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CLIPPING - 24/07/2015

Assessoria de Comunicação do CRF-SP

 

Sabia que seu remédio pode ser falsificado? Um a cada cinco é

23/07/2015 - UOL


O somali Osman Mohamud Muhumed, 52, ficou seis meses de cama após tomar um remédio falsificado para malária. Ele percebia que o remédio não fazia efeito, voltava ao hospital em Mogadício, capital da Somália, e continuava recebendo o mesmo medicamento deficiente. Isso levou Muhumed a desenvolver dificuldade para andar, segundo relato recente à TV árabe Al Jazeera.

Muhamed foi uma das vítimas da falsificação dos medicamentos. Mas não pense que isso só acontece na África. Enquanto a média mundial de remédios falsificados é de 10%, no Brasil esse número chega a 19%. Em alguns lugares da América do Sul a média pode chegar a 30%, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde).

Entre os produtos mais falsificados estão os remédios contra a impotência, medicamentos oncológicos e hormônios de crescimento.

Tomar um medicamento falsificado pode ter diversos efeitos: desde não tratar a doença que se pretende, passando pelo surgimento de efeitos colaterais danosos chegando até a morte. Por estar longe da fiscalização, os remédios irregulares podem ter o princípio ativo alterado ou comprometido e podem não fazer o efeito desejado.

Com a internet, a compra de medicamentos ficou acessível a qualquer um e permitiu a redução do preço dos medicamentos, mas a OMS estima que quase a metade dos medicamentos vendidos online são irregulares ou falsificados. O meio dificulta a fiscalização e pode perpetuar a venda de medicamentos sem controle. Atualmente, os medicamentos estão entre as cargas mais roubadas do país.




Para coibir falsificações, remédios devem ganhar "RG" até o final de 2016

23/07/2015 - UOL


A caixinha de remédio como você conhece deve mudar em breve. A partir do final de 2016, deve começar a valer a lei de rastreabilidade dos medicamentos, que determina que cada caixinha será rastreável a partir de um código 2D (em duas dimensões). Estima-se que um a cada cinco medicamentos vendidos no Brasil seja falsificado, segundo a OMS.

Essa espécie de "RG dos remédios" servirá para que as agências regulatórias como a Anvisa possam saber o caminho que um medicamento faz, desde o momento da fabricação até a comercialização. O consumidor também terá parte nisso: será possível verificar a partir do código da caixa se o remédio é verdadeiro. As indústrias farmacêuticas que operam no Brasil devem ter três lotes testes rastreáveis até dezembro de 2015 e todo o sistema implantado até dezembro de 2016.

Porém, há uma disputa em jogo que pode levar o prazo de adequação para só depois de 2025. As informações sobre o consumo de medicamentos de todos os brasileiros, e portanto as informações de demanda e vendas, são muito valiosas.

Hoje, a indústria farmacêutica gasta um grande valor para obter informações sobre a venda de remédios para poder definir estratégias de marketing e a atuação dos representantes de laboratórios junto aos médicos (que podem até ganhar dinheiro e viagens pelo número de prescrições). Existem empresas que pagam farmácias para obter dados de médicos, números de vendas etc. e, então, os vendem à indústria.

Com a lei, aprovada em 2009, toda essa informação seria passada para o governo. Mas a regulamentação feita pela Anvisa em 2013 não explicita como seriam armazenadas essas informações e quem teria acesso a elas. Apenas fica determinado que a indústria é responsável pela segurança da cadeia desde a saída da fábrica até chegar ao consumidor final.

As redes de drogarias e farmácias, representadas pela Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias), criticam o fato das farmácias terem de reportar cada venda às farmacêuticas. Com a lei da rastreabilidade, cada modificação de lugar do medicamento (da fábrica para a farmácia e farmácia para o consumidor) deve ser informada. "Isto é um verdadeiro absurdo contra a privacidade da informação prevista na Constituição. Com todas essas informações à mão, fabricantes poderão alijar empresas, manipular preços e dominar a concorrência", afirmou o presidente executivo da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto, em nota.

Além disso, as redes de farmácias pedem um prazo maior. "Mais de 180 mil estabelecimentos - entre farmácias, hospitais e postos de saúde – terão de se adequar tecnologicamente. Será uma complexa operação logística", disse.

Há um projeto de lei em tramitação no Senado que pede alterações no envio de informações sobre os medicamentos e propõe um prazo maior para adequação. No projeto, do senador Humberto Costa (PT), é proposto que cada membro da cadeia tenha seu próprio banco de dados, acessível pelo Sistema Nacional de Controle de Medicamentos -- para que o governo federal construa seu próprio banco de dados para armazenar e consultar todas as movimentações dos medicamentos. Junto a essa demanda, o senador pede mais 10 anos após a aprovação da lei para que todos se adequem, ou seja, o rastreamento só passaria a valer a partir de 2025. O senador afirmou à reportagem do UOL que o prazo de dez anos pode não ser necessário e que o projeto de lei pode ser modificado antes de ser colocado em votação.

A Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), que reúne 55 empresas farmacêuticas que respondem por mais de 50% dos medicamentos comercializados no Brasil, afirma estar preparada para se adequar à lei e produzir cerca de 4 bilhões de caixinhas por ano com o código individual para o rastreamento. "Já estamos preparados para cumprir as diretrizes. A lei de rastreabilidade é muito importante não só para evitar a falsificação mas também para aumentar a transparência ao longo da cadeia farmacêutica com o recolhimento correto de tributos e o combate ao roubo de cargas", afirmou o diretor de assuntos econômicos da Interfarma, Marcelo Liebhardt.

Segundo a Anvisa, a adaptação não deve encarecer o produto final: "a implantação do rastreamento de medicamentos promove um retorno significativo na redução de custos de produção, de controles e gerenciamento de estoques, evitando perdas e impulsionando o processo produtivo e de disponibilização de produtos".




Dois remédios baratos combatem câncer de mama reincidente

23/07/2015 - Portal Exame


Dois medicamentos produzidos de forma genérica e barata se mostraram relativamente eficazes para limitar os riscos de reincidência do câncer de mama entre as mulheres na menopausa - apontam dois estudos britânicos publicados nesta sexta-feira na revista especializada The Lancet.

Estes estudos "sugerem que duas classes diferentes de medicamentos, os inibidores de aromatase (IA) e os bifosfatos, podem cada um melhorar as perspectivas de sobrevida para as mulheres na menopausa quem têm câncer de mama em fase inicial", informou a revista médica britânica.

Os inibidores de aromatase (IA) correspondem a um novo tipo de terapia hormonal, tratamento que tem por princípio impedir a ação estimulante dos hormônios femininos nas células cancerígenas.

Estes tratamentos são dirigidos aos tumores "hormonossensíveis", ou seja, sensíveis aos hormônios - cerca de 80% do total de cânceres de mama.

Pesquisadores de um grupo de pesquisa britânico sobre o câncer de mama (EBCTCG) se debruçaram sobre nove estudos sobre os IA que dizem respeito a um total de 30 mil mulheres para descobrir que estes medicamentos poderiam fornecer melhores resultados que o tratamento padrão, feito com tamoxifeno.

"Em comparação com o taximofeno, o fato de tomar os IA durante cinco anos reduziu a possibilidade de reincidência do câncer por volta de um terço (30%) e limitou o risco de morte por câncer de mama em cerca de 15% sobre os dez anos que se seguiram desde o início do tratamento", afirmou The Lancet.

Para o principal autor do trabalho, Mitch Dowsett (Royal Marsden Hospital de Londres), os IA oferecem "uma proteção significativamente maior do que a dada pelo tamoxifeno".

Mas estes tratamentos têm efeitos secundários (ondas de calor, dores nas articulações, cansaço, perda óssea) e é preciso acompanhar de perto a administração do medicamento, ressaltou Dowsett.

O segundo trabalho (análise de 26 testes com quase 20 mil mulheres envolvidas) mostra que os bifosfatos, medicamentos contra a osteoporose, reduzem os riscos de ocorrência de metástases ósseas entre as mulheres na menopausa que tiveram câncer de mama.

Entre estas, a administração de bifosfatos permite reduzir em 28% o risco de metástase óssea e reduz em 18% o risco de morte nos 10 anos após o diagnóstico de câncer de mama - segundo o estudo.

Para Richard Gray (Universidade de Oxford), que participou dos dois estudos, "estes dois medicamentos genéricos e acessíveis podem contribuir para a redução da mortalidade por câncer de mama entre as mulheres na menopausa".

Os dois tratamentos também são complementares, já que o principal efeito secundário dos IA é a perda óssea que os bifosfatos permitem corrigir, explicou.




Genéricos e as mudanças do mercado

23/07/2015 - Guia da Farmácia Online


Adoção da intercambialidade dos medicamentos similares não alterou a rotina de prescrição e dispensação de genéricos. Segmento se mantém como um dos mais pujantes do setor farmacêutico.

Tomada por analistas do setor como uma das maiores mudanças do mercado farmacêutico brasileiro desde a implantação dos genéricos, em 1999, a intercambialidade de medicamentos similares com produtos de referência começou a valer em 1º de janeiro deste ano. A mudança impõe testes de bioequivalência farmacêutica, biodisponibilidade e bioisenção aos medicamentos similares que já estão no mercado atualmente e para os novos, elevando a segurança aos consumidores e garantindo eficácia no tratamento para quem optar pela intercambialidade no ato da compra nas farmácias de todo o País.

Com isso, os similares se equiparam aos genéricos na possibilidade de ser intercambiáveis com os medicamentos de referência. Especulou-se que isso impactaria o mercado de genéricos, com os similares “roubando” participação dos primeiros. Contudo, segundo analistas, o que se vê é um alargamento do mercado, com similares e genéricos ganhando espaço.

“O que muda é a possibilidade de mais opções de tratamento ao consumidor, com preço acessível, elevando o acesso aos medicamentos. A concorrência pressiona o preço para baixo, aumentando o acesso e a adesão ao tratamento”, avalia o vice-presidente da Prati-Donaduzzi, Eder Maffissoni.

O presidente executivo da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac), Henrique Uchio Tada, concorda que a medida aumenta a oferta de produtos para a população e, consequentemente, eleva a competição no mercado farmacêutico. “Não podemos afirmar que o similar irá ganhar maior participação de mercado com a nova diretriz. Outros fatores conjugados devem ser também considerados, como, por exemplo, o preço praticado, a oferta de produtos nas drogarias e farmácias, a propagação entre a classe de profissionais prescritores para os medicamentos tarjados”, explica.

“Não há diferença técnica ou científica entre genéricos e similar. A alteração que existe é que o genérico usa na sua identificação o nome do princípio ativo, enquanto o similar ostenta marca ou nome comercial. Não há mudança para o consumidor se decidir comprar um genérico ou um similar, pois ambos passam pelos mesmos testes e estudos de comprovação de eficácia e segurança”, completa Tada.

Rotina de consumo

É difícil saber o que pode mudar nos hábitos do consumidor dos genéricos com a chegada dos similares intercambiáveis, observa o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini. “Mas acredito que um dos objetivos do governo, que é estimular o aumento da oferta de produtos, não será atingido, pois o mercado já encontrou seu ponto de equilíbrio. Ele contempla as três principais categorias de produto – referência, genéricos e similares –, a variedade de opções e preços já atende às necessidades do consumidor. Justamente por isso é improvável que a intercambialidade resulte em redução de preço e oferta de novos produtos, mesmo porque o similar somente pode substituir o seu correspondente de referência ou genérico, nunca outro similar, sob pena da farmácia estar cometendo uma infração sanitária.” Em princípio, segundo Mussolini, os medicamentos de marca devem manter a sua participação, pois o mercado já está consolidado. Já as autoridades sanitárias acreditam que a implantação dos similares equivalentes ou intercambiáveis deve elevar a concorrência no País entre os fabricantes de medicamento, barateando o custo do tratamento farmacológico a todos os brasileiros.

Diferenças mínimas

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as exigências de boas práticas de fabricação e parâmetros de qualidade são iguais para todos os produtos. A diferença entre similares e genéricos está no uso ou não de um nome de marca e na regra de definição de preços, já que genéricos têm de ter preço de entrada no mercado 35% menor que o produto de referência.

“A decisão sobre qual medicamento utilizar e quais as alternativas de substituição a partir da lista de medicamentos intercambiáveis é resultante da relação do profissional de saúde habilitado e do paciente”, diz a Anvisa.

“A prescrição é prerrogativa do médico ou de outro profissional legalmente habilitado. Assim, para utilizar quaisquer medicamentos sujeitos à prescrição ou para decidir sobre a substituição de um medicamento de referência pelo seu similar, um profissional de saúde habilitado deverá ser consultado”, completa a Agência, destacando que, em relação à dispensação, não há nenhuma previsão legal de troca do produto de referência pelo similar, se esta não foi a indicação do médico.

Medicamentos intercambiáveis, sejam eles genéricos ou similares, têm as mesmas características dos de referência e são considerados bioequivalentes. Isso significa que possuem concentração, posologia e indicação terapêutica idênticas, podendo substituir os medicamentos de referência.

Os similares intercambiáveis passam por testes clínicos iguais aos genéricos, o que assegura sua segurança. A diferença é que o similar pode variar em relação à forma do produto, prazo de validade, embalagem e rotulagem. Além disso, diferentemente dos genéricos, os similares intercambiáveis são vendidos sob marcas comerciais. Os medicamentos que já estão aprovados como bioequivalentes devem trazer na bula a informação de que são intercambiáveis.




Cientistas têm um pé atrás com novos remédios

23/07/2015 - Folha de S.Paulo


Os anticorpos contra o alzheimer estão sendo anunciados pelas indústrias farmacêuticas como o novo paradigma da área, já que não há no mercado drogas que tratem ou retardem as causas da doença.

Isso porque o que os medicamentos atuais fazem é apenas tentar manter a função neurológica, apesar da perda progressiva de neurônios. "Seria como criar um acesso ao volume-morto do cérebro", diz o professor de psiquiatria da Unifesp Acioly Tavares.

Ele lembra que há vários anticorpos monoclonais em testes atualmente –não há como negar que essa é a próxima parada nos novos tratamentos contra o alzheimer, ele diz.

Já para Cícero Galli Coimbra, professor de neurologia da Unifesp, há muito interesse das farmacêuticas em lançar logo uma droga mesmo que não seja tão boa.

"Vejo com ceticismo esses resultados. Há muita coisas que eles omitem. Não é porque tem significância estatística que um resultado é bom."

"Se olharmos friamente o estudo do solanezumab [da Eli Lilly], eles falharam, já que não houve nenhum benefício para quem já tinha a doença em estágio que não fosse leve", diz Alessandra Gorgulho, neurocirurgiã do HCor.

Quem pode ter alguma esperança, segundo ela, são as pessoas com casos na família –que poderiam usar os anticorpos para prevenir o alzheimer.

"Infelizmente, todos os novos tratamentos experimentais, cirúrgicos ou não, só têm efeitos em casos iniciais ou leves", afirma.




Intermédica compra a Santamália

24/07/2015 - Valor Econômico


A Intermédica fechou a compra de 100% da operadora de planos de saúde Santamália que conta com 258,5 mil usuários, além de 17 clínicas, cinco pronto-socorros e dois hospitais próprios em São Paulo.

Trata-se da primeira aquisição da Intermédica, vendida em fevereiro do ano passado para a gestora americana de private equity Bain Capital por quase R$ 2 bilhões. A compra da Santamália está alinhada à estratégia da Bain Capital que é usar a Intermédica como plataforma de expansão no mercado brasileiro de saúde. "A Santamália tem um modelo de negócio similar e complementar ao nosso", disse Irlau Machado, presidente da Notre Dame Intermédica, que não revelou o valor da operação. Os pronto-socorros e a maior parte dos centros clínicos da Santamália ficam na região do ABC Paulista, onde a Intermédica tem poucas unidades.

Em 2014, a Santamália registrou receita de R$ 320 milhões, o que representa um crescimento de 12,7% em relação a 2013. No entanto, a empresa apurou um prejuízo de R$ 14,3 milhões no ano passado. Em 2013 havia tido lucro líquido de R$ 2,7 milhões.

Essa reversão no resultado ocorreu porque os custos médicos cresceram em proporção superior à receita - esta taxa de sinistralidade aumentou 5,2 pontos percentuais para 87,5% em 2014, patamar alto para uma operadora com uma rede verticalizada. A sinistralidade foi "impactada pelo aumento nos custos dos ambulatórios próprios, reajuste nos honorários médicos, ampliação do rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e aumento nos indicadores de utilização", segundo informações publicadas no balanço da Santamália.

Na Intermédica, a taxa de sinistralidade é inferior a 80%. A previsão é que neste ano sua receita atinja R$ 3,1 bilhões, alta de 20% em relação a 2014, o que faz o grupo ir na contramão do setor que prevê uma retração devido ao cenário macroeconômico. No primeiro semestre, a Intermédica conquistou 500 mil novos clientes que migraram para um convênio médico com custo menor. Hoje, a carteira da Intermédica tem 3 milhões de clientes, sendo 1,8 milhão de usuários de convênios médicos e o restante de planos odontológicos.

Sob nova gestão, a Intermédica está passando por uma forte reestruturação. A seguradora Notre Dame foi incorporada à Intermédica para que fossem criadas novas modalidades de planos com rede própria aos clientes da seguradora. Antes, havia uma limitação na oferta de produtos porque uma seguradora não pode ser dona de hospitais, clínicas ou laboratórios. A Intermédica está investindo até o próximo ano R$ 140 milhões para reformar e modernizar sua rede própria, formada por 54 clínicas e 11 pronto-socorros, sendo que oito deles são hospitais.

Cirurgia inédita no Brasil trata caso grave de aneurisma cerebral 23/07/2015 - Folha de S.Paulo

Em procedimento inédito na América Latina, uma mulher de 68 anos foi operada de um aneurisma cerebral grave no Hospital de Transplantes do Estado de São Paulo.

Luisa Alves Marinho, 68, que mora no interior de Tocantins, sentia fortes dores de cabeça e decidiu se consultar com um médico.

"Não podia abaixar a cabeça que ficava tonta e sentia muita dor. Parecia que a cabeça estava cheia de água", diz Luisa. "Fizeram uma tomografia e confirmaram que eu tinha um aneurisma." Orientada pela família, ela veio se tratar em São Paulo.

O procedimento consistiu na aplicação simultânea de duas técnicas já utilizadas no tratamento de aneurismas cerebrais: a terapia endovascular e microcirurgia.

Na terapia endovascular, um cateter inserido na artéria femural leva até o vaso afetado um microbalão. Quando chega na área crítica, ele é inflado. Assim, ele impede a circulação de sangue na região. isolando o aneurisma.

Na microcirurgia, os médicos colocam um clipe de titânio na base do aneurisma. A intenção é excluir o aneurisma da região cerebral sem prejuízo da circulação sanguínea em outras áreas que não estejam doentes.

"Os médicos que lidam com o tratamento da doença acabam optando por uma técnica ou outra, de forma isolada", diz Sérgio Tadeu Fernandes, neurocirurgião que comandou o procedimento.

Em Luisa, as duas técnicas foram simultâneas –em um único procedimento.

"Começamos o procedimento com a microcirurgia até chegar na lesão. Uma vez que o aneurisma foi exposto, a outra equipe passou o cateter. Na hora em que eles insuflaram o balão, colocamos o clipe", conta Fernandes.

Inflado, o balão mantém o vaso no tamanho desejado e funciona como molde na hora de colocar o clipe na região.

A cirurgia, que poderia ter levado oito horas, foi feita em cinco horas. Isso porque, segundo o médico, a combinação das duas técnicas permitiu que ele escolhesse versões mais simples de cada uma.

"Essa situação, especialmente no Brasil, é revolucionária, porque passamos a ver as duas como ferramentas complementares. É uma importante forma de tratar a doença", afirma.

O aneurisma cerebral é uma dilatação que se forma na parede de um vaso no cérebro. Em casos comuns, ele afeta apenas parte do vaso, mas o caso de Luisa era bastante grave (de 5% a 10% dos casos), porque envolvia toda a circunferência do vaso sanguíneo. "Não conseguíamos ter ideia do que era aneurisma e do que era vaso", disse Fernandes.

Luisa agora passa bem. Recuperada, diz pensar em voltar para Tocantins. "Estou em São Paulo desde novembro e não voltei mais", disse.




Novas substâncias sugerem que há uma forma de conter o alzheimer

23/07/2015 - Folha de S.Paulo


Nos últimos anos, pesquisadores e indústria farmacêutica têm buscado uma alternativa para tratar a doença de Alzheimer, ou mesmo retardar seu aparecimento, sem quase nenhum sucesso.

Resultados preliminares da ação de dois novos medicamentos, porém, sugerem que existe uma forma de impedir a formação das placas de proteína no cérebro que levam à perda da memória.

É a primeira vez os pesquisadores apresentam substâncias com o potencial de atrasar o desenvolvimento da doença, em vez de apenas aliviar seus sintomas.

Um dos produtos é o solanezumabe, da farmacêutica Eli Lilly. O outro é o aducanumabe, da Biogen. Ambos são anticorpos monoclonais –proteínas produzidas naturalmente pelo corpo humano, mas alteradas e replicadas em escala pelos pesquisadores.

BIOGEN

Embora os pacientes possam ficar esperançosos, os resultados foram menos impactantes do que esperavam os investidores, especialmente os da Biogen, cujas ações nos EUA caíram 4% ontem –os papeis da Eli Lilly subiram 1%.

A explicação é que a Biogen tinha causado anteriormente alvoroço na comunidade médica (e na Bolsa de valores) ao antecipar alguns resultados em março.

O medicamento se mostrou seguro e eficiente contra as placas de proteína em cérebros de camundongos, mas os resultados em humanos não foram tão animadores, especialmente porque os pesquisadores enfrentam o desafio de encontrar as doses corretas a serem aplicadas.

Doses mais altas são mais efetivas, mas apresentam alta taxa de efeitos colaterais, como edema no cérebro.

Já doses menores de fato reduziram um pouco os efeitos colaterais, mas se mostraram, em um estudo com 30 pacientes, pouco úteis para reduzir a sua perda cognitiva após um ano de tratamento.

Tais resultados podem ser interpretados tanto pelo lado ruim –os pesquisadores estão perdidos quanto à dose ideal do remédio– quanto pelo bom –se alterações na dose de uma droga mudam os resultados observados, trata-se de um sinal de que ela tem um efeito real no organismo.

Jeffrey Sevigny, diretor-sênior da Biogen disse que os resultados, são "fantásticos" e que a empresa já começou outros estudos para conseguir lançar a droga no mercado nos próximos anos.

ELI LILLY

No caso da Eli Lilly, a droga mostrou ter efeitos positivos especialmente em pacientes com a doença ainda em estágios mais leves, mas dados mais detalhados só serão divulgados no começo de 2017, quando for concluído um teste clínico mais robusto.

Em um estudo, os pacientes foram divididos em dois grupos. O primeiro começou a tomar o remédio um ano e meio antes do segundo.

No mundo dos sonhos, o primeiro grupo teria perdas cognitivas menores do que o segundo, já que começaram a se medicar antes, mostrando a eficiência da droga, aplicada uma vez por mês por uma injeção na veia.

O problema é que isso só aconteceu por um tempo. Até dois anos e meio após o começo do estudo –ou um ano após o segundo grupo começar a ser medicado–, ainda era nítido que os sortudos que tiveram acesso ao remédio antes estavam em melhores condições. Ou seja, o medicamento estava atrasando os efeitos deletérios do alzheimer.

Depois disso, porém, a decadência cognitiva atingiu os dois grupos sem distinção.

Maria Carrillo, pesquisadora-chefe da Associação do Alzheimer dos EUA, disse que os resultados são mesmo difíceis de se interpretar, mas destacou que nem por isso eles deixam de ser encorajadores.




Droga traz esperança contra Alzheimer

23/07/2015 - O Globo


Os casos de mal de Alzheimer vêm aumentando, puxados pelo envelhecimento populacional, mas as opções de terapias não têm avançado na mesma medida. Foram muitas as tentativas que falharam no meio do caminho, frustrando pacientes e médicos. Foi por isso que um novo medicamento capaz de retardar a doença foi anunciado ontem com destaque na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, em Washington.Cientistas divulgaram os resultados de testes em humanos com o uso do solanezumabe, da farmacêutica Eli Lilly, sugerindo que a substância pode diminuir o ritmo de declínio cognitivo em indivíduos com a doença em estágio inicial. Seria o primeiro do tipo para frear a forma mais comum de demência, problema que afeta 44 milhões de pessoas no mundo e que poderá atingir 135 milhões em 2050, segundo estimativas da organização Alzheimer’s Disease International. A apresentação repercutiu mundialmente, num misto de expectativa e cautela entre especialistas. Novos resultados ainda são esperados para o ano que vem.

ATAQUE A MOLÉCULAS ESPECÍFICAS

A droga é um anticorpo monoclonal — terapia com várias aplicações e que já vem sendo testada em outras pesquisas de Alzheimer, além de câncer e Aids. São proteínas produzidas em laboratório que combatem micro- organismos ou moléculas específicas do corpo. Têm se mostrado inovadoras, mas ainda apresentam efeitos colaterais fortes.

No caso do solanezumabe, atacam os peptídios beta- amiloides, toxinas que se acumulam e formam placas no cérebro, consideradas responsáveis pelo desenvolvimento da doença.

— As primeiras tentativas de terapia nessa linha tinham como alvo as placas senis. A inovação deste medicamento é exatamente o fato de ele atacar as neurotoxinas que causam a doença, antes de se formarem as placas — explicou o neurocientista Rogério Panizzutti, professor da UFRJ. — Ficamos na expectativa de que estes resultados se confirmem na próxima etapa do estudo, para que os pacientes tenham disponível uma terapia que diminua a progressão da doença de Alzheimer, o que não existe até o momento.

Além de mais de uma centena de estudos com drogas “antiamiloides” terem falhado na última década, José Ibiapina, professor da Universidade Federal do Ceará e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia, lembra que até mesmo o solanezumabe quase também entrou na berlinda. Testado por 1,5 ano em pacientes com estágios leve e moderado de Alzheimer, o medicamento não foi eficaz quando comparado ao placebo num estudo divulgado em 2012. No entanto, em seguida, uma reanálise do mesmo estudo considerou apenas os casos leves e, assim, verificouse uma redução de 30% na velocidade de progressão da doença.

Os dados anunciados ontem são uma extensão desses outros estudos. Desta vez, todos os pacientes ( 1.322 pessoas) receberam o solanezumabe por mais dois anos, totalizando 3,5 anos de análise. Com isso, aqueles que originalmente tomavam placebo trocaram para a droga, mas com um “atraso” em relação ao grupo que já vinha usando o medicamento. Em nenhum momento, os pacientes souberam o que tomavam.

Os cientistas mostraram que ambos os grupos melhoraram nos testes cognitivos, mas o grupo “atrasado” não conseguiu alcançar o que já vinha tomando o remédio há mais tempo. Ambos evoluíram de maneira paralela. Isso, segundo eles, reforça que o medicamento tem uma ação efetiva.

“Os resultados corroboram o potencial benefício de começar o tratamento com o solanezumabe precocemente e sugerem que há um efeito mesmo em pacientes que receberam a droga tardiamente”, acrescentou um dos autores do estudo, Paul Aisen, da Universidade do Sul da Califórnia, em San Diego.

Apesar da expectativa, especialistas preferem aguardar os resultados de outro estudo com a droga, mais amplo e que vem ocorrendo paralelamente desde 2013. Nele, 2.100 pessoas com sintomas leves da doença e depósitos de amiloide no cérebro vêm sendo analisadas. Os resultados devem ser divulgados no final do ano que vem.

— O medicamento é promissor, mas devemos esperar os resultados finais deste estudo — comentou José Ibiapina. — E devemos ter cuidado nas interpretações dos resultados e nas reais indicações dentro de um grupo muito grande e heterogêneo de pacientes com esta doença.




Saúde aprova novo protocolo para uso de 'pílula do dia seguinte' contra Aids

23/07/2015 - Folha de S.Paulo / Site


O Ministério da Saúde aprovou um novo protocolo para o uso de medicamentos que podem evitar o contágio com o HIV após uma possível exposição ao vírus.

A aprovação do novo modelo de distribuição da PEP (profilaxia pós-exposição), também conhecida como "pílula dos 28 dias seguintes", foi publicada nesta quinta-feira (23) no "Diário Oficial" da União.

O protocolo, agora atualizado, uniformiza o acesso aos medicamentos contra o HIV para os diferentes grupos aos quais a terapia é recomendada. A ideia é evitar o avanço da Aids no país, sobretudo entre jovens.

Hoje, trabalhadores de saúde que podem ter tido contato com o HIV em casos de acidentes de trabalho, vítimas de violência sexual e pessoas que tiveram relações sexuais desprotegidas costumam ter acesso a tratamentos diferentes após a exposição ao vírus.

O objetivo do novo modelo é eliminar essas três categorias e adotar um esquema único de antirretrovirais, o que pode facilitar a prescrição e ampliar o acesso aos medicamentos, sobretudo entre pessoas que fizeram sexo sem proteção.

Além de estender o acesso à "pílula", o protocolo também prevê uma redução no tempo de acompanhamento dos pacientes, de seis para três meses. O tratamento deve ser iniciado em até 72 horas após a exposição ao vírus.

A diferença é que, ao contrário do modelo anterior, que previa medicamentos diferentes para cada situação de risco, será recomendado para todos os grupos o uso dos mesmos quatro medicamentos antirretrovirais por 28 dias seguidos (tenofovir, lamivudina e atazanir com ritonavir).

Os medicamentos estarão disponíveis em serviços especializados no tratamento contra a Aids e em alguns postos de saúde. O Ministério da Saúde finaliza a elaboração de um aplicativo, que deve informar sobre os pontos de distribuição.

Com a mudança nas regras, o governo pretende ampliar o acesso aos medicamentos também em serviços de emergência, que ficam abertos durante a noite. Em 2014, foram ofertados 22 mil tratamentos em todo o país, segundo o Ministério da Saúde.

AVANÇO DA AIDS

Desde os anos 1980, foram notificados 757 mil casos de Aids no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Apesar de apresentar índices estáveis, com cerca de 39 mil casos novos ao ano, o avanço da epidemia entre os jovens têm preocupado o governo.

Jovens têm hoje a maior taxa de detecção da doença no país, um índice que vêm crescendo nos últimos dez anos. Em 2003, a taxa de detecção da Aids entre os jovens era de 9,6 a cada 100 mil habitantes. Em 2013, ano dos últimos dados disponíveis, essa taxa passou para 12,7.




Doença paralisante rara avança em três Estados do Nordeste

23/07/2015 - Folha de S.Paulo


Com passos lentos, o motorista Benedito Cardoso, 47, já voltou a caminhar pelas ruas de Valença, cidade do litoral sul da Bahia.

Com esforço, vai de casa à padaria. Uma vitória para quem entre abril e maio passou 20 dias internado sem andar nem falar, com o corpo completamente paralisado.

Benedito foi um dos 50 casos confirmados da síndrome Guillain-Barré na Bahia em 2015 –doença que costuma ser rara, com média de 1 caso a cada 100 mil habitantes, mas cujas notificações espalharam-se por parte do Nordeste no primeiro semestre.

Além das notificações confirmadas na Bahia, foram constatados 14 casos no Maranhão e seis na Paraíba.

O avanço tem sido associado a casos de dengue, chikungunya e de uma doença que em alguns casos foi identificada como zika vírus.

Dos 50 pacientes da Bahia, 48 tinham histórico recente de suspeita de zika vírus. "Pelo que temos acompanhado, as pessoas que tiveram a síndrome tiveram doenças virais num curto espaço de tempo", diz Roberto Badaró, subsecretário de Saúde da Bahia.

Segundo o Ministério da Saúde, ainda não há comprovação científica da relação entre a Guillain-Barré e as doenças que têm como vetor o mosquito Aedes aegypti.

O ministério informou que a doença não é de notificação compulsória e, por isso, não há registro dos casos no país.

Mas diz que o número de procedimentos no SUS relacionados à doença se mantém na mesma média do ano passado –65.884 procedimentos no país e 3.012 na Bahia em 2014; 30.972 no país e 1.515 na Bahia até maio deste ano.

A Secretaria de Saúde da Bahia informa que não registrou casos em 2014. Neste ano, devido ao avanço das notificações, 18 leitos foram bloqueados em um hospital estadual para tratar a doença.

SINTOMAS

Doença imunológica desencadeada por infecções causadas por bactérias ou vírus, a síndrome Guillain-Barré tem impacto no sistema neurológico, causando fraqueza e dormência no corpo, sobretudo nas pernas.

Em casos graves –cerca de 10% do total–, pode paralisar a musculatura respiratória.

"Apesar de ser uma doença com potencial de gravidade, atinge um percentual ainda pequeno da população", afirma a médica Ceuci Nunes, diretora do Hospital Estadual Couto Maia, referência em infectologia na Bahia.

Ela diz que os pacientes têm reagido bem ao tratamento, à base de imunoglobulina (proteína do soro sanguíneo).

Ainda não há um quadro claro sobre sequelas. Em casos agudos, os pacientes chegam a ficar anos sem andar.




Vídeos acirram debate antiaborto nos EUA

23/07/2015 - Folha de S.Paulo


A disputa entre grupos contra e a favor do direito ao aborto nos Estados Unidos subiu de tom com a divulgação de dois vídeos controvertidos nos últimos dias.

A partir das imagens, representantes da organização Planned Parenthood (algo como "paternidade planejada", que presta assistência à saúde de mulheres, faz campanhas educativas e distribui anticoncepcionais) estão sendo acusadas por ativistas antiaborto de vender partes de fetos para pesquisa e lucrar.

Num dos vídeos, a diretora de serviços médicos da Planned Parenthood, Deborah Nucatola, aparece durante um almoço discutindo em detalhes como podem ser recolhidas para pesquisa partes de fetos abortados.

Em outro divulgado nesta semana, que causou mais polêmica, a diretora de uma clínica da organização na Califórnia, Mary Gatter, fala em preços com um ativista que finge ser um interessado.

Ambos os vídeos foram editados –o segundo, de 162 para nove minutos– e produzidos com câmeras ocultas pelo Centro para o Progresso Médico, organização pouco conhecida antes do episódio.

Após sua divulgação, três comissões do Congresso e políticos de vários Estados anunciaram que abrirão investigações para apurar a veracidade das alegações.

A lei federal dos EUA proíbe a comercialização de tecidos fetais, mas permite sua doação sem fins lucrativos para pesquisa se houver o consentimento das mulheres.

Nos vídeos, representantes da Planned Parenthood discutem valores entre US$ 30 e US$ 100 por espécime. Em resposta oficial divulgada em vídeo, a organização afirma que se trata de custos de armazenamento e transporte, o que não seria ilegal.

Eric Ferrero, porta-voz da instituição, negou as acusações de comercialização de fetos e disse que os vídeos foram produzidos por "um grupo de extremistas que intimidou mulheres e médicos durante anos em sua campanha para banir o aborto".

Em carta à Comissão de Energia e Comércio da Câmara, a Planned Parenthood afirma que as imagens foram orquestradas pelo ativista antiaborto David Daleiden e que ele teria milhares de horas de filmagem com câmeras ocultas feitas desde 2007.

Daleiden, por sua vez, afirmou em uma nota que o desmentido da organização é "uma mentira desesperada".

PESQUISA

A prática de recolher tecidos fetais para pesquisa é defendida pela Planned Parenthood como contribuição para avançar a pesquisa de tratamentos médicos para doenças como o mal de Alzheimer.

Vários políticos republicanos pediram que o Congresso investigue o caso, incluindo o pré-candidato presidencial Jeb Bush.

Para Bush –cujo irmão George, enquanto presidente, limitou fundos federais para pesquisas com células embrionárias–, o episódio levanta dúvidas sobre o financiamento federal a grupos com "uma agenda política".

"É perturbador para mim que alguém venda partes de corpos", disse Bush.

Em editorial nesta quarta (22), o "The New York Times" faz duras críticas aos vídeos contra a Planned Parenthood e acusa os políticos conservadores de pegarem carona em falsas afirmações para reforçar a campanha antiaborto.

"Os políticos que defendem o corte de fundos à Planned Parenthood não se importam com a verdade e têm apenas interesse em minar os direitos reprodutivos das mulheres a qualquer custo."

A Planned Parenthood teve 41% de suas receitas, de US$ 1,3 bilhão em 2014, vindas do governo.




Artigo: O novo currículo da Faculdade de Medicina

23/07/2015 - Folha de S.Paulo


Na USP, apostamos em uma profunda reestruturação curricular, cujo objetivo é formar lideranças para o futuro da área da saúde.

As competências de um médico devem ir além do conhecimento das doenças elencadas em catálogos e de sua rotina em consultório ou atividades hospitalares. O profissional deve ser preparado para comunicar-se de forma efetiva com pacientes, comunidade e equipes de saúde, reconhecendo seu papel social dentro do sistema de saúde.

A Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) construiu, em seus 102 anos, uma liderança sólida no ensino médico, na pesquisa e na proposição e implementação de políticas públicas de saúde que beneficiaram sobremaneira a população.

A origem dessa liderança vem de seu próprio processo de criação, quando optou por inovar, implantando um modelo de currículo até então inexistente no país.

A grandiosidade da FMUSP nos motiva a trabalhar para aprimorar ainda mais a qualificação dos nossos alunos, bem como manter a faculdade e o Hospital das Clínicas na vanguarda da formação de recursos humanos na área da saúde.

Para que esses objetivos se concretizem, apostamos em uma profunda reestruturação curricular que tem por objetivo formar lideranças para o futuro da área da saúde, agregar valor ao perfil técnico do médico, além de rever e reforçar o papel do Hospital das Clínicas como hospital-escola e polo de formação de gestores e especialistas para todas as áreas da medicina.

O novo currículo da FMUSP, que entrou em vigor em 2015, vai mudar progressivamente os seis anos da graduação para incorporar essa visão mais moderna, inspirada em cursos de ponta no exterior, garantindo as particularidades nacionais e fortalecendo o papel do futuro médico como agente transformador da sociedade e do sistema de saúde.

Um novo currículo não é uma mudança que se faz de forma simples. Requer tempo, dedicação e grande esforço institucional.

Criamos unidades curriculares integradas, organizadas em blocos de sistemas e órgãos do corpo humano, e atividades curriculares que visam aprimorar a responsabilidade social e enfatizar os direitos humanos, que serão estimuladas e pontuadas como créditos adicionais.

Reduzimos a carga horária expositiva, contextualizando o conteúdo com discussão de casos desde o princípio do curso e, para a avaliação das disciplinas, implantamos provas internacionais, buscando um comparativo com outras instituições de ponta.

O novo currículo também terá blocos de integração de competências, aliando aspectos técnicos a habilidades de comunicação, empatia, ética e postura desenvolvidos de forma prática.

Haverá um eixo longitudinal sobre atenção primária em saúde, reforçando o conceito de integração com a rede e os sistemas de saúde vigentes no país, e internato supervisionado em diferentes cenários do sistema de saúde incluindo nossos hospitais-escola, fundamentais para a qualidade da formação.

Para a FMUSP, o Hospital das Clinicas é parte inerente de sua existência, tendo sido uma contrapartida do governo do Estado por ocasião da estruturação e edificação da Faculdade de Medicina a partir de doação da Fundação Rockefeller.

Nosso complexo hospitalar acaba de completar 71 anos, consolidado como o maior da América Latina. Orgulho desta faculdade, do povo paulista e de todo o Brasil.




Operadoras buscam médico de família para reduzir custo

23/07/2015 - Valor Econômico


As seguradoras e operadoras de planos de saúde estão recorrendo ao médico de família para ajudar a controlar os gastos dos usuários de planos de saúde.

O conceito é que o paciente seja atendido primeiro por um médico generalista a fim de reduzir suas idas ao pronto-socorro ou em vários outros médicos.

Esse modelo é inspirado em experiências da Europa e Estados Unidos, onde o médico de família é conhecido pelas operadoras, não à toa, como "gatekeeper" ou porteiro, numa tradução livre. Já entre a população o termo mais usual é "primary care" (ou atendimento básico).

No Brasil, operadoras como Unimed-BH, Intermédica e Bradesco Saúde também têm seus "médicos guardiões".

A cooperativa médica de Belo Horizonte (Unimed-BH) criou um plano de saúde 10% mais barato em que o paciente necessariamente é atendido primeiro pelo médico de referência. Atualmente, esse plano de saúde, que ganhou o nome de Unimed Pleno, atende aos funcionários do shopping Pátio Savassi, Vilma Alimentos, Denso Sistemas Térmicos e do Mercado Central de Belo Horizonte. No total, são 5,6 mil pessoas.

Criado em 2013 como um projeto-piloto, o Unimed Pleno registrou uma redução de procedimentos em pronto-socorro, onde os gastos são maiores pois o médico de plantão não tem o histórico do paciente e são necessários vários exames.

Há dois anos, 32% das consultas totais registradas pelo Unimed Pleno eram realizadas em hospitais. Agora o percentual é de 17%. Em contrapartida, mais do que dobrou o número de atendimentos em consultórios. Segundo a Unimed-BH, o saldo é positivo.

"Nos três meses iniciais, o custo aumentou porque muitos funcionários procuraram os médicos de referência que atendem num prazo curto. Mas, depois, o custo caiu e a mensalidade do plano de saude não teve reajuste nos últimos dois anos", diz Rita Cecília Bruschi Karmaluk, gerente de RH do Mercado Central de Belo Horizonte.

A Unimed-BH criou unidades próprias com clínico geral, pediatra, cardiologista, ginecologista e médico de família. "Esses profissionais passam por uma capacitação de atenção primária e precisam fornecer seus telefones e e-mails aos pacientes. Além disso, as consultas com os médicos de referência são isentas de coparticipação [taxa paga pelo usuário do plano de saúde]", disse José Augusto Ferreira, diretor da Unimed-BH.

A Bradesco Saúde não tem unidades próprias (como clínicas e hospitais), mas montou uma rede com cerca de 500 profissionais de diferentes especialidades (pediatria, clínica médica, traumato-ortopedia, coluna e diabetes) que desempenham o papel do médico de família.

"No nosso modelo, não há obrigatoriedade e sim incentivo. Nos Estados Unidos, essa imposição causou insatisfação dos clientes", disse Marcio Coriolano, presidente da Bradesco Saúde. Nos primeiros 12 meses do programa, batizado de Meu Doutor, foram 150,7 mil consultas com esse grupo de médicos. Já no segundo ano, esse número mais do que dobrou. Segundo Coriolano, ainda não é possível mensurar a exata economia porque o programa é recente.

A Intermédica, dona de uma rede com 54 clínicas e 11 pronto-socorros, tem há cerca de três anos planos de saúde com médicos de referência. Os usuários de algumas modalidades do convênio da Intermédica são atendidos inicialmente por médicos generalistas dos centros clínicos que dão o diagnóstico ou encaminham para um especialista, evitando que o paciente agende consultas com vários médicos.

A Intermédica enfrentou resistência ao adotar esse modelo com um médico na linha de frente para segurar os gastos dos usuários há alguns anos. "A Intermédica se inspirou na Kaiser Permanente [operadora americana], mas não deslanchou porque no Brasil ainda existe a cultura de ir direto ao médico", explicou Paulo Hirai, sócio da SantéCorp, consultoria da área de saúde. Ele defende a instalação de clínicas dentro das empresas com médicos generalistas para atender aos funcionários.

Segundo Hirai, os usuários de planos de saúde fazem em média três exames por consulta. No sistema de companhias com clínicas internas, os funcionários realizam 0,2 exame por consulta - ou seja, há consultas nas quais nenhum exame é pedido pois o médico já tem o histórico do paciente.

No Brasil, a crença ainda é de que quanto maior a liberdade de escolha melhor é o plano de saúde. Mas, o custo no setor tem sofrido altas expressivas. As margens de lucro das operadoras giram na casa de 2% e têm sido cada vez mais apertadas. Os reajustes no preço dos convênios médicos têm sido muito acima da inflação. No ano passado, o IPCA ficou em 6,41% e o reajuste autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os planos individuais foi de 9,65% e neste ano bateu em 13,55%. Nos planos de saúde corporativos, aqueles concedidos aos funcionários, o reajuste médio chegou a 18%, mesmo com a adoção crescente de instrumentos como a coparticipação para inibir o uso do convênio médico.




Pílula antiaids começa a ser distribuída hoje

23/07/2015 - O Estado de S.Paulo


O uso unificado da “pílula do dia seguinte” para aids começa a valer a partir de hoje. Com a publicação no Diário Oficial da União do novo protocolo de diretrizes terapêuticas, todas as pessoas que tiverem enfrentado uma situação de risco para o vírus HIV passam a ter acesso aos medicamentos antiaids em qualquer serviço especializado.

A profilaxia pós-exposição é indicada para todos que tiveram risco de contato com o vírus. Isso pode acontecer tanto em um acidente ocupacional quanto com vítimas de violência sexual ou pessoas que tiveram relação sexual desprotegida.

Para ter eficácia, porém, o tratamento precisa ter início no máximo até 72 horas após a exposição ao vírus.

O objetivo da estratégia é facilitar o acesso e evitar a recusa de serviços em fornecer a terapia. “Antes da mudança, havia o entendimento incorreto de que um serviço especializado poderia atender apenas a um grupo determinado”, disse o diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita.

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