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CRF-SP - Clipping de Notícias
 

CLIPPING - 25/04/2016

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

 

 
   

 

 

STF cobra explicações sobre fosfoetanolamina

23/04/2016 - O Estado de S.Paulo


O Supremo Tribunal Federal (STF) pediu para que a Presidência da República explique as motivações para a sanção do projeto de lei que libera o uso da fosfoetanolamina, a pílula do câncer, sem que o produto tenha registro sanitário. O governo tem cinco dias, a partir da última quarta-feira, para apresentar os esclarecimentos.

O pedido do STF é decorrente de ação movida pela Associação Médica Brasileira (AMB), que questiona a liberação da substância sem que ela tenha sido testada em humanos.




Vendas das redes superam as de lojas independentes

25/04/2016 - O Estado de S.Paulo


As grandes redes de farmácias ganharam espaço sobre as independentes nos últimos sete anos, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). A representatividade deste segmento em relação ao volume de vendas cresceu de 42% para 56% entre 2007 e 2015. Enquanto isto, as farmácias independentes encolheram de 55% para 30%. Os indicadores são do IMS Distribution Services, consultoria global do setor. O Brasil possui atualmente cerca de 70.400 farmácias, das quais 72% são representadas pelas independentes e 14% são ocupadas pelas grandes redes. As associadas à Abrafarma detêm 7% deste porcentual. Porém, representam 44,5% das vendas de medicamentos.




Medicamentos biossimilares

24/04/2016 - O Povo (CE) Online


A vida de Priscila Torres, de 35 anos, modificou-se por completo por volta dos 24 anos. Nessa idade, a auxiliar de enfermagem começou a sentir dores em todas as articulações, inclusive nos dedos. Pensou serem heranças do cansaço e da rotina. “Eu trabalhava em uma unidade de transplantes de medula óssea do SUS e comecei a ter dificuldades para fazer coisas simples, como segurar objetos. Um dia, perdi um material importante e isso acabou levando a um transtorno enorme”, relembra ela, que mora em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo.

Descobriu, então, que não podia mais ignorar o fato de ter uma doença, que poderia ser grave, e resolveu procurar ajuda. Antes disso, porém, se automedicava. “Tomava remédios contra as dores e elas não passavam”, conta Priscila. Após a ida a vários médicos e a realização de alguns exames, descobriu ter uma doença rara e crônica: artrite reumatoide, que acomete 0,5% a 1% da população mundial. No Brasil, a estimativa é que dois milhões de pessoas sejam afetadas.

Por ser uma doença crônica – portanto, sem cura até o momento – a medicação para o tratamento de Priscila deve ser tomada para o resto da vida. Pelo alto custo, os remédios são fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A esperança de baixar preço pode estar nos biomedicamentos similares. No entanto, diferente dos genéricos, eles não são idênticos às drogas originais.


O PRIMEIRO SIMILAR


“Não são idênticos, porque o processo de fabricação é diferente. São feitos a partir de outras proteínas que geram a mesma substância e possuem o mesmo efeito no tratamento que os medicamentos originais”, informa o médico Ricardo Garcia, pesquisador na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e membro-fundador do Centro Latino-americano de Pesquisa em Biológico (Clapbio). A produção do primeiro biomedicamento similar foi autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em outubro do ano passado. O laboratório Celltrion, empresa fundada na Coreia do Sul, recebeu o aval para a fabricação do biossimilar do infliximabe, para o tratamento da artrite reumatoide. No mundo, países da Europa, como a Dinamarca, já têm o aval de suas agências de regulação para fabricação do biomedicamento.

A vantagem está na possibilidade de baixar o preço do remédio biológico. O valor da droga original passa dos mil reais. Entretanto, é preciso cuidado. Os efeitos colaterais e reações adversas variam conforme a matriz usada pelo fabricante, por mais que resulte na mesma substância.

“É comum as pessoas alternarem entre o genérico e o original. No biomedicamento similar, isso não vai ser possível”, aponta Ricardo Garcia, explicando que a troca deve ser feita somente com autorização médica, inclusive entre o biomedicamento original e o similar. “É necessário ao laboratório realizar todos os testes com os biossimilares, com cada laboratório”, esclarece o médico.

É preciso, portanto, saber a diferença entre os medicamentos genéricos e os biomedicamentos similares.




A esperança de usar medicamentos com preço menor

24/04/2016 - O Povo (CE) Online


Tarefas simples, como subir degraus, agachar-se ou simplesmente ficar de pé são feitos homéricos para a consultora Rafaella Botelho, de 30 anos. Diagnosticada com artrite reumatoide desde os 15, ela, que também é publicitária e blogueira de moda, precisou reformar toda a casa em que vive com o marido, o empresário Eduardo Lima, 38, para se adaptar à doença. “Eu sou uma pessoa com deficiência, mas aparentemente sem nenhum sintoma visível. As pessoas têm ainda muito preconceito porque não entendem o quanto é prejudicial ter essa doença”, compartilha.

Rafaella endossa que sente os sintomas da artrite reumatoide desde os 10 anos. “Os médicos diziam que eram as dores do crescimento. Até que eu cresci e as dores não pararam”, conta. Se ficar sem tomar a medicação, Rafaella não consegue levantar-se da cama. O pilates e a fisioterapia ajudam a consultora a ter qualidade de vida. Porém, mais um desafio está por vir: o casal se prepara para ter um filho. E ela acredita que os biomedicamentos vão poder auxiliar nessa tarefa.

“Os medicamentos biológicos são muito caros. Poder baixar esse custo com os similares vai ajudar não só a mim, mas a muitas pessoas”, compreende. O marido aposta nessa ideia. “Com certeza vai encorajar outras pessoas a buscarem viver com qualidade, diz”.




Contra zika, governo vai entregar repelentes

23/04/2016 - Folha de S.Paulo


A presidente Dilma Rousseff editou decreto publicado no “Diário Oficial” da União, nesta sexta-feira (22), que institui um programa de proteção a gestantes de baixa renda contra o Aedes aegypti.

O objetivo da ação é distribuir repelentes contra o mosquito que transmite dengue, zika e chikungunya.

A medida ocorre quatro meses após o ministro da Saúde, Marcelo Castro, anunciar que o governo planejava a distribuição destes produtos como forma de evitar os riscos de infecção pelo vírus da zika, associado à ocorrência de microcefalia em bebês.

Na época, a ideia era distribuir o produto a todas as gestantes da rede pública.

“Entendo perfeitamente o pânico das gestantes”, disse Castro na ocasião.

Em janeiro, o governo recuou e definiu que a distribuição ocorreria para as grávidas cadastradas no Bolsa Família –a estimativa é que o programa atenda a cerca de 400 mil gestantes por ano.

Segundo o decreto, a implementação do programa deve ser feita pelos ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social. A definição dos produtos que serão adquiridos e a distribuição deve ficar a cargo da Saúde.

Questionado, o Ministério da Saúde não informou quando a distribuição deve ocorrer.

Em nota, a pasta diz que “o processo de compra está avançado, uma vez que o termo de referência foi discutido com o mercado”. Um edital para a aquisição de 3 milhões de litros de repelente será publicado em breve, informa.

O valor do investimento será de R$ 300 milhões.

Nos últimos meses, a negociação com os fabricantes sofreu impasses.

Um dos principais era o prazo, considerado curto pelas indústrias para dar conta da demanda.

Também houve reuniões para discussão de preços e do tempo médio de proteção com o uso dos produtos.

Ainda por meio de nota, o governo alega “já recomendar” o uso de repelentes para a proteção contra o Aedes e que essa não deve ser a única forma de evitar infecções.

“É importante que as gestantes adotem ainda medidas simples que possam evitar o contato com o Aedes, como se proteger da exposição de mosquitos, manter portas e janelas fechadas ou tela das, usar calça e camisa de manga comprida, entre outras”.

O ministério também publicou nesta sexta-feira portaria que cria um sistema de registro do atendimento às crianças com microcefalia.

A ideia é criar uma plataforma para que profissionais de saúde e gestores acompanhem resultados de exames com o diagnóstico.

 

 

 
 

Sexo: tudo está previsto nos genes?

24/04/2016 - O Estado de S.Paulo


Será que a idade em que um jovem começa a fazer sexo, o número de parceiros que vai ter na vida e até a felicidade que sente em seu dia a dia são informações que já estavam “escritas” nos genes? Dois grandes estudos divulgados nas últimas semanas investigaram o papel que a genética pode ter em nossas emoções e nossos comportamentos.

No primeiro trabalho, publicado na revista Nature Genetics, pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, avaliaram dados de 380 mil pessoas ao redor do mundo e encontraram cerca de 38 genes (sequências de DNA) associados ao comportamento sexual. Um deles (CADM2) é conhecido por estar relacionado a características de personalidade que envolvem assumir riscos e poderia influenciar o início mais precoce da vida sexual e um maior número de parceiros.

Em sentido oposto, um outro gene (MSRA), relacionado a uma personalidade mais irritável, parece retardar o início da vida sexual. Essas pessoas se tornariam, provavelmente, menos atraentes aos olhos dos parceiros. Em drosófilas (moscas de frutas), o mesmo gene também retarda o comportamento reprodutivo, mas, em compensação, faz com que as mosquinhas vivam mais tempo.

Curiosamente, outro dos genes que influenciaria no sexo está relacionado à cor dos cabelos e às sardas (MC1R). Assim, de acordo com cientistas, homens e mulheres ruivos iniciariam sua vida sexual mais tarde que pessoas com outras cores de cabelo. Sardas, nas mulheres, também adiariam o primeiro contato. As informações foram publicadas pelo jornal inglês Daily Mail.

Apesar de identificar alguns genes que poderiam, em teoria, influenciar no sexo, é bom lembrar que, no campo do comportamento humano, a genética é apenas um dos elementos que interfere em um determinado padrão. As influências sociais do grupo social (amigos, família) e questões econômicas e culturais têm um peso tão ou até mais importante na tomada de decisões.

Os genes poderiam funcionar como uma espécie de linha de base, que tornaria um comportamento ou atitude mais provável, mas eles não seriam os definidores finais do padrão. Aliás, esse é um mecanismo semelhante ao que acontece com doenças humanas e outros traços complexos. Nesses casos, um gene único tem, em geral, um efeito pequeno sobre o resultado final.

De acordo com os pesquisadores, a importância do trabalho é apontar que tanto genes que se relacionam à maturidade física mais precoce como aqueles que influenciam determinadas características de personalidade podem ter um peso no comportamento sexual dos jovens.

De qualquer forma, entender melhor como esse comportamento se orquestra poderia auxiliar tanto na elaboração de políticas públicas importantes em questões de saúde sexual do jovem, como gestação na adolescência, aumento de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e campanhas mais efetivas de prevenção, bem como na redução de seus impactos sociais como evasão escolar, desestruturação familiar, baixa renda, etc.


FELICIDADE, SIM!


Em outro artigo, também publicado na revista Nature Genetics, um consórcio de 190 pesquisadores de diversas universidades investigou dados de quase 300 mil pessoas de 17 países e localizou 16 variáveis genéticas que influenciariam a forma como as pessoas enxergam sua vida e a sensação de felicidade que podem ter.

Três dessas variáveis se relacionam com sensação de bem-estar, duas com sintomas depressivos e 11 genes estão associados a neuroticismo (traços de personalidade que fazem a pessoa ter uma leitura mais negativa da vida).

Aqui, novamente, os cientistas reforçam que os genes podem influenciar parcialmente nossa personalidade, mas são as interações sociais e culturais que produzem o resultado final, ou seja, felicidade pode até estar em nossos genes, mas é o ambiente que vai aumentar ou diminuir a chance de a gente se sentir de bem com vida!




Sanofi reestrutura operação no país para acelerar expansão

25/04/2016 - Valor Econômico


A farmacêutica francesa Sanofi está reorganizando suas operações no Brasil, em um esforço que envolve a integração das cinco empresas do grupo. O objetivo da simplificação da estrutura local é acelerar o crescimento das vendas e consolidar o laboratório, dono de marcas líderes como Dorflex e Dermacyd e tradicionais como Novalgina e Cepacol, no topo do ranking da indústria farmacêutica brasileira.

Nos últimos anos, a Sanofi perdeu a liderança do varejo total de medicamentos e de genéricos, mas segue melhor colocada - entre a segunda e a terceira posição - do que outras gigantes da indústria farmacêutica global, atropeladas no passado por laboratórios nacionais focados em genéricos. "Não queremos ser apenas o maior, mas o mais forte", afirmou ao Valor o diretor-geral do grupo, Pius Hornstein.

Há 15 meses no comando da Sanofi no país, o executivo suíço afirma que a nova estrutura vai conferir agilidade à tomada de decisões estratégicas e gerar sinergias com a integração de estruturas comuns da Sanofi Farma, maior operação do grupo no país, da Medley (de genéricos), da Sanofi Pasteur (vacinas), da Genzyme (doenças raras) e da Merial (de saúde animal). "Nosso ponto hoje é: como fazer o grupo mais forte do que as empresas individualmente", explicou.

Há pelo menos três anos o laboratório francês já lutava para encontrar um novo modelo de gestão no Brasil, em processo que levou à chegada de Hornstein à presidência local. Antes dele, entre o fim de 2013 e 2014, o então diretor-geral, Patrice Zagamé, detectou a falta de agilidade da empresa em responder às mudanças do mercado e problemas na etapa de fornecimento de seus produtos. O executivo, porém, permaneceu pouco tempo na operação local.

De origem francesa, Zagamé havia substituído Heraldo Marchezini no cargo. Com anos de casa, Marchezini estava à frente do grupo em 2009, quando foi anunciada a compra da Medley por R$ 1,5 bilhão. Mas foi desligado da Sanofi em 2013, ano em que a concorrente EMS assumiu a liderança em genéricos, com 31,07%, contra os 19,35% da vice-líder Medley.

Segundo Hornstein, há dois anos, a estrutura de fornecimento de medicamentos da Sanofi "não estava bem". O gargalo foi corrigido e o tempo para entrega acabou reduzido em mais de 50%, para menos de 10 dias em todo o país. "Cada empresa tinha a sua distribuição. O que fizemos foi unificar a logística", disse. Uma das iniciativas nessa área foi a construção de um novo centro de distribuição, em Guarulhos (SP), com 36 mil metros quadrados, inaugurado em novembro de 2015. Até 2020, esse centro receberá investimentos de € 200 milhões.

Já no segmento de genéricos, a visão do grupo francês é de que a Medley, hoje a terceira no ranking, permanece como marca forte, entre as mais lembradas pelo consumidor brasileiro. "Não precisamos jogar somente com preço e volume", disse Hornstein, referindo-se à prática comum de concessão de descontos elevados para aumentar as vendas em unidades desse tipo de medicamento. "Não buscamos 'market share'", acrescentou.

Inovação radical, por outro lado, está no foco da operação brasileira como ferramenta de impulso às vendas. Desde a chegada da insulina Lantus, conforme o executivo, não houve "grandes lançamentos" do grupo no país. Esse cenário mudará em breve, com o início da comercialização da Dengvaxia, vacina contra a dengue que já recebeu o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e aguarda a definição de preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). "Com inovação, é possível acelerar o crescimento", ressaltou Hornstein.

A Sanofi aposta ainda no sucessor do Lantus, o Toujeo, uma insulina basal de ação prolongada que pode ser aplicada apenas uma vez ao dia. A venda do medicamento foi liberada em dezembro pela Anvisa e o lançamento está previsto para este mês. Em três ou quatro anos, acrescentou o executivo, o grupo espera trazer ao menos quatro medicamentos biológicos novos para o mercado brasileiro.

No ano passado, em todo o mundo, a Sanofi registrou vendas de € 37,1 bilhões, e o Brasil manteve-se entre as dez maiores operações do grupo. Segundo Hornstein, as vendas no país, que não são divulgadas, cresceram em 2015 - no varejo, produtos maduros mostraram expansão superior à média. Para 2016, a expectativa é a de crescimento menor das vendas de medicamentos, influenciado pela crise econômica. "O mercado privado segue vigoroso e, para acelerar o crescimento é preciso incorporar medicamentos ao SUS", observou. "No longo prazo, vamos crescer acima do mercado com a inclusão [no SUS]".

No Brasil, o grupo francês pode produzir 400 milhões de unidades (caixas ou frascos) por ano e emprega mais de 5 mil pessoas. "Não nos vemos como franceses, mas como uma empresa brasileira", disse Hornstein, sob o argumento de que 95% dos medicamentos vendidos pelo grupo no Brasil terem produção local.




O mundo do Crispr

25/04/2016 - Folha de S.Paulo


Uma nova ferramenta de edição genética capaz de mudar completamente o mundo que conhecemos cada vez mais perde o rótulo de promessa e ganha o de “realidade”.

O nome da técnica é Crispr Cas 9 (lê-se crísper-cás-nove) e ela reúne características que surpreendem até mesmo os biologistas mais experientes e está para o genoma assim como um processador de texto está para as palavras e frases de uma redação.

Simplificadamente, agora é possível eliminar partes indesejadas do genoma —que causam doenças— e, se necessário, inserir novas sequências no local.

A taxa de sucesso, quantidade de células modificadas pela técnica, é muito maior que aquela de outras antigas, usadas em experimentos de terapia gênica, por exemplo.

Antes, eram oferecidos genes inteiros para células doentes na esperança de que elas os acolhessem e os incorporassem.

A maquinaria de edição do Crispr permite atuar diretamente no gene defeituoso, como um míssil teleguiado, atingindo um grande número de células-alvo.

Na técnica, a enzima Cas 9, uma nuclease, corta as duas fitas da dupla hélice do DNA, abrindo espaço para a inserção, se for o caso, de um novo trecho (veja infográfico).

Agora também é possível uma edição “sem corte” do DNA — útil para alterar uma única “letra” do genoma.

A novidade está na última edição da revista “Nature”.

Mutações de uma única “letra” causam doenças como anemia falciforme e aumentam propensão a alguns cânceres.

No caso da distrofia muscular de Duchenne, doença progressiva e letal, a técnica poderia beneficiar 80% dos pacientes, ao cortar fora um trecho “errado” do DNA das células musculares.

As possibilidades são infinitas.

Recentemente, cientistas mostraram, usando o Crispr, ser possível “empurrar” mosquitos vetores de doenças (como o anopheles, da malária e o aedes, da dengue e da zika) rumo à extinção ao favorecer a herança de genes letais entre as fêmeas. Outro exemplo icônico é experimento que extirpou o HIV de uma cultura de células humanas.

Para entender o possível impacto do Crispr e de outras futuras técnicas de manipulação genética, tem de se ter em mente que humanos, vacinas, agropecuária, vacinas —todo o mundo vivo ou que depende dele— estão na mira.

Células embrionárias podem ser modificadas para um bebê não ter fibrose cística, distrofia ou propensão ao diabetes e à obesidade.

Bactérias capazes de degradar de poluentes, como óleo, podem ser aperfeiçoadas.

Plantas com altíssima capacidade de sequestro de carbono (capazes de atenuar o aquecimento global) podem estar logo ali, alguns anos adiante.

Com relação à saúde, não é uma técnica que apenas eliminaria uma bactéria ou vírus, mas que teria potencial de arrumar tudo o que está “errado” na célula. Saber o que é “errado” envolve uma grande discussão bioética, porém.

Cientistas de várias partes do mundo estão em uma espécie de corrida armamentista para ver quem consegue ir mais longe como Crispr. Uma preocupação é quando o primeiro bebê-Crispr nascerá.

Houve até proposta de “trégua” na área, da cientista Jennifer Doudna, da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

A ideia de Doudna seria a de que houvesse diretrizes, ou, ao menos, um “guia de boas práticas ”para quem estivesse usando a ferramenta em células embrionárias humanas. No Reino Unido, por exemplo, já há pesquisas com embriões humanos coma finalidade de melhorar o desempenho da reprodução assistida.


DINHEIRO


O Crispr não é uma invenção humana e o acrônimo significa “repetições palindrômicas curtas agrupadas e regularmente inter espaçadas”. Originalmente, trata-se de um recurso utilizado por organismos unicelulares contra a invasão de vírus. A transformação desse conhecimento em técnica genética só ganhou importância no início desta década.

Doudner e sua colega Emmanuelle Charpentier iniciaram o processo de patenteamento em 2013, pouco antes de Feng Zhang, do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT)fazer o mesmo por uma via menos burocrática.

Zhang teve sucesso, e iniciou-se uma disputa institucional e pessoal para ver quem é o dono do Crispr. Dada a gama de possíveis aplicações, o potencial de exploração econômico da técnica é incalculável. O mundo ainda aguarda a decisão da justiça americana.

Por ora, já existem empresas explorando o potencial do Crispr e engordando a conta de Zhang. Só neste mês de abril, a Intella Therapeutics, joint venture da qual participa a farmacêutica Novartis, deve captar quase US$ 120 milhões em investimentos. Outra empresa, a Editas Medicine, levantou US$ 94 milhões em sua oferta pública inicial.

Mesmo com a briga judicial, provavelmente o risco do negócio vale a pena.




Estudo brasileiro descobre genes que evitam o câncer

25/04/2016 - IstoÉ


Estudo pioneiro no Brasil está publicado na conceituada revista "Nature Communications": foram identificados 182 genes no organismo humano que funcionam como "vigilantes" no "controle de qualidade" do DNA, podendo auxiliar dessa forma no diagnóstico de diversos tipos de cânceres - 98 desses genes nunca haviam sido descritos anteriormente. Um dos autores da pesquisa é o cientista Sandro de Souza, do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Segundo os pesquisadores, o câncer se desenvolve quando alguns desses genes responsáveis pela qualidade do código genético falha em sua função.




R$ 6 bilhões

22/04/2016 - IstoÉ Dinheiro


R$ 6 bilhões foi o faturamento alcançado pelas farmácias brasileiras no 19 bimestre de 2016, expansão de 14% sobre o mesmo período do ano passado.

 
 

A tentação do controle

22/04/2016 - Exame


Em janeiro de 2015,o governo declarou guerra à "máfia das próteses". O objetivo era combater um esquema fraudulento que envolvia fabricantes, hospitais, médicos e advogados na compra irregular desses aparelhos, que substituem partes do corpo ou são implantados para garantir o funcionamento de um órgão — como uma prótese ortopédica ou um marcapasso para o coração. Nesse mercado, o médico solicita uma prótese, o hospital compra e depois é reembolsado pelo governo ou pelo plano de saúde. Há casos de médicos que recebiam dinheiro para indicar determinada marca e aparelhos com sobrepreço de até 800%. Para combater o esquema, o governo tem buscado promover a transparência no setor e punir os culpados pelas falcatruas. Até aí, nada mais justo. O problema é que, mais uma vez, o governo cogita lançai- mão de uma política que já causou danos demais ao pais: o controle de preços.

Com a presidente Dilma Rousseff acuada pelo processo de impeachment, não se sabe até quando ela conseguirá preservar o cargo. Mas uma coisa é certa: Dilma deixará uma marca de intromissão nos mercados difícil de apagar. Em seis anos. a presidente mexeu na dinâmica dos mais diversos setores, desde energia teses é mais um para sua lista. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um grupo de trabalho — formado pelos ministérios da Saúde, da Fazenda e da Justiça e que funcionou em 2015 — defendeu a fixação de um teto para o valor de venda das próteses, assim como ocorre com os medicamentos. O Tribunal de Contas da União deu 60 dias, a partir de março, para a Anvisa apresentar um plano de regulação desse mercado. Procurada por EXAME, a Anvisa declarou que aguarda uma decisão final do governo sobre o tema.

A ideia de estabelecer um preço-Iimite para as próteses preocupa o setor. Segundo a Abimed, associação que reúne fabricantes de produtos para saúde, se o preço determinado for muito baixo, alguns dispositivos vão sumir do mercado. "Poderíamos também barrar novos lançamentos. Seriam menos 30 produtos por ano para o país", diz Oscar Porto, vice-presidente da americana Medtronic, fabricante de equipamentos médicos. Foi isso o que ocorreu no Japão. O país asiático adota um preço máximo defasado e, por isso, tem acesso a apenas metade dos aparelhos mais modernos produzidos nos Estados Unidos. Os planos de saúde também rechaçam o controle. De acordo com a Abramge, que representa os planos, os preços tenderiam a ficar no teto e não absorveriam os ganhos de produtividade ou a queda nas cotações dos insumos. além de desestimular a inovação.

O pessimismo das empresas não é à toa. A administração Dilma já interveio em mercados, mexeu em preços, desorganizou setores inteiros e causou prejuízos bilionários. O caso mais notório foi no setor de energia elétrica, Uma medida provisória de 2012 determinou que as geradoras que renovassem sua concessão de forma antecipada teriam de cortar suas tarifas em 20%. As grandes geradoras estaduais — a paulista Cesp, a mineira Cemig e a paranaense Copei — não aceitaram a proposta do governo federal. Com isso. a oferta de energia diminuiu. Para garantir o fornecimento, as distribuidoras tiveram de recorrer ao mercado de energia de curto prazo, cujos preços são mais altos. Segundo a consultoria Thamos, a bagunça trouxe uma conta de 67 bilhões de reais aos geradores, distribuidores e consumidores. Outro setor que sofreu com a intromissão do governo foi o de combustíveis. De 2011 a 2014. o governo pressionou a Petrobras a vender aqui combustível mais barato do que no exterior. Resultado: a estatal perdeu 70 bilhões de reais e agravou sua saúde financeira. O desastre respingou no mercado de etanol. cujo preço é atrelado ao da gasolina. De acordo com a Única, associação das produtoras de açúcar e etanol. 85 empresas fecharam em três anos e. hoje, as dívidas do setor chegam a 100 bilhões de reais.

Com tantos efeitos negativos, por que os governos insistem em controlar os preços? Um dos motivos é o lobby de grupos fortemente organizados. Em novembro de 2015, durante uma greve em 14 estados, os caminhoneiros queimaram pneus, bloquearam estradas e dificultaram o abastecimento das cidades. Na época, tramitava no Congresso uma proposta para regulamentar a atividade. Sob pressão, Dilma sancionou sem vetos a nova lei. Um dos dispositivos estabelece que quem contrata um frete deve pagar, no mínimo, 1.38 real por tonelada por hora quando a atividade de carga e descarga ultrapassar 5 horas. O governo impôs ao mercado um valor, que antes era negociado entre as partes, sem considerar suas particularidades. Cálculos da Abiove, associação das esmagadoras e exportadoras de óleo vegetal, mostram que cada hora excedente do caminhoneiro ficou trés vezes mais cara. o que aumenta os custos do agronegócio.

Em alguns casos, o controle de preços é adotado em nome de uma lógica social: assegurar que produtos essenciais, como água e remédios, sejam baratos. Movida muitas vezes por pura demagogia, essa prática tem um corolário indesejável: a concessão de subsídios para segurar artificialmente os preços. Como se sabe. a conta dos subsídios sempre sobra para alguém — o contribuinte. Além disso, é difícil o governo ser mais eficiente do que o próprio mercado. O Reino Unido controlou o preço dos aluguéis de imóveis de 1918 a 1989. Com o tempo, os proprietários deixaram de colocar casas para locação, pois os valores se tornaram pouco atraentes. A oferta caiu drasticamente e só voltou a subir depois que o governo liberou o valor do aluguel nos anos 90.

No Brasil, um quarto dos preços que entram na apuração do IPCA. índice oficial da inflação, é atualmente controlado. "Nos últimos anos, aumentou o uso do controle de preços para segurar a inflação", diz o economista Márcio Milan. da consultoria Tendências. O Brasil parece não ter aprendido com as lições do passado. Na década de 80, o governo tabelou preços para conter a inflação e viu sumir muitos produtos das prateleiras. Hoje. a Venezuela de Nícolas Maduro é um exemplo do risco dessa política. Por lá. faltam itens básicos, como arroz, fralda e até papel higiênico. O remédio, nesse caso. se torna pior do que a doença.




É asma mesmo?

22/04/2016 - IstoÉ


Uma pesquisa recém-divulgada acionou um alerta entre pais e médicos responsáveis pelo tratamento da asma em crianças. Feito na University Medicai Centre, na Holanda, o trabalho mostrou que a maior parte dos diagnósticos realizados entre pessoas de seis a dezoito anos estava errado e os jovens eram tratados de uma doença que não tinham. Os cientistas investigaram 4.960 crianças e adolescentes, entre os quais 652 tinham recebido diagnóstico. Após análise mais profunda, verificou-se que apenas 105 de fato manifestavam comprovadamente a enfermidade. Em outros 151 havia suspeitas, que precisavam ser provadas, e 396 definitivamente não tinham asma. "Há erros enormes de diagnóstico", disse à ISTOÉ a pesquisadora Ingrid Looijmansvan der Akker, coordenadora do estudo.

No Brasil, não se sabe ao certo qual é a situação. "Não temos dados científicos nacionais do mesmo tipo para afirmar que aqui também há excesso de diagnóstico, mas isso pode acontecer, principalmente nas crianças menores", afirmou o médico Eduardo Costa, coordenador da comissão de Asma da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia. Em menores de seis anos, não é possível realizar um exame comprovatório (espirometria).

"Até essa idade, o diagnóstico é baseado no quadro clínico. Porém, muitas afecções respiratórias podem ser confundidas com a asma nos primeiros anos de vida", disse o especialista. Sintomas de doenças cardíacas e pulmonares, como a fibrose cística e malformações do coração, também são parecidos com os da doença (falta de ar, chiado e tosse persistentes).

A asma inflama as vias que levam o ar para dentro e fora dos pulmões. Se não tratada, pode ter complicações sérias. "Os pacientes estarão sujeitos a exacerbações de gravidades variáveis, até com risco de morte", afirma Costa. Porém, se apontada em casos nas quais não existe, leva ao tratamento desnecessário. A criança corre o risco de sofrer os efeitos colaterais dos corticoides orais (obesidade e retardo de crescimento) e dos inalados (candidíase oral e rouquidão). É por isso que o diagnóstico deve passar por um processo criterioso. "A avaliação clínica deve ser baseada no tipo e padrão de recorrência dos sintomas, associada à história familiar de casos e/ou outras doenças alérgicas", diz Costa. Em casos nos quais a dúvida persiste é preciso recorrer ao teste terapêutico. "Trata-se a doença como se fosse asma por duas ou mais semanas e avalia-se se houve resposta clínica e funcional."




Novo olhar sobre o câncer

22/04/2016 - Carta Capital


Sobre o câncer, certezas de passado muito recente estão se modificando, com enorme impacto no diagnóstico e no tratamento dos pacientes. Há poucos dias. um estudo publicado na prestigiosa revista científica Jama teve repercussão mundial tanto nos meios médicos quanto na imprensa leiga. Liderado pelo doutor Yuri Nikiforov, professor de Patologia da Universidade de Pittsburgh, uma equipe internacional de 27 especialistas, incluindo o doutor Venancio Alves, professor da USP e chefe de Patologia do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, redefiniu um grupo de tumores de tireoide como não maligno.

O impacto dessa pesquisa foi tão grande pela possibilidade de evitar o rótulo e a inconveniência de pacientes serem tratados agressivamente por tumores com mínimo potencial agressivo. Conversamos com o doutor Venancio sobre essa nova era da patologia na oncologia mundial.

Carta Capital: Qual a perspectiva desse estudo para o futuro?

Venancio Alves: O grupo multidisciplinar de especialistas responsáveis por esse trabalho ressalta a importância de estudos futuros para a validação de achados em nível internacional mais amplo. O próprio tratamento cirúrgico dessas lesões poderá ser menos extenso (tirar parte da tireoide e não sua totalidade),

evitando-se também a aplicação de iodo radioativo na maioria dos casos, impedindo sérios efeitos colaterais potenciais.

CC: O que mudou na patologia recentemente que a tornou fundamental em câncer?

VA: Essa publicação na Jama exemplifica o novo papel da patologia na atual era de abordagem multidisciplinar ao diagnóstico e ao tratamento de tumores malignos. A identificação de lesões pequenas, tanto por métodos de imagem como por endoscopia, permite agora a retirada de amostras de células isoladas (citopatologia) ou de fragmentos de tecido (histopatologia) ainda em fase muito precoce, permitindo tratamentos mais conservadores e mais curativos. O pato-logista assume papel essencial na seleção de casos em que o padrão morfológico exige a complementação do estudo por métodos moleculares mais sofisticados. Assim, a partir de pequena amostra de parte mais representativa de um câncer, o patologista seleciona a análise molecular, integrando os resultados de modo a gerar conclusões úteis para decisões terapêuticas por clínicos e cirurgiões.

CC: Quais as principais inovações tecnológicas da Anatomia Patológica e seu novo papel na era de altos custos do tratamento de câncer?

VA: A patologia morfológi-ca quantitativa e a patologia molecular são aspectos centrais da nova oncologia. Amostras processadas em condições mais próximas do ideal e a automação do preparo preciso das biópsias oferecem condições para o aumento substancial na velocidade e no controle da qualidade dos exames.

A digitalização de imagens e os novos softwares de apoio à análise pelo patologista agilizam e aumentam a precisão da quantificação e da seleção de moléculas de interesse em cada componente do tecido representado na análise.

As novas técnicas de sequenciamento gênico, mais rápidas, de alta precisão, permitem agora a análise simultânea de muitos eventos genéticos. Sua compreensão no contexto clínico-patológico tem se mostrado muito promissora na seleção de novas e eficazes estratégias de tratamento.

CC: Por exemplo, na introdução da imunooncologia em câncer?

VA: Exatamente. O estudo da resposta imunológica do paciente aos tumores já começa a explicar o comportamento clínico extremamente variado de cada paciente diante das doenças. Novos medicamentos já ficaram disponíveis na rotina, nos últimos meses, graças ao intenso estudo patológico dos tumores malignos.

Todos esses avanços já começam a demonstrar que novos investimentos relativamente pequenos nesta abordagem multidisciplinar, na qual a patologia é um elemento central, permitem análises conclusivas, selecionando as condições em que os novos alvos moleculares da terapia individualizada são otimizados, reduzindo a exposição de pacientes a riscos de efeitos colaterais muito danosos e prevendo o melhor benefício do uso de medicamentos de alto custo.




A microcefalia dispara

22/04/2016 - Época


O número de casos confirmados de microcefalia cresceu 4,9% em uma semana ejá chega a 1168. Entre os casos confirmados, 192 são de bebês que tiveram resultado positivo para o vírus zika.




Cuidados com o H1N1

25/04/2016 - Veja


O infectologista e professor da Unifesp Celso Granato esclarece em vídeo como se prevenir contra a gripe causada pelo vírus H1N1 e quando é preciso procurar ajuda médica. Neste ano o surto começou mais cedo, e a doença já matou, até o dia 9 de abril, 153 pessoas em todo o pais, de acordo com o Ministério da Saúde. Segundo o médico, no entanto, não há evidências de que essa epidemia seja mais grave do que as anteriores. "A adesão à vacina foi baixíssima no ano passado", explica. "As pessoas estão desprotegidas, mas um quadro negativo é algo excepcional. Não há necessidade de sair correndo para o hospital."




Plantão Médico: A gestante cardíaca e a febre reumática

23/04/2016 - Folha de S.Paulo


Um grande perigo para futuras mães e seus bebês é a presença do vírus da zika transmitido pelo aedes. Por outro lado, para gestantes cardíacas, também há perigo, apesar dos avanços no tratamento das doenças do coração.

A cardiopatia é a primeira causa de morte materna não obstétrica, assinalam a médica Luciana C. Martins e colaboradores da UFMG em artigo nos "Arquivos Brasileiros de Cardiologia" deste mês, ao abordar a cardiopatia reumática nas gestantes.

Em 132 gestantes cardiopatas avaliadas, a cardiopatia reumática foi a doença cardíaca mais prevalente (62%). Complicações frequentes foram descompensação cardíaca em 11,4% e arritmias em 6,8% das pacientes.

Estudo realizado no Instituto do Coração da FMUSP com mil casos de gestantes cardíacas pela médica Walkiria S. Avila e colaboradores encontrou cardiopatia reumática em 55,7% e doença congênita cardíaca em 19,1% das pacientes, entre outros problemas. Entre os eventos observados, 12,3% das gestantes apresentou insuficiência cardíaca e 6% arritmia. A pesquisa registrou 2,7% de mortalidade materna; e 13% de bebês prematuros.

A cardiopatia reumática é uma das complicações da febre reumática decorrente de infecção na garganta por bactéria. A infecção, que pode lesar as válvulas cardíacas, é frequente em adolescentes. A atividade sexual precoce e a gravidez prematura destacam a necessidade de atenção para as infecções da garganta nessa faixa etária.




Mosquito e crise pressionam gastos com saúde

24/04/2016 - O Estado de S.Paulo


O Hospital da Restauração, em Recife, tem números superlativos. Trata-se da maior instituição hospitalar das regiões Norte e Nordeste. Tem 830 leitos. Realiza mais de 1 milhão de atendimentos ambulatoriais por ano. Entre 2011 e 2013, seu faturamento aumentou de R$ 3,2 milhões para R$ 9 milhões, com a ampliação de atendimentos mais complexos. Mas a demanda avança numa velocidade muito maior.

Pelo porte, tornou-se refúgio de famílias que estão perdendo emprego e, junto, os planos de saúde. Houve aumento de 20% no atendimento, com pressão sobre os custos, que não é coberta na mesma velocidade pelos repasses da União e do Estado, ainda mais num momento de queda expressiva de arrecadação.

“Desde 2014, estamos com déficit – o ano vira e são 20% no vermelho – e não conseguiremos sair dele em 2016,o que é muito ruim, porque até os processos licitatórios têm pregões desertos, por falta de interesse dos fornecedores que temem não receber”, diz Miguel Arcanjo dos Santos Júnior, diretor do HR. “Seria preciso um aumento de 50% no volume de recursos para a instituição respirar.” Como se não bastasse os efeitos da crise econômica, Pernambuco pena com uma crise sanitária. Foi acometida por surtos de novas viroses transmitias pelo Aedes aegypti. A tradução, ao pé da letra, para o nome do mosquito é “odioso do Egito”. Há quem o chame, logo de uma vez, de praga do Egito, numa alusão direta aos estragos que a criatura é capaz de produzir desde a sua identificação no século 18. Foi o transmissor de epidemias de febre amarela, por exemplo.

No Nordeste, mais especialmente em Pernambuco, ele passou a transmitir a zika. Na África, onde se originou, a virose tem sintomas leves. No Brasil, porém, proliferou uma variante mais agressiva do vírus, em especial para os fetos durante a gestação, provocando microcefalia nos bebês. Cerca de 75% dos casos confirmados de microcefalia por zika estão em Pernambuco.

A pediatra Danielle Cruz, coordenadora do Laboratório de Microcefalia do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, consegue fazer de cabeça o quadro de especialistas que será preciso reforçar o atendimento das crianças com microcefalia: neurologista, fonoaudiólogo, oculistas, fisioterapeuta, ortopedista, nutricionista, dentista e, isso, claro, sem falar nos equipamentos para exames e remédios. Muitos remédios. Alguns com valores inacessíveis para boa parte dos pais dessas crianças. Um exemplo. À medida que os bebês estão crescendo, passam a ter convulsões. Um dos remédios utilizados no tratamento é o Sabril, cuja caixa com 60 comprimidos custa cerca de R$ 280.


APERTO


A alta dos gastos precisa ser acomodada num orçamento apertado.

Os recursos para a Saúde no Estado, neste ano, somam R$ 4,1 bilhões. Pernambuco negociou com o governo federal para que, ao contrário do que ocorreu em outros Estados, não tivesse corte nos repasses. Emergencialmente, conseguiu um repasse de R$ 2,2 mil para cada caso de criança notificada com microcefalia. Houve também a contratação de 2.560 novos médicos,de diversas especialidades para fortalecer atendimento. “Nossa maior preocupação agora é com a Chikungunya: não pode faltar medicação para dor”, diz Cristina Mota, secretária de Atenção à Saúde.


CHIKUNGUNYA É O SURTO DO MOMENTO


Tem mais de 15 mil casos notificados. O nome é autoexplicativo no idioma de origem. Significa “aqueles que se dobram”. Provoca fortes dores nas articulações, que podem persistir por um, dois anos. Os doentes permanecem semanas de cama. Para piorar, em alguns, o sistema imunológico, na tentativa de se defender o corpo da doença, ataca as terminações nervosas, fazendo que a doença evolua para outra enfermidade, a Síndrome de Guillain Barré, que pode levar à paralisia dos membros e da face. Em 2014, foram 45 pacientes com Guillain-Barré. Em 2015, mais que dobrou, indo a 105 casos.

Apenas no primeiro trimestre já foram mais 45 casos. O tratamento por paciente prevê aplicações de imunoglobulina durante uma semana, ao custo de R$ 26 mil, cobertos pelo SUS.

Segundo a médica Maria Lúcia Brito, chefe do Setor de Neurologia do HR, que até este mês concentrou o atendimento à doença, a tendência dos custos é aumentar: “Não param de chegar pacientes”, diz ela.

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