Efeito placebo é ótimo e deveria ser mais explorado, diz acupunturista
20/04/2016 - Folha de São Paulo
Efeito placebo é bom e todo mundo gosta –ou deveria gostar. Esse é o lema do médico Dirceu Sales, acupunturista e homeopata.
Ele é presidente do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura e professor da Residência em Acupuntura do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco.
Para Sales, o efeito placebo –resultado positivo gerado pela expectativa ao tomar um medicamento ou a se submeter a um tratamento– é parte do resultado da acupuntura, junto com os efeitos reais da técnica que já foram comprovados em estudos científicos. E tem sido mal aproveitado pelos médicos.
"Quem estuda o efeito placebo indica que, em vez de o paciente tomar uma droga uma vez ao dia, use três vezes. Na homeopatia, pode até usar de hora em hora", diz.
Ele, que também tem formação na área de dor e de psiquiatria, é categórico ao afirmar que a acupuntura é muito boa para a dor, mas não vai ajudar alguém a largar o vício em álcool ou a emagrecer. "Se fosse fácil assim, toda a classe médica era magra".
Sobre a homeopatia, Sales diz ficar chateado ao ver que, em comparação com a acupuntura, houve quase nenhum incremento no corpo de conhecimento científico que dá suporte à área de atuação.
As razões disso seriam históricas e da própria natureza da homeopatia, que, segundo ele, encontra quase nenhuma base na física, química e biologia.
Leia abaixo trechos da entrevista que o médico Dirceu Sales deu à Folha.
Ainda existem dúvidas na comunidade científica de que a acupuntura funcione?
Claro que há muitos trabalhos que dizem que não funciona. Se colocarem a agulha sem penetrar ou não derem o estímulo adequado, não funciona ou funciona pouco. A acupuntura tem muitos vieses. Tem vários estudos que comparam placebo com acupuntura, e o placebo ganha. Outros comparam placebo e fluoxetina (Prozac), e o placebo ganha. E assim por diante, até comdrogas antigas.
Sabe por que o placebo ganha? Porque ele é ótimo. O placebo é espetacular. Não é "sugestão". Quando você toma seu comprimidinho acreditando nele, um dos mecanismos estimulados é o mecanismo inibitório da dor. O seu organismo entende aquilo como uma informação benéfica, interpreta aquele sinal e codifica uma resposta em cima do que você quer. Se a acupuntura for igual ao placebo, ótimo.
Grandes estudos, como revisões sistemáticas, viram efeitos limitados da acupuntura.
Depende de quem faz. O corpo de informações científicas da acupuntura cresce a cada dia. Houve estudos americanos que tentaram ver se a acupuntura funciona. Eles se reuniram e estudaram o ponto pericárdio 6 [no antebraço, próximo ao punho] para náusea e para vômitos. Os resultados foram favoráveis, mesmo os pesquisadores sendo ortodoxos. O ponto passou a ser indicado para tratamento pósquimioterápico.
Sou homeopata, mas se você me perguntar se homeopatia tem evidência científica, não tem. Se você me perguntar se funciona, eu vou dizer que sim, que eu faço.
Mas se funciona, por que não há evidências?
A história da homeopatia diz que ela age em cima de uma modulação funcional da própria água, que ativaria uma energia vital, o que seria feito por agitação. Samuel Hahnemann [alemão que criou a homeopatia no séc. 19] começou a investigar as substâncias brutas que causavam determinados sintomas. Se tratadas homeopaticamente, ou seja, diluindo, agitando, elas curariam.
Essa ação, de alguma forma, traria alguma informação molecular para a água.
Se um laboratório analisar um remédio homeopático vai encontrar água, álcool ou açúcar.
O campo de estudo da homeopatia seria um outro que, a nossa ciência, como está estruturada, não consegue estudar. A acupuntura levou uma vantagem: quem estudava dor se interessou e isso deu um incremento enorme para a área. A homeopatia para dor não serve para nada. A homeopatia não encontrou um gancho na pesquisa e ainda está engatinhando.
Em comum, a homeopatia e a acupuntura se baseiam em uma corpo filosófico próprio. Queria saber como o sr. pensa quando faz acupuntura: da maneira tradicional chinesa ou da maneira ocidental?
Penso da forma tradicional. Estamos em 2016, imagine 5.000 anos atrás. A teoria do yinyang foi avançadíssima para a época. Naquele tempo, as curas eram sobrenaturais, com xamãs, deuses e espíritos. O símbolo do taoismo diz que nada é totalmente yin nem yang, e o universo está em permanente mutação. A desvirtuação aconteceu quando a acupuntura chegou na França e depois no Brasil.
Era tão ridículo que tinha gente que, para fazer acupuntura, tinha que tirar o sapato, a meia, para não mexer com a energia do consultório. Quando mais místico o sujeito era, mais clientes ele tinha. O cara colocava a agulha e segurava para passar a energia dele para a pessoa... Tem que acreditar? Tem que acreditar nada. Acupuntura não é religião. Os resultados são tão palpáveis que não dá mais para questionar.
Qual o critério para usar remédio, acupuntura ou homeopatia?
Se tem uma dor que eu posso tratar com acupuntura, por que fazer um tratamento farmacológico com todos os seus potenciais efeitos negativos? Qual o melhor remédio para enxaqueca? Amitriptilina. Mas ela dá constipação, arritmia... Eu guardo para uma segunda instância.
Tem que combinar com o paciente o tratamento. Aquela coisa do médico todopoderoso é uma cretinice. Também dá para combinar os tratamentos. O problema é que alguns médicos não fazem direito nem um nem outro.
O tratamento de acupuntura envolve escutar a história, olhar a língua. Esse cuidado já não traz uma melhora?
A maneira de tratar da acupuntura tem um grande efeito terapêutico, que é enriquecido com uma base mais humana, respeitosa e abrangente. O ato de examinar, conversar mais, ficar meia hora com as agulhas, tudo é efeito placebo. Imagina um paciente chega com dor, irritado. Não conseguiu parar o carro, pega uma secretária mal educada, ouve notícias na TV... Tudo isso piora o atendimento.
Você sente, na prática diária, falta de um corpo científico mais sólido dessas áreas?
Na homeopatia, sim. Se você me perguntar, tenho que dizer que não há evidências. Na acupuntura, não. Já senti no passado. Não era só falta de evidência, era preconceito. A maioria dos que falam mal nunca leu nada.
Sobre os pacientes, eles só querem uma técnica que funcione. Se não der certo, você é um médico ruim.
Incomoda mais isso quanto à homeopatia?
Incomoda. Eu terminei minha formação em 1983, e sempre sonhei com isso [evidências científicas], tanto que busquei pesquisas dos professores franceses. Sempre que saía uma evidência eu ia atrás. Fiquei chateado que não aconteceu o mesmo que aconteceu com a acupuntura.
Remédios sobem e economistas preveem alta da prévia do IPCA
20/04/2016 - Valor Econômico
Depois de surpresas favoráveis ao longo de março, economistas avaliam que a inflação voltou a acelerar na primeira quinzena de abril, principalmente por causa da resistência dos preços de alimentos e bebidas e do reajuste concedido aos medicamentos no período. Segundo a estimativa média de 20 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,48% neste mês, após alta de 0,43% no IPCA-15 de março.
As projeções para a prévia da inflação oficial, a ser divulgada hoje pelo IBGE, vão de aumento de 0,42% até 0,57%. No acumulado em 12 meses, porém, a expectativa é de continuidade da desaceleração do IPCA-15, de 9,95% em março para 9,32% nesta leitura.
Segundo Luis Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, o que deve levar o índice de preços a acelerar para 0,48% nesta primeira quinzena do mês são, novamente, os alimentos. "Ao contrário do que se esperava, a alimentação ainda não está cedendo", diz ele.
Em suas contas, esse grupo avançou 1,1% no IPCA-15 de abril, depois de ter marcado alta de 0,77% na prévia de março. Para Leal, é difícil argumentar que essa aceleração tenha relação com fatores climáticos, já que abril foi um mês bem mais seco. "Pode ser algo relacionado ao repasse de custos, por exemplo. A tendência é que nos próximos meses os alimentos comecem a desacelerar, a questão é quando e quanto", comenta.
Outro grupo que deve pressionar o IPCA-15 é saúde e cuidados pessoais, devido ao reajuste de até 12,5% dos medicamentos. Segundo Márcio Milan, da Tendências Consultoria, esse deve ter sido o principal fator a explicar a aceleração do índice de preços na passagem mensal. O economista estima alta de 0,55% do IPCA-15 neste mês.
Em suas contas, o grupo saúde e cuidados pessoais deve passar de alta de 0,7% no IPCA-15 do mês passado para um aumento de 1,3% agora. "Esses são os primeiros impactos do reajuste dos remédios, que foi um pouco maior do que se antecipava e cujos efeitos devem se estender até meados de maio", diz.
Nas contas do Itaú, o grupo saúde deve responder por 0,13 ponto percentual da alta de 0,48% projetada para o IPCA-15 no período. O impacto só será inferior ao dos alimentos e bebidas, que devem responder por 0,26 ponto percentual da variação mensal do indicador.
Para Leal, do ABC Brasil, a inflação só não vai acelerar mais por causa da redução dos preços de energia elétrica e de comunicação. No primeiro caso, a mudança para bandeira verde em abril, que zera a cobrança adicional na conta de luz em vigor desde o início do ano passado, deve contribuir para manter o grupo habitação em deflação.
Já a redução de 22% nas tarifas de ligação da telefonia fixa para móvel, que já levaram o grupo comunicação a recuar 0,51% na prévia de março, devem manter o grupo em baixa. Nos cálculos de Milan, da Tendências, o grupo deve recuar 1% nesta leitura.
Como os efeitos dos reajustes de medicamentos devem ganhar força ao longo do mês, enquanto se dissipam os impactos dessa queda de tarifa, o mais provável é que o IPCA acelere mais um pouco até o fim de abril, mas dentro da sazonalidade, diz Milan. "O que era anormal eram as taxas observadas no início do ano", afirma.
Para Leal, apesar das pressões recentes, é provável que a inflação continue a perder força no acumulado em 12 meses. Nesta leitura, diz, o índice deve desacelerar para 9,3%. Até o fim do ano, afirma, a inflação deve cair mais 2 pontos percentuais, com viés de baixa, para 7,3%. Apesar da projeção acima da média do mercado, Leal sugere cautela. "Prefiro esperar para ver como vai se comportar o câmbio e qual vai ser a intensidade da desaceleração dos alimentos", diz.
Mercado Aberto: Venda e aplicação de vacinas em farmácia só terão regras em um mês
20/04/2016 - Folha de S.Paulo
Dentro de, no máximo, um mês, a Anvisa deverá publicar uma nota técnica para deixar mais claras as regras que autorizam farmácias a vender e aplicar vacinas, segundo a agência reguladora.
A Abrafarma (associação do setor) diz não ter um cálculo para o mercado em potencial que poderá ser aberto com o novo texto, mas observa uma demanda reprimida no Brasil. A entidade contabiliza 70,4 mil farmácias no país.
"Sem dúvida, seria uma nova fronteira de negócios", afirma Sérgio Mena Barreto, presidente da entidade.
Uma portaria, de agosto de 2000, já prevê a vacinação em drogarias, mas, na prática, inviabiliza a atividade, pois as regras se contradizem com as leis de controle sanitário que regulamentam o setor, afirma Barreto.
"Uma das exigências é que haja um consultório médico no local, o que é proibido. É uma norma frágil, elaborada para clínicas particulares."
A entidade se queixa da lentidão para criar um texto específico à farmácias.
Segundo a Anvisa, é preciso garantir a qualidade do serviço em escala nacional.
O principal efeito da ampliação da atividade deverá ser a queda dos preços, afirma Barreto. No caso da vacina contra o vírus H1N1, clínicas com preços abusivos têm sido notificadas pelo Procon. "Quanto mais postos, maior a concorrência."
Mandado de segurança de médicos contra lei da pílula do câncer é arquivado pelo STF
20/04/2016 - O Estado de S.Paulo
O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou ontem o arquivamento do Mandado de Segurança interposto pela Associação Médica Brasileira (AMB) contra a lei, sancionada na semana passada pela presidente Dilma Rousseff, que autoriza o uso da fosfoetanolamina sintética, a chamada “pílula do câncer”.
O ministro Celso de Mello, relator do processo, determinou o arquivamento por considerar que o mandado de segurança não é o instrumento jurídico apropriado para fazer esse tipo de avaliação.
A AMB aguarda ainda a avaliação de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), proposta na sexta-feira, sobre o mesmo tema.
J&J vende mais medicamentos e menos produtos de consumo no trimestre.
20/04/2016 - Valor Econômico / Site
A fabricante de produtos farmacêuticos, de higiene e cuidados pessoais Johnson & Johnson (J&J) registrou no primeiro trimestre de 2016 lucro líquido de US$ 4,292 bilhões, leve queda de 0,6% em relação aos US$ 4,32 bilhões apurados em igual período de 2015.
Na mesma base de comparação, as vendas cresceram 0,6%, subindo de US$ 17,374 bilhões um ano atrás para US$ 17,482 bilhões no período de janeiro e março de 2016.
A empresa, dona das marcas Tylenol, Neutrogena, entre outras, apurou um incremento de 0,9% para o custo dos produtos vendidos, que atingiu US$ 5,329 bilhões.
Em relatório de administração, a J&J informou que, excluindo eventos e itens não recorrentes, o lucro por ação no primeiro trimestre de 2016 teria sido de US$ 1,68, crescimento de 7,7% ante o ganho por ação apurado entre janeiro e março de 2015. O lucro por ação reportado foi de US$ 1,54.
O segmento de negócios que teve melhor desempenho foi o farmacêutico, com crescimento de 5,9% nas vendas. Já os produtos de consumo tiveram queda de 5,8%.
Entre as regiões de mercado, a J&J aumentou as vendas em 7,2%, mas teve quedas nos mercados internacionais de 6% — em especial, por causa do efeito cambial, uma vez que o dólar se valorizou ante as demais moedas do mundo.
No relatório de administração, a J&J elevou as projeções — “guidance” — do lucro líquido no exercício de 2016, para uma faixa entre US$ 6,53 e US$ 6,68 por ação, acima da faixa anterior, entre US$ 6,43 e US$ 6,58 por ação. Para as vendas, as previsões foram elevadas para um patamar entre US$ 71,2 bilhões e US$ 71,9 bilhões, de US$ 70,8 bilhões e US$ 71,5 bilhões, antes.
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