Isso aconteceu na temporada de gripe de 2015, quando a imunização utilizada mostrou eficácia inferior a 20%, índice muito aquém das expectativas.

Publicado na revista “Nature Microbiology”, o estudo que propõe o novo método de produção aposta que, uma vez identificados os padrões, seria possível prever as futuras mutações do Influenza. O virologista Yoshihiro Kawaoka, líder da pesquisa, analisou o H1N1 — uma nova versão do mesmo vírus que gerou a gripe espanhola em 1918 e a gripe russa em 1977 —e o H3N2, que surgiu na gripe de Hong Kong, em 1968, e vem passando por mutações desde então.

— Podemos identificar as mutações que irão ocorrer na natureza e tornar esses vírus disponíveis, em laboratório, no momento da seleção de cepas para a vacina — aspira Kawaoka.

Para João Toniolo Neto, ex-diretor do Grupo de Vigilância Epidemiológica da Gripe (VigiGripe), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o estudo é promissor, mas precisa passar por mais testes e requer, além de uma integração com a OMS, um grande investimento em tecnologia. E alerta que esse método só conseguirá prever as mutações menores pelas quais os vírus passam todos os anos. Já as maiores, capazes de transformar o vírus, continuarão imprevisíveis, segundo ele.

— O H1N1 do ano passado, por exemplo, se assemelha muito ao deste ano, porque só teve uma mutação menor. Isso faz com que a vacina atual seja muito segura, embora o cenário ideal fosse, é claro, colher esse vírus agora e preparar rapidamente uma vacina com ele, a tempo de usar já. Mas isso não é possível: uma vacina demora entre quatro e seis meses para ficar pronta — conta ele. — Por sequenciamento genético, só é possível prever mutações menores, mas são as maiores que provocam as pandemias. E essas nunca são previsíveis.


LONGE DE UMA VERSÃO UNIVERSAL


Alguns cientistas mundo afora investigam a possibilidade de uma vacina universal da gripe, que proteja contra todos os seus subtipos. No entanto, Toniolo Neto ressalta que esse horizonte ainda está distante.

— A vacina universal ainda está muito longe de ser realidade. A ideia mais concreta, hoje, é que passemos a acrescentar cepas à vacina. Antes só tínhamos a trivalente, e este ano temos a tetra. Daqui a pouco devemos ter a pentavalente e assim por diante. Quanto mais cepas, mais as pessoas estarão protegidas — afirma ele.

Diretora médica da Sanofi Pasteur na América Latina, Lucia Bricks explica que cultivar os vírus em laboratório, matálos e aplicar neles os reagentes recebidos pela OMS, chamados de antígenos — que induzem uma resposta imunológica —, é um processo demorado. Além disso, segundo ela, o risco de erro na previsão sobre as cepas que mais circularão é considerável. Estes aspectos tornam a elaboração e a logística da vacina da gripe “uma dor de cabeça anual”, diz Lucia.

— Ninguém poderia ter certeza, ano passado, de que a cepa que mais circularia em 2016 seria o H1N1. Poderia ser outra, mas que bom que não foi — destaca. — Vírus como o H2N2 já causaram pandemias, mas ninguém sabe por onde ele anda hoje. Também há o H5N1, muito letal e para o qual já existe uma vacina, que só não é usada porque ele não está circulando. Pode sempre haver surpresas, por isso é essencial a cultura da vacinação.

Para a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabella Ballalai, a Olimpíada no Rio não deve ajudar a espalhar o H1N1.

— Como este ano a temporada de gripe no Brasil começou muito antes do previsto, em janeiro, devemos terminar antes também, não pegando os Jogos Olímpicos. Isso diminui o risco — diz.




OMS rejeita pedido para alterar Olimpíada por causa do zika vírus

28/05/2016 - Valor Econômico / Site


A Organização Mundial de Saúde (OMS) rejeitou o pedido para cancelar ou adiar os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro por causa do zika vírus. Para a entidade, cancelar ou alterar o local dos jogo "não vai mudar significativamente a propagação internacional do vírus". Em nota divulgada neste sábado, a entidade avisou que vai continuar monitorando a situação e atualizar suas recomendações quando necessário.

Ontem, um grupo de pesquisadores de pelo menos 15 países enviou uma carta aberta para a agência da ONU e ao Comitê Olímpico Internacional (COI) dizendo que, pela saúde pública, a Olimpíada no Rio deveria ser adiada ou deveria haver a troca do local do evento em razão do vírus zika na cidade. A descoberta de que, quando o zika infecta gestantes, pode ocasionar problemas neurológicos nos bebês e, ainda, de que o vírus está relacionado ao desencadeamento da Síndrome de Guillain-Barré são motivos citados no documento para que a Olimpíada seja adiada ou disputada em outra sede.

Na carta, os cientistas ressaltam que os Jogos Olímpicos de 1916, 1940 e de 1944 foram cancelados por causa de doenças. A pesquisadora Débora Diniz, da Universidade de Brasília, é a única signatária brasileira da carta. Em resposta à carta, o Ministério da Saúde divulgou nota dizendo que o zika está presente em 60 países e que a população brasileira representa 15% das pessoas expostas ao vírus.




Diretor do setor de Aids pede demissão e critica governo

28/05/2016 - Folha de S.Paulo


O diretor do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita, pediu demissão do cargo nesta sexta (27) e divulgou uma carta em que faz duras críticas a medidas recentes tomadas pela pasta.

A saída de Mesquita, um dos principais especialistas em HIV/Aids no país se soma a de outros nomes da pasta, que têm alegado incompatibilidade com o governo Temer(PMDB).

Em carta, Mesquita, que fora convidado a permanecer no cargo, diz que a negociação que levou à escolha do deputado federal Ricardo Barros a assumir o cargo de ministro “rifa o Ministério da Saúde”.

Segundo Mesquita, a pasta deixou membros do departamento de fora do grupo que viajou à Suíça para a Assembleia Mundial de Saúde, “apesar de estarem sendo votadas as estratégias quinquenais de DST, AIDS e hepatites virais”.A pasta diz que o departamento foi representado pelo coordenador-geral de hepatites virais.




Plantão Médico: Uma cirurgia para os pés

28/05/2016 - Folha de S.Paulo


A cirurgia minimamente invasiva já é empregada para vários problemas, como apendicite, hérnia de disco, coluna e cólon (intestino grosso).

O emprego desta técnica para os pés em nosso meio, entretanto, vem caminhando lentamente. Idealizada nos EUA, desenvolveu-se na Europa há sete anos com o médico espanhol Mariano Del Prado e da Argentina chegou ao Brasil há pouco tempo.

Por um pequeno furo de 3 mm, entram pequenas serras ou limas. A cirurgia usa raios-x e fluoroscopia para orientação nas partes moles e ósseas. A recuperação no tratamento de deformidades como joanete e dedo em martelo é mais rápida e resulta em menor custo operacional. Também apresenta menor perda sanguínea e pós-operatório quase sem dor, segundo o médico Nelson Astur Filho, presidente da ABTPé (Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé).

Em artigo publicado na revista da ABTPé, o médico Felipe Serrão M. de Souza e colaboradores do Hospital Municipal Miguel Couto, no Rio, mostram que o emprego da técnica da cirurgia percutânea é uma opção para o tratamento das lesões relacionadas ao pé diabético, com baixa incidência de complicações e resultados satisfatórios na maioria dos casos.

Souza destaca ainda que a cirurgia minimamente invasiva pressupõe uma longa curva de aprendizado e assinala a resistência à sua utilização pelos especialistas que praticam os métodos convencionais.




Saúde empírica

29/05/2016 - Folha de S.Paulo


É boa a ideia da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de lançar um novo modelo para tratar os idosos na rede privada.

O Brasil conta hoje com 20 milhões de pessoas com mais de 60 anos, dos quais quase 90% padecem de ao menos uma doença crônica, como hipertensão arterial, diabetes, câncer, osteoporose etc. A magnitude do problema só crescerá nos próximos anos: as projeções apontam para uma população de 65 milhões de idosos em 2050.

Eis aí um desafio para o qual o país precisa se preparar. À medida que a idade avança, surgem problemas crônicos que não se limitam a uma especialidade médica.

No atual modelo, ao paciente nem sempre se oferece um médico primário, que seria o responsável pelo gerenciamento de sua saúde. O usuário dos planos acaba entrando no sistema por meio de um serviço de emergência (onde a cada turno há um plantonista diferente), quando não decide por conta própria ir a especialistas.

Quanto mais médicos o idoso visita, maior tende a ser o número de exames e procedimentos a que ele se submete, assim como tende a ser maior a quantidade de drogas prescritas. Tal prática não só tem impacto sobre os custos mas também aumenta o risco de iatrogenia.

Se um médico com experiência em idosos centralizar os cuidados, decerto haverá redução de desperdícios com consultas, exames e procedimentos desnecessários. Também se evitará o risco de perigosas interações entre medicamentos.

O projeto da ANS tem o condão de imprimir mais racionalidade ao sistema. Uma das propostas é induzir os planos a criar centros geriátricos em que atuariam médicos e outros profissionais da área, que reconheçam riscos capazes de agravar a saúde do idoso e atuem também de forma preventiva.

Outra ideia é desenvolver um registro eletrônico com o histórico do paciente, que poderá ser acessado por qualquer médico e pelo próprio usuário. Assim, mesmo numa emergência, todas as informações necessárias poderão ser localizadas com facilidade.

O melhor de tudo, porém, é que, antes de baixar toneladas de resoluções mudando toda a regulação do setor, a ANS resolveu testar essas iniciativas em projetos-piloto, para saber se funcionam e como podem ser melhoradas. A partir do segundo semestre, 15 organizações deverão proceder ao ensaio.

O Brasil precisa cada vez mais de políticas públicas baseadas em boa ciência, de preferência submetidas ao teste da empiria -e não baseadas em impressões e inclinações, submetidas ao voluntarismo.




Os limites do SUS

28/05/2016 - Folha de S.Paulo / Site


Políticas públicas destinadas exclusivamente aos mais pobres estão fadadas ao fracasso.

Do abastado ao humilde, qualquer brasileiro pode vacinar os filhos na unidade de saúde, receber transplante de fígado pelo SUS e os medicamentos para a Aids, como se vivesse na Noruega. Nossos programas gratuitos de vacinações, transplante de órgãos e de distribuição de drogas anti-HIV são os maiores do mundo.

O sucesso desses programas se deve ao fato de serem universais. Se vou à Unidade de Saúde e faltam vacinas, basta ligar para os jornais que a denúncia aparecerá na primeira página.

Por que nosso programa de planejamento familiar não sai do papel, condenando os mais pobres a ter filhos indesejados que não conseguem sustentar? Por uma razão simples: quem está bem de vida tem acesso pleno aos métodos anticoncepcionais e ao abortamento ilegal. A mulher que peregrina pelas unidades de saúde atrás de um DIU ou da laqueadura, direito garantido por lei, vai reclamar para quem? Para o bispo?

Dissemos na Constituição de 1988 que saúde é direito do cidadão e dever do Estado. Faço minhas as palavras da jornalista Cláudia Collucci em sua coluna: "Isso é lindo, uma conquista da qual não podemos abrir mão. Mas, na prática, nem países mais ricos e menos populosos ousaram prometer 'tudo para todos em saúde'".

O paradoxo é que de um lado as políticas públicas que deram bons resultados são as universais, de outro, a falta de recursos orçamentários, de gerenciamento competente e a praga da corrupção impõem aos dependentes do SUS uma assistência médica de difícil acesso, imprevisível e muitas vezes de baixíssima qualidade.

Não há como fugir da realidade: se as verbas destinadas à saúde são insuficientes, quanto menos utilizarem os serviços do sistema único os brasileiros que podem pagar por eles, mais recursos sobrarão para atender os que contam apenas com o SUS.

Num país cartorial, com as desigualdades abissais como o nosso, é absurda e injusta a ideia de considerarmos todos iguais diante do SUS, porque os mais ricos e influentes passarão na frente dos mais necessitados.

O fazendeiro mais influente da região entra na sala de espera do pronto-socorro público da cidadezinha. Quem será atendido antes? É justo o cidadão bater o BMW, gastar R$ 250 mil na oficina e operar o rosto no Hospital da Clínicas? Está certo precisar de um remédio importado e mover ação judicial contra o SUS, porque o advogado considera mais fácil ganhar do Estado do que enfrentar o departamento jurídico do plano de saúde?

Se a saúde pública do país vive momentos difíceis, o futuro poderá ser trágico. A faixa etária da população que mais cresce é a que já passou dos 60 anos. O Brasil fica mais velho e envelhece mal: 52% dos adultos estão acima do peso saudável, metade das mulheres e homens chega aos 60 anos com hipertensão arterial, perto de 12 milhões sofrem de diabetes –pelo menos um terço dos quais só descobrirá quando surgirem complicações graves.

O desafio é gigantesco. Somos obrigados a lidar com os problemas dos países ricos, antes de termos nos livrado das enfermidades do subdesenvolvimento: dengue, zika, tuberculose, malária e até hanseníase.

O aperto financeiro para tratar dos doentes que recorrem ao SUS é de tal ordem que não sobram recursos para investir em medidas preventivas. E o enfoque da saúde pública tem que estar na prevenção. Programas como o Saúde da Família devem ter prioridade absoluta e chegar às comunidades mais desprotegidas. Entre outras medidas, há que divulgar exaustivamente os cuidados preventivos pelo rádio, TV, internet e celular.

Em entrevista a Cláudia Collucci o atual ministro da Saúde chegou a sugerir que o SUS precisaria ser redimensionado. Diante da gritaria, parece que recuou. Não sei o que ele quis dizer com esse redimensionamento, mas foi pena haver recuado. A discussão viria em momento propício: se não há dinheiro para todos, que os estratos mais ricos da população cuidem da própria saúde e deixem o SUS para os que não têm alternativa. Não é lógico?

Está na hora de deixarmos de lado a hipocrisia utópica e o estrabismo ideológico de antigamente.




Aedes com zika é encontrado no Rio de Janeiro

30/05/2016 - IstoÉ


Se havia dúvidas da associação do vírus da zika com o mosquito Aedes aegypti, agora elas não existem mais. Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz identificaram mosquitos infectados com o vírus no bairro carioca do Realengo e em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. O método adotado pelos pesquisadores foi coletar, ao longo de dez meses, cerca de 1.500 mosquitos de diversas espécies no entorno e nas casas de pacientes que tinham tido sintomas de infecção pelo zika. Depois, por meio de análises genéticas e de uma técnica que isola as partículas do vírus, verificaram a presença do zika em quatro mosquitos. Foi a primeira vez que insetos infectados foram coletados na natureza. Agora, os cientistas podem aprofundar os estudos acerca da transmissão do vírus no Brasil, estimar o risco de propagação da doença e orientar as ações de controle.




Zika: qual o risco de ter um filho com microcefalia?

28/05/2016 - O Estado de S.Paulo


Para a maioria, a zika é uma doença inofensiva. Somente as mulheres grávidas correm riscos de complicações sérias. Seus filhos podem nascer com microcefalia. Por esse motivo, a questão mais importante é a seguinte: se, durante a gravidez, uma mulher for infectada pelo vírus da zika, qual a probabilidade de seu filho nascer com microcefalia? Até agora, só tínhamos uma resposta para essa pergunta: 0,95%. Se esse número for correto, 99,05% das mulheres grávidas infectadas pelo zika terão filhos normais. Esse número foi obtido estudando uma população de 270 mil pessoas que moram na Polinésia Francesa, onde se estima que 66% das pessoas foram infectadas pelo zika. Por lá foram detectados oito casos de microcefalia.

Mas será que esse número vale para o Brasil? Por aqui, até o dia 24, já foram confirmados 1.434 casos de crianças com microcefalia e outras alterações do sistema nervoso. É essa pergunta que um grupo de cientistas americanos tentou responder.

Em teoria, esse é um número fácil de obter. Basta acompanhar 1 mil mulheres grávidas infectadas pelo zika e 1 mil mulheres não infectadas. Após nove meses se verifica quantos casos de microcefalia aconteceram no segundo grupo, se subtrai esse valor do número de ocorrências no primeiro grupo e se calcula a porcentagem.

Fácil falar, difícil fazer. Primeiro, não é simples saber se uma mulher foi infectada pelo zika. A maioria das pessoas não apresenta sintomas. Já há testes para saber se uma pessoa foi infectada, mas é caro e não está disponível no sistema público. E mesmo que se aplique o teste agora, se ele for positivo isso não mostra que a mulher teve zika durante a gravidez. É possível que ela tenha contraído a doença antes ou depois e é quase impossível determinar em qual fase da gravidez. Também existe a dificuldade do diagnóstico da microcefalia, que tem muitas causas além do zika. Ou seja, medir o risco de uma mãe infectada durante a gravidez ter um filho com microcefalia exige a montagem de um estudo detalhado e caro. Vamos ter de esperar.

Mas então como os cientistas fizeram a estimativa atual? O raciocínio é simples. Você pega a população de um Estado (no caso, a Bahia). Assume que uma fração dessa população foi infectada durante o período de estudo (estimaram que entre 10% e 80% da população foi infectada pelo zika). Sabendo a porcentagem da população de mulheres que engravidam a cada mês, calculam quantas mulheres engravidaram no período. Assumindo que a fração das grávidas que contraíram zika é igual à fração da população que foi infectada (entre 10% e 80%), calculam o número de mulheres infectadas.

Aí usam o número de casos reportados de microcefalia no período (entre julho de 2015 e fevereiro de 2016), assumem que parte desse número pode ser de casos não confirmados (entre 0% e 50%) e dividem pelo número de mulheres grávidas infectadas pelo zika. Pronto, você obtém uma estimativa da fração das grávidas infectadas que tiveram filhos com microcefalia. Desse número você subtrai a estimativa dos casos de microcefalia que existiam antes do aparecimento do zika (no Brasil, esse número é desconhecido, mas deve estar entre 2 e 12 casos por 100 mil nascimentos). Essa conta resulta em um número entre 1% e 13%. Em outras palavras, entre 87% e 99% das mulheres infectadas darão à luz crianças normais.

É fácil perceber que os números usados nessa conta são intervalos e, portanto, o resultado também é um intervalo (1% a 13%). Ou seja, o risco deve ser maior que 1%, mas menor que 13%. O interessante é que o limite inferior do intervalo coincide com os dados da Polinésia.

Dado o pânico que se instalou no Brasil, essa é uma boa notícia. Caso uma mulher grávida for picada por um Aedes, ela corre o risco de pegar zika. Esse risco ainda é desconhecido, mas depende da incidência do vírus na população de mosquitos em cada região do Brasil. Se ela pegar zika, existe uma chance entre 1% e 13% de ter um filho com microcefalia. O número é alto, e a doença é séria, mas o risco está longe dos 100% ou mesmo 25% de chances que se imaginava no início da epidemia.




As mais graves doenças dos olhos

30/05/2016 - Correio Braziliense


O diagnóstico tardio e a falta de informação sobre o glaucoma ainda são os principais desafios do Brasil para conter o avanço da cegueira. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a complicação oftalmológica é a primeira causa de perda irreversível da visão no mundo — por ano, são registrados 2,4 milhões de novos casos. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) estima que 1 milhão de homens e mulheres sofrem com o problema e 70% nem sequer sabem que têm a doença.

“O aumento da expectativa de vida da população é um fator que contribui para o aumento do número de casos, desempenhando um papel importante na sua prevalência e incidência. Muito tem sido feito, mas, a despeito de todos os esforços empreendidos, o glaucoma continua cegando milhões de pacientes em todo o mundo. Portanto, muito há que se fazer”, alerta o presidente da SBG, Marcelo Palis Ventura.

Secretário-geral da SBG e oftalmologista do Centro Oftalmológico e do Instituto de Olhos Pampulha, ambos em Belo Horizonte, Emilio Suzuki cita uma pesquisa feita pelo Ibope em 2013 que ilustra a desinformação sobre o glaucoma no país. O levantamento, encomendado pela SBG, baseou-se na entrevista de mais de 2 mil pessoas de várias cidades. Mostrou que a maioria não sabia que o glaucoma era uma doença dos olhos e acreditava que a enfermidade tinha cura.

Por ser uma doença assintomática na fase inicial (veja infográfico), essa falta de informação é um perigo enorme para a população, dizem especialistas. O primeiro sintoma já é perda da visão periférica e, quando o paciente chega ao consultório com essa queixa, não é mais possível reverter o quadro, apenas frear a doença. Pesquisas indicam que cerca de 80% das pessoas com glaucoma só procuram o oftalmologista após sentir essas alterações.

Coordenador do Departamento de Glaucoma do Hospital de Olhos Rui Marinho, em Belo Horizonte, Marcos Vianello cita ainda outro dado alarmante em relação ao cuidado com a saúde dos olhos. “Pesquisa da SBG mostra que 40% dos brasileiros nunca foram ao oftalmologista e 20%, apenas uma vez. Os outros 40% visitam com certa regularidade o oftalmologista”, detalha o médico. Ele alerta que exames em óticas e nos departamentos nacionais de trânsito (Detrans) não podem ser considerados como uma análise completa da condição oftalmológico e pede para que toda a população exija, em uma consulta com o especialista, a medida da pressão ocular e o exame de fundo de olho. “O paciente deve cobrar do médico esses procedimentos”, afirma.


TRATAMENTO SIMPLES


Até que o paciente note alguma dificuldade de enxergar, ele pode ter perdido de 60% a 80% das fibras nervosas do nervo óptico. Apesar de não ter cura, o glaucoma tem tratamento simples e eficaz — em mais de 80% dos casos, consiste no uso diário de colírio, que tem por objetivo impedir a evolução da doença. “O diagnóstico precoce é a parte fundamental do manejo do glaucoma como um todo. Quanto mais cedo o paciente chegar ao médico, menos danos ele terá na visão”, afirma Emilio Suzuki.

O especialista explica que o primeiro sinal da doença é a pressão ocular aumentada, apesar de existirem casos de glaucoma com pressão ocular baixa. “O nervo óptico é uma estrutura muito delicada, responsável por fazer a ligação do olho com o cérebro. À medida que a pressão vai aumentando, vai corroendo o nervo óptico. Diferentemente de outros nervos, que provocam dor ao serem lesionados, as alterações no nervo óptico não provocam nenhum incômodo. Por isso, o glaucoma é assintomático”, diferencia. “Além disso, no nosso dia a dia, valorizamos muito a visão central. Como é a visão lateral que se perde primeiro em casos de glaucoma, pode ser que o paciente nem sequer perceba essa alteração no campo visual, mesmo em fases avançadas da doença.”

Segundo Marcos Vianello, quando a pessoa perde a visão periférica, ela não pode mais dirigir e, ao atravessar uma rua, por exemplo, corre o risco maior de ser atropelada. Além disso, começa a enxergar menos em ambientes pouco iluminados. O médico alerta que a sensação de enxergar bem não significa olho saudável e recomenda a ida ao oftalmologista uma vez ao ano a partir dos 2 anos de idade. “O glaucoma tem alguns tipos principais, como o congênito; ou seja, a criança já nasce com a doença”, justifica. Nesses casos, os principais sintomas são fotofobia, lacrimejamento excessivo e a parte escura do olho com aparência esbranquiçada. O tratamento deve ser imediato.

Há também o glaucoma juvenil, que atinge a população entre 5 e 15 anos. “O mais comum é o adulto, que está relacionado à pressão intraocular alta, mas acomete também pessoas com pressão intraocular normal. O glaucoma de ângulo fechado pode ocorrer de um dia para o outro. O paciente sente uma dor intensa e embaçamento da visão instantaneamente. É preciso tratar nos primeiros dias para que a lesão não seja irreversível”, detalha Vianello.

Segundo Emílio Suzuki, o exame de fundo de olho serve para mostrar a estrutura do nervo óptico. Outro procedimento utilizado para diagnosticar a doença é o de campo visual. “Trata-se de um teste que avalia a visão periférica lateral. Jogam-se pequenos estímulos na lateral para ver se o paciente consegue percebê-los”, explica o secretário-geral da SBG. Em consonância com o tratamento, pacientes diagnosticados com glaucoma devem fazer esses dois exames entre uma e duas vezes ao ano. Na maioria dos casos, o uso diário de um único colírio consegue interromper a evolução da doença. A rede pública de saúde distribui muitos dos medicamentos adotados no tratamento, antes considerados de alto custo.


40%

dos brasileiros nunca foram ao oftalmologista, segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Glaucoma.

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