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CLIPPING - 27/07/2015

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

Alzheimer – Novos remédios contra o esquecimento

26/07/2015 - Portal Via Comercial


Com o avanço da idade, algumas pessoas começam a perder a memória, têm dificuldades de resolver problemas ou fazer julgamentos e alguns perdem a capacidade de falar. Todos esses são sintomas do mal de Alzheimer. Até agora, os cientistas não têm tido muito sucesso nas tentativas de curar a doença. Alguns medicamentos disponíveis, como Namenda e Aricept, podem aliviar alguns sintomas, mas não são capazes de impedir a progressão da doença.

Segundo estimativas, de 20 a 35 milhões de pessoas sofrem de Alzheimer no mundo. De acordo com as Nações Unidas, o número deverá chegar a 150 milhões em 2050, acompanhando o aumento da média de idade mundial.

Há um bom tempo, pesquisadores vêm tentando tratar a doença na sua origem. Empresas da indústria farmacêutica, como Eli Lilly, Biogen e Roche, já divulgaram estar trabalhando em novas drogas. Nesta quarta-feira (22/07), a própria Eli Lilly anunciou um novo medicamento durante a Conferência Internacional da Associação do Alzheimer, realizada em Washington.

Batalha contra os beta amiloides

Os novos medicamentos têm como alvo os beta amiloides, placas de proteína que se alojam no cérebro, deteriorando os neurônios e comprometendo o sistema nervoso. Muitos cientistas acreditam que aí está uma das maiores causas do Alzheimer. Através da corrente sanguínea, esses novos medicamentos enviam anticorpos para o cerébro, combatendo as placas de amiloide.

“Se os pacientes forem tratados cedo e durante o tempo necessário, isso poderá ajudar a estabilizar a perda de memória de algumas formas”, diz Christian Haass, diretor do laboratório de pesquisa em doenças neurodegenerativas da Universidade Ludwig Maximilian, em Munique.

Os seres humanos produzem amiloides no cérebro durante a vida. “É por isso que o risco é alto para todo mundo”, explica Haass à Deutsche Welle. “Normalmente, existe um mecanismo de limpeza no nosso cérebro que remove todos os resíduos, incluindo amiloides. Porém, quando envelhecemos, esse processo perde a eficiência.”

O biólogo molecular considera o combate às placas de proteína um divisor de águas no tratamento contra o Alzheimer, principalmente porque todas as outras tentativas de cura não surtiram efeito. “É a primeira vez que há esperança de verdade”, diz.

Efeitos colaterais ainda desconhecidos

Contudo, Haass sublinha que esses remédios ainda vão demorar para chegar ao mercado. Somente dois estudos foram conduzidos, e ainda há muita pesquisa a ser feita. “Ainda não sabemos se as novas drogas reduzem a perda de memória de maneira estável ou mesmo se podem causar efeitos colaterais”, observa.

“São remédios que têm uma alta concentração no cérebro. E o cérebro é um órgão bastante delicado”, acrescenta o pesquisador. “Se algo der errado, poderá causar muitos problemas.”

Além disso, os remédios não terão efeito em pessoas que já tiverem Alzheimer em estágio avançado. “Para pacientes que já sofrem de uma perda de memória moderada ou severa, será tarde demais”, complementa Haass.

Quanto mais cedo, melhor

Essa é uma das razões do fracasso de diversas tentativas anteriores de cura da doença. Em 20 anos, houve mais de cem fracassos. Inclusive, já foram produzidas drogas para combater a produção de amiloides, mas elas falharam devido ao estágio avançado dos pacientes com Alzheimer.

“O que aprendemos com essas tentativas que não deram certo é que a doença se manifesta cerca de 15 a 20 anos antes de surgirem os primeiros sintomas”, explica Haass. “Quanto mais cedo for tratada, melhores os resultados.”




Primeira vacina contra malária é aprovada na Europa; eficácia varia de 25% a 50%

25/07/2015 - O Estado de S.Paulo


A primeira vacina contra a malária ganhou ontem o sinal verde das autoridades sanitárias.

Depois de 30 anos de pesquisas, o produto que pode revolucionar o combate à doença recebeu indicação positiva da Agência Europeia de Remédios. Mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda vai avaliar sua aplicação.

A vacina Mosquirix é produzida pela GSK e deve ser usada na África. Sua aprovação é considerada passo fundamental para o desenvolvimento de outros produtos que possam ser usados em outras partes do mundo, incluindo a Amazônia.

A OMS estima que 584 mil pessoas morram por ano por causa da malária. A eficácia da vacina varia de 25% a 50%.




Saúde na pele

25/07/2015 - IstoÉ


A substituição de pílulas ou injeções por adesivos ganha desta-, que na prevenção e combate às doenças. Mais conhecida por ser uma alternativa de administração de anticoncepcionais ou de substâncias para ajudar a parar de fumar, por exemplo, a opção está sendo estudada para ministrar vacinas e combater males como a diabetes. No Brasil, a última novidade nesse campo foi a chegada do primeiro tratamento trans dérmico para a doença de Parkinson, enfermidade neurodegenerativa caracterizada por tremores e dificuldades de movimentos.

Chamado de Neupro e fabricado pela UCB Pharma, o adesivo é o único do mundo com esta indicação e está disponível em mais de 40 países. Ele deve ser colocado sobre a pele (dos ombros, dos braços ou do abdome). O produto libera ao longo de 24 horas a rotigotina, composto absorvido pela cútis e cuja função é agir sobre os receptores de dopamina, substância envolvida no processamento dos movimentos e que, na doença de Parkinson, encontra-se em quantidade desequilibrada. "A liberação continua do remédio é uma vantagem", explica a neurologista Roberta Saba, da Universidade Federal de São Paulo.

A ideia é a de que, dessa forma, os sintomas seriam controlados de maneira mais uniforme. Outra característica apontada pelos defensores do tratamento é o fato de, por ser absorvida através da pele e cair direto na corrente sanguínea, a rotigotina não passaria pelo trato gastrointestinal, como ocorre com as pílulas. "Muitos remédios por via oral são agressivos para o sistema gástrico", afirma o neurologista Delson José da Silva, membro da Academia Brasileira de Neurologia e chefe da Unidade de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital das Clínicas de Goiás. "O adesivo proporciona melhor alívio dos sintomas com menos efeitos colaterais." No entanto, há especialistas com outra opinião. "A via oral ainda é o consenso nos remédios de Parkinson porque é a mais fácil de administrar e tem maior absorção", diz o neurocirurgião Cláudio Fernandes Corrêa, presidente do Instituto SIMBIDOR, que realiza o Simpósio Brasileiro e Encontro Internacional sobre Dor.

Apesar das controvérsias, a busca por opções do gênero contra a doença continua pelo mundo. Na Coréia do Sul, pesquisadores da Universidade Nacional de Seul desenvolvem um adesivo que utiliza nanopartículas de sílica ativadas por calor. Elas monitoram a atividade muscular, aumentando ou diminuindo a liberação da rotigotina de acordo com a necessidade. Segundo os cientistas, o modelo seria muito apropriado para tratar a doença de Parkinson porque os tremores que a caracterizam não são constantes.

Nos Estados Unidos, foi criado um adesivo com capacidade semelhante, dirigido ao tratamento da diabetes. Ele tem duas funções: primeiro detecta o aumento do nível de açúcar no sangue, característico da doença. Em seguida, para regularizar a taxa glicêmica, libera doses de insulina. O hormônio é o responsável pela passagem do açúcar do sangue para dentro das células.

De formato quadrado, com menos de um centímetro de área, o adesivo é coberto com cerca de cem microagulhas que possuem, em seu interior, cargas microscópicas de insulina e enzimas sensíveis à glicose. "Criamos uma alternativa contra a diabetes que funciona rapidamente e é fácil de usar", disse Zhen Gu, um dos envolvidos no desenvolvimento do adesivo. Os testes feitos em cobaias cujos resultados foram divulgados na última semana mostraram que o tratamento manteve baixo o nível de glicemia dos animais por mais de nove horas.

A tecnologia empregada no novo adesivo é vista com otimismo pelos especialistas. "Quando a insulina é injetada de modo tradicional, há um pico na sua concentração", explica o endocrinologista Adolpho Milech, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. "E depois que ela passa pelo fígado, ocorre uma queda brusca na sua quantidade. Neste novo modelo a liberação é pequena, mas sustentada."

Mais adiantados estão os estudos para a fabricação de vacinas em forma de adesivos. Cientistas da Universidade King's College, de Londres, desenvolveram um produto repleto de microagulhas que perfuram a pele, injetando as substâncias ativas das vacinas. Não há a dor da injeção. Ele é feito de silicone e tem o tamanho de uma moeda de um centavo. Como o adesivo mantém sua efetividade à temperatura ambiente, a técnica foi considerada revolucionária, já que um dos maiores problemas de saúde pública é levar os remédios e vacinas a países que não possuem infraestrutura de armazenamento. "Mostramos que é possível manter a eficácia de uma vacina tradicional usando as microagulhas", explicou a pesquisadora Linda Klavinskis, do Departamento de Imunologia de Kings College.

Para quem sofre de enxaqueca, há um adesivo eletrônico, aprovado pelo FDA, órgão americano de controle de drogas e alimentos. Ele utiliza cargas elétricas para liberar sumatriptano, princípio ativo que já se encontra no Brasil em comprimidos e em spray nasal. "Há um estímulo elétrico, mas é tão leve que a pessoa não sente nada", explica a neurologista Célia Aparecida Roesler, membro da Sociedade Internacional de Cefaleia. O remédio ainda não chegou ao País.




Contra crise, setor deve apostar em prevenção.

26/07/2015 - O Estado de S.Paulo


Racionalizar a incorporação de novas tecnologias de saúde, investir em atenção básica e em programas de prevenção e estimular o uso consciente do plano pelos pacientes são as principais medidas defendidas por especialistas, operadoras e governo na tentativa de impedir que o aumento dos gastos de saúde faça com que o convênio médico se torne, no futuro, um serviço que poucos poderão pagar.

Se já é certo que o número de pacientes idosos nos planos subirá ano a ano,o esforço das operadoras deve se concentrar em promover um envelhecimento saudável dos seus beneficiários, diminuindo, assim, fatores de risco para doenças graves que levam ao aumento dos gastos.É por isso que uma das principais medidas estimuladas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é a oferta de programas de prevenção e promoção da saúde.

“Com as mudanças demográficas e o envelhecimento da população,aumenta a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, como problemas cardiovasculares, diabete.

Combatendo o tabagismo, o sedentarismo e hábitos alimentares indevidos, esses programas melhoram a condição de saúde da população e impactam num menor custo assistencial das operadoras”, diz Raquel Lisbôa, gerente-geral de regulação assistencial da ANS. A agência regulamentou esse tipo de iniciativa em 2005, oferecendo pontuação extra no índice de desempenho das operadoras àquelas empresas que oferecerem iniciativas do tipo.

Nos últimos três anos, o número de programas cadastrados no órgão governamental passou de 820, em dezembro de 2012, para os atuais 1.367.

Há operadoras que, além de oferecer acompanhamento médico,nutricional e psicológico, dão bonificações aos clientes que se engajam nos projetos preventivos.Do total de programas existentes, cerca de 300 dão algum incentivo,como descontos em academias e em restaurantes.

Dois projetos dão desconto na mensalidade ao participante do projeto.

“A regra da ANS, no entanto, diz que as bonificações não podem estar atreladas aos indicadores de saúde do paciente, mas ao fato de ele participar ou não do programa”, diz Raquel.

Para a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), entidade que representa as maiores operadoras do País, os programas de prevenção têm papel importante para ajudar a manter as despesas sob controle, mas não bastam.

O peso da oferta de novas terapias e medicamentos não deve ser desconsiderado. “Entre os ajustes necessários no setor estão disciplinar as incorporações de novas tecnologias de acordo com critérios de custo efetividade, custo-utilidade e custo-benefício; formular diretrizes de utilização para que se evitem prescrições médicas que não encontram respaldo nas melhores evidências científicas; reformular o modelo de remuneração dos prestadores deserviços,valorizando resultados clínicos; conter a judicialização do setor, seguindo regras contratuais e legisladas e criar mecanismos para coibir fraudes”,defende José Cechin,diretor executivo da FenaSaúde.

Professor de Medicina da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) especializado em economia da saúde,Denizar Vianna apoia a adoção de critérios mais rigorosos na incorporação de novos procedimentos ao rol mínimo de coberturas dos planos. “Tem de haver mais racionalidade no uso dessas tecnologias, com critérios baseados em evidências científicas. É preciso dar o tratamento certo, para a pessoa certa, na hora certa.

Se oferecermos todas as tecnologias para todos, a conta não vai fechar.” O uso inadequado de recursos também é algo que deve ser combatido. “O paciente acha que, por ter um plano, ele tem de usar o máximo possível, fazer todos os exames mesmo sem ter nenhum problema. Isso encarece o sistema como um todo.

O beneficiário é o elo mais frágil e deve ser protegido, mas precisa ter consciência do seu papel nisso tudo”, afirma.

Rede própria. Vianna diz ainda que deverão se tornar cada vez mais comuns as operadoras que optam por investir em uma rede própria de hospitais e ambulatórios, o que aumenta o controle de custos. A estratégia já é adotada por empresas como Amil, Intermédica e Prevent Senior.

“É verdade que, nesses casos, o consumidor acaba tendo menos opções de prestadores de serviço, mas é o que acaba sendo mais factível. Um plano de livre escolha, em que o cliente tem acesso ao hospital ou laboratório que quiser, será cada vez mais para uma minoria”, afirma ele.

Para evitar que o aumento de custos deixe o cliente sem plano após a aposentadoria por falta de condições financeiras, a FenaSaúde apoia ainda a proposta do chamado VGBL Saúde, uma espécie de previdência privada exclusiva para gastos com saúde.

“Ele poderá ser um grande aliado e ajudar a custear a mensalidade depois de a pessoa deixar o mercado de trabalho. A ideia é acumular parte do valor da mensalidade em um fundo de capitalização individual, que ajudaria o cidadão a arcar com os gastos médicos e o plano de saúde após a aposentadoria, quando a necessidade de assistência sobe e a renda, normalmente, diminui”, diz o diretor executivo da federação.




O cérebro responde

25/07/2015 - Folha de S.Paulo


A Argentina é terra de tango, churrasco e neurocientistas que escrevem sobre memória. Facundo Manes é um deles. Ele vendeu mais de 100 mil cópias do seu livro "Usar o Cérebro" no seu país, agora lançado no Brasil pela Planeta. Outro é Iván Izquierdo, que mora em Porto Alegre há décadas e é autor de "A Arte de Esquecer" (2004, Vieira e Lent).

Ambos citam "Funes, o memorioso", personagem de Jorge Luis Borges que não esquecia nada –e sofria. "Minha memória é um depósito de lixo." Sem esquecimento, não há sanidade.

A angústia é que queremos controlar o processo. Para aprender, é preciso repetição (muita), como sabem os bons estudantes. Esquecer é a regra. Pense: instigados a contar toda nossa infância, não conseguiríamos falar mais que algumas horas.

Veja, ao redor, fatos sobre a memória reunidos por Manes.

A INTERNET ESTÁ ESTRAGANDO A NOSSA MEMÓRIA?

Não há nenhuma evidência, embora muita gente tenha escrito sobre isso –um livro famoso é "A Geração Superficial", de Nicholas Carr, e até Mário Vargas Llosa já escreveu que a tecnologia "suborna e seduz nossos órgãos pensantes, que vão se tornando gradativamente dependentes das ferramentas e, por fim, seus escravos".Para rebater, Manes cita Platão. No clássico Fredo, um dos personagens critica a escrita: "Só causará esquecimento, pois fará [as pessoas] descuidarem da memória; fiando-se nesse estranho auxilio [os livros]". No limite, o argumento pode ser utilizado para qualquer coisa que não seja uma vida tribal "pura".

O QUE É O AMOR ROMÂNTICO (EM TERMOS NEURAIS)?

É uma forma de ativação do sistema de recompensa do cérebro, que causa motivação e prazer, e desativação do córtex frontal, essencial para o julgamento. Ou seja, o amor é gostoso, mas prejudicial ao bom senso.Por que o cérebro permite tal gambiarra neuroquímica? Sob a ótica evolutiva, para promover a reprodução: fique feliz e procrie sem pensar muito se esse mané merece mesmo estar ao seu lado, porque se você refletir demais pode acabar mudando de ideia.O amor é rápido: o cérebro muda em menos de 1/5 de segundo após a pessoa amada ser vista.

POR QUE GOSTAMOS DE MÚSICA?

Não há uma explicação fácil para que a música tenha surgido em toda sociedade humana. Parece que há algo no nosso cérebro que nos faz gostar de ritmo, de notas, de cantar.De fato, ouvir música, especialmente as que já conhecemos e gostamos, libera no nosso cérebro dopamina, como também fazem o sexo e as drogas –ou seja, em vez de dizer "sexo, drogas e rock and roll!", os transgressores poderiam economizar e bradar apenas "dopamina!!".A explicação evolutiva para isso é só hipotética. Talvez a música promovesse coesão social –todo mundo lá, cantando junto.

POR QUE ADOLESCENTES SÃO CHATOS?

Não é culpa deles: seus cérebros são diferentes. Vários circuitos estão incompletos. O lobo frontal ainda não está maduro. Ele é responsável por inibir respostas socialmente inapropriadas, pela nossa capacidade de se colocar no lugar do outro, de fazer planejamentos complexos, da interação em sociedade. Mesmo a capacidade de lidar com os estímulos do ambiente é mais limitada. Também o cíngulo anterior, área ligada à capacidade de manter a atenção, está em desenvolvimento na adolescência.Dessa forma, adolescentes que falam impropriedades, dramáticos, instáveis, ingratos com os pais, que apresentam certa inaptidão para o convívio com humanos e que são desengonçados e avoados tendem, uma hora, a melhorar (um pouco). Tente ignorá-los –e, por favor, evite passar-lhes as chaves do carro.

HÁ ALGO QUE SE POSSA FAZER PARA EVITAR A PERDA COGNITIVA?

Nada é garantido, mas é bem estabelecido que gente intelectualmente ativa –é possível medir isso pela sofisticação linguística da pessoa, por exemplo– sofre menos com a demência. Tais benefícios de um cérebro ativo, porém, acabam se a pessoa "se aposenta intelectualmente", ou seja, se para de ler, escrever, refletir, solucionar problemas, de estimular o cérebro em geral. É preciso, portanto, "continuar pedalando", na medida do possível, até a morte. São úteis também o exercício físico, a boa alimentação, a vida social ativa, o sono regulado e o estresse reduzido.Manes lembra ainda de um cuidado mais simples: bater a cabeça é algo perigoso. "No trânsito, seja cuidadoso."

MEDITAR SERVE PARA ALGUMA COISA?

A ciência tem descoberto que sim. A atividade proporciona relaxamento, ao diminuir a frequência cardíaca e da respiração, e estimula áreas associadas às emoções e à interação social, como o córtex pré-frontal. Há estudos ligando a meditação até à melhora da função imunológica. Muitos desses benefícios estão associados também a um bom período de sono contínuo. Não só em humanos: todos os animais dormem, embora nem todos da mesma maneira como nós – acredita-se que golfinhos e baleias durmam usando um hemisfério do cérebro de cada vez, caso contrário se afogariam.

A MEMÓRIA É CONFIÁVEL?

Não. Manes cita a crítica de que os dados encontrados na internet podem não ser os mais confiáveis em matéria de exatidão. "E quem pode dizer que nossa memória não é assim?"Os estudos têm mostrado que, cada vez que recordamos algo, menos precisa se torna a lembrança. É como se a memória estivesse lá, quietinha. Ao ser acessada, fica instável e novos registros podem ser feitos nela. Com frequência, alteramos inconscientemente as narrativas para as que mais nos agradam.Em outras palavras, a ciência está provando que procede a ideia de que uma mentira muitas vezes repetida se torna verdade.




Dasa: Custos e cenário ruim desestimulam permanência no Novo Mercado

24/07/2015 - Valor Econômico / Site


O empresário Edson Bueno, controlador da Dasa, informou nesta sexta-feira, por meio de comunicado, que a saída da empresa de medicina diagnóstica do Novo Mercado da BM&FBovespa vai permitir a redução de custos atrelados ao departamento de relações com investidores, diretoria e conselho de administração.

Além disso, Bueno destaca que a saída do nível mais elevado de governança não prejudica a capacidade da Dasa de obter recursos no mercado. “A grande vantagem de estar listado no Novo Mercado, qual seja a possibilidade de se financiar a custos menores, tornou-se relativa.” O controlador argumenta ainda que “a constante alta dos juros, as incertezas econômicas, bem como a volatilidade no mercado acionário tendem a afetar negativamente o preço das ações das companhias listadas na BM&FBovespa.” O comunicado de Bueno é uma resposta à BM&FBovespa, que encaminhou nesta semana ofício à Dasa exigindo explicações sobre a saída da companhia da medicina diagnóstica do Novo Mercado.




A ‘epidemia silenciosa’

27/07/2015 - DCI


Com o avanço da conscientização na última década, tem recuado ano a ano o número de mortes decorrentes da Aids em todo o mundo.

Mas a chamada “epidemia silenciosa” das hepatites virais se mantém como grande ameaça e pode chegar em breve ao sexto posto entre as causas de óbitos em todo o mundo, alerta a OMS. Por se enquadrar numa categoria de moléstias que nem sempre apresentam sintomas, essa inflamação do fígado necessita cada vez mais de trabalho de informação. As ações governamentais no Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, que será comemorado amanhã, são cada vez mais fundamentais.

Segundo a OMS, as hepatites B e C são responsáveis por 80% de todas as mortes por câncer de fígado e vitimam cerca de 1,4 milhão de pessoas a cada ano.

A maioria dos casos de infecção vem do compartilhamento de seringas descartáveis.

Calcula-se que cerca de 11 milhões de pessoas que usam drogas injetáveis tenham contraído esses tipos de hepatite.

Há outros tipos que atingem países com más condições de saneamento básico, caso do Brasil, como a hepatite do tipo A. O tipo E é mais frequente em países pobres da África e da Ásia, devido à contaminação de água e alimentos.

Além da informação e da vacinação, a indústria também tem conseguido avanços no combate à doença. O Brasil foi um dos primeiros países a autorizar os inibidores de protease e, há pouco mais de um mês, a comissão do SUS encarregada de incorporar novas tecnologias recomendou o uso no País dos medicamentos daclatasvir, sofosbuvir e simeprevir.

Segundo estudos, esse tratamento inovador tem taxa de cura de 90%, em terapia com duração de apenas 12 semanas. Processos anteriores chegavam a demorar até 48 semanas, com eficácia inferior.

Os medicamentos são considerados caros. A previsão inicial é que sejam investidos até R$ 500 milhões para o atendimento de 15 mil pacientes com hepatite C crônica. Em maio, num debate na Câmara, foi sugerido que o País aderisse a um movimento internacional de defesa da quebra da patente do sofosbuvir, produzido pelo laboratório americano Gilead.




Alerta aos corações no inverno

26/07/2015 - O Globo


‘Não posso parar’, diz, aos 80 anos, Niuza da Silva, entre um aparelho e outro na Academia da Terceira Idade da Praça do Lido, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. E nem é pelo dia bonito de inverno, porque, mesmo quando chuvisca, a dona de casa conta que acorda cedo e encara uma série de exercícios.— Não tem como falar que, quando está aquele tempo mais friozinho, com as nuvens carregadas, não bate uma preguiça — assume Niuza, em um tom resiliente, um contraste com sua linguagem corporal ativa. — Mas é um pensamento que dura segundos. E é assim que tem que ser.

O recado, válido em todas as estações e para todas as idades, deve ser recebido com especial atenção durante o inverno, quando eventuais problemas cardíacos preocupam mais do que em outras épocas do ano, alertam cardiologistas. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a mortalidade por infarto agudo do miocárdio é 30% maior nos meses mais frios, chegando a crescer 44% entre as pessoas com mais de 75 anos.

Outro estudo, realizado pela Universidade Federal de São Paulo ( Unifesp), concluiu, após analisar 200 mil internações pela doença, que há um aumento de 20% no número de pacientes com insuficiência cardíaca congestiva — quando o coração não consegue bombear sangue suficiente para o resto do corpo.

— Nas últimas décadas tem sido analisado o aumento da taxa de eventos cardiovasculares durante o inverno, mas as causas ainda não são claramente definidas — pondera Alexandre Scotti, cardiologista do Hospital Badim e especialista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

POLUIÇÃO E TEMPERATURA SÃO FUNDAMENTAIS

Na revista “North American Journal of Medical Science”, um levantamento dos artigos na literatura médica sobre sazonalidade das doenças cardíacas também mostra que a variabilidade dos problemas “é claramente demonstrada pelos dados epidemiológicos”, o que se traduz em um pico nos meses de inverno.

A maioria destas teorias salienta fatores ambientais, como temperatura e poluição do ar, como fundamentais na ocorrência de doenças cardiovasculares em ambos os sexos, particularmente em pacientes com idade avançada.

Segundo César Jardim, cardiologista do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo, um dos principais motivos para o aumento do risco é a vasoconstrição, “que reduz o fluxo sanguíneo e provoca um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio no organismo”. Além disso, o médico aponta que a preguiça mencionada por Niuza — que, aliás, nunca teve problemas cardíacos — faz com que muitos deixem de praticar exercícios e passem a comer alimentos mais calóricos, justamente pela sensação de bem-estar e aquecimento corporal que eles proporcionam.

— O exercício físico também aquece o corpo e melhora a disposição. Além disso, há muitos alimentos que proporcionam esse bem-estar, sem excesso de calorias — destaca Jardim.

Pesquisadores ressaltam ainda que, com a queda de temperatura, hormônios que atuam sobre o sistema circulatório podem apresentar aumento de atividade pela simples exposição do corpo ao frio intenso. Com isso, as artérias se contraem, levando ao aumento da pressão arterial e da frequência e intensidade das contrações cardíacas, sobrecarregando ainda mais o coração e o aparelho circulatório.

As baixas temperaturas são um fator importante, não o único. Por causa da poluição atmosférica, as infecções respiratórias aumentam nos meses frios, podendo precipitar ou agravar problemas no coração.

CHECK-UP E CUIDADOS COM A ALIMENTAÇÃO

Com o objetivo de evitar a trombose venosa profunda, o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular encefálico isquêmico, cardiologistas sugerem que seja realizado um check- up cardiológico anualmente e que os exercícios físicos com orientação de um profissional nunca sejam deixados de lado. Nada disso será útil, no entanto, se não houver cuidado com a alimentação: deve-ser priorizar um cardápio saudável, evitando gorduras e sal em excesso.

— A maior defesa é a informação. É interessante a população combater os conhecidos fatores de risco cardiovascular, como tabagismo, sedentarismo e ingestão de alimentos calóricos, além de manter os bons níveis de pressão arterial e de açúcar no sangue — conclui Scotti.




Custos dos planos de saúde triplicarão em 15 anos e devem chegar a R$ 283 bi

26/07/2015 - O Estado de S.Paulo


Projeções a longo prazo costumam preconizar problemas que, no fim, só serão sentidos por gerações futuras e, por isso, costumam ser empurrados com a barriga. Na área de saúde, porém, instalou-se uma bomba-relógio que, se não for desarmada agora, vai estourar logo ali, no colo de todos. Nos próximos 15 anos, os gastos das empresas privadas de saúde vão quase triplicar, passando de cerca de R$ 106 bilhões por ano para R$ 283 bilhões –com impactos para todo o sistema de saúde suplementar, incluindo sobre os cerca de 54 milhões de beneficiários.

Segundo projeções do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), o gatilho para um salto tão expressivo em um prazo tão curto é a mudança na demografia: o brasileiro não só está ficando mais velho, como vive mais e sente os contratempos que a longevidade costuma acarretar sobre a saúde.

Luiz Augusto Carneiro, superintendente do IESS, projeta um cenário “preocupante”.

“Nossas projeções mostram que os custos vão crescer muito e rapidamente. As empresas e os beneficiários precisam se preparar desde já para as mudanças”, diz ele.

Carneiro destaca que será uma tarefa coletiva. As empresas terão de rever a gestão, buscar ganhos de eficiência e até repensar o tipo de serviço. Os beneficiários, por sua vez, terão de pensar a vida – e os cuidados coma saúde no longo prazo. Entender a matemática financeira da demografia, avalia ele, dá algumas pistas sobre o que fazer.

A premissa é que não há como deter o passar do tempo: os gastos com saúde avançam com o envelhecimento. Segundo o estudo, beneficiários de planos privados no Brasil com menos de 18 anos custam cerca de R$ 1 mil – por ano. A conta com idosos acima de 80 passa de R$ 1 mil – por mês.

O avanço da idade provoca uma verdadeira escalada nos custos. Um adulto entre os 30 e 50 anos gera uma despesa média anual de R$ 2,5 mil. Ao entrar na terceira idade, ele passa a representar um gasto de mais de R$ 4 mil. Aos 75 anos, a conta anual vai a R$9 mil. Assim, quanto mais velho um país se torna, maior é sua conta com a saúde.

Virada. Entre 1950 e 2010, por exemplo, a proporção de idosos com 65 anos no Brasil aumentou de 2,4% para 7,4%. No mesmo período, porém, a proporção de gastos, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), foide 1% para 9%. Nos próximos anos, os múltiplos serão ainda maiores.

Apesar de o Brasil prevalecer no imaginário nacional como um país eternamente jovem, nas tabelas de custos das empresas de saúde ele tateia pela terceira idade desde março de 2013, quando o crescimento no número de usuários com 60 anos ou mais tornou-se sistematicamente superior ao de faixas mais jovens. Essa virada vai se acentuar nos próximos anos.

Hoje, por exemplo, menos de um terço dos beneficiários dos planos privados é formado por idosos. Em 2030, vão representar mais da metade, 54% do total.

O topo da pirâmide de gastos, os idosos com mais de 80 anos, vão dobrar: passarão de 11% para 23% do total.

Reestruturação. Na avaliação de Mario Scheffer, especialista em sistemas de saúde e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o setor terá “um grande desafio” para enfrentar o envelhecimento do brasileiro. “A maioria dos planos não só foi montada para jovens como expulsa o idoso”, diz.

A lista de ineficiências do sistema é longa, segundo ele. As redes credenciadas não têm profissionais e serviços adequados para a terceira idade, as mensalidades encarecem muito à medida que o beneficiário ganha idade, não há sistemas de bônus e preços diferenciados pelo perfil dos usuários, a maioria das empresas não tem nem sequer programas de prevenção.

O estudo do IESS mostra que o perfil da demanda já está mudando.

O aumento de idosos, por exemplo, já está transformando o perfil das doenças mais frequentes, com impactos sobre os custos. À medida que as pessoas envelhecem, crescem as chances de elas sofrerem de diabete, artrite, problemas de coluna, doenças crônicas, em geral, que exigem tratamentos mais caros. Para se ter uma ideia, apenas 3% dos brasileiros entre 18 e 29 anos sofrem de hipertensão arterial. A doença acomete 55% da população com mais de 75 anos.

A mudança do perfil é acompanhada por duas agravantes. A primeira é que doenças crônicas não vêm sozinhas. Há poucos estudos no Brasil sobre o tema, mas levantamentos feitos na Austrália indicaram que 8% da população com mais de 65 anos tem a propensão a quatro ou mais doenças crônicas ao mesmo tempo. O segundo problema é que doenças crônicas não só exigem acompanhamento frequente, mas podem levar a complicações que venham a exigir cuidados mais complexos.

Exemplo:a já citada hipertensão pode levar a um AVC, acidente vascular cerebral, que, não raro, compromete a capacidade motora. O paciente pode ter de fazer algum tipo de fisioterapia por meses ou, em caso extremo, terminar internado por um longo período.

Hoje, as terapias representam menos de 6% dos custos.

Estima-se que em 2030 a demanda terá triplicado e corresponderá a 18% dos gastos. O peso das internações – um dos atendimentos mais onerosos – tende a passar dos atuais 58% para 64% em 15 anos.

Cenário conservador. Para calcular que a despesa da saúde privada chegaria a R$ 283 bilhões até 2030, o IESS incluiu na conta a variação dos custos médico-hospitalares e da taxa de cobertura dos planos ao longo do tempo.

Mesmo assim, a autora do estudo, a pesquisadora Amanda Reis, considerou o cenário “conservador”, pois não foram incluídos nas projeções dois dados que podem encarecer ainda mais as despesas: a adoção de novas tecnologias, que custam mais caro quando surgem, e uma eventual piora nas condições de saúde da população.

O estudo também não estimou o impacto da alta dos custos do sistema sobre o valor da contribuição dos beneficiários, pois os reajustes são regulados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).




Jovens grávidas com HIV em São Paulo só descobrem o vírus no pré-natal

25/07/2015 - Folha de S.Paulo

Colunista: Mônica Bergamo


Entre as jovens com HIV de 12 a 19 anos que ficam grávidas no Estado de São Paulo, 43% recebem só durante o pré-natal o diagnóstico do vírus, segundo pesquisa da secretaria estadual de Saúde. Outras 44% se tornam gestantes já sabendo que têm Aids.

RISCO PRECOCE 2

O levantamento foi feito com 1.615 garotas diagnosticadas com a doença entre 1999 e 2014. Elas representam 8% do total de mães com HIV notificadas no período. Entre as jovens, 7% relataram que não fizeram a profilaxia antirretroviral recomendada pelos médicos no pré-natal. O tratamento, aliado a outras medidas, deve ser feito pela mulher que tem o vírus para diminuir a chance de transmissão para o bebê.

RISCO PRECOCE 3

A partir dos resultados, a pasta quer reforçar as orientações sobre reprodução nas redes de atenção básica e de assistência a soropositivos. "Mas, com ou sem HIV, a adolescência não é a melhor idade para ter filho", diz Artur Kalichman, do programa estadual de DST/Aids.

Plantão Médico: Tatuagem e saúde

25/07/2015 - Folha de S.Paulo

A tatuagem, que antigamente marginalizava seu portador, atualmente está disseminada em todas as classes sociais de todos os países.

Na Alemanha, 8,5% da população entre 14 e 90 anos de idade tem uma tatuagem. França, Finlândia e Austrália têm 10% da população com no mínimo uma tatuagem.

No Brasil, segundo José Froner Bicca nos "Anais Brasileiros de Dermatologia", a prevalência é estimada de 10% a 26% em homens e 10% a 22% em mulheres.

A tatuagem pode representar um grupo, dar status ao portador ou ser uma mensagem de amor. Pode ser uma obra de arte ambulante, ou apenas um amuleto.

Sua aplicação, entretanto, não é para todos. Há contraindicações.

Na revista "Current Problems in Dermatology" deste mês, número especial sobre pele tatuada e saúde, J. Serup e colaboradores da Tattoo Clinic do Hospital Universitário Bispebjerg, em Copenhagen, Dinamarca, analisam as queixas e complicações da aplicação da dermopigmentação nas pessoas.

As principais complicações são as alergias a pigmentos vermelhos. Também acontece com os azuis e verdes.

Os sintomas são comparados a doenças pruriginosas da pele. A sensibilidade ao sol é frequente em 20% dos casos.

Infecções por bactérias como os estafilococos resistentes podem trazer risco de vida por sepse. Os autores destacam também que a resposta alergênica à tatuagem varia de pessoa para pessoa.




Por que ainda não erradicamos o HIV?

25/07/2015 - Época


Até há pouco tempo, pensava-se que a única forma de acabar com a epidemia de aids seria a descoberta de uma vacina ou de alguma droga capaz de alcançar a cura. Depois de mais de três décadas de pesquisa, ficou evidente que essas metas são muito difíceis de ser alcançadas. A boa notícia é que hoje já é possível praticamente zerar a transmissão.

O Programa de HIV/Aids da ONU (Unaids) estima que, se algumas metas forem atingidas até 2020, a aids poderia deixar de ser uma epidemia global já em 2030. Para isso acontecer, é preciso que as pessoas façam o exame que aponta a contaminação e comecem o tratamento com o coquetel antirretroviral o mais cedo possível. Nesses casos, a carga dos vírus no organismo pode diminuir drasticamente, a ponto de reduzir de maneira significativa o risco de transmissão.

Na prática, essas medidas não são adotadas na escala necessária para acabar com a epidemia. Primeiro, porque há uma resistência de parte da população à testagem. Sem saber se estão contaminadas ou não, muitas pessoas seguem transmitindo o vírus. Em segundo lugar, muitos dos que sabem ser soropositivos resistem a começar o tratamento, esperando o momento mais crítico da doença. Em terceiro lugar, há a dificuldade de quem faz o tratamento de tomar os remédios todos os dias. Sem regularidade, é difícil zerar a carga viral, além de aumentar o risco de o vírus se tornar resistente aos medicamentos. Um problema ainda mais sério é que muitos países não conseguem custear serviços médicos, remédios e exames de controle para a população.

Para reforçar o cerco contra o vírus, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um novo protocolo em que recomenda o uso de antivirais para todos os infectados pelo HIV, assim que o diagnóstico é feito. Essa medida já vale no Brasil desde dezembro de 2013. Outra estratégia é adotar um medicamento que reduz a chance de infecção, uma técnica chamada profilaxia pré-exposição. Essa medida já vale nos Estados Unidos, mas ainda está em fase de estudo no Brasil.

A ONU estima que mais de 15 milhões de pessoas recebem tratamento contra o HIV hoje no mundo todo. Cerca de 30 milhões de novos casos - e possíveis 8 milhões de mortes - foram evitados nos últimos 15 anos. Na contramão dessa tendência, o Brasil enfrenta dificuldades para reduzir essas taxas, e o número de casos novos não caiu na última década. Estima-se que 20% dos 735 mil brasileiros que têm o vírus desconhecem sua condição. São desafios importantes a ser vencidos, principalmente se considerarmos que o modelo de prevenção adotado no Brasil é tido como um modelo para o mundo.




‘Cuidar da saúde cabe a nós mesmos’

25/07/2015 - O Globo


O senhor está com 72 anos e corre maratonas. Quando é a hora de parar?

Enquanto as pernas aguentarem. Digo isso no meu livro. Sei que tem uma hora em que não vai dar mais. Mas não estou perto dela. Na verdade, não há conhecimento científico sobre os limites do corpo porque o ser humano não vivia tanto. Ainda são poucas as pessoas com mais de 70 anos que correm maratonas. O grande teste será ver como as pessoas que estão na meia-idade agora e correm, ou são ativas de outra forma, estarão quando chegarem aos 70 anos ou mais. Hoje, me considero o mais saudável dos meus amigos.

O senhor começou a correr maratonas aos 50 anos. Há uma época ideal?

Mais cedo teria sido melhor. Mas nunca é tarde para começar.

Muita gente vê a maratona como um desafio quase impossível. O que há de verdade nisso?

Na verdade, a maratona exige disciplina, treinamento. Mas é factível para a maioria das pessoas que treinam para isso. O lado psicológico é muito importante. É ele que nos faz levar uma vida mais regrada. Não exagerar na bebida. Não comer demais. No meu caso, fico mesmo mais antissocial, porque não dá para fazer um jantar, tomar um vinho e ficar acordado até tarde e fazer um treino longo no dia seguinte. É preciso vontade e disciplina. Mas correr uma maratona não é tão difícil assim.

tona causa muito desgaste. É fato?

Você pode sofrer durante a prova, pode ser muito dura. Já passei por momentos em que achei que ia parar. Mas sempre encontramos forças e prosseguimos. Fico ótimo depois da prova. Não fico destruído. Tomo um banho e estou novo. A sensação de concluir uma maratona é maravilhosa. Felicidade e satisfação indescritíveis. Dá um barato que não tem quem pague.

A crença de que a corrida destrói os joelhos tem fundamento?

É uma bobagem. Um mito. No meu livro cito um estudo muito interessante. Ele mostra que, na verdade, não-corredores têm mais lesões nos joelhos do que corredores. Corro maratonas há mais de 20 anos e nunca tive problemas nos joelhos.

A maratona é para todo mundo?

É para quem gosta. Você pode adorar correr e nunca ter vontade de fazer uma maratona. Além da disciplina, há ainda o componente genético. Homens muito grandes e pesados sofrerão mais, claro. Vejo rapazes hipertrofiados correndo com um esforço enorme. Isso acontece porque, de fato, aquele corpo bombado de academia é tão pouco saudável quanto o de um sedentário.

O senhor faz alguma dieta especial para correr maratonas?

Não. Nunca fiz. Esse é outro mito. Não acredito em suplementos. Não trazem resultado. O importante é ter uma alimentação equilibrada com frutas, verduras, legumes. E não abusar de nenhum alimento. Nas semanas que antecedem uma maratona é preciso ingerir mais carboidratos, mas com moderação.

O senhor destaca sempre a importância do exercício. Qual o papel dele em nossas vidas?

Não é que exercício faça bem. A vida sedentária é que faz mal.

Por que é tão difícil deixar o sedentarismo?

Porque desperdiçar energia é contra a natureza humana. Na verdade, é contra a natureza de qualquer animal. Essa tendência natural é uma necessidade ancestral de economizar energia, surgida numa época em que não havia comida fácil. Agora vivemos num ambiente de comida abundante, gostosa e relativamente barata. O resultado é acumular gordura. Para você vencer a tendência ao sedentarismo, precisa de disciplina. Sim. E o resultado é impressionante. E as pessoas não engordam apenas por fora. O fígado acumula uma quantidade impressionante de gordura. Inclusive o das crianças. Isso é extremamente nocivo. A obesidade causa dependência, perda de mobilidade, suscetibilidade a doenças. Tenho um paciente que precisou fazer uma cirurgia bariátrica para emagrecer e me disse “sabe o que é felicidade, doutor? É poder amarrar o sapato”. Isso é muito triste.

Há aqueles que fazem exercício apenas no fim de semana e acham que se exercitam. Por exemplo, jogar futebol uma vez por semana é praticar exercício?

Claro que não. Primeiro que futebol assim não é esporte. É um jogo. E um jogo que destrói os joelhos.

Que conselho dá a um sedentário?

Se você não tem 30 ou 40 minutos por dia para fazer exercícios, está vivendo errado. Quando você conversa com um sedentário, ouve sempre uma ladainha de obrigações. Uma interminável história triste. Todo o tempo é absorvido pelo trabalho, pelos filhos, pela mãe doente, por uma lista infinita de problemas que, em tese, tomam todo o tempo. Mas precisamos ter tempo para nós.

As pessoas são muito autocondes-cendentes?

Sim. Há uma tendência a não se considerar responsável pela própria saúde. Mas cuidar da saúde cabe a nós mesmos. As pessoas têm ideias mirabolantes, procuram explicação divina, “Deus quis”. Ora, Deus lá tem tempo para provocar infartos? A frase “saúde é um bem de todos e um dever do Estado” é equivocada, um absurdo. É obrigação de cada um cuidar de si. Não comer demais, não se entregar ao sedentarismo. Quem não faz isso se expõe a um risco maior de doenças, custa mais caro para a saúde pública. Sim. Veremos uma discussão séria em saúde pública em pouco tempo. Está cada vez mais difícil arcar com os custos crescentes das doenças associadas à obesidade e ao sedentarismo. Por que alguém que se mantém no peso certo e se exercita terá que pagar as mesmas taxas de outro que conscientemente não faz isso e, logo, corre mais riscos? É justo? É uma discussão importante. Será que daqui a algum tempo não veremos as seguradoras de saúde adotarem a mesma estratégia que usam hoje com carros? Em vez de, por exemplo, cobrarem mais de quem está acima do peso, podem dar um “desconto” para os demais, assim como fazem hoje com quem usa menos o seguro de um automóvel.




Secretaria Estadual da Saúde realiza censo de pacientes com hepatite C

27/07/2015 - O Estado de S.Paulo


A Secretaria Estadual da Saúde faz, a partir de hoje, censo inédito para descobrir o número real de pessoas vivendo com hepatite C em São Paulo. Segundo a pasta, 68.297 casos foram notificados desde 2000, o que representa 0,1% da população. Para a secretaria, no entanto, o número não corresponde à realidade, já que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 3% da população tenha a doença.

Para participar do censo, os portadores deverão preencher cadastro no site da secretaria (saude.sp.gov.br). Para aqueles que não sabem se têm o problema, a secretaria recomenda a realização do teste em um posto de saúde ou em mutirão, hoje, na Avenida da Consolação, 717, das 9h às 16h30.

O objetivo da iniciativa é aprimorar as políticas de prevenção e tratamento da doença. A pasta recomenda que façam o teste usuários de drogas injetáveis, filhos e parceiros de portadores do vírus e pessoas com tatuagens e piercings.




Gordura no fígado

27/07/2015 - Carta Capital


Durante décadas, o acúmulo de gordura no fígado foi considerado apenas uma das complicações do alcoolismo. Os que negavam o uso abusivo de álcool eram tidos como mentirosos, preconceito só abalado quando os americanos descreveram casos semelhantes em crianças obesas.

Em 1980. o patologista Jurgen Ludwig, da Clínica Mayo, criou a sigla Nash (de nonalcoholic steatohepatitis). Nash é o preço que nossos fígados pagam pelo excesso de calorias ingeridas na vida sedentária que levamos.

A esteatohepatite não alcoólica tornou-se uma epidemia entre os norte--americanos, campeões mundiais de obesidade, invadiu a América Latina, Europa, Oriente Médio e Ásia. Chegou até as populações rurais da índia.

Apesar de incertas, as estatísticas estimam que 20% a 30% dos americanos adultos armazenem gordura em excesso no fígado. Embora tais depósitos sejam geralmente benignos, um em cada três de seus portadores desenvolverá esteatohepatite, condição que os levará à cirrose, à insuficiência hepática e ao câncer de fígado.

Nashjáé a segunda causa de transplantes hepáticos. Graças aos tratamentos de alta eficácia para a hepatite C existentes hoje, em breve chegará ao primeiro lugar.

Os ácidos graxos ingeridos na dieta caem na corrente sanguínea e chegam ao fígado, de onde são encaminhados para outros órgãos, função comparável à dos guardas de trânsito.

Só uma pequena parte dessa gordura ficará armazenada nas células hepáticas (hepatócitos). Dos 14 quilos de gordura existentes no corpo de um homem de 70 quilos, apenas 125 gramas estão alojados no fígado.

Em algumas pessoas, entretanto, a quantidade excessiva de calorias ingeridas provoca aumento tão expressivo dos triglicérides, que o órgão fica sobrecarregado e não consegue se livrar deles. Como conseqüência, há acúmulo de gordura no interior dos hepatócitos.

Além desse mecanismo ocorrem dois outros. Primeiro: as células do tecido gorduroso (adipócitos) liberam continuamente seu conteúdo aumentando a sobrecarga. Segundo: paradoxalmente, o próprio fígado aumenta a síntese de gorduras: nas esteatohepatites o órgão produz três vezes mais gordura do que o normal.

Entre as diversas modificações metabólicas resultantes, a mais relevante é a de resistência à insulina, o hormônio produzido pelo pâncreas, que bloqueia a liberação de ácidos graxos dos adipócitos, entre outras funções.

Essas alterações dão origem a um processo inflamatório crônico, no decorrer do qual os hepatócitos incham - chegam a dobrar de tamanho. Nos espaços existentes entre eles surge um tecido cicatricial rico cm colágeno. que ao progredir destrói gradativamente os hepatócitos e enrijece o órgão (fibrose), levando--o ao estágio de cirrose e suas complicações: câncer hepático, falência e morte.

Perto de 52% dos brasileiros carregam excesso de peso ou são obesos. Não haverá fígados suficientes para transplantar os que desenvolverem falência hepática.




A saúde e suas siglas 27/07/2015

Folha de S.Paulo Online


Pesquisas mostram que a saúde é a principal preocupação dos brasileiros, mas nem sempre a agenda do setor é atraente ou fácil de ser compreendida pela grande maioria da população.

Muitas vezes insistimos em falar em siglas ou nomes de tecnologias e até de modelos de gestão como se todos os nossos interlocutores tivessem o mesmo nível de conhecimento ou o mesmo interesse que os profissionais da área de saúde. Além disso, não raramente, observamos tecnologias e ferramentas sendo apresentadas de maneira equivocada, como se elas fossem a solução de todos os problemas.

É o que está ocorrendo no Brasil em relação ao DRG (da sigla em inglês Grupos de Diagnósticos Relacionados). Alguns segmentos da área de saúde defendem este recurso como um redutor –quase milagroso– de custos hospitalares, no entanto, DRG é muito mais do que isso.

Na realidade, trata-se de uma ferramenta de gestão, desenvolvida a partir das décadas de 1960 e 1970 pela Universidade de Yale, a pedido dos administradores de saúde dos Estados Unidos.

O intuito, na época, era de se criar uma definição de "produto hospitalar", capaz de gerar parâmetros que permitissem avaliar e comparar o desempenho das instituições norte-americanas. Esse novo conceito estava totalmente na contramão da ideia tradicional de que os hospitais possuem tantos produtos quanto o número de pacientes tratados. No entanto, a necessidade de definir indicadores de eficiência, qualidade e valoração dos serviços hospitalares apontava para uma mudança.

Assim, partindo do princípio de que, embora único, cada paciente possui características demográficas, diagnósticas e terapêuticas comuns a outros, a solução foi desenvolver o conceito de grupos que tivessem semelhanças em seus perfis clínicos e de tratamentos.

O primeiro registro que se tem desse tipo de mensuração data de 1960, no Reino Unido, envolvendo 177 hospitais de pacientes agudos. Em 1985, os cientistas de Yale realizaram uma avaliação dos sistemas de classificação que agrupavam os pacientes tanto pelo diagnóstico principal, como pelas suas variáveis e pelos diagnósticos adicionais.

A entrada do DRG na Europa se deu em Portugal, em 1984, seguido pela França (1991), Irlanda e Inglaterra (no mesmo ano de 1992), Finlândia (1995), Espanha (1996), apenas para citar os primeiros países. Hoje, praticamente toda a Europa, assim como Estados Unidos e Austrália, utiliza essa ferramenta de gestão.

E à medida que foi sendo implementada, foi se aperfeiçoando e ganhando contornos mais precisos. Os 7.960 grupos inicialmente classificados há 50 anos, foram reduzidos hoje a uma média de 470 grupos de diagnósticos relacionados, o que facilitou a análise estatística e aumentou a eficiência da gestão.

No Brasil, ainda estamos dando os primeiros passos nesse sentido, embora alguns dos nossos hospitais associados de referência já tenham iniciado o processo em 2013. O caminho a ser percorrido é relativamente longo. A experiência internacional nos mostra que são necessários de cinco a dez anos para a sua total implantação.

Mas, se não tomarmos a dianteira desta iniciativa –como hoje estamos fazendo com a criação de parcerias estratégicas e formação de um projeto piloto com um grupo de associados– estaremos sempre à mercê dos interesses alheios que, ao falar em siglas, em nada beneficiam os nossos associados e a população brasileira.




Relação entre mais calor e doenças não é clara

27/07/2015 - Folha de S.Paulo


Mudanças climáticas são uma ameaça à saúde humana?

A lógica poderia sugerir que a resposta é sim: o presidente dos EUA, Barack Obama, usa isso para conseguir apoio para tornar as mudanças climáticas o ponto central de seus últimos meses de governo.

Na lista da Casa Branca, os casos de asma vão piorar, as mortes ligadas ao calor aumentarão e o número de insetos transmissores doenças, antes confinadas aos trópicos, também. Mas esses pontos expressam uma certeza que muitos cientistas dizem ser ainda inexistente.

Climas quentes têm efeito na saúde, mas a temperatura é só parte de um conjunto muito complexo de forças.

Por exemplo, as viagens pelo globo e o comércio –e não mudanças climáticas– trouxeram os primeiros casos de chikungunya para a Flórida.

As temperaturas podem estar subindo, mas a quantidade de mortes pelo calor, não. O progresso ajuda na adaptação –o fato de o ar-condicionado estar mais comum e os tratamentos para doenças do coração, por exemplo.

Como afirma Patrick Kinney, diretor do programa de clima e saúde da Universidade Colúmbia, ainda é difícil estabelecer causalidades.

Um estudo comparando Laredo, no Texas, e uma cidade do outro lado da fronteira do México descobriu que a incidência de dengue era muito maior no México, apesar de os mosquitos que transmitem a doença serem mais abundantes no Texas. No Texas, há ar condicionado e janelas que fecham bem, dizem os pesquisadores.

No Canadá, o número de áreas com carrapatos subiu de duas para treze desde 1997. Insetos como carrapatos e mosquitos não podem regular sua temperatura corporal, por isso são muitos sensíveis às temperaturas. Mas o número de carrapatos têm aumentado mais ao sul também, como na Virgínia e na Carolina do Norte, e isso parece ter pouco a ver com o clima.

Ben Beard, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, diz que o reflorestamento e o aumento da população de veados e pessoas podem ser mais preponderantes. "Provavelmente não é o clima."

Mas mesmo falar sobre o calor é complicado. Uma revisão recente da mortalidade por calor nos EUA descobriu que a taxa de mortes relacionadas às altas temperaturas diminuiu para menos da metade dos anos 1987 a 2005.

Em maio, um estudo do "The Lancet" analisou 74 milhões de mortes de 1985 a 2012 em mais de dez países e descobriu que cerca de 8% das mortes foram causadas por temperaturas anormais. Dessas, a taxa de mortes pelo frio (mais de 7%) é muito maior do que a de calor (0,42%).

Riscos para a saúde por causa da mudança climática são fundamentalmente locais. Os perigos do calor são maiores em Nova Deli do que em Nova York, não porque é mais quente na Índia, mas porque menos gente tem eletricidade, casas resistentes e cuidados médicos modernos. O que torna difícil tirar conclusões.

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